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Um bom exemplo dos dilemas criados pela condicionalidade assinalada encontra-se no longo debate que, nas últimas décadas, tem discutido o problema das correlações existentes entre a memória e a historiografia. Entende-se. Bem vistas as coisas, ambas aspiram, pelo menos, ao verosímil. No entanto, se as narrativas da primeira são seletivas, socialmente diversificadas e imbuídas de sacralidade e de acriticismo, as da segunda foram-se impondo contra o mito, contra a memória e contra as metafísicas de vária índole, em nome de uma atitude metódica e racional que, por isso, foi secularizando a explicação do passado (M. Halbawchs, Lucien Febvre, Marrou). De onde, para muitos, a existência de uma separação, radical para

uns e relativa para outros (P. Nora), entre as duas retrospetivas.

Para nós, o nexo entre memória e historiografia é “indeciso” porque é feito de semelhanças e de diferenças que merecem ser relevadas. Como o historiador não pode deixar de ser um sujeito pré-ocupado, a sua problematização já nasce no seio de interiorização de várias memórias (sociais, familiares, locais, regionais, nacionais, transnacionais, etc.), incluindo aquelas que, de um modo mais espontâneo ou mais específico, inoculam ideias, valores e representações caraterísticas da cultura histórica.

Significa isto que, se a memória está antes da história-investigada, esta também

pode ser usada como artífice de memórias. Relembre-se que as “investigações” heroditianas foram redigidas para serem uma ars memoriae, e sabe-se que a pretensão

cognitiva do texto historiográfico não pode impedir que a sua receção ultrapasse a intencionalidade autoral de quem o escreveu. Por outro lado, as suas conclusões

também podem ser descontextualizadas e inseridas em narrativas que têm por função principal a socialização da mente, em particular através do sistema educativo. De facto, a manualização da história-ensinável foi um dos principais instrumentos das políticas de memória dos novos Estados-nação modernos. E, em algumas das suas melhores expressões – como, depois de 1884, aconteceu com as reedições de milhões de exemplares do já citado Petit Lavisse –, este trânsito foi feito por muitos

historiadores, não obstante essa tarefa caber, sobretudo, a intelectuais intermediadores,

situados entre a especialização da história-investigada e a história contada sob o

imperativo do didatismo e de uma regulação política.

Os principais interessados na utilização “monumental” da história-investigada

foram (e são) os “sujeitos coletivos” empenhados em “inventar” ou em “reescrever”, com intuitos de legitimação e de reconhecimento identitário, o seu próprio passado. Desde a dimensão auto e biográfica, passando pela família e respetivas linhagens, pelas instituições, pelos poderes (local, regional e nacional), pelos grupos socioprofissionais, pela Igreja, pelas organizações políticas e de classe, muitos foram (e são) os agentes (diretos e indiretos) da construção e reprodução de memórias. No entanto, não temos dúvidas de que, nos últimos dois séculos, todos eles foram sendo sobredeterminados pelas políticas de memória perseguidas, direta ou indiretamente, pelo Estado-nação, incluindo os de orientação mais liberal. Percebe-se. No Ocidente, as comunidades politicamente organizadas,

para exercerem a sua soberania sobre um determinado território e sobre uma dada população, tiveram de reforçar a centralidade burocrático-racional da sua governância e, a partir dos meados dos séculos XVII-XVIII, investiram mais na demarcação das suas fronteiras e em políticas conducentes à interiorização de ideias, símbolos e ritos suscitadores de reconhecimentos identitários, de distinção e de sentido. Daí o crescente valor que, apesar das suas diversidades e dos seus conflitos internos, foi atribuído à chamada memória histórica e, sobretudo, à memória nacional na “fabricação” do consenso social.

Definimos a primeira como uma compartilha que enfatiza não só a sacralidade do território e da população (transformando-a em “povo”), mas, sobremaneira, o percurso temporal das comunidades políticas, revivificado pelas evocações positivas de “grandes homens” e de grandes acontecimentos, postas ao serviço da construção da autoestima e da assunção da nação como uma comunidade de destino. Porém,

facilmente se aceita que o discurso historiográfico não deve ter essa função, pois esse é o papel das lendas, exemplaridades e exortações cantadas em prosa, em verso e/ou em imagens, sem qualquer exigência supletiva de comprovação. Daí, também, que a memória histórica seja mais antiga e mais extensa do que a memória nacional. Esta ilação parece-nos óbvia, porque a própria ideia de nação é, para muitos, uma construção recente (século XVIII). Contudo, para outros, o seu uso será um pouco mais antigo, pelo menos enquanto referência a uma totalidade quase mística que exprime, mais do que vocábulos como “Estado”, uma pertença unificante e comunitária que se autorreconhece ou que aspira a ser reconhecida (a “nação cultural” pode existir antes de ser Estado) como uma sociedade politicamente autónoma. Seja na aceção alemã de “nação cultural” e de “nação orgânica” (Herder), seja na sua caraterização como “nação cívica e pactual” (Rousseau, Revolução Francesa, Revolução Americana), os factos mostram que a sua génese, mesmo quando justificada em termos contratualistas, também utilizou legitimações de inspiração histórica. E, no quadro da episteme e da experiência moderna do tempo,

esta necessidade de enraizamento incentivou a investigação e a divulgação paidética

