• Nenhum resultado encontrado

Parte III – Aplicação do Modelo

Capítulo 5 – Percurso metodológico e resultados da aplicação do Modelo

5.5. Redes Sociais do DF – uma rede de redes

5.5.2. Multivocalidade dos participantes

Pela metodologia multivocal do encontro, os participantes de cada um dos grupos produziu um resumo do que foi debatido65 pelos participantes em torno dos sete temas mais presentes na primeira parte do encontro, que teve como objetivo buscar a diversidade de vozes:

1. políticas públicas – a participação dos servidores públicos nas redes, como agentes públicos; são agentes de organismos de ação social, como CRAS, Regional de Ensino, Regional de Saúde. Há necessidade de atrair o cidadão comum para a rede, para ele se “empoderar”; há preocupação com a política partidária (em geral vista como eleitoreira) na rede social. Como forma de interação, é necessário: o reconhecimento da rede para dialogar, governança territorial e cidadania; estímulo à participação da sociedade – transformar-se de rede de serviços em redes sociais; servidores elegerem gestores, com forte presença na comunidade.

2. assistência social e educação – grupo considera que há falta de interação entre assistência social (que também é educativa) e educação (que também é social); necessária a participação cidadã; necessário o investimento em recursos humanos e materiais; falta acompanhamento para as demandas setoriais. Para a atuação das redes, consideram necessário sensibilizar gestores e trabalhadores de assistência social e de educação para a ação em rede; a divulgação das ações da rede, como pautas e encaminhamentos, na comunidade; estimular os cidadãos a participar e acompanhar a execução de políticas públicas como controle social; articular ações da rede para cobrar atuação do Estado e aplicação de recursos; estabelecimento/fortalecimento de diálogo entre executores de políticas públicas e a comunidade. Como interação entre as redes consideram que a web pode facilitar os contatos entre as redes; a elaboração de um boletim mensal das ações das redes; organização e realização de encontro semestral entre as redes; estímulo a visitas a outras redes, para conhecer o outro.

3. gestão territorial e redes sociais – Como contexto, consideram a necessidade de rede de instituições para atender as demandas do território da rede (é uma visão de

65

Todos os arquivos referentes a este encontro estão em: <https://www.facebook.com/groups/576878869044370/files/>. Acesso em: 25 nov. 2013.

redes do serviço público); o trabalho dessas redes institucionais no território demanda conhecimento da rede social do território, políticas e serviços para os diferentes territórios e controle social; há necessidade de compreender o significado de rede, há muitas definições; necessário pensar, em termos de gestão, quais políticas necessárias para dinamizar a rede; os gestores precisam conhecer as diferentes redes do território; a rede demanda pensar diferente o território. Quanto à atuação, defendem ação coletiva (e denotam medo da cooptação partidária ou de interesses individuais); necessário haver mediação em relação ao governo/Estado; a rede representa a demanda dos integrantes da rede; a rede não tem líder, mas lideranças circunstanciais, sistematizadores de dinâmicas, que o fazem a partir de princípios compartilhados, consensuais. Para a interação entre as redes afirmam que é necessário identificar os objetivos comuns, ações coletivas comuns; a rede é tudo ao mesmo tempo agora e é orgânica; a conexão entre rede se dá a partir de pontos afins, da identificação dos espaços de diálogo; e uma pergunta: o que fazer para ativar esses pontos comuns?

4. Vínculos – continuidade afetiva e de interesses, tanto entre familiares, como entre redes; há necessidade de um animador, na rede, para fortalecer os vínculos. A relação horizontal da rede, sem coordenação, desmobiliza; ninguém é dono da rede, mas falta um condutor, com revezamento de pessoas na função; a comunicação deve ser transparente; necessário instrumentalizar os participantes em TICs. Para haver interação é necessário instrumentalizar o uso de plataformas de rede; promover a interação e cooperação entre redes; oferecer instrumentos de comunicação e de transparência; encontros presenciais, itinerantes, para trocas de experiência entre as redes; identificar novos atores (público, privado, sociedade civil); encontros trimestrais.

5. Direitos da criança e do adolescente – Consideram que os direitos das crianças e adolescentes são desconhecidos; que é necessária a implementação de política para a infância e adolescência; importância da família; maioria das redes do DF faz trabalho e movimentos por creches; existe muito espaço para debater o tema. A atuação das redes deve se dar em torno da questão das creches, por saúde, esporte, cultura e lazer. A integração vai se dar com a definição de uma agenda que já existe, composta de 10 itens, que constam do documento original.

