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Nos estudos de caso é essencial examinar pelo menos o seguinte:

A díade agressor-vítima: em particular, examinar a dinâmica, o sexo e estado civil, situação socioeconómica/relação familiar entre agressor e vítima/s;

Os antecedentes situacionais ligados ao homicídio;

A história de violência prévia na relação;

A presença ou ausência de medidas de afastamento/coacção antes ou na altura em que ocorreu o homicídio;

Se existia separação efectiva ou pendente no momento da morte;

Se havia algum sinal de ruptura da relação;

Se havia algum sinal de conflito reconhecido no relacionamento;

Chamadas prévias das forças de segurança à residência;

História de abuso de álcool/drogas;

Se a vítima ou o agressor tinha um histórico de problemas emocionais ou doença mental e as formas específicas destes problemas;

Relativamente ao comportamento do agressor é relevante saber se:

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Já havia ameaçado suicidar-se ou matar o seu cônjuge, companheira, ou filhos/as;

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Fantasiou, elaborou um plano, ou verbalizou um plano para matar o seu cônjuge, companheiro/a ou filhos/as;

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Existia um histórico de uso de armas, especialmente armas de fogo;

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Existiam crenças ou comportamentos obsessivos e/ou possessivos em relação ao cônjuge ou parceira;

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Existiram hospitalizações/ internamentos por depressão e fantasias/tentativas de matar a parceira;

>

Existia um histórico de tomada de reféns.

No homicídio, dever-se-á documentar:

O modo específico de matar;

O tipo de arma utilizada (arma de fogo: revólver, carabina, espingarda, faca ou instrumento de corte, objecto pontudo, automóvel, veneno, explosivos, fogo ou dispositivo incendiário, outros como punhos, pés, dentes, entre outros);

O acesso a armas;

O consumo de drogas ou de álcool, durante ou antes do episódio fatal;

A presença de terceiros/as na cena do crime (e.g. crianças, forças de segurança, outros/as profissionais);

Ferimentos não fatais em outras pessoas no local;

O envolvimento de outros/as profissionais no local;

Onde ocorreu o homicídio - a localização do incidente (na residência da vitima, no trabalho, na via pública).

Para a obtenção de todos estes dados é importante o acesso a:

Registos policiais,

Relatórios dos serviços sociais;

Documentos judiciais;

Notícias;

Registos de saúde mental, hospitalares e de saúde pública/dados médicos.

Para além desta metodologia podem/devem ser entrevistados/as profissionais, incluindo a polícia, funcionários/as judiciais, profissionais de saúde mental, prestadores/as de serviços sociais e outros/as profissionais com acesso à vítima e à família.

Resumindo:

O objectivo dos estudos de caso é analisar e formular recomendações para prevenir mortes de violência doméstica/violência nas

Determinar o número de vítimas mortais de violência doméstica/violência nas relações de intimidade que ocorre numa determinada região/área e os factores associados a essas mortes;

Identificar formas de actuação da comunidade para evitar as fatalidades;

Fornecer informação precisa sobre violência doméstica/violência nas relações de intimidade para a comunidade;

Gerar recomendações para melhorar a resposta e prevenção comunitária à violência doméstica/violência nas relações de intimidade.

A violência doméstica afecta-nos a todos/as, é uma

questão de saúde pública e uma crescente preocupação

social. A fim de evitar o femicídio doméstico devem

ser tomadas medidas para prevenir a ocorrência e recorrência deste tipo de

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Recomendações

Defende-se a constituição de equipas multidisciplinares de revisão/estudo de casos, tendo em vista a melhoria do sistema de resposta existente em Portugal.

É fundamental construir um sistema de responsabilização, uma vez que o Estado tem obrigação de tomar medidas de prevenção e protecção das vítimas de violência doméstica/violência nas relações de intimidade.

Defende-se a necessidade desta problemática ser analisada sob uma perspectiva de género, sendo fundamental a utilização de terminologia que expresse essa dimensão, como o termo “femicídio”.

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