LEITE, G. H.*; FARIA, D. C.; CARVALHO, A. H. O.; SILVA, L. G.
Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Ibatiba. *gabrielahubner02@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
Para a caracterização das diversas formas de re- levo e topografia, as bacias hidrográficas se apresentam como feições importantes, em espe- cial, aos estudos de evolução da formação da superfície terrestre (ALVES e CASTRO, 2003). Segundo Barrela (2001), as bacias hidrográficas são definidas como um conjunto de terras drena- das por um rio e seus afluentes, formada em regiões altas do relevo por divisores de água, onde observa-se ou o escoamento superficial- mente das águas das chuvas, formando riachos e rios, ou a infiltração da água no solo para a for- mação de nascentes ou lençol freático.
Porém tem se verificado que o desmatamento in- discriminado no campo, e o uso inadequado do solo e de técnicas de manejo, vêm contribuindo para a diminuição da quantidade e qualidade da água nos mananciais.
Historicamente, a maioria das preocupações so- bre a qualidade da água tem sido relacionada com a transmissão de doenças, principalmente intestinais, tais como febre tifóide, febre parati- fóide, cólera, desinterias, leptospirose, candidíase, giárdia, ascaridíase, esquistossomo- se, hepatite tipo A, gastroenterite,
entre inúmeras outras. As águas de abastecimen- to das cidades, de irrigação das lavouras e de recreação apresentam, do ponto de vista sanitá- rio, grande importância com relação aos microrganismos patogênicos. Os testes de quali- dade da água utilizados visam detectar organismos indicadores em particular.
A região do Caparaó é uma das regiões mais vi- sitadas do Espírito Santo com uma riqueza hídrica que deve ser preservada. Contudo, estu- dos específicos realizados em torno das nascentes e que tenha como foco principal na li- teratura científica esse ecossistema são raramente conhecidos. Mediante a isso, justifica- se o estudo Caracterização morfológica e análise microbiológica das nascentes Bacia do Rio Par-
do, Ibatiba-ES, devido estás nascentes serem de fundamental importância na formação e manu- tenção dos recursos hídricos da região. Diante do exposto, esse projeto tem como objetivo ava- liar as características físicoquímica e microbiológica da água de duas nascentes situa- das no Córrego Carangola, localizado na região do Caparaó na cidade de Ibatiba-ES com o intui- to de orientar e incentivar a população quanto a importância do uso das nascentes para o consu- mo das lavouras, já que é uma cidade movida financeiramente pela agricultura.
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
No presente estudo foram realizados os procedi- mentos de campo, onde ocorreu a seleção das nascentes. A nascente classificada como 01 en- contra-se no Córrego Carangola situado na cidade de Ibatiba-ES a 905 metros de altitude, coordena- das 7763708 N e 0241172 E. A nascente caracterizada como 02 está localizada na cidade de Ibatiba-ES, no Córrego Carangola em uma área isolada da cidade a 996 metros de altitude, coordenadas: WP1324k e 0241435 E, 7763683 N. Posteriormente, à seleção, foi realizado a caracte- rização morfológica através da análise de alguns parâmetros macroscópicos como cor, odor, lixo, materiais flutuantes, espumas, óleos e esgoto, re- gistrados e descritos por fichas de campo e fotografias. A avaliação dos parâmetros físicos das nascentes foram realizadas com base no Im- pacto Ambiental Macroscópico (IIAM) para nascentes, adaptado por Gomes et al. (2005). Essa técnica é feita através da avaliação macroscópica e compara alguns elementos-chave na identifica- ção de impactos ambientais e as consequências causadas a nascente (FELIPPE, et al., 2009) (Ta- bela 1).
Adicionalmente, verificou-se o grau de proteção em que as nascentes se encontraram. Para tanto, utilizou-se uma adaptação do Índice de Impacto Ambiental Macroscópico (IIAM) para nascentes, apresentado por Gomes et al, (2005). Com base neste quadro físico podemos analisar através de uma verificação macroscópica a qualidade da água das nascentes, atribuindo-se um valor a cada característica (bom, médio e ruim). O somatório dos valores consiste no devido índice de impacto das nascentes. O máximo valor do índice neste trabalho é 33 (quando os parâmetros são conside- rados “ótimos”) e abaixo de 11 (quando os parâmetros são considerados “ruins”) (Tabela 2).
As amostras de água oriunda das nascentes loca- lizadas na cidade de Ibatiba – ES, foram submetidas a análises laboratoriais, iniciadas poucas horas após a coleta. Os critérios exami- nados foram realizados de acordo com o manual fotômetro de bancada multiparâmetro e COD modelo HI83099,onde foram analisados os ní- veis de cloro livre, cloro total, nitrato e flúor. Na análise física da água as variáveis pH, turbi- dez e condução elétrica foram medidas utilizando o turbidímetro e o condudivímetro. O pH foi medido utilizando um medidor calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0. Para a medição da Turbidez utilizou-se o turbidímetro. A determinação da condutividade elétrica, é exe- cutada pelo método condutivimétrico, e se baseia na medição da resistência da amostra e dado em condutância específica. Após ligar o aparelho e deixar ligado por cerca de 10 minutos a sonda da condutividade elétrica foi lavada e após secada com papel absorvente. A leitura da condutividade foi realizada e depois de termina- do os procedimentos o eletrodo foi devidamente lavado e guardado.
