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Novos caminhos do poder e da polí ca na historiografia contemporânea

No documento Dominios da Historia Ciro Flamarion Cardos (páginas 59-75)

Para o período pós-45 adotamos uma periodização ampla e já bastante conhecida: as décadas que antecedem e se sucedem aos anos 1968/70. Grosso modo, poder-se-ia localizar no período de 1945 a 1968/70 a crise final da “história polí ca tradicional” e, no período seguinte, a progressiva cons tuição da “nova história polí ca”. No caso da história polí ca, essa periodização tende a exagerar as diferenças e mudanças em detrimento das permanências e semelhanças em termos das realidades de cada período.

A par r de 1945 a história polí ca tradicional foi o alvo predileto de diversas correntes teórico-metodológicas: Annales, marxismo(s), estruturalismo(s), quan ta vismo(s) etc. No entanto, é necessário não esquecer duas coisas: as novas perspec vas abertas ao estudo histórico da polí ca e do poder e o caráter rela vo do declínio da história polí ca tradicional. Das novas perspec vas em suas relações com as tendências teórico-metodológicas trataremos mais adiante; quanto à rela vização, necessária, da noção de “declínio”, pensamos que é possível entendê-la de duas maneiras: como dado historiográfico e como fato editorial.

Historiograficamente, o ponto crucial é a diferença entre universos historiográficos: a sentença em que os Annales condenaram a “história polí ca tradicional” teve curso muito restrito fora da França. A idéia de uma história polí ca em vias de ex nção, presente no balanço de Glénisson12 em relação à França, não se pode

aplicar à Grã-Bretanha, Itália, Alemanha e EUA (e ao Brasil também). Como fato editorial, tampouco o declínio é real. Neste par cular, aliás, Mommsen e Julliard, apesar de suas diferenças, são acordes quanto à persistência da história polí ca. O primeiro autor lembra que boa parte do que se leu (e editou) nesse período pelo mundo afora sob o rótulo de “história” foi, na verdade, algum po de história polí ca. Julliard, por sua vez, para demonstrar que “a história polí ca não desapareceu”, assinala que “como narra va, biografia, estudos psicológicos, (a história polí ca) con nuou a representar quan ta vamente uma fração importante, provavelmente dominante, da produção de

livros consagrados ao passado”.13 Peter Burke, ao recordar seus tempos de estudante,

declara: “Quando entrei em Oxford, de 1957 a 1962, o ponto de vista histórico que predominava na época era o da história polí ca.” Lá, como cá, naquela época, quem almejasse outras perspec vas (que não as da história polí ca) precisaria “olhar para fora do programa de estudos; para outras disciplinas e até mesmo para outros países”.14

Se a noção de declínio da história polí ca remete basicamente à historiografia dos Annales do pós-guerra, convém então tentar perceber-lhe os traços mais incisivos. A Escola dos Anais, no que toca à questão do polí co, foi palco de tendências tão diversas como o marxismo, o estruturalismo, o quan ta vismo e, mais recentemente, o weberianismo. Do marxismo os Annales incorporaram alguns termos e conceitos gerais mas se viram em dificuldades cada vez maiores, sobretudo na “era braudeliana”, para jus ficar uma produção histórica hos l ou, no mínimo, omissa em relação ao polí co — a começar pelo conceito de luta de classes. Decorreu certamente desse problema a posição algo marginal ou excêntrica (em relação aos Annales) de historiadores como Vilar, Soboul e Vovelle, entre outros.

A nouvelle histoire, tal como foi consagrada nos anos 70, relegou a história polí ca a um lugar absolutamente secundário. Com efeito, se a “primeira geração” dos Annales havia es gma zado a história polí ca como sinônimo de história factual — événementielle —, a “segunda geração”, a de Braudel e seus discípulos, relegou os fatos polí cos ao “tempo curto”. Definindo-se, em 1971, como “estrutural”, a nouvelle histoire acentuou mais ainda suas distâncias quanto à história polí ca. Afinal, uma história centrada na dialé ca da duração, em contato com a lingüís ca, semió ca, psicanálise e teoria literária, e privilegiando as abordagens estruturais segundo métodos seriais, não poderia senão encarar como não-científica e não-histórica a história política tradicional.

