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1934-2015 Etapa da Educação

5.5 C ONTEXTOS R EGIONAIS

5.5.4 Na Região Sudeste

Em Minas Gerais, a sentença deferida pela instância judicial84 suspendeu os efeitos das resoluções, permitindo a matrícula nos anos de 2012 e 2013, independentemente de data limite. As escolas, por orientação da SEEMG, deveriam deixar nas pastas Termo de Ciência e Responsabilidade assinado pelos pais/responsáveis. Encontra-se no Blog de Sônia Aranha (http://www.soniaranha.com.br/tag/matricula-de-6-anos/) que, apesar da decisão – e da suspensão dos efeitos também da Resolução 06, que trata do ensino infantil -, escolas públicas e particulares em todo o estado vinham se recusando, sistematicamente, a efetuar a matrícula de alunos que aniversariam em datas posteriores ao dia 31 de março, seja para ingresso no ensino fundamental, seja para acesso ao ensino infantil. A situação obrigou o MPF, autor da ação, a instaurar inquérito civil público para apurar a razão da desobediência judicial. Uma das primeiras medidas foi a de encaminhar recomendação ao CNE para que o próprio MEC notificasse as secretarias municipais e a Secretaria de Estado da Educação (SEE) de Minas Gerais a darem cumprimento à decisão. Recomendação no mesmo sentido foi enviada à SEE-MG, assim como a onze escolas públicas e particulares, de diversos municípios mineiros, cujos diretores foram acusados, por pais de alunos, de terem se recusado a cumprir a liminar. No último dia 20 de março [de 2013], a Secretária de Estado da Educação, Ana Lúcia Gazzola, informou ao MPF que, desde de dezembro de , mesmo antes de ser notificada pela União Federal , já vinha garantindo a matrícula no º ano do ensino fundamental das crianças que completam 6 (seis) anos de idade no decorrer do ano letivo de 201 . A SEE solicitou ainda ao Ministério Público Federal que fosse informada a respeito de qualquer notícia de recusa de matrícula no 1º ano do ensino fundamental em escola da rede estadual, que tenha por fundamento a idade da criança , para adoção das medidas administrativas pertinentes . No dia 28 de março seguinte, foi a vez de o Ministério da Educação informar que, em acatamento à Recomendação do MPF, encaminhou ofícios a todos os municípios mineiros, com cópia da decisão judicial, para que lhe fosse dado integral cumprimento.

84 Processo Judicial nº 50861-51.2012.4.01.3800/MG - 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais. Em medida cautelar, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região deferiu antecipação de tutela, suspendendo os efeitos das Resoluções CNE/CEB nº 1/2010 e n° 6/2010, no âmbito do Estado de Minas Gerais.

A partir deste constrangimento, publica-se, em 30/07/2013, a lei estadual 20.817que define a data de 30 de junho como a data limite, determinando sua abrangência à rede pública (municipal, estadual e federal) e à rede particular85. Tal orientação foi veementemente contestada pelo Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais através dos Pareceres CEE/MG n. 729/2013, de 30/10/2013, n. 43/2014, de 11/12/2013 e n. 474/2014, de 20/05/2014, que orientam que a data de 30 de junho vale somente para as escolas públicas (estaduais e municipais), e, para as particulares, vale o 31 de março, data esta que foi flexibilizada, via sentença judicial, para 31 de dezembro. O posicionamento do CEEMG trouxe ainda mais confusão, visto que ele questiona a abrangência de uma Lei Estadual já sancionada pelo Governador do Estado.

Assim as escolas estaduais e municipais pertencentes ao sistema mineiro seguiram a data de 30 de junho, nos anos de 2014 e 2015, conforme estipulado pela Lei. Entretanto isso não foi unânime, pois, em uma mesma cidade, como é o caso de Poços de Caldas, houve um descompasso entre as escolas públicas. O sistema municipal seguiu a data limite de 31 de março e as escolas estaduais 30 de junho e, como se analisou, todas estão respaldadas.

Em municípios de pequeno porte, como é o caso de Nova Resende no sul de Minas Gerais, esta diferença causou ainda mais confusão e, no ano de 2014, quatro pais entraram na justiça para manter a matrícula na pré-escola da rede municipal de crianças que completaram 6 anos entre 01 de abril e 30 de junho, por entenderem que seus filhos não estavam preparados para cursar o 1º ano, visto que, com a publicação da lei anteriormente citada, essas crianças pulariam o 2º período da pré-escola e passariam do pré de 4 anos direto para o 1º ano do ensino fundamental. Outra confusão pode ser vista no Blog Centro de Estudos Prospectivos de Educação e Cultura (http://blog.centrodestudos.com.br/data-corte-em-minas-pular-o-1o-ano-pode/) com o questionamento de pais e escolas diante da Lei Estadual de que deve-se pular o 1° ano do ensino fundamental e matricular as crianças que aniversariam entre o 31/03 e o 30/06 direto no 2° ano.