6. Violência doméstica – O contexto analisado pelo grupo é de aumento do número de denúncias de violência contra a mulher, mas ainda há subnotificação, porque é difícil o registro policial; falta capacitação e pessoal na prevenção, atendimento e acompanhamento de casos, há uma demanda reprimida; tema de gravidade e complexidade, que pede urgência de atendimento; há um alto índice de “desresponsabilização” dos autores da violência. Como atuação nas redes destacam as caminhadas (ressaltam que houve uma, em maio de 2013); o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes; ações de sensibilização; campanha de desarmamento infantil; criação de comissões, subgrupos e eixos temáticos; realização de pesquisas e diagnósticos. Para interação das redes propõem a realização de encontros periódicos das redes; criação de comissão para tratar da temática da violência contra a mulher; construção de fluxos nos territórios para a ação dos serviços públicos; agenda comum, também para ações preventivas.

7. População em situação de rua – O contexto é de necessidade de construção – em alguns casos, reconstrução – das redes, de comunicação, de capacitação (em geral sobre tecnologia); necessidade de informação para acompanhamento junto aos órgãos, de informação sobre direitos e desejos; falta de interesse na divulgação dos serviços para esta população vulnerável. Como atuação nas redes destacam a necessidade de capacitação com os órgãos para promover a interação e parcerias com a comunidade e com a rede e também a necessidade de aproximação das redes com os usuários e a comunidade. Veem necessidade de interação para debater o assunto, trocar informação, unir as redes deste tema.

Ao final do encontro foi produzida uma nuvem de tags (figura 20) com as palavras que mais ressaltaram em todas as discussões dos dois dias de encontro na sede da Fiocruz Brasília66.

66

A base de dados e os resultados visuais foram compartilhados pelo pesquisador Marcelo Souza de Jesus, que usou a ferramenta <worlde.net>.

Figura 20 – Nuvem de tags destaca temas de dois dias de encontroo das redes sociais do DF.

5.5.3. Dados para planejar

As informações obtidas tanto pela visualização das redes, quanto pelas multivocalidades expressas no primeiro encontro são importantes para a elaboração de um plano de ação de comunicação, representam a rede e o que mantém as relações nesta rede. Necessário aplicar metodologia complementar que avalie o indivíduo, para conhecer a dimensão de competências instrumentais, de informação e de comunicação e incluir estes dados para planejar. Nos diferentes grupos há indicação de necessidades:

 Chegar à ponta, ao cidadão, como Estado;

 Rede como espaço de diálogo Estado/sociedade para promoção das políticas públicas;

 Formação e sensibilização de gestores para ação em rede nas três dimensões: instrumental, de informação e de comunicação;

 Comunicação deve ser permanente, produção de informação com periodicidade para orientar ação das redes;

 Realização de encontros periódicos e de troca de visitas entre redes;

 Necessidade de conhecimento da rede social, do território e das políticas públicas;

 Necessidade de conhecer os objetivos comuns;

 Rede não tem líder, mas necessita animador, condutor, função que pode ser exercida pelo revezamento;

 As redes têm sub-temas específicos que podem ser condutores de ações: direito das crianças e adolescentes, violência doméstica e população em situação de rua.

O grafo desta rede de redes mostra territórios organizados para a ação, mas indica a ausência de Brasília, por exemplo, o que precisaria ser investigado.

Quadro 9 – Resumo Redes Sociais do DF

observação A rede

observada

fruto do Encontro de Redes do DF, aglutina-se em torno de perfil no Facebook e tem participantes das outras redes

Tipo ator/rede

Rede descentralizada, organizada em torno do Facebook a partir de um encontro presencial, mantém contato fluido. Originou uma rede que organizou debates com candidatos ao Executivo e Legislativo no DF

Metodologia Estudo de Usuários Não foi feito

Multivocalidade Sim

Análise de Redes Sociais Sim, parcial

Resultados Dados Demográficos Não foi feito

Dados sobre competências instrumental Não foi feito em informação Não foi feito

em comunicação

Não foi feito, mas tema surgiu nos debates do encontro, como a necessidade de haver

animadores de rede, por exemplo.

Dados sobre necessidades de informação

O encontro discutiu

necessidades de conhecimento sobre as ações de cada rede, de informações sobre os temas que indicaram como importantes para a rede

Dados multivocais

Rede de forte contextualização social e os elementos

multivocais apontam para esta questão. A nuvem feita ao final do encontro indicava forte expectativa quanto à integração em rede para trocas de

experiência e maior

conhecimento das redes sociais

Dados relacionais

apenas foi feita a identificação das redes. Ceilândia é a que concentra maior volume de participantes

Diagnóstico

Necessário fazer Estudo de Usuários – sobre competências e sobre necessidades em

informação