Do nacional ao pós-nacional

Na Europa, nunca como desde o século XIX até boa parte do século XX a historiografia foi tão utilizada como ars memoriae, por vários agentes, com relevo para

os ligados à “educação nacional” (designação que surgiu em França, em 1763, criada por La Chalotais). Não se contesta a importância de se equacionar a compreensão do uso da memória no contexto das conflitualidades político-ideológicas que aumentaram com o desenvolvimento capitalista e com as suas incidências (externas e internas). Mas é um facto que o trabalho de nacionalização, liderado por um Estado cada vez mais pedagogo, também foi revelando poder para implantar consensos e para tornar

transversais, à sucessão dos regimes políticos e das respetivas ideologias, os núcleos duros das mitologias nacionais. (Em Portugal, esta caraterística encontra-se bem expressa, desde o século XIX até hoje, no peso que, naquelas, tem a visão épica dos Descobrimentos). Não admira. O ensino da história passou a ser, explícita ou implicitamente, assunto de Estado, e não só nos regimes nacionalistas e ditatoriais, atenção que ainda hoje perdura. Recorde-se que os próprios Estados Unidos da América se interessam pela matéria – veja-se a doutrina expendida nos célebres

National Standars for History – e que, a partir do Iluminismo, ela sempre foi uma

constante preocupação francesa, realidade que, nas últimas três décadas do século XIX, a cultura política da III República, com a sua “revolução escolar”, prolongou até aos nossos dias.

Porém, a base científica da história-investigada não está livre de equívocos em

relação à história-ensinada, pois os respetivos contextos narrativos são, ou devem

ser, autónomos, tanto mais que as escolhas oficiais podem condicionar a produção científica, particularmente quando aparecem desfasamentos entre o que se investiga e a orientação política que condiciona a produção e socialização da memória nacional. E um bom exemplo deste embate encontra-se na intervenção que, em 31 de maio de 1983, o Presidente da República francesa, François Mitterrand, fez, em pleno Conselho de Ministros, ao declarar-se angustiado “perante as carências do ensino histórico que conduzem à perda de memória das novas gerações”.

O problema em causa não tinha só a ver com a carga horária da disciplina nos currículos do ensino secundário, mas também com os conteúdos da sua manualização.

Estes, ao acolherem perspetivas oriundas da vanguarda da história-investigada – a

história económico-social e estrutural da época –, estariam a afastar-se da tradição republicana, ao secundarizarem a trama e as suas encarnações personalizadas e civicamente exemplares. Modo de dizer que aquele tipo de fazer historiografia era um obstáculo à apropriação moderna do preceito historia magistra vitae (assente no

empolamento linear da relação entre causas e efeitos, ou entre antecedentes e consequentes).

A emergência de uma historiografia estrutural, aparentemente sem heróis e que punha em ação escalas temporais que consentiam imobilidades, mas também ruturas, colidiria com a evolução psicofísica dos alunos, pelo que manuais como o Petit Lavisse – o “évangile républicain”, escrito por um historiador que ganhou o estatuto

de “instituteur national” (P. Nora) – seriam mais adequados à interiorização da memória nacional.

O consórcio entre historiografia e nação tinha crescido no decurso do século XIX, incrementado por políticas de memória (ensinadas e ritualizadas) de cunho identitário. Mas ele também se repercutiu nos problemas a investigar, com relevo para os de índole política. No entanto, a acelerada intercomunicabilidade, a todos os níveis da vida, entre os povos, bem como o impacto provocado por outras ciências sociais, foram igualmente patenteando a fragilidade epistémica das demarcações nacionais na investigação histórica, sobretudo quando as questões económicas, demográficas, sociais, étnico-culturais, de género se traduziram na escolha dos problemas, dos métodos, das fontes e das escalas temporais e espaciais a pesquisar. Dificilmente os “complexos histórico-geográficos” (Magalhães Godinho), muitos deles entificados (o Mediterrâneo, o Atlântico, o Pacífico, o Mar da China, etc.) e representados como “sujeitos coletivos” de dimensão transnacional, poderiam coincidir com os mapas desenhados pela geografia política. Não restam dúvidas de que as alterações de problemas, de escalas e de metodologias (mormente as de teor quantitativo) contribuíram para “desnacionalizar” e “despolitizar” o “questionário” historiográfico. Claro que o avanço da globalização e o aumento do poderio político e económico de Estado-nação-continente (EUA, Rússia, China, etc.), assim como o surto da sociedade de informação e as modificações ocorridas na circulação de mercadorias, pessoas e ideias, são fatores que têm erodido a soberania dos Estados-nação clássicos, gerando desterritorializações várias e respostas de

