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1. Da informação ao conhecimento: novas paisagens educativas na sociedade em rede

1.1 Novas trilhas para o saber no contexto da internet

A sociedade do século XX foi marcada como a Sociedade da Informação; várias fontes bibliográficas3 fazem alusão a tal afirmação, baseadas, principalmente, na disseminação dos veículos de comunicação e informação ocorrida, principalmente, nos últimos oitenta anos do século XX. Rádio, televisão, satélites de comunicação, fotocopiadoras, videocassetes, videodiscos e talvez o principal, ou o mais marcante deles, o computador, causaram uma verdadeira revolução na comunicação mundial.

Segundo Castells (2003, 2011), a internet surgiu como consequência de uma fusão de estratégia militar, grande cooperação científica, iniciativa tecnológica além de inovação contracultural, na década de 1960. Na origem da internet, encontra-se a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA - Advanced Research Projects) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que atuou com um papel fundamental.

De acordo com o autor, a ARPA foi formada em 1958, e tinha a missão de mobilizar recursos de pesquisa, principalmente de instituições universitárias, com o objetivo de alcançar

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um alto padrão de tecnologia militar em relação à União Soviética. Quando, no final dos anos de 1950, o lançamento do primeiro satélite artificial Sputinik4 alarmou a instituição militar norte-americana de alta tecnologia, a ARPA assumiu várias iniciativas ousadas, algumas que chegaram a lançar grandes mudanças tecnológicas e refletiram no estabelecimento de uma comunicação em rede de grande escala.

Uma das estratégias nasceu da preocupação da ARPA em manter a viabilidade das telecomunicações em caso de uma guerra nuclear. A ideia central era interligar centros militares por meio de computadores, de tal maneira que a destruição de um deles não impedisse a sobrevivência dos demais, bem como a de um centro remoto que, por ventura, estivesse instalado a bordo de uma aeronave em voo. A proposta, assim, partiu de Paul Baran, na Rand Corporation, entre 1960 e 1964 que, com base no conceito de tecnologia de comutação por pacotes5, tornou a rede independente de centros de comandos e controle, de modo que as unidades de mensagens encontrariam suas rotas ao longo da rede, sendo remontadas com sentido coerente, em qualquer ponto dela.

Seguindo o caminho acima traçado, surgiu, em 1969, a primeira rede de computadores desse tipo chamada ARPANET – Advanced Research Projects Agency Network. Seu nome faz uma homenagem a sua patrocinadora, a ARPA. A ARPANET foi aberta inicialmente para os centros de pesquisa que cooperavam com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, porém, os cientistas começaram a utilizá-la para todos os tipos de comunicações. Seus primeiros nós, ou pontos, estavam interligados entre: Universidade da Califórnia, em Los Angeles; Stanford Research Institute; Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara e Universidade de Utah. (Castells, 2011).

A ARPANET era, a princípio, um pequeno programa que surgiu em um dos departamentos da ARPA, o IPTO – Information Processing Techniques Office, que foi fundado em 1962. O objetivo desse departamento era estimular a pesquisa em computação interativa.

Para montar uma rede interativa de computadores, o IPTO valeu-se de uma tecnologia revolucionária de transmissão de telecomunicações, a comutação por pacote, desenvolvida independentemente por Paul Baran na Rand Corporation (um centro de pesquisa californiano que frequentemente trabalhava para o Pentágono) e por Donald Davis no British National Physical Laboratory. O projeto de Baran de uma rede de comunicação descentralizada, flexível, foi uma proposta que a Rand Corporation fez ao Departamento de Defesa para a construção de um sistema militar de comunicações capaz de sobreviver a um

4 O Sputnik foi lançado em 03 de outubro de 1957 e marcou o início da chamada corrida espacial entre EUA e URSS. A façanha colo cava os

russos em vantagem em relação aos EUA na tecnologia aeroespacial.

