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O processo de investigação deve seguir uma estrutura previamente definida pela qual se irá reger. Deste modo, terá de se criar uma estrutura sólida que permita corresponder aos objetivos do estudo e seja capaz de recolher dados que respondam às questões do processo de tomada de decisão. De acordo com Major e Vieira (2009), a escolha dos métodos de pesquisa a utilizar influencia diretamente a forma como a informação irá ser recolhida. Para escolher a metodologia de investigação a utilizar em qualquer estudo, terá que se ter sempre em conta o fenómeno que irá ser estudado (Pereira, 2014). Porém, e pelo facto de serem resultado da complexidade da natureza e da realidade, os fenómenos a ser estudados não podem ser explicados de forma simples ou isolada (Araújo, 2010). A seleção do método de investigação para recolher dados neste estudo é influenciada pela abordagem qualitativa, que esta investigação irá seguir e pela natureza da pergunta de investigação (Araújo, 2010). Assim, a metodologia irá influenciar todas as opções metodológicas seguintes, pelo facto de ser o ponto de partida da investigação, devendo ser o mais explícita possível (Araújo, 2010).

Um processo de investigação compreende a identificação do conhecimento científico que se pretende atingir, bem como as suas implicações. Na investigação científica, o investigador necessita de possuir a capacidade necessária para saber qual o problema que deseja estudar, bem como saber escolher e interpretar todos os fenómenos que possa influenciar no objeto a ser pesquisado. Deste modo, Lakatos (1983) determinou que o conhecimento científico depende de investigação metódica, uma vez que este é planeado. Partindo da perspetiva adotada na definição dos objetivos e como forma de atribuir uma resposta clara e esclarecedora às questões de partida, este estudo enquadra-se numa investigação de caráter indutivo, uma vez que irá ser utilizada a estratégia de pesquisa do estudo de caso. No caso de uma pesquisa em que o método levado a cabo segue a abordagem indutiva, o foco inicial do investigador é colocado na recolha de dados empíricos, muitas vezes obtidos através de entrevistas, que quando analisados permitem desenvolver uma teoria como resultado da análise dos dados recolhidos.

3.2 O estudo de caso

O objetivo desta investigação é, através da recolha de dados utilizando o método da entrevista, melhorar a prática da organizacional ao nível da tomada de decisão. Esta investigação pretende ser capaz de relacionar a influência da avaliação de desempenho da organização traduzida pelos indicadores financeiros e não financeiros, com o processo de tomada de decisão da gestão através de uma pesquisa exploratória levada a cabo pela estratégia do estudo de caso.

Relativamente ao estudo de caso, Yin (2003) destaca a importância do contexto, acrescentando que, dentro de um estudo de caso, as fronteiras entre o fenómeno em estudo e o contexto em que ele é estudado não são claramente evidentes. Nas investigações que seguem a estratégia do estudo de caso, podem ser utilizadas inúmeras técnicas de recolha de dados, contudo esta investigação apenas utilizará as entrevistas como método de recolha de dados.

O estudo de caso como estratégia de pesquisa define-se como o estudo de um determinado fenómeno simples e específico ou complexo e abstrato que apesar de poder ser semelhante a outros, deve ser sempre delimitado e distinto, na medida em que representa sempre um interesse próprio, único e particular. Melo, Sommerville e Gonçalves (2015) definem o estudo de caso como “um processo para investigar um fenómeno contemporâneo com profundidade e em contexto de vida real”. Este método, caracteriza-se por ser rico em dados empíricos, levados a cabo com um planeamento aberto para colocar em perspetiva uma realidade e um contexto específico (Ventura, 2007). A sua utilização justifica-se na medida em que, tal como Bogdan e Biklen (1994) defendem as pesquisas de caráter qualitativo, onde se enquadra a estratégia do estudo de caso, interessam-se mais pelos processos que pelos produtos, No estudo de caso, coloca-se o foco em compreender e interpretar a forma como se manifestam os factos de uma problemática, em vez de procurar determinar causas para os mesmos. Isto porque, uma abordagem indutiva tem como objetivo a obtenção de dados de caráter qualitativo de forma a compreender o fenómeno. Desta forma, considera-se que a pesquisa que segue uma abordagem qualitativa, tem como objetivo principal, através do seu esclarecimento e descrição, compreender de uma forma geral situações, experiências e os significados das ações e das perceções dos sujeitos (Bogdan e Biklen, 1994). Bogdan e Biklen (1994) referem ainda a importância de, numa abordagem qualitativa, ter em consideração que os dados que o investigador utiliza são de caráter primário, uma vez que são produzidos e interpretados por si, sendo esperado que se encontrem neles refletidos a subjetividade inerente ao investigador. Contudo, existem muitas investigações qualitativas que não são estudo de caso, e o próprio estudo de caso, pode utilizar métodos não qualitativos. Ainda neste campo, Major & Vieira (2009) defendem que, devido à subjetividade inerente ao caráter qualitativo dos dados, é mais adequado falar em métodos de geração de informação, do que em métodos de recolha de informação, uma vez que nesta abordagem não existe uma clara distinção entre a recolha e a análise dos dados.