âmbito pós-nacional. Mas será interessante frisar que esta tendência é uma realidade de dupla direção: se, por um lado, ela coexiste com a construção de novas territorializações (reais ou imaginárias) ajustadas aos novos reordenamentos

transnacionais (exemplo: os investimentos feitos à volta da socialização da ideia e identidade europeias), por outro lado, ela também está atravessada por contrarrespostas (regionalistas, nacionalistas) que pretendem reforçar, ou “restaurar”, identidades tidas por perdidas ou ameaçadas. (Algumas, mais recentes, estão empenhadas em dar força a uma alternativa neonacionalista, escudada numa

conceção essencialista ou primordial-historicista da identidade nacional.) E, como é compreensível, tudo isto está a ter grande impacto quer no que se investiga, quer ao nível das inserções institucionais, das escalas e dos lugares de onde e para quem

o historiador “fala”, bem como no âmbito dos conflitos de interpretação.

Neste contexto, os laços dos indivíduos com a cidade e com a cidadania

tornaram-se mais complexos. Daí que, se há sinais de “regresso” de conceções fixistas e essencialistas, para muitos as identidades continuam a ser entendidas como um construto indissociável da permanente coabitação de memórias no eu de cada indivíduo. E, se o quadro nacional ainda sobrevive como referência, o desenvolvimento de sociedades mais complexas tem dado igualmente lugar à reinvenção do local, do regional, do multicultural e mesmo do transnacional, tópicos que se têm projetado no campo historiográfico e na tendência para a internacionalização dos projetos de investigação, mesmo no que toca às fontes de financiamento e de avaliação. De onde também estar a ocorrer, sob o efeito da aplicação de políticas que têm nas “ciências duras” a sua referência e prioridade, à gradual perda da mediação autoral da escrita da história, a favor da pesquisa grupal e em rede, como se aquela também não fosse conteúdo.

Não se afirma que o historiador deixou de ser um “autor”, ou um “intelectual”, mas insinua-se que esse estatuto, pelo menos em países como a França, a Alemanha, a Espanha e mesmo Portugal, mudou ou já foi mais forte. A hegemonia da cultura científico-técnica, o crescimento da sociedade informática e da consequente retração do impresso, a predominância da crença no poder prognóstico das explicações económicas, a mercantilização inerente à democratização de uma cultura de massas e de uma sociedade de espetáculo são alguns dos fatores que têm feito diminuir o

reconhecimento do magistério do clerc enquanto consciência crítica e moral da cidade.

Por sua vez, quer a perda do lugar quase exclusivo da escrita, a favor do império da imagem, nas representações do passado, quer o aumento da profissionalização do ofício até aos inícios do século XXI enfraqueceram o estatuto do historiador como escritor e favoreceram, nos últimos tempos, o aparecimento do comunicador-divulgador – um novo tipo de “intelectual público”, que “habita” o não-território das televisões e das livrarias de aeroporto –, bem como o florescimento

das ficcionalizações historicistas. E a presença no espaço público (cada vez mais virtual e desterritorializado) de intermediações massificadoras, por via da escrita ou do

audiovisual, conjugada, no plano da história-investigada, com a do trabalho grupal e em

rede, têm feito do historiador-autor um sobrevivente face a critérios de avaliação que

tendem a formatar o perfil do investigador e, ainda que indiretamente, o conteúdo do que será conveniente investigar.

Pensando bem, hoje, o conhecimento historiográfico está numa atitude dominantemente defensiva, não só perante as chamadas ciências duras, mas também no que toca ao conjunto das ciências sociais e humanas. Devido aos modelos civilizacionais dominantes, as primeiras são prioritárias na planificação e orçamentação das políticas científicas dos Estados (e de muitas organizações internacionais), menorizando o apoio às segundas, o que dificulta a afirmação, sem complexos, do insubstituível valor destas últimas. Porém, conflitos análogos se detetam no interior do próprio campo das ciências humanas, lugar onde o combate pelo reconhecimento também surge subordinado aos “conhecimentos úteis”, exigência

um pouco contraditória com a necessária procura “desinteressada” do saber e com as competências que a historiografia ajuda a exercitar.

