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Poderão existir diversas dificuldades na procura de apoio por parte de

vítimas/sobreviventes migrantes e/ou que

pertencem a comunidades culturais específicas, tais como:

Sentir desconfiança face às normas e às figuras de autoridade da cultura dominante, procurando proteger os padrões culturais do seu grupo cultural e/ou religioso;

Ter receio de perder o reconhecimento da sua família e da comunidade a que pertence;

As estratégias utilizadas pelo agressor relacionadas com a situação de imigração, nomeadamente fazer ameaças, relativamente:

>

À perda do título de residência;

>

Ao processo de expulsão do país;

>

A ser privada do exercício das responsabilidades parentais.

Ter desconhecimento sobre os direitos e serviços disponíveis;

A ausência de rede familiar ou social de apoio;

A dependência económica em relação ao agressor;

As dificuldades em obter apoio judiciário e cuidados de saúde;

Ter receio de sinalização ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, por parte das Forças de Segurança, no caso de serem imigrantes em situação irregular.

As vítimas/sobreviventes que pertencem a grupos

étnicos podem ter necessidades acrescidas de segurança, devido a questões como o isolamento, a língua, o racismo, as crenças culturais e religiosas.

>> O recurso a redes de imigração ilegal

coloca, na maioria das vezes, a vítima/sobrevivente numa situação de

maior vulnerabilidade. <<

No contexto da intervenção com comunidades minoritárias, é fundamental que a/o profissional:

Esteja ciente de que os seus próprios estereótipos e preconceitos podem afectar a intervenção;

Não faça juízos de valor sobre os modos de vida, nem faça generalizações sobre determinada cultura;

Tenha presente que determinadas crenças culturais e valores de género (vergonha e honra) podem actuar como fortes barreiras para o acesso aos serviços;

Tenha em atenção que o desconhecimento da língua pode ser um obstáculo a uma efectiva comunicação;

Tenha consciência de que a visibilidade da situação dentro da comunidade pode apresentar problemas acrescidos de segurança;

Oriente toda a sua intervenção para o respeito e a garantia dos direitos humanos, independentemente das tradições culturais.

>> A liberdade cultural significa expandir

as opções individuais e não preservar valores e práticas, numa obediência cega à

tradição. <<

Uma vez que o processo de gestão de risco implica o desenho de um plano de segurança em conjunto com a vítima/sobrevivente e a correcta compreensão por parte desta sobre o risco que corre, o conhecimento da língua

>> É fundamental a utilização de

intérpretes qualificados/as por parte dos

serviços de apoio e judiciais e não recorrer a familiares, amigos/as ou conhecidos/as (art.º 7 da Directiva 2012/29/EU do Parlamento Europeu e do

Conselho, de 25 de Outubro).

<<

O processo de gestão de risco deve ter ainda em consideração que, em certas situações, as vítimas/sobreviventes podem ter que enfrentar múltiplos riscos, nomeadamente no caso de serem portadoras de deficiência, terem experiência em doença mental, imigrantes em situação irregular ou que cuja condição de legalização dependa da situação de conjugalidade.

>> O estatuto de imigrante pode

condicionar fortemente o pedido de apoio

devido a receios de entrar em contacto com as autoridades policiais. << As situações de reagrupamento familiar, nas quais o título de residência está dependente do título do autor do crime, causam uma grande subordinação da vítima/sobrevivente ao agressor e receio de denunciar situações de violência.

Apesar da actual legislação (Lei nº 23/2007 de 4 de Julho, com as alterações introduzidas pela Lei nº 29/2012 de 9 de Agosto) admitir a atribuição de uma autorização de residência autónoma às vítimas de violência doméstica abrangidas pelo reagrupamento familiar (art.º 107º), este direito ainda é notoriamente desconhecido e tal possibilidade somente pode ser concretizada caso o Ministério Público deduza acusação, o que nem sempre acontece.

A intervenção adequada depende em muito de uma correta avaliação e gestão do risco

Situação documental da vítima em Portugal:

Crenças ou valores culturais;

Existência de recursos familiares ou sociais apoiantes;

Dependência económica em relação ao agressor e obstáculos à autonomização, como a falta de visto ou autorização de residência que permita o exercício de uma actividade profissional e não reconhecimento das suas habilitações ou qualificações profissionais em Portugal;

Receio de privação do exercício das responsabilidades parentais;

Desconhecimento da língua portuguesa;

Desconhecimento da sua localização geográfica ou dos recursos existentes na comunidade, tais como transportes, entre outros;

Ter sido recusada (ilegitimamente) a apresentação de queixa no passado e o acesso a serviços de apoio;

Desejo ou possibilidade de retorno ao país de origem da vítima.

As vítimas/sobreviventes que são portadoras de deficiência, com experiência em doença mental ou em outra situação de especial vulnerabilidade, encontram-se em significativa desvantagem no acesso a serviços de apoio, por diversos factores que devem ser considerados no processo de avaliação e gestão de risco:

Estigma e discriminação;

Dependência em relação ao agressor, entre outros aspectos, na prestação de cuidados de saúde;

A situação de vulnerabilidade da vítima/sobrevivente faz parte integrante das estratégias de controlo e poder do agressor. A violência doméstica/violência nas relações de intimidade ocorre tanto nas relações heterossexuais como nas relações homossexuais, bissexuais e com pessoas transsexuais.

Apesar de todas as características da violência serem similares, enquanto manifestações de poder e controlo, quando ocorre nas relações homossexuais e bissexuais poderão existir especificidades na intervenção que importam considerar, nomeadamente a existência de certos estereótipos sociais, tais como:

Difícil reconhecimento, por parte das vítimas/sobreviventes e profissionais, que certos comportamentos constituem violência, uma vez que pode ser menos imediato aceitar que a agressora é uma mulher, visto que é mais conhecida e com mais representação estatística a violência exercida pelo agressor homem contra a vítima/sobrevivente mulher em relacionamentos heterossexuais;

Considerar-se que o uso da violência física é uma característica “masculina”, pelo que é menos provável nas relações lésbicas;

Poderá ser mais difícil, para a vítima/sobrevivente, abordar o assunto, com receio de reacções discriminatórias e homofóbicas.

Poderão, ainda, existir estratégias específicas de controlo relacionadas com a sexualidade, incluindo:

À luz dos referenciais internacionais sobre direitos humanos, os direitos à protecção e

à saúde não podem ser limitados.

Outing:

ameaçar revelar ou revelar a orientação sexual ou identidade de género sem o seu consentimento, por exemplo à família, amigos/as, entidade empregadora;

Crítica e culpabilização:

criticar a parceira por não ser uma ”verdadeira lésbica”, por exemplo, por não se assumir ou ter tido uma relação heterossexual anterior;

O isolamento e

a confidencialidade