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Parte III – Aplicação do Modelo

Capítulo 5 – Percurso metodológico e resultados da aplicação do Modelo

5.2. Seminário Gestão da Memória

5.2.2. Metodologias e resultados

Com o objetivo de reunir propostas orientadoras a políticas de informação, documentação e comunicação para a UnB, os organizadores do Seminário empregaram um conjunto de metodologias com o objetivo de encontrar respostas às perguntas: “Quem somos?” e “O que podemos fazer juntos?” O viés acadêmico da proposta teve como orientação auxiliar a elaboração de políticas por meio de metodologias que espelhassem e

incluíssem a diversidade de vozes. O seminário foi objeto e espaço de pesquisa, por meio de aplicação de questionário, apresentação de trabalhos no formato de artigos – em geral descritivos – relacionados com experiências de gestão da memória na UnB.

Neste processo de investigação, foram articuladas duas metodologias: estudo de usuários com foco em competências em informação, comunicação e instrumental, tomando como base a estrutura macro do modelo Ideias (CUEVAS-CERVERÓ; SIMEÃO, 2011) e a definição de indicadores a serem utilizados; e a multivocalidade, com o intuito de saber o que os participantes viam como aglutinador do grupo e o que pretendiam fazer junto com os outros envolvidos neste encontro de trabalho. O Seminário mostrou haver uma rede latente, um desejo de produzir um trabalho coletivo. O grupo organizou um segundo seminário, em 2013, e os resultados encontrados no primeiro evento foram reunidos em livro que ao tempo de produção desta tese estava no prelo.

5.2.2.1. Estudo de Usuário: o Modelo Ideias para a rede gestão da memória

A metodologia de Estudo de Usuários foi testada no Seminário com uso de ferramentas digitais gratuitas46 por meio de questionário47 aplicado a 18 pessoas do grupo, com objetivo de refinar dados relacionados com competências em informação, em comunicação e instrumentais, além de levantar os primeiros elementos com relação ao que o grupo considerava importante para constituir uma rede de gestão da memória. O estudo foi aplicado com as pessoas identificadas como mediadoras no que diz respeito à Comunicação e à Informação na gestão da memória da Universidade de Brasília48 e envolvidas na organização do Seminário, antes portanto de seu início. Os dados dessa survey mostraram um grupo homogêneo do ponto de vista do preparo para o uso da informação; idade variando entre 33 e 52 anos; com problemas no uso da comunicação e tecnologias.

O questionário tomou como base o modelo Ideias (CUEVAS-CERVERÓ; SIMEÃO, 2011) e foi dividido em três blocos: dados demográficos do entrevistado e do setor em que ele

46

Formulário do Google, ferramenta gratuita para pesquisa na web.

47

Apêndice - ria

48

Origem dos respondentes: Faculdade de Ciência da Informação; Departamento de Ciência da Computação; Faculdade de Comunicação; Cedoc/FAC; Editora UnB; CPCE/UnBTV; ProMemória; Cedoc/UnB; BCE/UnB)

se insere; dados individuais sobre uso da informação, da comunicação e das TIC em redes digitais; dados setoriais relacionados à gestão da memória em rede.

5.2.2.2. Resultados

Algumas observações sobre os resultados encontrados49: no que diz respeito ao tema da gestão da memória, estes 18 profissionais relataram relacionar-se com 114 professores; 407 servidores e 2.097 alunos. Também destacaram a existência de poucos especialistas em áreas específicas de gestão da memória, muitos estagiários, bolsistas e trainees. As respostas denotaram um uso intenso de computadores e notebooks e raro o de smartphones (que começavam a utilizar a tecnologia 3G com aplicativos para conexão em rede na época em que a pesquisa foi aplicada).

Apenas um terço dos respondentes indicaram produzir informação colaborativamente, na nuvem e se comunicar em rede, por meio de videoconferência (as tecnologias também evoluíram nestes dois anos entre esta aplicação da metodologia e a conclusão da tese). Para a comunicação em rede a maioria indicou o uso de grupo de e-mail e do Facebook (em menor escala). Com perfil de alto nível de escolaridade, os pesquisadores responderam que buscam informação no Google, e também em periódicos e revistas digitais, bibliotecas virtuais e bancos de dados. Também indicaram ter facilidade para acesso, uso e distribuição responsável da informação, bem como disposição para ensinar e para o uso das tecnologias em código aberto. Em contraposição, os dados indicaram que os respondentes faziam baixo uso das mídias sociais.

Perguntados sobre o planejamento de comunicação para a questão da memória no setor que integram, 33% dos respondentes afirmaram ter como prática planejar o que fazer – em geral são profissionais oriundos das áreas de comunicação – 25% o fazem se houver demanda superior e outros 42% informaram que não planejam ações para difusão de informação que envolvam ações sobre a memória em sua unidade na UnB (Figura 9).

49

Figura 9 – Planeja a comunicação para a gestão da memória?

5.2.2.3. A Multivocalidade para aflorar os sentidos

O Seminário foi orientado a alcançar uma produção coletiva, com etapas/processos orientados à obtenção de polifonias de maneira controlada para produzir um resultado harmônico, ainda que indicasse divergências entre as pessoas do grupo. A produção foi planejada para cinco fases:

Elaboração de um resumo expandido como “pré-texto”, com relato de experiências ou conhecimentos consolidados das várias unidades acadêmicas, órgãos gestores de documentação e espaços de informação da Universidade de Brasília como contribuição para uma política institucional e políticas de informação nas áreas de Arquivos, Bibliotecas, Museus e Comunicação.

Seleção e integração dos resumos expandidos em conjuntos temáticos definidos para a estrutura do trabalho presencial e publicação no site do evento, para leitura pública;

Início do seminário com palestras e discussões registradas, transformadas em relatórios, com posterior publicação na rede para uso interno e externo, e com orientação aos autores para que consolidassem as contribuições no texto final;

42%

25% 33%

Elaboração de capítulos pelos participantes que apresentaram os relatos e experiências;

Consolidação dos capítulos com as contribuições.

Também para aferir multivocalidades, o questionário aplicado aos participantes organizadores daquele encontro apresentou a pergunta aberta: “Esse seminário lhe dá alguma expectativa para a melhoria da comunicação em rede entre as unidades/setores que lidam com questões relacionadas ao tratamento técnico de informações e comunicação?”, obteve respostas abertas (Figura 10) que foram transformadas em nuvem de tags50, que mostram visões ainda bem difusas, com destaque para o SIM e para UnB e, em plano menor, para comunicação, informação e memória.

Figura 10 – nuvem de tags ressalta comunicação, memória e informação.

A segunda questão, “Como poderia o seu setor/unidade contribuir para a manutenção de uma rede interna que oriente o desenvolvimento de diretrizes para uma política de informação e comunicação na instituição?”, resultou na seguinte nuvem de tags (Figura 11)51 em que se destacam a disposição física da rede – pessoal, profissionais, estrutura, informação, rede – e a disponibilidade para o fazer – pesquisas, política, ações, participar. As multivocalidades estão presentes, principalmente, nos trabalhos apresentados – resumo

50

As nuvens de tags são uma forma de analisar o conteúdo a partir de sua perspectiva visual, aqui foi utilizada a ferramenta wordle.net.

51

expandido, artigo, capítulo de livro – e nos documentos produzidos pelos participantes durante o Seminário.

Figura 11 – nuvem de tags sobre como a rede pode contribuir.