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CAPÍTULO 4 – PARTICIPAR OU NÃO PARTICIPAR, EIS A QUESTÃO

4.5. A construção das esferas públicas: a mediação do conflito pela instância

4.5.3. O alcance, as aparências e os limites do Comitê Gestor, enquanto

Dentro da experiência do projeto de revitalização da 7ª Etapa, uma esfera onde as diferenças, singularidades, diálogos ocorreram de forma mais intensa, foi a do Comitê Gestor. Esta intensidade se deu, por se constituir em espaço de construção de possível acordo entre as partes em torno das mais variadas questões que afetavam a área e seus moradores, em uma atmosfera de tensão: desde o traçado da poligonal, aos programas de financiamento que compõem a 7ª Etapa como política de habitação, os casos particulares de famílias que não se sentem contempladas e que têm de deixar o seu imóvel, mesmo que este estivesse dentro dos limites da poligonal traçada, os problemas e ações voltados para a geração de emprego e renda, etc. Porém o Comitê Gestor apresentava uma ambiguidade quanto a ser uma esfera pública, pois, se por um lado ele possibilitava o encontro entre as partes e a explicitação dos

interesses até então só possibilitada na mídia e nas poucas audiências ou reuniões com os envolvidos, por outro, se constituía num espaço de restrição participativa pois era composto por representantes de poucas instituições, o que acabou por reduzir o alcance desse instrumento quanto ao acompanhamento dos embates e informações que ali ocorriam em reuniões fechadas, do que as formas mais públicas (das audiências e da mídia...).

Antes de detalhar parte dos embates ali ocorridos, uma questão logo de início preocupava os membros do Comitê da parte da sociedade civil. Como o Comitê Gestor foi instituído para ser um espaço de deliberação, onde as possíveis questões levantadas pelas famílias seriam ali votadas, era necessário ter uma composição paritária entre governo e sociedade civil. Como estas questões estavam quase sempre relacionadas com os impasses entre o governo e os moradores, representados pela AMACH, seria natural que, da parte da sociedade civil, fossem mantidas entidades próximas a AMACH, para que as votações e deliberações fossem justificadas por uma “esfera democrática”.

A AMACH, durante toda sua história e até aquele momento, havia feito aliança e parcerias com diversas instituições, o que levou à sigla dos “Amigos” (parceiros e aliados), aqui nesta pesquisa indicados como “os amigos da AMACH”. Porém, dentro da composição de representantes do Comitê Gestor apareceu uma entidade que nem a AMACH, nem os “amigos que ali se constituíam” (CEAS e UEFS) conheciam: A Cooperação para o Desenvolvimento da Moradia Humana – CDM. Não foi observada a presença desta entidade em qualquer das reuniões do Comitê, e seu lugar na representação foi questionado por diversas vezes pela AMACH, CEAS e UEFS, sem qualquer tipo de explicação pelos órgãos do governo ou do Ministério Público, o que levou a que este grupo especulasse sobre sua presença.

O Comitê Gestor foi dando sequência aos encontros e reuniões. Nessas os conflitos entre os saberes técnicos e populares se expressaram, a possibilidade de apresentação das metas, cronogramas e ações do projeto por parte do governo e pelos moradores já a décadas eram ali colocadas. Porém, para que estas demandas chegassem até o Comitê, seria necessário garantir a representação da AMACH, do CEAS e da UEFS legitimados pelos moradores, que, com seus limites de tempo e recursos, suas dificuldades em processar as informações, as suas próprias contradições e ambiguidades e, em alguns casos, diferenças com estas instituições, faziam desta participação no Comitê outro grande desafio. Desta maneira, por diversas vezes, foi feita uma solicitação, por parte da AMACH, UEFS e CEAS, de que os órgãos públicos

realizassem audiências e assembléias públicas, para que os moradores tivessem contatos sistemáticos e diretos com os responsáveis pela política de intervenção, em fóruns mais amplos de participação.

