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4. Mensuração da avaliação de desempenho

Este capítulo tem como objetivo descrever os principais conceitos ligados à técnica escolhida neste trabalho para a mensuração da avaliação de desempenho sustentável. A abordagem escolhida foi o Data Envelopment Analysis – DEA, que é uma ferramenta que utiliza um método não-paramétrico com a finalidade de determinar a curva de eficiência pelo uso de Programação Matemática para análise do desempenho relativo de unidades produtivas semelhantes. Serão apresentados neste capítulo, os principais conceitos ligados a esta técnica, modelos propostos, considerações sobre variáveis, assim como uma ligação com o SBSC para a avaliação do desempenho sustentável dos postos de revenda de combustível de Natal/RN.

4.1 - Introdução

Em uma discussão sobre a avaliação de desempenho organizacional é comum o uso de termos como “mais ou menos produtiva” e “mais ou menos eficiente” relacionado às organizações avaliadas. Isto nos remete a dois conceitos: produtividade e eficiência. Produtividade é uma medida de desempenho amplamente utilizada e calculada pela razão entre os insumos (entradas, inputs) e os produtos gerados (saídas,

outputs) pela empresa. Ser eficiente está intimamente relacionado com a habilidade da

empresa em transformar insumos em produtos, que é a chamada eficiência técnica. Os sistemas produtivos organizacionais podem ser avaliados a partir de uma análise detalhada de seus processos, compostos por indicadores representados pelas variáveis de entrada (inputs) e de saída (outputs). A Figura 4.1 apresenta um processo de maneira sistêmica com suas variáveis de inputs e outputs.

Figura 4.1. Composição da estrutura sistêmica de um processo. Fonte: Elaboração própria.

Processo Input 1 Input 2 Input n Output m Output 2 Output 1

A medida de desempenho mais tradicional é a produtividade, que pode ser definida como o melhor aproveitamento dos insumos de produção. Mede a relação entre os insumos (físicos e custos) realmente empregados e a produção realmente alcançada. Quanto menor o nível de insumos para dado conjunto de unidades de produção, ou maiores unidades de produção para dado conjunto de insumos, maior o nível de produtividade e melhor o desempenho produtivo.

A maneira mais simples de mensurar a produtividade é comparar um único produto com um único insumo, chamada de produtividade parcial por não considerar todos os fatores de produção. Entretanto, a produtividade parcial não é bem aceita na área empresarial pela possibilidade de gerar resultados inconsistentes, por atribuir a um insumo, o acréscimo produtivo que pode ter sido gerado por um insumo não incluído na análise (Cooper; Seiford;Tone, 2007).

A deficiência identificada da produtividade parcial pode ser eliminada com a produtividade total, uma medida que considera todos os fatores envolvidos na produção e que corresponde à razão entre uma soma ponderada das quantidades de produtos gerados e das quantidades de insumos consumidos. Todavia, surgem dúvidas quanto aos critérios de escolha de quais insumos e produtos devem ser incluídos na análise e quanto aos pesos a serem considerados no processo de agregação.

Sobre essas dúvidas, Knight (1933, in Lovell, 1993, p. 4) pondera que, se todos os produtos e insumos envolvidos na produção fossem incluídos na medida de produtividade total, essa medida seria sempre igual a “1” (um), quaisquer que fossem as quantidades de produtos gerados e de insumos consumidos (desde que algumas delas sejam diferentes de zero). Diante disso, Knight propôs definir produtividade como a razão entre a produção útil e o consumo útil, como mostra a Equação (1), na qual os preços virtuais da agregação e representam, respectivamente, as utilidades dos produtos e dos insumos relevantes para a empresa. Esse autor sugere que na prática os preços virtuais e sejam representados pelos respectivos preços de mercado. Entretanto nem sempre é possível, como por exemplo, quando o preço de algum produto ou insumo não existe ou não é confiável.

Produtividade ∑

- quantidade gerada do produto r, com ∑ - quantidade consumida do insumo i, com ∑

> 0 - utilidade do produto r na composição da produção útil. > 0 - utilidade do insumo i na composição do consumo útil.

A comparação da produtividade entre empresas ditas homogêneas, que atuam no mesmo ramo de atividades, gera medidas relativas de suas ineficiências. A produtividade varia conforme as diferenças nas tecnologias de produção disponíveis nas empresas, nas condições de eficiência associadas à tecnologia empregada e no ambiente em que ocorre a produção. A análise desses fatores leva à identificação de possíveis fontes de ineficiência, bem como opções que possibilitam um aumento na produtividade (Lovell, 1993).

