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Se o risco identificado não for elevado os/as profissionais devem:

1)

Prestar todas as

informações

necessárias

sobre as questões e dinâmica da violência doméstica e respectivo impacto nas crianças/jovens;

2)

Prestar informação sobre

serviços de

apoio

locais;

3)

Dar

contactos de emergência

;

4)

Desenhar com a progenitora um

Plano

de Segurança

que pode englobar outras pessoas, outras/os profissionais e entidades como:

>

Rede social informal apoiante (familiares, amigos/as e vizinhos/as);

>

Serviços especializados na área da violência doméstica e violência contra crianças e jovens;

>

Estabelecimento de ensino: educadores/as, professores/as, psicólogo/a escolar, entre outros/as;

>

Serviços de Saúde: centro de saúde, médico/a de família, pediatra, pedopsiquiatra, psicólogo/a, enfermeiro/a etc.;

>

Serviços de Acção Social;

>

Redes comunitárias locais especializadas na área da violência doméstica.

5) Monitorizar a situação

através de:

>

Apoio continuado à progenitora vítima/sobrevivente e à/s criança/s e jovem/s;

>

Articulação com outros recursos de resposta identificados como necessários para cada situação específica;

>

Apoio psicológico regular para as crianças e jovens (preferencialmente semanal);

>

Reavaliação do Risco e reajustamento da gestão de risco.

O Risco/Perigo pode agravar-se, de acordo com

a alteração das circunstâncias. Há circunstâncias que podem

potenciar o risco/perigo, como por exemplo a

separação dos progenitores.

Figura n. 11: Procedimentos sobre avaliação e gestão de risco em situações de violência com crianças. Adaptado de The Red Through European Manual on Risk Assessment. E-MARIA, 2013

As crianças e jovens são frequentemente vítimas de pressão, por parte do progenitor agressor para que partilhem informações sobre a mãe, para levarem “recados”, sendo instrumentalizadas pelo agressor para este ter acesso à progenitora, continuando a exercer o controlo e poder sobre a mesma. Estas situações podem trazer grande sofrimento psicológico para as crianças.

O Tribunal de Família e Menores deve ter estes aspectos em conta quando determina a Regulação das Responsabilidades Parentais e o regime de visitas. Nas situações de violência doméstica, a guarda não deve ser partilhada, devendo equacionar a necessidade de visitas supervisionadas, sempre que a segurança física ou psicológica das crianças estiver comprometida.

Nos processos de Regulação das Responsabilidades Parentais, em caso de violência doméstica/violência nas relações de intimidade, tem-se verificado nos últimos anos, em Portugal, uma crescente tendência por parte da defesa do progenitor agressor de imputar à progenitora a provocação nas crianças do denominado “Síndrome de Alienação Parental” - SAP.

Este conceito foi criado por Gardner (1985 cit. in Hoult, 2006; Sottomayor, 2011) para explicar a recusa da criança em se relacionar com o progenitor que não detém a guarda no contexto de processos de disputa sobre a guarda e direito de visitas, principalmente quando havia, por parte da progenitora queixas de violência Doméstica e/ou abuso sexual da/s criança/s.

Apesar de o Síndrome de Alienação Parental não ter validade científica e não ser reconhecido como uma doença na classificação internacional de doenças da Organização Mundial de Saúde (CID-10), nem na classificação da Academia Americana de Psiquiatria (DSM-IV), bem como não preencher os critérios de admissibilidade científicos exigidos pelos Tribunais norte- americanos, esta tese tem sido utilizada na fundamentação das decisões judiciais imputando a causa da rejeição da criança à

manipulação da progenitora que tem a sua guarda e, por vezes, nos casos de maior conflitualidade, propondo a transferência da guarda para o progenitor, desacreditando a progenitora, fazendo “tábua rasa” do direito das crianças a serem ouvidas e protegidas e reforçando a impunidade do progenitor abusador e/ou agressor e apresentando-o como a vítima.

Segundo Sottomayor (2011: 175), o Síndrome de Alienação Parental ”coloca as mães numa encruzilhada sem saída: ou não denunciam o abuso e podem ser punidas por cumplicidade, ou denunciam e podem ver a guarda da criança ser entregue ao progenitor suspeito ou serem ordenadas visitas coercivas. (…) Num quadro ideológico e histórico em que as mulheres e as crianças são grupos discriminados, as teses de Gardner encontram um terreno fértil para generalizar a crença em falsas denúncias e permitir, ao suspeito de violência ou abuso, obter a guarda dos/as filhos/as”.

Nas situações de suspeita de violência doméstica/violência nas relações de intimidade e/ou de abuso sexual, “os Tribunais no exercício do seu dever de protecção das crianças, devem suspender as visitas e proceder a investigações, no exercício do poder inquisitório de que O art.º 31.º relativo ao “Direito de guarda, direito de visita e segurança” da Convenção de Istambul reconhece claramente esta preocupação quando expressa que:

“1. As Partes deverão adoptar as medidas legislativas ou outras que se revelem necessárias para assegurar que os incidentes de violência abrangidos pelo âmbito de aplicação da presente Convenção sejam tidos em conta na tomada de decisões relativas à guarda das crianças e sobre o direito de visita das mesmas.

2. As Partes deverão adoptar as medidas legislativas ou outras que se revelem necessárias para assegurar que o exercício de um qualquer direito de visita ou de um qualquer direito de guarda não prejudique os direitos e a segurança da vítima ou das crianças.”

dispõem, tendo em conta que não se pode presumir o abuso sem provas, também não se pode presumir a mentira ou a manipulação de quem o alega” (Sottomayor, 2011:174). Em caso de dúvida, a decisão do tribunal, no processo de regulação das responsabilidades parentais, “deve ser pro interesse da criança e não pro interesse do adulto acusado ou suspeito, como sucede nos processos-crime, perante decisões de dúvida na apreciação da prova” (Sottomayor, 2011:176).

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