5 A comutação de pacotes é um sistema de comunicação de dados em que pacotes (unidade de transferência de informação) são

individualmente encaminhados entre nós da rede através de ligações de dados tipicamente partilhadas por outros nós. A comutação por pacotes só é possível graças à digitalização dos sinais e dados. Isto possibilita a segmentação em partes discretas da informação.

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ataque nuclear, embora esse nunca tenha sido o objetivo por trás do desenvolvimento da ARPANET. (Castells, 2003: 14).

Porém, com a dificuldade em distinguir pesquisas voltadas para fins militares e outros conteúdos, foi permitido o acesso, à rede, de cientistas de todas as disciplinas quando, em 1983, houve a divisão entre a ARPANET, dedicada a fins científicos, e a MILNET – Military Network, orientada diretamente às aplicações militares. Outras redes foram formadas nesse período, porém, todas elas usavam a ARPANET como espinha dorsal do sistema de comunicação. Logo, não é difícil perceber por que ela foi chamada desde o início, como afirma Castells (2011) de “rede das redes”. Na década de 1980 “a rede das redes” passou a se chamar ARPA-INTERNET; posteriormente veio à forma pela qual ela é conhecida hoje, internet. Nesse período o sistema ainda era sustentado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e operado pela National Science Foundation – NSF.

Em 28 de fevereiro de 1990, após mais de vinte anos de serviços, a ARPANET encerrou suas atividades e a NSFNET – National Science Foundation Network, operada pela NSF assumiu o posto de espinha dorsal da internet. A NSFNET ficou no cargo até 1995 quando ficou prenunciada a privatização total da internet. Nesse período foram realizadas inúmeras ramificações que acabaram por privatizar a rede e, a partir de então, não existiam mais autoridades supervisoras. (Castells, 2003).

É importante destacar que desde que a internet se desvinculou do ambiente militar, a tecnologia de redes de computadores caiu no domínio público. Esse ambiente, juntamente com as telecomunicações que se encontravam desreguladas, forçou a NSF a encaminhar a internet à privatização. A sua privatização total não aconteceu de uma hora para outra; durante todo o seu desenvolvimento, foram criados diversas instituições e mecanismos que assumiram algumas responsabilidades informais pela coordenação das configurações técnicas e pelo agenciamento de contratos de atribuição de endereços na internet.

Este histórico sobre a rede mundial de computadores não estaria completo se fosse deixado de lado à criação do www – World Wide Web, sistema responsável pela facilitação do acesso à rede e que foi de grande importância para popularização dos seus mecanismos.

Apesar de todo o assombro tecnológico da internet, e até em decorrência disso, o seu manuseio era de extrema dificuldade. Para acessá-la, até a década de 1990, o usuário teria que possuir conhecimento dos comandos em Unix – sistema operacional criado na década de 1960 –, que eram bastante complicados, e enfrentar um ambiente unicamente em forma de texto. A

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capacidade de transmissão de gráficos ainda era bastante limitada e a localização e recebimentos de informações também eram muito difíceis.

Contudo, um novo salto permitiu a expansão da internet na sociedade leiga daquela época. Dessa vez, a criação de um novo sistema, o www – World Wide Web, também conhecida como a grande teia mundial, permitiu a exibição de documentos de forma mais simples e de fácil acesso. Ele passou a organizar o teor dos sites da internet por informação, e não por localização, como acontecia anteriormente.

O www nasceu em 1990, na CERN – Centre Européen poour Recherche Nucleaire, em Genebra, Suíça. Um grupo de pesquisadores chefiados por Tim Berners Lee e Robert Cailliau acrescentou novas tecnologias adaptadas do mundo da multimídia oferecendo uma linguagem audiovisual ao aplicativo. (Castells, 2003).

Para os documentos na web foi criado um formato em hipertexto ao qual deram o nome Hypertext Markup Language – HTML. Esse formato foi criado para dar mais flexibilidade à internet e para que os computadores pudessem adaptar suas linguagens específicas dentro desse formato compartilhado. O hipertexto contribuiu com um avanço paralelo à internet, proporcionando uma revolução na escrita, criando uma nova maneira de ler, escrever, organizar e divulgar uma informação.