Esta solicitação foi pouco atendida. O Comitê Gestor passava por legitimar uma esfera restrita de decisões, muitas vezes burocratizada, como espaço público de negociação. Retomamos aqui o diálogo com Hannah Arendt, sobre as condições da representação e legitimidade do Comitê Gestor. Ali existiam múltiplas possibilidades de ação, mas ao mesmo tempo era um espaço que precisava de suporte institucional (mediação do Ministério Público, por exemplo), mesmo com as características de uma dinâmica dialógica entre os interessados por meio da expressão de discursos e formulação da ação. Para Arendt o mundo público é o espaço que ilumina e esfera ideal para o ator dizer verdadeiramente quem ele é, onde está e com quem dialoga. O Comitê, analisado segundo a perspectiva indicada por Arendt, cumpria sua missão de se constituir em instância pública de intermediação. Porém, o perigo, segundo interpretação de Freitag e Rouanet, estava na natureza desta “mediatização”, podendo ser um espaço de fácil decisão e rapidez dos encaminhamentos, onde a população seria representada pela associação ou entidades da sociedade civil (FREITAG e ROUANET, 2001: 106). Ou seja, o Comitê se tornara um espaço onde o poder de voz dos cidadãos, ou dos moradores seriam expostos, sem, contudo, representar, na prática, uma decisão de forma mais ampla. Para dar conta desta lacuna, as reuniões da AMACH semanais era o local onde as pessoas, em número restrito e rotativo, podiam informar-se sobre as informações das reuniões do Comitê e pautar novas questões a serem pontuadas neste.

A outra grande dificuldade na participação dos moradores e das duas entidades que compunham a sociedade civil diante do Comitê Gestor, estava na constituição de um diálogo tecnocrático, que dificultava o entendimento de todos. O primeiro impasse, por exemplo, foi entender os traços da poligonal, os mapas da área e as razões porque uma casa estaria dentro do programa, outra não, e o que diferenciava a escolha de uma reforma ser realizada para contemplar o plano habitacional popular e outra um plano direcionado para classe média. Desta maneira, na primeira reunião de apresentação do projeto por parte do Coordenador do programa Monumenta, então vinculado a CONDER, houve uma dúvida para aquele grupo que compunha o Comitê Gestor, levantada por uma das moradoras e que pode revelar o grau, a natureza e a distância existente entre as partes ali constadas. A moradora, observando o mapa da poligonal preso à parede, perguntou quem tinha traçado aquelas linhas, e revoltou-se: como poderiam ter traçado um linha bem no meio da rua e a casa dela ser contemplada por uma

reforma e a da família da frente, bem do outro lado da rua, não. Ao final das suas questões ela explicitou sua avaliação em relação ao trabalho dos técnicos: “Não vejo linha na frente de minha casa... Gostaria de dizer uma coisa a vocês: vocês entendem de traços e nós entendemos de gente” (Moradora da 7ª Etapa, 1ª Reunião do Comitê Gestor para apresentação do projeto, em 28 de novembro de 2004).

O Comitê vivenciava não só as diferenças, mas também as dificuldades em fazer caminhar o processo de negociação, já que cada questão levantada demandava tempo de entendimento e diálogo. Muitas vezes, observava-se uma angustia e tensão entre as partes seja pelo não entendimento dos pontos em discussão, seja pela consciência de que as reuniões demandariam muito tempo para as tomadas de decisões.

Bobbio, analisando as relações entre tecnocracia e processos democráticos de diálogo assim analisa: “se o protagonista da sociedade industrial é o especialista, impossível que venha ser o cidadão comum” (1986: 33-34). Neste sentido, a adoção de uma linguagem meramente técnica também se constitui uma forma de poder que Pedro Demo classifica como "nobre, programador, avaliador, formal e acadêmico..." (1988: 42-43), assim, ao mesmo tempo se observou limites, mas também um esforço entre as partes por tornar aquele espaço um lugar formador de um entendimento mais do que para a formação de consensos e, quando a tensão aumentava, os embates mais do que revelar as diferenças, aprofundava “as farpas” de um processo que se iniciara com denúncias e trocas de insultos anteriores.

