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METODOLOGIAS NO DESIGN DE MODA

No documento Ebook Design novos horizontes (páginas 174-178)

O emprego de metodologias nos projetos em várias áreas do design já é uma prática usual, pois, como os projetos para gráfico ou produto seguem como um procedimento a fim de atingir um obje- tivo (solucionar uma problemática), o que demonstra algo comum do design, porém, no desenvolvimento de produtos de vestuário a

segundo Sanches (2008) isso pode ser verificado tanto no meio aca- dêmico quanto profissional. As empresas do setor de confecção de vestuário até bem pouco tempo trabalhavam de modo empírico, sem a preocupação em utilizar de meios (com ferramentas ou meios auxi- liares) para desenvolver seus produtos.

Assim, com uma gama de metodologias sendo aplicadas no design de produto, gráfico, de informação, entre outros; porque somente a moda ainda possui a entrave do uso dos métodos, à um primeiro olhar podemos nos apoiar no pensamento de Linden e Lacerda (2012), quando averiguam que o uso do método pode afetar o estilo cogni- tivo do designer, ou seja, o lado intuitivo pode ser racionalizado, dei- xando o ato de projetar sem a criatividade, esta afirmação dos autores explanam de forma geral em todas as ramificações do design, mas setorizando para o design de moda (no campo dos produtos de vestu- ário) cabe esclarecer que a aproximação do design com a moda ainda é muito nova, portanto, a elaboração através de projetos e mesmo a adoção de métodos para direcionar o desenvolvimento de produto é algo que autores como Montemezzo (2003) e Rech (2002) já propu- seram, porém, pode implicar na adoção de forma não efetiva, principal- mente pelas empresas do setor.

A negativa do uso dos métodos pelo design de moda pode acar- retar no empobrecimento do conceito-formal do produto e angariando apenas valor estético. Pazmino (2015) avalia os métodos como auxi- liadores da criatividade, pois conduz para soluções mais inovadoras, o que para os produtos de vestuário, quando bem empregado o método, um novo valor pode ser adquirido.

Portanto, com relação as metodologias cabe diagnosticar qual deve ser aplicada para se obter o melhor resultado, para tanto, deve-se averiguar qual processo que satisfaz melhor os níveis de complexidade e inovação que o objeto a ser produzido.

Farah (2012) exprime que os métodos existentes seguem uma estrutura básica com as seguintes etapas:

• Identificação de oportunidade;

• Análise do problema por meio de levantamento de informações; • Geração de ideais com base em fontes/técnicas;

• Triagem ou seleção de ideias;

• Desenvolvimento e teste do conceito por meio de croquis, modelos e protótipos;

• Plano para desenvolvimento da estratégia de marketing; • Análise financeira/comercial do negócio;

• Teste de mercado; • Comercialização;

• Estratégias para desenvolvimento do produto por meio de estudo, análise e comparação de diversos produtos do mercado; • A providência da sua manutenção;

• A obtenção de feedback quanto à sua utilização e valor.

Por serem fases básicas podem sofrer alterações em adequação ao propósito do projeto, dessa forma algumas metodologias focam em pontos específicos como no caso do DfX (Design for x), em que o x seria o objetivo do projeto, como o Design for Environment (DfE), que propõem um processo em que o meio ambiente é o ponto central, objetos ecologicamente corretos.

Essas etapas, no design de moda, Sanches (2008) afirma que a sistematização não tem como objetivo indicar um modelo rígido, mas auxiliar no pensamento mais organizado, definindo nas fases para o desenvolvimento de produto demonstradas no Quadro 1.

Quadro 1: Fases para o desenvolvimento de produto

Planejamento Constitui essa fase a coleta e análise de dados, que poderá definir as tomadas de decisões do projeto;

Geração de alternativas

Criação de possibilidades do produto, levantamentos do planejamento e concretização das experimentações; Avaliação e

detalhamento

Com as alternativas selecionadas, esta etapa averigua a viabilidade de produção e a prepara para detalhamentos técnicos necessários;

Produção Elaboração da produção seriada

Fonte: Sanches (2008)

Este formato é aplicado no meio acadêmico, podendo ser prático e dinâmico, não possui retrocessos ou feedbacks, pois, acaba seguindo as etapas efêmeras mercadológicas, esta pode ser um dos entraves da aplicabilidade da metodologia no processo do projeto de produto industrial, a velocidade com que o setor de vestuário produz é muito acelerado, para isso, necessita-se de um método que seja tão ágil quanto sua produção.

No método elaborado por Rech (2002), a autora procurou se apoiar nos preceitos de Slack, Chambers e Johnston (2002):

• Geração do conceito; • Análise do produto;

• Avaliação e melhoramento; • Prototipagem e projeto final.

Neste método, atenta-se as mesmas características do método elaborado por Sanches (2008), e ao observar as duas metodologias pode se levantar que o projeto de produto de moda não se trata de um objeto complexo, mas que demonstra um grau de inovação dependo da função que for exercer.

Dependendo de sua natureza, os projetos de produto são classifi- cados em função de sua complexidade e/ou caráter inovador, ou inovatividade. Ricardo Naveiro propôs uma classificação com quatro classes: incremental, complexo, criativo e intensivo. Os projetos incrementais têm baixa complexidade e baixa inovatividade. Os pro- jetos complexos têm alta complexidade e baixa inovatividade. Os projetos criativos têm baixa complexidade e alta inovatividade. Esse aspecto é relevante quando se trata de discutir a questão do método ou do processo de Design e deveria merecer atenção tanto dos pro- fessores ao escolher o procedimento metodológico a ser adotado em cada disciplina, como pelos profissionais em sua atuação no mercado (LINDEN e LACERDA, 2012, p. 106).

Assim, apresentamos outro questionamento a respeito da natu- reza do projeto de produtos de vestuário, pois, é recente que alguns paradigmas da moda têm sido alterado como o caso da inclusão e da sustentabilidade, estas proposições tem ganhando espaço para se discutir e aplicar no desenvolvimento do produto, o que se supõe é que a partir dessas novas dicotomias haveria a necessidade de se rever as atuais diretrizes metodológicas, pois, a “atividade pro- jetual assume características próprias, específicas da nossa época. Nos esforços em direção à satisfação e superação das expectativas dos clientes – nós, os usuários finais” (FARAH, 2012, p. 67) e o novo produto de moda (inclusivo e sustentável) pode se apresentar com aspecto formal e conceitual reformulado, aumentando o grau de complexidade e inovação.

Os problemas projetuais tendem a ser complexos, por relacionarem fatores humanos (físicos, psicológicos, culturais, sociológicos) com fatores tecnológicos, econômicos e ambientais. [...] pode apresentar um grau de complexidade significativo, pela relação sistema-produto, que envolve ciclo de vida do produto, logística, novos sistemas de produção que reduzem a carga física e mental no sistema produ- tivo, certificações de qualidade, entre inúmeros outros aspectos jamais imaginados pelos pioneiros da indústria moderna (LINDEN e LACERDA, 2012, p. 134-135).

Os autores ainda afirmam que não há atendimento pleno para os desafios que foram mencionados anteriormente. São problemáticas que precisam ser bem resolvidas, que por serem problema humano se tornam difíceis de serem resolvidos com um único ponto de vista. Para isso o método que englobe a inclusão e a sustentabilidade deve ser flexível e levar em consideração toda interdisciplinaridade dos projeto de design de moda.

No documento Ebook Design novos horizontes (páginas 174-178)