Posteriormente foi realizada a análise microbio- lógica da água, de forma a verificar a presença de coliformes fecais e termotolerantes nas nas- centes. Foram empregados os seguintes métodos de análise:
a) Teste presuntivo: as amostras de água foram colocadas em tubos de ensaio, contendo caldo lactosado, incubados a 37°C e observados quan- to à produção de gás.
b) Teste de confirmação: o material do tubo será semeado em meio de cultura contendo eosinaa- zul de metileno (EMB), que permitirá separar as bactérias.
Fig. 1: Nascente 01 (A), Nascente 02 (B),
localizadas no córrego dos Carangolas. (Fonte: Leite, 2014).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas análises macroscópicas, na nas- cente 01 a água apresentou-se clara, porém com algumas impurezas, não apresentando odor, es- pumas ou óleos superficiais. Não foi detectado nenhuma rede de esgoto próximo das nascentes nem materiais flutuantes na água. A vegetação é nativa e o local preservado, sendo assim, classi- ficada como vegetação em bom estado segundo o índice de Impactos Ambientais (IIAM). Quan- to a utilização destas, suas águas são sucessivamente utilizadas para consumo próprio. De forma geral, a nascente 01, localizada no Córrego Carangola apresentou um grau de prote-
ção bom com 28% (Figura 1-A).
Na nascente 02, foi observado que a vegetação ao redor da nascente é descaracterizada, pois apresenta plantações de café ao entorno e bana- neiras, apresentando fácil acesso. Em relação a tonalidade do curso d'água no momento da cole- ta foi classificada como clara, um dia após a coleta a água adquiriu uma tonalidade escura, tal fator ocorrera provavelmente devido à presença de equipamentos urbanos contíguos as nascentes e ao extenso plantio de cafezais nas áreas de bor- da. Com base no índice de Impactos Ambientais (IIAM) a nascente foi caracterizada como ruim, pois apresenta equipamentos urbanos nas proxi- midades, vegetação alterada e ao odor assíduo, (Figura 1-B). Tal índice, evidencia a falta de pro- teção e a proximidade com áreas antrópicas, aspectos estes, que influenciam negativamente nos impactos verificados nas nascentes. Tal fato, também pode ser observado em trabalho realiza- do por Gomes et al. (2005), em nascentes situadas na cidade de Uberlândia-MG.
Após a coleta das amostras de água, as estás se- guiram para laboratório onde foram realizadas as análises químicas da água, o qual foram analisa- dos os níveis de Fosfato, Fósforo Nitrato, Cloro total e Cloro Livre, condução elétrica e pH (Ta- bela 3).
A variável pH apresentou um comportamento semelhante em todos os pontos amostrados com valores entre 6,0 a 9,0 para as duas nascentes es- tudadas. As análises comprovaram que os valores de pH encontram-se dentro dos padrões exigidos pela resolução CONAMA 357/2005, assim como as variáveis Cloro Total e Cloro li- vre, Fosfato Fósforo e Condução elétrica.
Nas análises microbiológicas da nascente 01 e 02, não foi detectado a presença de Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes, nas tempe- raturas de 30º C e 45º C, o que torna a água própria para o consumo.
4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Com base nos estudos realizados pode-se con- cluir que as nascentes avaliadas da Bacia Córrego Carangola, Ibatiba – ES apresentam-se com bom estado de preservação, não apresentam contaminantes e apresentam níveis físicoquími- co dentro das condições desejáveis. As nascentes avaliadas da Bacia Córrego Carangola, Ibatiba- ES apresentaram-se aptas para o consumo.
5. BIBLIOGRAFIA
ALVES, J. M. P.; CASTRO, P. T. A. Influência de feições geológicas na morfologia da bacia do rio Tanque (MG) baseada no estudo de parâmetros morfométricos e análise de padrões delineamentos. Revista Brasileira de
Geociências, v.33, n.2, p.117-127, 2003.
BARELLA, W. S; PETRERE, Jr. M.; SMITH, W.S.; MONTAG, L. F. As relações entre as
matas ciliares, os rios e os peixes. In: Matas
Ciliares: conservação e recuperação (ED. RODRIGUES, R. R.; LEITÃO, H. F. FILHO). Ed: USP, São Paulo, p.187-207, 2001.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA: Resolução Nº 357, de
17 de Março de 2005. Disponível em < http://
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm? codlegi=459>. Acesso em 21/05/2014
FERREIRA, P.M.C. Manual medição in loco:
temperatura, pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido. 2007. CPRM/Serviço
Geológico do Brasil, Belo Horizonte. 43p.
Disponível em
<http://www.cprm.gov.br/pgagem/manual_medi coes_T_%20pH_OD.pdf>. Acesso em 21/04/2014
GOMES, P. M.; MELO, C.; VALE, V. S. “Avaliação dos impactos ambientais em nascentes na cidade de Uberlândia-MG: análise macroscopica”. Sociedade & Natureza. p. 103- 120, 2005.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Ibatiba pela concessão de bolsa.