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2 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E MÚSICA

2.1 Estrutura interna da música ocidental

2.1.1 Notação musical

A necessidade de descrever a Música por meio de alguma notação simbólica é perceptível em diferentes momentos da história do homem. Na Figura 2.2 são mos- trados resquícios de uma partitura grega, onde são usados símbolos taquígrafos (com notação fonética).

Figura 2.2: Fragmento de partitura grega

Fonte: http://classics.uc.edu/music/michigan/index.html

A notação usada para a música ocidental possui um histórico evolutivo que vai do século XI ao século XVII da evolução da própria Música.

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Em música popular, é comum a utilização de acordes musicais, isto é, um conjunto de notas (em geral, três distintas) tocadas simultaneamente, seguindo regras de harmonia (não detalhadas neste documento).

Por volta do século XI, a música ocidental mantinha apenas uma tradição oral. Não havia uma notação padronizada ou precisa que informasse ao executante como deveria ser a melodia ou o ritmo das músicas. Além disso, as músicas eram monofô- nicas e seguiam o texto, abrindo mão de uma marcação rítmica (BARROS, 2006, p. 3). Nesse período, os neumas – uma notação com sinais que indicavam simplesmen- te se a melodia deveria subir ou descer – traduziam a característica monofônica e sem marcação de compasso do canto gregoriano21, um estilo musical religioso que se destacou na época.

Com a evolução musical, alguns elementos da escrita musical foram revistos e os símbolos do período medieval foram substituídos por notações mais completas. Na Figura 2.3, é mostrada, sucintamente, uma relação entre símbolos usados em diferen- tes períodos da história da música.

Figura 2.3: Relação simbólica entre notações musicais de grafia medieval e atuais

Fonte: http://www.artnet.com.br/pmotta/guiapen1.htm

A partitura – componente essencial de escrita e representação de elementos musicais – também sofreu mudanças ao longo do tempo. Por exemplo, os neumas que, inicialmente, eram escritos sem qualquer referência de base, só representando a altura das notas, passaram a ser descritos utilizando-se uma ou mais linhas horizon- tais, conforme está apresentado na Figura 2.4. A partir do século XVII, porém, tal re- presentação começou a ser substituída pelo pentagrama.

Uma das maiores revoluções da música ocidental ocorreu no século XI quando Guido d’ Arezzo (1135-1201)22 – um monge e mestre de coro beneditino – conseguiu uma forma de registrar a música por meio de uma elaborada notação que passou por uma série de alterações até chegar à forma atual da partitura.

Trata-se de uma maneira extremamente eficiente de se registrar simultanea- mente a altura (pitch) e a duração dos sons. Olhada desta forma, a notação musical é muito semelhante a um gráfico de altura do som em função do tempo e pode ser con- siderada como uma forma codificada de um gráfico cartesiano. Na verdade, a notação musical parece ter tido a contribuição de outros teóricos que se dedicavam à música, mas foi Guido d’ Arezzo que a sistematizou, por causa do seu interesse em resolver problemas de execução musical em conjunto (BARROS, 2006, p. 4; CROSBY, 1997, p. 229).

A partir do século XV, os manuscritos musicais feitos em partituras com o uso de pentagramas foram se tornando cada vez mais comuns. Evolutivamente, outros elementos passaram a ser incorporados na escrita musical, desencadeando uma es- trutura de partitura musical muito usada atualmente que é conhecida como CMN (Common Music Notation). Nessa notação, o pentagrama define a altura relativa das notas e recebe o nome de pauta (MED, 1996, p. 14). Uma pauta com uma clave as- sociada e outros elementos musicais é apresentada na Figura 2.5.

Séc. X Séc. XI

...

Séc. XVII

...

Séc. XIX Início do Séc. XX

Figura 2.4: Exemplos de descrições musicais medievais

Figura 2.5: Trecho de partitura tradicional representando componentes musicais

Fonte: Teixeira (1997, p. 4)

No caso do som, por exemplo, suas características são traduzidas em símbolos ou notas musicais presentes na pauta musical da seguinte maneira:

(i) Altura (ou pitch) – Característica identificada pela posição da nota na pauta. A alternância de notas de alturas diferentes resulta na melodia. A simultaneidade de notas de alturas diferentes resulta em acordes, que são a base da harmoni- a. Até o século XI, essa era a única característica musical grafada.

(ii) Duração – As notas musicais podem ter diferentes durações e cada uma des- sas durações possui uma notação distinta. Essa característica ganhou evidên- cia a partir do século XII. Na Figura 2.6 são apresentados alguns símbolos que representam diferentes tipos de duração.

Figura 2.6: Símbolos que representam diferentes durações para as notas

Fonte: Schwartz (2003, p. 14)

(iii) Timbre – Começou a ser grafado a partir do século XV e representa a indica- ção da voz ou instrumento que deve executar a música. A alternância e a com- binação de timbres diferentes resultam em instrumentação.

(iv) Intensidade – Característica da música que passa a ser representada a partir do século XVII e representa o vigor de execução das notas. A alternância de notas de intensidades diferentes resulta em dinâmica na música.

Um exemplo de uma partitura musical que contém vários elementos do conjun- to que compõe a notação musical CMN é mostrada na Figura 2.7.

Figura 2.7: Exemplo de uma partitura musical (notação CMN)

Fonte: http://losarquitectos.blogspot.com/2006/01/mozart-y-la-masonera-250-aos-despus.html

A notação musical é muito rica em elementos e, além dos já citados, existem diversos outros que não serão apresentados neste documento. Mais informações po- dem ser encontradas em Cooper (1973), Med (1996), Michels (2003) e outras refe- rências específicas sobre teoria musical e notação CMN.