A redescoberta de Max Weber, mais recente, será enfocada mais adiante. Quanto ao estruturalismo e o quan ta vismo (ligado à new economic history), é suficiente, por enquanto, recordar que seus efeitos imediatos sobre a história polí ca foram geralmente nega vos. Tanto a apropriação/mutação braudeliana do conceito de estrutura, quanto a euforia cien sta ligada à chamada história serial, apenas for ficaram, no primeiro momento, o tradicional desprezo dos historiadores franceses pela história polí ca, salvo, claro, as exceções habituais. Afinal de contas, os eventos polí cos pertencem à esfera do tempo curto, justo o mais instável e o menos decisivo dos tempos ou durações históricas. Não escreveu Braudel que tais eventos se comparam ao vaivém das ondas que de quando em vez agitam a super cie do grande oceano da história, mas sempre incapazes de agir sobre as profundezas médias (conjunturas) e seculares (estruturas) da chamada longa duração? É bem verdade que revoltas e revoluções haviam sido relegadas também ao tempo curto, mas esta exclusão já constitui uma outra história.

A perspec va marxista do político em geral e da história polí ca, em par cular, foi sempre, desde Marx e Engels, oposta aos pressupostos e caracterís cas da história polí ca tradicional. As bases teóricas de tal oposição são bem conhecidas, bastando mencionar aqui que a visão marxista foi decisiva, ainda no século XIX, ao denunciar os três ídolos principais daquela história polí ca: uma noção de polí co/polí ca desvinculada da totalidade do processo histórico e presa fácil da ideologia; o caráter

voluntarista de uma história baseada em idéias e ações de alguns poucos agentes históricos individuais; um discurso histórico-narra vo, cronológico e linear construído em função de uma epistemologia empirista.

A teoria marxista da história ficara mais ou menos excluída dos principais centros de produção histórica do Ocidente até 1945, salvo, evidentemente, o caso sovié co, e, talvez, o francês. O primeiro é por demais conhecido. Quanto ao segundo, seu território específico foi o da historiografia da Revolução Francesa. Aqui, conforme uma certa tradição que habituou-se a iden ficar como sinônimos marxismo e interpretações de esquerda, tornou-se corrente rotular de marxistas historiadores tão diferentes como Jaurès, Mathiez, Lefebvre e o próprio Labrousse.

Decisivo, no entanto, no período de entre-guerras terá sido o aparecimento de diversas correntes marxistas cujo conjunto convencionou-se chamar de marxismo ocidental.15 Após a Segunda Guerra Mundial, cresceu rapidamente a circulação, leitura e

discussão dos trabalhos produzidos por Gramsci, Lukács e pelos membros da Escola de Frankfurt, entre vários outros. Tais textos, suas leituras, foram decisivos em termos da crescente produção marxista na oficina da história, em combinação, certamente, com as condições gerais e par culares das sociedades capitalistas nessa época. Na Inglaterra, por exemplo, o grupo de historiadores reunidos, até 1956, à sombra do Par do Comunista britânico, fundou a New Le Review, ponto de par da para o chamado marxismo inglês de historiadores como Hobsbawm, Anderson, Hill e sobretudo Thompson, além de intelectuais de outras áreas das ciências humanas, como R. Williams. Na França, começando com Sartre e Goldmann, o marxismo assumiu, a seguir, a perspec va difundida por Althusser, Poulantzas, Badiou, Rancière e diversos outros nesta mesma linha. Na história propriamente dita, cabe mencionar as obras de Vilar, Soboul, Bouvier, Vovelle, Duby, entre outros. Com algumas variações, o mesmo quadro poderia ser descrito para a Itália, Alemanha, Estados Unidos e outros países.

