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Recebi a notícia de que o meu livro “O por- tuguês que nos pariu” é best-seller em Portugal. “Top ten”, explicou-me, via e-mail, a Editora Civi- lização, da cidade do Porto.

Feliz? Nem tanto. O livro que está sendo vendido no além-mar, descumprindo um pedido meu, foi “traduzido” para o, digamos, lusitano. A descortesia dos editores esconde mais do que apenas desrespeito ao meu texto e às minhas convicções. A atitude autoritária prova que ve- lejamos a anos-luz do acordo ortográfico que, teoricamente, está prestes a desencantar. Não de- sencantará. A língua é o mais forte signo de uma nacionalidade. Abrir mão de suas características significa, mesmo que simbolicamente, render-se. Mas render-se a quê? A quem? Afinal, todos fala- mos português. As diferentes versões do nosso idioma não anulam a realidade de sua unidade. Negar isto é negar a belíssima história das nave- gações portuguesas e assumir uma atitude tímida diante do maravilhoso mundo novo. Quem acre- dita que os falantes de um português são incapa- zes de ler ou entender outro, além de se desmere- cer intelectualmente, demonstra medo de perder a sua identidade, a sua História, o seu passado, o respeito próprio.

Acredito que leio e, desde criança, leio os autores portugueses no “original”. Hoje, faço o mesmo com escritores angolanos e moçambica- nos e, se tropeço em uma palavra, enriqueço o meu vocabulário com leve toque no teclado do computador: um dicionário eletrônico esclare- ce a minha dúvida. Acredito que nós, brasilei- ros, somos perfeitamente decodificáveis pelos consumidores lusos, sem que alguém, paterna- listicamente, precise se intrometer para avisar que o escritor quis dizer isto ou aquilo. Ou as- sumimos as diferenças que nos aproximam ou continuaremos alimentando a nossa triste vo- cação para o nada. Afinal, deve pensar quem nos cerca com um esgar de desprezo, quem é esta pobre gente que não se entende nem na língua em que fala?

“Nó górdio é a vaidade e a pequenez” – Ângela Dutra de Menezes (fragmento) O Globo, Prosa &Verso, setembro de 2007

Respostas às atividades

Tese: “é importante que os deputados te- nham consciência da necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células- -tronco embrionárias”.

Argumento 1: “já está fazendo surgir apli- cações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor”.

Argumento 2: “os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bi- lhões às pesquisas com células-tronco”.

Argumento 3: “embriões congelados há pelo menos três anos nas clínicas de fertiliza- ção — embriões descartados que, com qualquer tempo de congelamento, vão acabar no lixo”.

Argumento 4: “Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuti- cos, hoje vedada, e que é particularmente pro- missora”.

l Atividade 2 – O autor emprega o méto-

do indutivo em sua argumentação, pois parte de um caso particular – a ação do MEC sobre algumas instituições privadas de ensino – para defender uma ideia mais geral: a necessidade das ações decorrentes do diagnóstico levanta- do pelos provões.

l Atividade 3 – Exemplos de possíveis res-

postas:

a) A despeito das discussões sobre direito à liberdade de consumo, a redução do limite de álcool permitido no sangue de motoristas tem de ser encarada como uma decisão razoável do governo. Afinal, há que se considerar, sobretu- do, o principal motivo que conduziu à adoção de tal medida: o automóvel, veículo criado no sécu- lo XIX para servir ao homem como meio de loco- moção eficaz, tornou-se arma nos séculos XX e XXI graças à sua associação com o consumo de bebidas alcoólicas.

b) Além da clara redução das mortes em acidentes de trânsito, a implantação da Lei Seca traz outras consequências benéficas a reboque, como, por exemplo, a diminuição dos valores de apólices de seguros. Havendo menos acidentes, as seguradoras poderão cobrar valores mais baixos para seus clientes, atingindo até 10% de redução, o que pode, inclusive, aumentar o mer- cado consumidor desse tipo de serviço.

c) A adoção da Lei Seca no Brasil revela

uma prudente preocupação diante da forte rela- ção entre alcoolismo e acidentes de trânsito. No primeiro mês após a implantação da lei, o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo registrou uma redução de 63% no número de óbitos cau- sados por acidentes de trânsito. De modo seme- lhante, dados do Ministério da Saúde garantem que os resgates do Samu (Serviço de Atendimen- to Móvel de Urgência) caíram em 24% desde o início da nova legislação.

d) Com a alteração no código de trânsito que baixa para dois decigramas de álcool por li- tro de sangue o limite tolerado por lei, o governo Lula conseguiu implementar uma drástica redu- ção nos índices de acidentes de trânsito. Segun- do Flavio Adura, presidente da Abramet (Asso- ciação Brasileira de Medicina de Tráfego), “A lei evita que, diariamente, cinquenta pessoas mor- ram, que trezentas fiquem feridas e que cento e vinte fiquem com alguma sequela. São duzentas internações hospitalares a menos e uma econo- mia diária estimada em quarenta e cinco milhões de reais”.

e) Muitos alegam que a redução do limi- te de álcool permitido no sangue de motoristas é uma medida descabida do governo, visto que acarreta redução de lucros para donos de bares e consequente desemprego. No entanto, é impro- cedente tal colocação, visto que essa mesma ló- gica conduziria à conclusão de que é necessário que haja mais acidentes para que mais profissio- nais da área de saúde possam estar empregados.

Atividade 4

TEXTO 1 “As mudanças foram muito mo- destas”, Evanildo Bechara

1. Era necessária uma reforma em que a maneira de grafar as palavras ajudasse as pesso- as a pronunciá-las corretamente.

2. Hoje, com a rede escolar, com o rádio, com a televisão é diferente. Esses meios de comunicação ajudam mais na difusão da pronúncia correta do que a ortografia.

3. Basta ver que há casos em que as pes- soas pronunciam a palavra de um jeito diferente do indicado pela grafia.

TEXTO 2 “Nó górdio é a vaidade e a peque- nez”, Ângela Dutra de Menezes

1. As diferentes versões do nosso idioma não anulam a realidade de sua unidade.

aproximam ou continuaremos alimentando nos- sa triste vocação para o nada.

3. Acredito que leio e, desde criança, leio os autores portugueses no “original”. Hoje, faço o mesmo com escritores angolanos e moçambi- canos e, se tropeço em uma palavra, enriqueço o meu vocabulário com leve toque no teclado do computador: um dicionário eletrônico esclarece minha dúvida.

Glossário

l Modalização – Modalizar é expressar

como o falante/autor vê aquilo que diz/escreve. Ao afirmar “Indiscutivelmente, amanhã choverá”, o falante mostra, com o modalizador “indiscuti- velmente”, ter absoluta certeza do que diz.

l Contra-argumentação – Rejeição do ar-

gumento apresentado e sua substituição por argumento oposto, ou complementar.

Referências

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