Se tomarmos a palavra ‘texto’ em seu sentido mais amplo (que não exclui nem sons nem imagens), os hiperdocumentos também podem ser chamados de hipertextos. A abordagem mais simples do hipertexto é descrevê-lo, em oposição a um texto linear, como um texto estruturado em rede. O hipertexto é constituído por nós (os elementos de informação, parágrafos, páginas, imagens, sequências musicais etc.) e por links entre esses nós, referências, notas, ponteiros, ‘botões’ indicando a passagem de um nó a outro. (Lévy, 2003: 55).

Essa formatação foi acrescentada ao protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Esse protocolo foi responsável por fazer com que os computadores ficassem capacitados para se comunicar com outros. Sendo assim, a criação do TCP/IP fez com que se tornasse viável a comunicação de todos os tipos de redes. Um outro protocolo, também de suma importância contribuiu para a viabilidade da rede: o Hypertext Transfer Protocol – HTTP; é o protocolo para a transferência de hipertextos. Ele foi criado para orientar a comunicação entre programas navegadores e servidores de www.

Outras contribuições tecnológicas foram proporcionadas para garantir o funcionamento do www de maneira viável. Essas inserções facilitaram o acesso de pessoas que não tinham conhecimento em comandos de programas de computador. Assim tecnologias tais como: o TCP/IP, que garantiu a viabilidade da comunicação de todas as redes; o HTML,

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que adaptou uma linguagem específica, podendo ser compartilhada; e o HTTP, que garantiu a transferência orientada de hipertextos, permitiram, sobremaneira, a viabilidade da internet como um importante instrumento de comunicação midiática. (Castells, 2003).

O CERN passou a distribuir gratuitamente o sistema www pela internet e os primeiros

sites da web foram criados em grandes centros de pesquisa espalhados pelo mundo. Um

desses centros foi o National Center for Supercomputer Applications (NCSA), na Universidade de Illinois, onde trabalhava o estudante universitário Marc Andreessen que foi procurado pelo empresário Jim Clark que, juntos, formaram uma empresa que produziu e comercializou o primeiro navegador de internet confiável, o Netscape Navigator, lançado em outubro de 1994. (Castells, 2003). Esse foi o grande salto para a introdução da internet na sociedade. Atualmente é a internet que liga a maior parte das redes de comunicação:

E o resultado desse emaranhado de veículos interconectados é esse “mundo de tecnologia” que também se constitui em um novo instrumento da comunicação humana, configurando uma rede de mundos e culturas. Não se pode deixar de perceber que o advento da tecnologia, aqui particularmente relacionado à internet, é o fio condutor dessa comunicação que cruza oceanos, conectando qualquer ser humano ligado à rede, a qualquer ponto, em uma esfera geográfica incrível. É essa uma das características que confere à internet o papel de grande colaboradora da revolução que a informação vive na atualidade. Como acrescenta Lúcia Santaella (2000);

Estamos, sem dúvida, entrando numa revolução da informação e da comunicação sem precedentes que vem sendo chamada de revolução digital. O aspecto mais espetacular da era digital está no poder dos dígitos para tratar toda informação, som, imagem, vídeo, texto, programas informáticos, com a mesma linguagem universal, uma espécie de esperanto das máquinas. (Santaella, 2000: 52).

Dizard Jr. (1998), por sua vez, faz menção a três mudanças que marcaram as tecnologias da informação ao longo dos séculos:

A primeira aconteceu em meados do século passado, com a introdução das impressoras a vapor e do papel de jornal barato. O resultado foi a primeira mídia de massa verdadeira – os jornais “baratos” e as editoras de livros e revistas em grande escala. A segunda transformação ocorreu no início deste século, com a introdução da transmissão por ondas eletromagnéticas – o rádio em 1920 e a televisão em 1939. A terceira transformação na mídia de massa – que estamos presenciando agora – envolve uma transição para produção, armazenagem e distribuição de informação e entretenimento estruturadas em computadores. Ela nos leva para um mundo dos computadores multimídia, compact discs, bancos de dados portáteis, redes nacionais de fibras óticas, mensagens enviadas por fax de última geração, e outros serviços que não existiam há uma dúzia de anos. (Dizard Jr. 1998: 55).

