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de

Risco

Estas trajectórias, voltadas para os cuidados a outras pessoas, centradas no espaço privado da casa e da família, repercutem-se no modo como as mulheres idosas acedem à informação e aos serviços de apoio.

>> Na intervenção é fundamental os/as

profissionais terem em conta as aprendizagens de género pouco questionadas por parte das mulheres

idosas. <<

Em relação a este grupo, existem alguns aspectos particulares, que importam considerar:

Mais recatadas, habituadas a reservar o que é privado e familiar

ao espaço íntimo da casa, a silenciar, sujeitas a uma ausência

(também de reivindicação) de direitos, nomeadamente à autonomia e à sua integridade física

e psíquica, as mulheres idosas viveram contextos de socialização

particularmente marcados pela pertença tradicional de género.

A vítima/sobrevivente idosa pode evitar fazer revelações no caso de estarem presentes os membros da família, especialmente se forem seus cuidadores;

Devido ao seu isolamento social, a vítima/sobrevivente desconhece, com frequência, os apoios ou recursos disponíveis se denunciar a situação e para se tornar menos dependente do agressor.

A velhice induz um conjunto de

factores de

risco

- como a dependência - que são específicos deste grupo etário, tais como:

Factores que podem contribuir para desencadear situações de violência como a sobrecarga experienciada por parte da pessoa que presta cuidados;

Factores relacionados com interesses financeiros por parte da pessoa que presta cuidados (exploração financeira, negligência, entre outros).

É relevante não esquecer que o comportamento violento contra mulheres idosas no contexto das famílias:

Pode fazer parte de uma longa história familiar ou de relações de intimidade marcadas pela violência;

Pode também ser o resultado de mudanças relacionadas com o estado de saúde ou com a idade, no quotidiano da família;

Pode incluir mudanças nos papéis desempenhados pelos membros da família,

bem como novas dependências mútuas e por vezes inversas.

Os factores de risco podem ser de ordem genérica, nomeadamente relacionados com:

Questões de género;

Longa duração de relações de intimidade com violência.

Os factores de risco podem também estar relacionados especificamente com a idade:

Fragilidade física;

Determinado estado de saúde mental (e.g. demência / distúrbio depressivo);

Dependência quer por parte da vítima/sobrevivente em relação ao agressor e vice-versa (neste último caso, sobretudo a nível financeiro);

Crescente necessidade de prestação de cuidados e eventual sobrecarga de cuidadores/as informais;

Alteração das formas de organização e das dinâmicas familiares;

Maior isolamento social e menor suporte familiar;

Situação socioeconómica muitas vezes precária, repercutindo-se numa menor acessibilidade aos serviços de apoio.

>>

É fundamental na intervenção os/as profissionais abordarem o problema sem a presença de familiares, especialmente

se forem cuidadores/as. <<

Em relação a estas situações, a gestão de risco deverá abranger um conjunto de organizações que trabalham com os/as idosos/as, entre as quais:

Acção social; Embora não se deva

estereotipar todo/a o/a idoso/a como

sendo vítima de violência familiar, também não se deve

deixar de colocar e explorar sempre essa

Centros de dia;

Instituições de acolhimento;

Instituições de apoio domiciliário;

Universidades para a Terceira Idade;

Associações locais.

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Recomendações

As organizações de apoio à vítima/sobrevivente devem ter profissionais com formação especializada neste domínio.

Na intervenção com as mulheres idosas deve ser tido em consideração o contexto sócio- cultural em que viveram e vivem, uma vez que este afecta a forma como perspectivam a violência.

Na violência contra mulheres idosas, é importante ter presente que existem factores de risco específicos, relacionados com a sua condição de velhice e fragilidade física, psicológica e social. Há que considerar particularmente a reduzida resistência ao impacto da violência e a capacidade mais reduzida para recuperar de episódios violentos.

Devem ser criados, a nível nacional, apoios sociais para o processo de autonomia das mulheres idosas, dada a dependência económica muitas vezes existente em relação ao agressor e serem situações cuja autonomização já não passa pela aquisição de um emprego.

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