Por outro lado, descredibilizado o valor cognitivo das teleologias sobre o devir humano, e incorporadas as lições oriundas das ciências físicas acerca da existência de contingências e de acasos nos fenómenos naturais, as mais avisadas teorias contemporâneas da historiografia têm sido cautelosas quanto ao poder prognóstico do conhecimento do passado, devido à índole complexa e irreversível das singularidades e da diacronia social. Daí que, à luz da experiência contemporânea do tempo, o preceito historia magistra vitae soe a muitos como uma falácia, sensação

países: por um lado, nunca se falou tanto de história, de identidades e de património, mas, por outro lado, tanto a história-investigada, como a história-ensinada estão a ser

vítimas de uma desvalia por parte dos poderes hegemónicos, como se as suas competências científicas fossem dispensáveis na vida da polis. Em certo sentido,

parece que, quanto mais cresce a ilusão do presentismo – expetativa que se limita a

pugnar pela permanente reprodução do presente tal como ele é e está –, mais se

desvaloriza a aprendizagem do raciocínio histórico.

Percebe-se. Como Langlois já tinha reconhecido nos inícios do século XX, a historiografia também é “uma ciência de raciocínios”, porque, para construir abstrações, ela tem de “inventar” problemas e de ler os traços deixados pelo passado,

mediante o exercício da analogia, da comparação e da relativização, tendo em vista

encontrar explicações/compreensões que não confundam a sua escrutinada base objetiva com a sua inevitável pluralidade de interpretações. E, sem saudades de paradigmas não há muito perdidos, e aberta a uma epistemologia da complexidade, a sua

prática incomoda porque desdogmatiza e desconstrói a hodierna ilusão ocidental de a-historicidade que enforma a mundividência da sociedade de consumo dos nossos dias.

A este propósito, convém recordar que nem sempre foram fáceis as relações dos historiadores com as respetivas polis, principalmente em tempos escuros de

tirania e de fanatismo, como aqueles que, em 1851, expulsaram Guizot e Michelet do Collège de France e que, na II Guerra Mundial, levaram Marc Bloch ao fuzilamento pelos nazis (em 16 de junho de 1944). Mas esta tensão é antiga, embora as razões em causa não sejam uniformes. Por exemplo, os historiadores romanos do Império escreveram mais sobre e para os Césares do que para a civitas, enquanto

os seus precursores gregos exerceram o seu mister de uma maneira mais autónoma e independente. Porém, muitos deles, e dos mais significativos, foram não só irrequietos viajantes, mas também vítimas de exílios, uns voluntários, outros ditados por poderes vários. Aconteceu, entre outros, com Heródoto, Tucídides, Xenofonte de Atenas e Teopomo de Quios, historiadores que estavam fora das respetivas

cidades de origem quando escreveram as suas obras mais relevantes. F. Hartog

comparou esta condição à dos velhos aedos. Como estes, as suas deambulações

horizontes mais amplos e comparativos, experiência de vida que os tornou mais

sensíveis ao distanciamento cognitivo face à alteridade e à equanimidade possíveis. (A

este propósito, recorde-se que Heródoto foi acusado de ser mentiroso e amigo dos “bárbaros” por historiadores como Éforo e, mais tarde, por Clésias). Em síntese, segundo Hartog, na Antiguidade, o historiador foi, antes de tudo, um caminhante

e um exilado: Heródoto esteve exilado em Halicarnasso, Tucídides em Atenas,

Políbio em Roma. Outros sofreram uma espécie de exílio interior, ou viveram como vencidos. Por tudo isto, nem todos escreveram a história dos vencedores.

Em síntese, como a finalidade da historiografia é narrar o verídico (a Verdade é uma impossibilidade transcendental), continua atual a sua velha aspiração à conquista de conhecimentos que, apesar de serem sempre inconclusos, adestrem a consciência crítica e formem o pensamento para tomadas de decisão, em particular as de teor político, que não se esqueçam de contextualizar, para melhor situarem os indivíduos e as sociedades no relativo relativismo do(s) espaço(s) e do(s) tempo(s). Só

assim o uso da história não será a-histórico. Mas a historiografia também não pode ser confundida com o eruditismo e com o bric-à-brac, notas caraterizadoras da sabença.

Ela tem de ser cultivada, apreendida e interiorizada como sabedoria, ou melhor,

como sagesse. Isto é, tem de postular um contrato deontológico com a veracidade,

compromisso cívico fundamental para se poder desmistificar a mentira e mostrar por que é que, mesmo aqueles que anunciam a entrada na era da pós-verdade, o fazem

B I B L I O G R A F I A

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