Não será este, pensamos, o lugar indicado para uma inevitável discussão a respeito do que se deve entender como perspec va marxista em relação aos historiadores citados. Seria uma discussão muito longa, interminável e inconclusiva. Tudo que pretendemos afirmar é o quanto uma perspec va historiográfica que se poderia in tular genericamente marxista contribuiu para contrabalançar, aqui e ali, certas tendências empiristas e subje vistas. Acrescente-se a isto a ênfase de tal perspec va na categoria de totalidade, a importância atribuída por seus adeptos às condições materiais, às estruturas socioeconômicas, a atenção especial prestada às classes e/ou grupos sociais e aos movimentos cole vos em geral, e, por úl mo, embora não menos decisiva, a reintrodução da(s) ideologia(s) como categoria analí ca do discurso histórico.

Inicialmente pelo menos, o marxismo produziu dois efeitos antagônicos: recolocou no primeiro plano da escrita da história o poder, o polí co e a polí ca; mas aprofundou a a tude, entre os historiadores marxistas, de franca rejeição da história polí ca tradicional com seus chamados fatos, seus conhecidos atores, enfim, sua alienação. É também não menos verdadeira a constatação de que a vertente do marxismo estruturalista (sic) contribuiu, e muito, para reforçar o descrédito daquela história, na

medida em que interpretou a política como efeito derivado das estruturas.

Referimo-nos ao estruturalismo tanto ao abordarmos os Annales quanto ao tratarmos do marxismo. Estas referências eram inevitáveis, pois, desde os úl mos anos da década de 1950, o estruturalismo expandiu-se com extraordinária rapidez no campo das ciências humanas, a par r da lingüís ca, mas tendo num antropólogo — Lévi-Strauss — seu maior pensador. Esta expansão, naquilo que nos interessa, representou um impacto violento sobre o an go projeto hegemônico acalentado pelos annalistes de fazer da história o carro-chefe das ciências sociais e humanas.

As polêmicas cons tuíram a expressão do confronto que então se deu entre a história e a antropologia: de um lado, os antropólogos, a começar por Lévi-Strauss, u lizando-se de uma concepção totalmente desatualizada acerca da história-disciplina, aliás tão defasada que, no fundo, a história que atacavam era aquela já prescrita pelos Annales desde os anos 30 (a história polí ca tradicional, basicamente); de outro lado, um verdadeiro diálogo de surdos, centrado no próprio conceito de estrutura — um conceito lógico-formal, para Lévi-Strauss (arquitetura teórica imanente ao real); um conceito concreto, real, segundo Braudel, para quem a estrutura pode ser descrita exatamente por ter existência histórica (sua dimensão temporal é exatamente a do tempo longo, a da longa duração).16

Curiosa, ou bastante significa vamente, no entanto, depois das primeiras escaramuças, o con nuo avanço da maré estruturalista levou a liderança braudeliana a realizar um movimento inverso: o confronto direto foi subs tuído pela apropriação, no melhor es lo da tradição dos Annales, do próprio estruturalismo. Pouco importa, no nosso caso, ques onar o sen do dado por Braudel à “estrutura” e ao estrutural, dis ntos, com toda certeza, dos originais. Importante, então, foi incorporar-se à uma tendência dominante, pres giada, especialmente porque ser estruturalista era o mesmo que ser cien fico. Foi isso que o número especial dos Annales, de 1971, evidenciou e proclamou — o nascimento de uma história estrutural: a nouvelle histoire.

O panorama não estaria porém completo caso não lembrássemos de referir também o quanto foi importante, naquela época, o sucesso alcançado pelos chamados métodos quan ta vos aplicados à história econômica, social e demográfica. Desde os começos dos anos 30, alguns trabalhos de F. Simiand e, um pouco mais tarde, de Labrousse, através da recons tuição e análise de séries esta s cas históricas, abriram novas possibilidades ao estudo de ciclos e conjunturas econômicas. No espaço historiográfico dos Annales coube a Meuvret, Imbert, Goubert, bem como a P. Chaunu e F. Mauro, nos anos 60, aprofundar essa tendência matema zante à qual logo se denominou de história serial. Diferente da história quan ta va de Marczewski e da new economic history, de Fogel e North, de base econométrica, a história serial veio agregar novos argumentos contrários à história polí ca tradicional, cuja indigência teórica e empírica parecia ainda mais evidente. Na realidade, como indicou Soboul,17 era a própria

concepção tradicional do “fato polí co” — seu caráter único — que jogava por terra qualquer possibilidade de uma abordagem quantitativa.