Com base na exposição acima, é possível a verificação de que apesar de apenas em 1995 a internet chegar ao conhecimento da maior parte da sociedade, sua história teve início

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na década de 1960. É interessante traçar a trajetória histórica que ela percorreu para se entender o nível de aceitação observado na atualidade. Convém salientar ainda que as grandes contribuições para o formato da rede aconteceram do início da década de 1960 até 1994.

Assim é de relevante importância à percepção de que utilizar um recorte histórico para entender o que levou a formação da internet, desde a montagem da ARPANET, na década de 1960, até a criação e a espantosa aceitação do www, na década de 1990, é vital para a compreensão que uma produção histórica de uma determinada tecnologia pode moldar o seu contexto além de apontar uma conjuntura que proporcionou todo um ambiente para que essa tecnologia pudesse sobreviver além de sua origem e de seus primeiros fins.

Contudo, apesar do incrível desenvolvimento e crescimento da rede mundial de computadores, convém lembrar que a comunicação mediada por computador ainda não é uma realidade para a grande parte da população mundial. Nesse sentido, para muitos estudiosos do campo comunicacional, como Muniz Sodré (2002), há que se repensar até que ponto a internet pode ser classificada como a “revolução do século”, tão importante quanto a Revolução Industrial, ou se, na verdade, ela não seria apenas mais um instrumento ou canal de continuidade das velhas estruturas de poder.

Joaquim Escola (2007) discute a problemática da exclusão partindo do conceito de “fratura digital”. Segundo ele, tal problemática reveste-se de uma importância nuclear na sociedade atual e ameaça se converter numa das questões mais relevantes do século XXI:

A sua centralidade é tanto maior, quanto maior é, por um lado, o acelerado desenvolvimento tecnocientífico, e por outro, o agravamento do fosso que separa os países ricos dos países pobres, os países desenvolvidos dos países subdesenvolvidos ou em via de desenvolvimento, os países do primeiro mundo dos países do terceiro mundo, os países do norte e os países do sul. (Escola, 2007: 95)

Segundo o autor, não há uma definição em consenso para fratura (fenda, brecha) digital. Porém, existe uma concordância à ideia de que o conceito gravita, de modo geral, em torno das novas tecnologias e, particularmente, em volta da internet, como paradigma da Sociedade da Informação. Raquel Martinez Mendes (2004) fez um apanhado de definições para o termo. Segundo o Departamento de Comércio dos Estados Unidos (citado por Mendes, 2004)

algunas personas disponen de los ordenadores más potentes, el mejor servicio telefónico y el servicio de Internet más rápido, a la vez como la riqueza de contenidos y una educación relevante para sus vidas, otro grupo de personas no tienen el acceso a los mejores y más modernos ordenadores, al servicio telefónico más seguro, o al servicio de Internet más rápido y conveniente. La diferencia entre estos dos grupos es la brecha digital.

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A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (citado por Mendes 2004), em 2001, defendia brecha digital assinalando que:

refiere al desfase o división entre individuos, hogares, áreas económicas y geográficas con diferentes niveles socioeconómicos con relación tanto a sus oportunidades de acceso a las tecnologías de la información y la comunicación como al uso de Internet para una amplia variedad de actividades, lo que acaba reflejando diferencias tanto entre países como dentro de los mismos.

Outras definições se lançam ao termo:

- la distancia existente entre aquellos que tienen Internet y aquellos que no. (Martínez, 2000).

- La distancia existente entre aquellos capaces de usar un ordenador y aquellos que no. (Sullivan, 2000, citado por Mendes, 2004).

