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Capitulo 2 – Gestão de Laboratórios de Análises Clínicas e o fator concorrencial

II. Modelo de análise da investigação

De forma atingir os objetivos supracitados foi utilizado como método de pesquisa o método qualitativo, pois é de todo o interesse compreender mais aprofundadamente a satisfação entendida em situações específicas de trabalho e não generalizar resultados ou encontrar tendências padrão da satisfação.

A metodologia da investigação foi dividida em duas fases distintas, sempre usando como método de investigação a entrevista. Numa primeira fase exploratória na qual foram entrevistados os diretores/gestores das organizações, como forma de obter informação sobre as organizações, seus modos de gestão e equipas de trabalho. Através das principais conclusões extraídas da primeira fase (entrevistas exploratórias) foi construída a segunda fase do estudo, ou seja foi formulado o guião de entrevista.

Na segunda fase foram entrevistadas as equipas de trabalho. No grupo 1 (colaboradoras do LL) as entrevistas decorreram entre os dias 8 de Abril e 11 de Abril de 2014 nas instalações do laboratório L com uma duração média de 14:07 minutos. Já as entrevistas do grupo 2

(colaboradoras do LH) também decorreram nas instalações do laboratório entre o dia 7 de Agosto e 4 de Setembro de 2014 com uma duração média de 18:36 minutos.

Avaliou-se então, nesta fase o posicionamento das Técnicas de Análises Clínicas face á satisfação no trabalho através de perguntas abertas direcionadas para cada uma das características da função a avaliar.

Como referido anteriormente o método de investigação utilizado foi a entrevista. As entrevistas são conversas intencionais que contribuem para revelar determinados aspetos de um fenómeno em estudo (Quivy & Campenhoudt, 2008).

As entrevistas realizadas podem ser caracterizadas como semiestruturadas, Isto porque a investigadora elaborou um guião de entrevista de forma a explorar e aprofundar os temas que eram alvo do estudo, mas também foi deixado espaço para que outras questões pudessem emergir em função das respostas das entrevistadas (I. C. Guerra, 2010). As entrevistas semiestruturadas permitem assim que todos os pontos alvo do estudo sejam interpelados, permitindo perceber o que é que as entrevistadas pensam, fazem ou sentem relativamente a

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uma determinada situação (Guerra, 2010; Quivy & Campenhoudt, 2008). Neste tipo de entrevistas o investigador possui um guião de entrevista ao qual é imperioso que os entrevistados respondam de forma a permitir a recolha de toda a informação pretendida contudo a forma como são formuladas não é relevante (Quivy & Campenhoudt, 2008).Todos os entrevistados respondem as questões chave, contudo a sequencia das questões não tem de ser a mesma para todos os entrevistados, devendo ser estes quem conduz a entrevista. Isto é, o e investigador apenas reencaminha a entrevista para os seus objetivos quando o entrevistado foge ao propósito da questão (Quivy & Campenhoudt, 2008). Denote-se que este tipo de entrevistas destacam-se dado o seu grau de profundidade e flexibilidade (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Como já foi referenciado, o principal objetivo destas entrevistas semiestruturadas, que foram realizadas no âmbito desta investigação, foi a da obtenção de informação pertinente e enriquecedora que contribui-se para compreender de modo mais aprofundado o objeto em estudo: a satisfação no trabalho.

O guião de entrevista (anexo 1) utilizado na segunda fase do estudo foi construído com base nas cinco dimensões das características da função: significado da tarefa, diversidade da tarefa, identidade da tarefa, autonomia e feedback, sendo que possuiu duas a três questões sobre cada uma das dimensões e culminando com uma questão sobre a sua satisfação em geral de modo a permitir que as entrevistadas salientassem quais os fatores que mais contribuem para a sua satisfação. O guião de entrevista foi assim constituído por catorze questões-chave onde se pretendeu que cada entrevistado desenvolve-se a questão de forma a responder ao propósito de cada uma delas.