Um índice de eficiência produtiva pode ser obtido pela relação entre a produtividade de um sistema (P) e o máximo valor que essa produtividade pode atingir no atual contexto (Pmax) apresentado na Equação (2).

onde:

P = Produtividade atual da empresa e,

Pmax = Produtividade máxima que pode ser alcançada por essa empresa.

Para uma empresa é possível calcular dois tipos de eficiência:

1. Eficiência absoluta – onde a produtividade máxima (Pmax) é um valor

teórico e idealizado.

2. Eficiência relativa – onde a produtividade máxima (Pmax) é a

produtividade da empresa concorrente mais eficiente entre todas em análise.

Baseado nos trabalhos de Debreu (1951) e Koopmans (1951), Farrel (1957) propôs uma abordagem para definir a medição da eficiência organizacional que utilizasse múltiplos inputs. Contudo o modelo restringia-se a exemplos com um único

output. Nesse mesmo trabalho, o autor definiu que a eficiência constitui-se de duas

componentes: a eficiência técnica, que reflete a habilidade de uma organização em gerar a quantidade máxima de output a partir de um montante fixo de input ou, dada uma quantidade de output a se produzir, utilizar a menor quantidade de inputs possível; e a

eficiência alocativa, que reflete a habilidade de uma organização em usar seus recursos em proporções ótimas, dados os seus respectivos preços. A combinação desses dois indicadores nos fornece uma terceira medida, a chamada eficiência econômica.

Em 1978 Charnes; Cooper; Rhodes formularam a abordagem Data Envelopment

Analysis – DEA, conhecido como modelo CCR (assumindo retornos constantes de

escala) para mensurar radialmente índices de eficiência relativa. Com o auxílio de Programação Matemática não paramétrica, com múltiplas entradas e saídas, utilizando uma unidade tomadora de decisão (DMU – Decision Making Unit) como referencia a DEA gera uma envoltória dos planos de produção observados. Todos os planos de produção pertencentes a esta envoltória, que é a fronteira de produção, são eficientes tecnicamente e seus níveis de consumo e de produção são ótimos (considerando somente os dados e parâmetros analisados). Os índices da eficiência técnica associados aos demais planos de produção são os menores escalares positivos que contraem os consumos (ou os maiores escalares positivos que expandem as produções) projetando os planos sobre a fronteira. Determinada a eficiência do conjunto, as unidades produtivas mais eficientes podem balizar as ineficientes, sendo utilizadas como referência, no estabelecimento de metas para melhoria do desempenho com o objetivo final de alcançar a eficiência.

A definição de eficiência técnica diz respeito à comparação entre a produtividade do plano de produção da empresa e a máxima produtividade que essa empresa pode alcançar. Para planos de produção que envolve a utilização de múltiplos insumos na geração de múltiplos produtos, a definição atualmente empregada de eficiência tem origem nos trabalhos de Vilfredo Pareto, que propôs o “bem-estar geral” como critério para o julgamento de qualquer política social. Esse autor defende que uma política social deve ser adotada sempre que ela cause alguma melhoria ao bem-estar do indivíduo sem reduzir o bem-estar de algum outro indivíduo (Wilhelm, 2006, p. 12).

Uma das maneiras das empresas melhorarem seu desempenho produtivo dá-se por meio do aumento da eficiência técnica. A mensuração da eficiência técnica originou-se da definição de eficiência técnica de “Pareto-Koopmans” e da medida desenvolvida por Debreu (Färe; Grosskopf; Lovell, 1994, p. 7). Segundo a definição de “Pareto-Koopmans”, uma empresa é eficiente tecnicamente se, e somente se, um incremento em qualquer produto gerado pela organização (output) necessita de uma redução no nível de outro produto ou em um incremento de pelo menos um insumo

(input) utilizado e, se uma redução em qualquer insumo utilizado por ela implica num incremento em pelo menos outro insumo ou a redução em pelo menos de um produto (Wilhelm, 2006, p. 9).

Após o desenvolvimento de DEA foram elaboradas outras medidas de eficiência técnica, como a medida radial proposta por Banker; Charnes; Cooper (1984) o BCC, considerando retornos variáveis de escala e a medida radial DST, de Deprins; Simar; Tulkens (1984). As medidas de CCR, BCC e DST diferenciam-se quanto à obtenção dos planos de produção ótimos (benchmarks) que constituem a envoltória. Na medida CCR, os benchmarks são gerados por combinações lineares positivas; na medida radial BCC, as combinações lineares que geram os benchmarks são convexas; na medida DST, os benchmarks são planos de produção observados na prática e, portanto a fronteira de produção é constituída unicamente por planos reais observados.