- La brecha digital es la distancia tecnológica que separa a una población blanca y bien educada en referencia al uso de Internet de aquel grupo de población de menos recursos y menos formada que carece de acceso a la red. (Perine, 2000, citado por Mendes, 2004).

Uma perspectiva mais ampla para o termo encontramos em Arturo Serrano Santoyo e Evelio Martinez Martinez (2003, citado por Escola, 2007):

... a brecha digital pode ser definida em termos de desigualdades de possibilidades que existem para aceder à informação, ao conhecimento e à educação mediante as TIC’S. A brecha digital não se relaciona somente com os aspectos exclusivamente de carácter tecnológico, é um reflexo de uma combinação de factores socioeconómicos e em particular de limitações e falta de infra-estruturas de telecomunicações e informática…

A ALADI – Associação Latino-americana de Integração (citado por Mendes, 2004), define fratura digital como aquela que “cuantifica la diferencia existente entre países, sectores y personas que tienen acceso a los instrumentos y herramientas de la información y la capacidad de utilizarlos y aquellos que no lo tienen”.

Para Mendes (2004) a brecha digital surge quando o indivíduo não possui recursos ou acesso aos processos de aprendizagem que o capacitem a manusear a tecnologia, ou quando a a tecnologia ou a educação são privilégio de poucos. A fratura digital seria, assim, sustentada pelas desigualdades sociais que surgem como diferenças entre o acesso e a gestão das tecnologias. Desta forma, possuir acesso à tecnologia, tem relação direta com os processos de aprendizagem que capacitem os sujeitos a manusear tais ferramentas.

A fratura digital seria, assim, do ponto de vista estrutural, a diferença existente entre os indivíduos que podem se incorporar a sociedade emergente – informacional – e os que não. Ou seja, tal circunstância tem relação direta com as condições socioeconômicas e culturais desses indivíduos.

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Todas as definições apresentadas acima, apontam para um problema anterior a Sociedade da Informação: as desigualdades socioenonômicas. Para Mendes (2004) a brecha digital é uma nova versão para a brecha econômica. A questão principal, assim, está no acesso desigual as infraestruturas de comunicação, uma vez que só tem acesso quem possui um determinado poder aquisitivo e uma formação adequada. Vivemos numa sociedade em rede, e quem não está dentro da rede, está fora dela, são excluídos.

Para Dominique Wolton (2003: 95), “é em nome da liberdade e da igualdade dos indivíduos que a informação, e qualquer informação, deve ser acessível a cada cidadão, como meio de conhecer a realidade e de agir. Ela é indissociável de uma ideia de igualdade e de universalidade.”. Uma vez que a concepção que sustenta os novos serviços de informação é eminentemente econômica, uma vez que o pagamento pela informação é indissociável destes novos serviços, tal concepção opera pelo dinheiro e o nível cultural.

Wolton (2003) afirma que a consequência dessa relação com a informação mais próxima de fatores socioeconômicos do que na ideia de democracia é que as desigualdades socioculturais vão se reencontrar na utilização de quatro serviços: informação, lazer, serviços, conhecimento. Porém, é no quesito informação-conhecimento que as diferenças serão maiores, uma vez que a informação é seletiva por seu conteúdo e pelo seu procedimento de pesquisa. “A maneira de construir informação, de a apresentar, de prever os meios de acessá- la, não é universal, ela está ligada aos esquemas culturais”. (Wolton, 2003: 96).

Há que se atentar então, com base nas discussões acima, para o potencial transformador e pedagógico que a tecnologia, pode vir a ter, desde que sejam dados aos indivíduos a possibilidade de não só ter acesso às várias possibilidades tecnológicas, mas capacitá-los para a utilização otimizada do meio. A história da humanidade tem nos mostrado que a introdução de uma tecnologia de comunicação na sociedade, assim como o uso dos seus códigos, têm implicado em marginalizações de acesso ao conhecimento. Parece-nos que, na atualidade, tal separação ainda continua a existir a partir da percepção da brecha digital.