No método do estudo de caso, o investigador é um dos protagonistas do processo, porque é o principal instrumento para recolher dados, dado que, é quem observa, interage e entrevista. Deste modo,

irão estar traduzidos nos dados recolhidos as crenças e os valores do investigador, permitindo-nos assim, olhar o mundo na perspetiva do investigador (Melo, Sommerville e Gonçalves, 2015).

3.3

A entrevista

De acordo com (Yin, 2015), as entrevistas constituem uma das fontes mais importantes e essenciais no estudo de caso. Para Major & Vieira (2009), as entrevistas qualitativas diferenciam-se ao nível do grau de estruturação, uma vez que podem ser estruturadas e não estruturadas, contudo este autor afirma que estas são normalmente semiestruturadas. Para estes autores as entrevistas, sendo semiestruturadas, tornam-se vantajosas na medida em que os dados obtidos são comparáveis entre os vários sujeitos. Noutra perspetiva, Major & Vieira (2009) chamam à atenção para a importância das entrevistas na recolha de dados em estudos qualitativos e descrevem as entrevistas como sendo semelhantes a uma conversa normal entre o entrevistador e o entrevistado. Estes autores referem-se às entrevistas como um processo de gerar informação que se encontra, normalmente, semiestruturado e aberto, uma vez que o objetivo passa por recolher o máximo de informação que possa ser útil ao estudo através da recolha das experiências do entrevistado.

Ao utilizar entrevistas semiestruturadas como método de recolha de dados, está a eliminar-se parte da subjetividade que estas têm associada, dado que a visão dos fenómenos e da realidade social varia de indivíduo para indivíduo, e como tal a forma como estes responderiam a perguntas não estruturadas seria diferente e potencialmente iria originar dados insatisfatórios ao nível da conclusão. Tal como afirma Romanelli citado por Duarte (2004, p.216), a “subjetividade, elemento constitutivo da alteridade presente na relação entre sujeitos, não pode ser expulsa, nem evitada, mas deve ser admitida e explicitada e, assim, controlada pelos recursos teóricos e metodológicos”. A empatia é fundamental na entrevista. A psicologia social há muito que definiu essa condição básica para o sucesso da relação, nomeadamente na relação terapêutica. Como tal, para que a entrevista seja um método aplicado com sucesso, deve ter-se em consideração a relação entrevistador e entrevistado. Caso haja empatia entre ambos, é desenvolvida ao longo da conversa um nível de confiança que influencia diretamente a qualidade dos dados obtidos. Se por um lado, a empatia, confiança e um nível básico de intimidade são necessários para que este método tenha sucesso, por outro o excesso de intimidade e confiança pode surtir efeitos negativos. Segundo Barbosa (2012, p.81), o “entrevistado deve sentir-se à vontade e ser levado a ocupar o lugar central durante a entrevista. Daí que seja ele a tomar, em muitos momentos, a iniciativa do discurso. O entrevistador deve evitar condicionar as respostas pelas próprias perguntas que faz.” Deste modo, esta investigação tem como objetivo a recolha de testemunhos de elementos em cargos de gestão, responder às perguntas de investigação: como é que a informação fornecida pelos

indicadores financeiros influencia o processo de tomada de decisão levado a cabo pelos gestores empresariais? como e por quê, no processo de tomada de decisão, os indicadores financeiros e não financeiros são utilizados, e como é feita a ponderação por uns em detrimento de outros, e como tal, o método mais adequado será a realização de entrevistas semiestruturadas e informais.

Quanto à escolha dos entrevistados, a realização de entrevistas ao corpo de gestão da Mecwide irá permitir ao investigador obter dados qualitativos necessários que permitam chegar a conclusões que sejam capazes de responder às questões de partida, de forma a atingir os objetivos. Deste modo, o corpo de gestão da Mecwide, como únicos intervenientes no processo de tomada de decisão da organização, torna-se a escolha óbvia para a realização de entrevistas. Ventura (2007), defende que através da conversa, o investigador pode absorver dados que de outro modo não seriam possíveis de obter. Tal como o afirmado pela grande maioria dos autores citados na revisão de literatura, é esperado que o corpo de gestão da Mecwide fale sobre os efeitos que os indicadores financeiros e não financeiros têm no processo de tomada de decisão, uma vez que a utilização destes indicadores lhes dá uma representação fidedigna acerca do desempenho financeiro da empresa.

A entrevista terá a duração de 20 minutos, e os entrevistados encontram-se apresentados na Tabela “O Comité Executivo da Mecwide”.

Posição Nome do entrevistado

CEO Entrevistado 1

CFO Entrevistado 2

Executive Director Entrevistado 3 Executive Director Entrevistado 4 Executive Director Entrevistado 5

Capítulo 4 – Estudo do caso Mecwide