Vimos assim que diversas tendências, todas elas, aliás, com algum po de reflexo sobre a história annaliste, convergiram no sen do de desqualificar de uma forma ou de outra qualquer pretensão cien fica que se pudesse nutrir ainda em relação à história

polí ca de es lo tradicional. A bem da verdade, negava-se até mesmo sua pertença à história. Observe-se, no entanto, que o mesmo movimento desqualificador portava em si uma nova história polí ca. Contraditória como possa parecer tal constatação, o fato é que não faltam exemplos desta ambivalência. Já em 1958, por exemplo, Braudel lamentou a confusão que se estabelecera entre a história tradicional e a história polí ca, chegando mesmo a afirmar: “A história polí ca não é forçosamente événe-men elle nem está condicionada a sê-lo.”18

Caberia no entanto somente à terceira geração dos Annales tomar a sério essa advertência de Braudel. Isto decorreu em parte do próprio rumo que se imprimiu à produção histórica a par r da nouvelle histoire. Esta, como escreve Teixeira, abandonou ou foi obrigada a abandonar alguns dos paradigmas centrais dos Annales: a unidade de método(s) com as ciências sociais e humanas e a unidade do objeto — o homem. Inviabilizou-se assim a possibilidade concreta de uma história total. Cada vez mais o global deixará de ser pensado em termos de totalidade mas, sim, como espaço de dispersão de múl plas unidades.19 Tudo que se tem agora são unidades parciais, locais,

definidas por procedimentos específicos.20 Não existe mais a história, a grande história,

mas somente as múl plas histórias. Ora, se esta era a Nova História, por que não se retomar então uma an ga concepção exposta por Mauro21 na década de 1960: uma

história polí ca entendida como ciência polí ca retrospec va? Seria o caso de seguir, no que toca ao polí co, o exemplo de outros ramos ou especializações da História — a história econômica, por exemplo, uma economia polí ca retrospec va, segundo Mauro. Tratava-se de recuperar a história polí ca aproveitando o movimento historiográfico mais geral, em que alguns profissionais propunham abertamente uma redefinição válida para a história em geral em termos de entendê-la como ciência social histórica ou do passado.22

A terceira geração dos Annales, ou a quarta, como quer Burke,23 foi buscar fora da

historiografia os modelos e a sustentação teórica para o repensar das relações Estado- sociedade imposto pelo seu interesse em renovar o estudo do polí co. Tocqueville, Arendt, Weber, sobretudo, diretamente ou via Aron, foram esses esteios. Na mesma linha de preocupações, insere-se o fenômeno da redescoberta, rela vamente recente, das obras de Norbert Elias, um weberiano que permanecera ignorado por várias décadas e que veio a merecer estudos e citações copiosas de Roger Char er24 e do já citado

Jacques Revel. Raymond Aron, por sua vez, foi resgatado por historiadores voltados para a história polí ca renascida, que retoma uma conhecida afirma va de Aron: “Nunca houve razão lógica ou epistemológica para afirmar que o conhecimento histórico dos fenômenos econômico-sociais apresenta um caráter mais cien fico do que o dos regimes políticos, das guerras e das revoluções.”25

Além de seu encontro com o estruturalismo, origem da história estrutural, a nouvelle histoire possibilitou a abertura para concepções novas e variadas a respeito de temas pouco freqüentados pela historiografia: os poderes, os saberes enquanto poderes, as ins tuições supostamente não-polí cas, as prá cas discursivas. Foucault, pois foi este o autor que revolucionou a compreensão desses novos objetos, colocou em destaque a relação entre as diferentes prá cas sociais e a pluralidade e onipresença não do poder, mas dos poderes. A historiografia polí ca passou a enfocar, nos anos 70, a Micro sica do

poder,26 na realidade as infinitas astúcias dos poderes em lugares históricos pouco

conhecidos dos historiadores — família, escola, asilos, prisões, hospitais, hospícios, polícia, oficinas, fábricas etc.; em suma, no cotidiano de cada indivíduo ou grupo social.