O registo dos comportamentos não-verbais durante a realização das entrevistas e a descrição posterior, num caderno de campo, da situação e interação vivenciadas durante a entrevista (pe. desde recusa em responder a determinada pergunta, á hesitações nas respostas) também de revelaram úteis, para compreender o fenómeno em estudo.

A observação direta também se revelou importante neste estudo como método periférico. Isto porque a investigadora exerce funções num destes laboratórios e teve a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia de parte destas colaboradoras.

O método de observação direta permite captar no momento os comportamentos expressos pelos participantes no exercício da sua função (Quivy & Campenhoudt, 2008). Este método consiste num processo através do qual os investigadores registam comportamentos verbais e motores. Tem como vantagem a apreensão de comportamentos, atitudes e

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acontecimentos no momento em que se produzem de forma espontânea (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Por questões de anonimato, não é mencionada a identificação pessoal das entrevistas na parte da análise categorial, sendo-lhes atribuída uma identidade fictícia (entrevistada A,B,C,D,E,F,G,H…)

o Procedimento de Análise de Dados

Numa investigação científica a análise dos resultados pode ser executada de duas formas distintas de acordo com o método de recolha dos mesmos. Portanto, no caso de inquéritos por questionário o processamento dos resultados pode ser executado com base numa análise estatística de dados (I. C. Guerra, 2010). No caso de entrevistas a interpretação dos resultados pode basear-se numa análise de conteúdo. Logo, a escolha do método de análise varia de acordo com o tipo de estudo: qualitativo (análise de conteúdo) e quantitativo (análise estatística) (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Neste estudo dado que o método a base de recolha de dados foi a entrevista optou-se, então, por levar a cabo uma Análise de conteúdo. Para o efeito, tentou-se identificar nos testemunhos das participantes a ausência ou presença das características da função segundo a teoria de Hackman e Oldman e os significados que as entrevistadas associavam a cada característica. Deste modo, as entrevistas foram analisadas de acordo com as características da função já existentes na literatura.

O estudo teve como base interpretativa a análise de conteúdo feita com suporte nas entrevistas. Todavia, também foram considerados alguns comentários das entrevistadas, posteriormente ao término das gravações das entrevistas e registados no caderno diário; comentários que se demonstraram constantes e foram muito enriquecedores para a análise desenvolvida. Numa das organizações, os registos em caderno diário foram mais contínuos, visto que a investigadora é também colaboradora nesta organização.

A análise de conteúdo pressupõe uma análise categorial e posteriormente interpretativa. Na análise categorial as categorias criadas foram identificadas a partir da teoria sobre satisfação em estudo de forma a estabelecer uma mediação entre interpretação e a construção de uma explicação do fenómeno.

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A análise categorial foi executada em separado para as duas organizações. Para tal, utilizou-se as dimensões contantes na tabela que se segue de modo a proceder com a análise categorial e seguidamente análise interpretativa.

Tabela 4 – Categorias utilizadas para a determinação da satisfação no trabalho

Denominação Descrição

Diversidade do trabalho Variedade das funções

A natureza das tarefas (sua similaridade ou diferença)

Identidade da tarefa Grau de previsibilidade da tarefa

Dificuldades da função Desempenho da tarefa Responsabilidades

Significado da tarefa Flexibilidade na gestão de tempo

Valor do desempenho da tarefa Relação interpessoal Recompensas Promoções

Conhecimento dos objetivos e estratégias da organização

Autonomia Capacidade de decisão

Resolução de problemas Acesso á informação

Controlo da tarefa: liberdade de tomada de decisão no planeamento e execução da tarefa

Feedback Avaliação do desempenho

Elogios/advertências das chefias

Condições físicas Condições físicas do Laboratório

Conforto

Condições mínimas ao desempenho da tarefa

Desenvolvimento de carreira Habilitações académicas

Formações

Antes de se passar à análise propriamente dita, julga-se importante referir algumas situações que ocorreram, durante as entrevistas e que devem ser tidos em conta a quando da interpretação da análise qualitativa. Assim segue-se essa sequência de situações que condicionaram e limitaram este processo de recolha de informação.

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III. Constrangimentos no processo de realização das entrevistas/perceções da