Não foi possível fazer este levantamento a nível de Estado, mas pode-se inferir a quantidade de crianças cujos pais não entraram na justiça e estas, em virtude da lei, deixaram de cursar o 2º período da pré-escola.86

85 Para a rede particular foi encaminhado através do Ofício Circular nº 253/2013. 86 Consultei sobre esta questão o CEEMG e não obtive retorno.

Em São Paulo, no ano de 2010, o art. 4º da Resolução SE n. 61, de 11 de agosto de 2010, estabelecia a data de corte em 31 de março. Entretanto, conforme Parágrafo único deste artigo, em consonância com o art. 2º da Deliberação CEE 73/2008 que regulamenta a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos no âmbito do Sistema Estadual de Ensino, foi permitida a data de corte de 30 de junho. E, ainda, no art. 5º após o estudo da demanda, nos municípios em que for identificada a possibilidade de atendimento além deste limite, a data de corte poderá ser estendida até 31 de dezembro. A decisão (acórdão) do Tribunal de Justiça considerou revogados os efeitos desta Deliberação no município de Atibaia, para todas as redes de ensino, não se estendendo a todo o Estado de São Paulo. Assim, em Atibaia, os sistemas de ensino devem matricular os alunos que comprovarem sua aptidão, sem que seja obrigatória a observação da data de corte. A data de corte – 30 de junho – estabelecida na Deliberação, permanece válida e em plena vigência para os demais municípios do Estado de São Paulo. Assim, no Estado de São Paulo, nas escolas particulares a data-corte é 30/06 e escolas públicas 31/03.87

Antes da Decisão Judicial que atribuiu efeito suspensivo das resoluções a toda a Rede de Ensino do Estado do Rio de Janeiro, vigorava, na cidade do Rio de Janeiro, a Lei Estadual nº 5.488, de 22 de junho de 2009, que estabelecia que teria direito à matrícula no 1º ano do ensino fundamental de nove anos a criança que completasse seis anos até o dia 31 de dezembro do ano em curso.88 Como é uma lei estadual, portanto hierarquicamente superior a um ato normativo do CNE, deve ser cumprida por todas as escolas das redes pública estadual, municipal e privada, causando um enorme descompasso, pois a educação infantil segue a data de 31 de março. Ocorre que inúmeros municípios fluminenses não estão cumprindo esta lei estadual, mantendo a data de corte de 31/03 e, em consequência a esta insubordinação, estão recebendo liminares da Justiça exigindo que as matrículas sejam efetivadas em cumprimento à lei estadual. No entanto, em Audiência Pública ocorrida em 13/08/14, promovida pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro sobre as consequências da Lei Estadual n. 5.488/2009, um dos membros do Conselho Estadual de Educação do Estado

87 Informação, via e-mail, através do Sr. Luís Fernando Martins Palhares/ Documentação e Biblioteca do CEE/SP.

do Rio de Janeiro, Sr. Luiz Henrique Mansur Barbosa, esclarece que os municípios podem evitar as liminares89:

a lei estadual n. 5.488/09 deve ser cumprida pela rede pública estadual e pelas escolas particulares que são supervisionadas pelo SEEDUC. Os municípios que optaram em seguir o SEEDUC também deverão cumpri-la, mas nada impede que cada Conselho Municipal de Educação publique Resolução determinando a data- corte 31/03, como também, a Câmara de Vereadores pode criar lei municipal determinando o mesmo.

Uma proposta de alteração da referida lei estadual propõe a inclusão de um artigo que permite que a escola realize – caso ache necessário – uma avaliação psicopedagógica para determinar se o aluno está apto ou não para ingressar, com menos de seis anos, no ensino fundamental.

No Estado do Espírito Santo, a Resolução CEE/ES nº. 2.899, de 26 de outubro de 2011, definiu o dia 31 de março como a data de corte, mas admitiu a possibilidade da matrícula de alunos que completem seis anos até 30 de junho no caso da existência de vagas remanescentes, condicionando-a a comprovação de matrícula e frequência nos 2 (dois) anos da pré-escola; e apresentação de laudo escolar emitido pela escola de Educação Infantil de origem que discrimine as condições biológica, cognitiva e socioafetiva da criança e permita que a escola de destino avalie a adequada enturmação no 1º ano do ensino fundamental. Conforme informação no site do Conselho (http://www.cee.es.gov.br/), em outubro de 2014, é publicada a Resolução CEE n. 3.777 /2014, que não prevê data de corte para a matrícula.90

Como a Resolução do CEE define, no caso de vagas remanescentes, que as escolas poderão aceitar matrículas de alunos que completarão seis anos até 30 de junho, provavelmente a falta de vagas não será um problema em escolas particulares, que atendem às classes mais abastadas.

89 ARANHA, S. Disponível em: <http://www.soniaranha.com.br/data-corte-no-estado-do-rio-de-janeiro/>. Acesso em: 24 jan. 2014.