As novas correntes marxistas também vieram em auxílio dessa restauração do polí co em geral, ou da história polí ca em par cular. Basta neste caso mencionar a importância de alguns conceitos gramscianos — hegemonia, bloco histórico, dominação versus direção, intelectuais tradicionais e orgânicos — e althusserianos — autonomia rela va, sobredeterminação, determinação em úl ma instância, aparelhos ideológicos de Estado. Poulantzas, Badiou, Harnecker e tantos outros u lizaram-se largamente desses conceitos, sem que se possa esquecer os italianos — Gerratana, Boffa, Cerreoni, Colle , Rossi Landi — e ingleses — Anderson, Miliband, Thompson. Em graus e segundo visões diferentes entre si, as discussões então travadas no campo marxista lançaram luzes novas sobre o polí co, o Estado, suas relações com a sociedade civil, além de abrirem a inves gação histórica à questão muito mais ampla do poder, e daí à das formas de dominação.

Finalmente, há que se registrar a importância dos contatos e trocas interdisciplinares, conhecido carro-chefe dos Annales, para esses novos rumos da história polí ca. Se, para alguns, como Char er,27 o problema maior vem a ser o de uma história

cultural ancorada em uma sociologia histórica da cultura, para outros a questão-chave é mesmo a de uma sociologia histórica do poder, e da polí ca.28 Ao mesmo tempo, a

Antropologia passou a atrair cada vez mais a atenção dos historiadores, quer como antropologia cultural e antropologia polí ca, quer como etno-história. Novas possibilidades teóricas se ofereceram aos historiadores do poder e da polí ca a par r dos trabalhos de Geertz (1973), Sahlins (1985), L. Dumont (1966 e 1977), Balandier (1980), Clastres (1974) etc. Poder e polí ca passam assim ao domínio das representações sociais e de suas conexões com as prá cas sociais; coloca-se como prioritária a problemá ca do simbólico — simbolismo, formas simbólicas, mas sobretudo o poder simbólico, como em Bourdieu.29 O estudo do polí co vai compreender a par r daí não mais apenas a polí ca

em seu sen do tradicional mas, em nível das representações sociais ou cole vas, os imaginários sociais, a memória ou memórias cole vas, as mentalidades, bem como as diversas práticas discursivas associadas ao poder.

Em face das muitas tendências e das variações e ênfases ou preferências observáveis no bojo do movimento de renovação da história polí ca, é conveniente fazer uma dis nção entre as orientações mais moderadas e as mais radicais aí presentes. Radicais, do nosso ponto de vista, são as interpretações que conduzem o historiador a subsumir a polí ca na esfera do poder, de modo que se perde de vista quase por completo sua autonomia, ainda que rela va. Por outro lado, como muitas das abordagens do poder remetem ao problema de suas determinações sociais, a tendência passa a ser subs tuir a história polí ca por algum po de história das formas de dominação não vindo ao caso se baseada em matriz teórica marxista, weberiana ou outra qualquer. No extremo deste radicalismo situa-se a pulverização do poder e sua redução a efeitos de sentido produzidos em função de práticas discursivas específicas.

Em oposição às tendências que rotulamos de radicais, são moderadas as tendências que visam de uma forma ou de outra resgatar ao que se convencionou

designar como sendo a legi midade da história polí ca. Vistas em conjunto, essas tendências moderadas parecem desenvolver, desde o começo dos anos 70 pelo menos, um movimento em três direções: (1) marcar suas próprias distâncias em relação aos erros e equívocos da história polí ca tradicional; (2) apropriar-se de métodos e teorias desenvolvidos tanto por historiadores quanto por cien stas sociais, sempre que se possa, a partir dessa apropriação, produzir abordagens inovadoras e hipóteses científicas no campo da história polí ca; (3) redefinir alguns dos an gos objetos da história polí ca

No documento Dominios da Historia Ciro Flamarion Cardos (páginas 59-75)