Ademais, ainda quando do apresentar do projeto no âmbito do Comitê Gestor, que por diversas vezes foi solicitado pela AMACH que fosse feito para todos os moradores, outros limites foram apresentados. As informações trazidas diretamente em todas as reuniões estavam sendo ditas de forma bem direta e o Projeto da 7ª Etapa parecia estar já todo traçado, sem possibilidade de mudanças significativas. Segundo informações anotadas em relatório, foi ali explicitado que o Governo Federal (MinC/IPHAN) criou o Programa Monumenta/BID e para o Brasil este programa é responsável pelo resgate patrimonial de 28 cidades. Em Salvador o Monumenta/BID atuava na 7ª Etapa e, segundo afirmativa do técnico da CONDER, responsável pelo programa, não havia possibilidade de trabalhar com a parte interna dos imóveis e o Governo do Estado da Bahia então resolveu fazer um programa habitacional. Ainda segundo explanação a poligonal já estava definida antes do programa e seria destinada para implantação das suas secretarias municipais (como um Centro Administrativo Municipal). O BID investe 50% (Empresta ao Gov. Federal); o Governo do

Estado da Bahia 20% e o Governo Federal participa com 30%, num total de R$18,348 milhões de reais.

Ali estavam sendo anunciadas informações importantes, nunca antes testemunhadas em qualquer outro espaço público de concertação, o que tomava o Comitê Gestor um espaço privilegiado de acesso à informação. As pessoas presentes, principalmente os moradores ficavam impacientes quando percebiam que não só a maioria das pessoas havia saído, como os que permaneceram teriam pouca oportunidade de modificar o projeto. Esta irritação aflorava a cada frase de impacto revelada pelo técnico da CONDER, e ele , antes de detalhar o mapa, afirmou (e foi anotado) durante a reunião que: “A gente diz se a AMACH deve e como deve participar”. Afirmava ai a prerrogativa da autoridade dos técnicos sobre o projeto.

Ali, mais uma vez, observa-se a contradição da dimensão do tempo para reconstrução de todo um projeto que já estava aprovado e em execução, quando o Ministério Público intervém e obriga o governo a dialogar. É o imperativo do tempo dos recursos já aprovados, das licitações das obras, e da execução do cronograma. Esta perspectiva ficou bem explícita quando ao detalhar do mapa, e na sequência da apresentação da CONDER constatou-se que os locais da intervenção das obras já estavam definidos. O local da creche, o estacionamento, as habitações, a construção da Universidade de Artes e Design Berlim-Bahia, a ampliação do Liceu. As únicas áreas livres apresentadas, foram a parte superior do estacionamento, que, segundo sugestão do técnico no momento da reunião, poderia ser transformada em quadra ou num centro comercial. Ainda segundo anotações de observação direta daquela reunião, O programa de execução deveria ser acabado em 2004 e até aquela data, segundo afirmativa do técnico, mal haviam sido iniciadas as obras, sendo que os recursos financeiros estavam previstos para terminarem em 2006. Assim, o projeto parecia que estava já fechado e anulá-lo ou modificá-lo demandaria muito tempo.

Apesar dessas tensões e contradições, a riqueza desta experiência está justamente na possibilidade de explicitar as divergências, ou diferenças, num espaço público regulado. Os moradores representados por um grupo da AMACH indagavam, então, onde estaria o projeto urbanístico a ser construído para e com os moradores locais. Argumentavam que ali estava sendo apresentada uma planta e não o que eles entediam ser um projeto. Que eles tinham demandas para com a área que não estavam ali contempladas. A reação da CONDER, ali representada pelo então gestor do programa, afirmava que a AMACH e a comunidade poderiam ver o projeto, mas não modificá-lo, pois só em junho de 2004 as demandas tinham

sido explicitadas o que demandaria tempo impossível de execução para contemplar novas demandas.

Dentro do Comitê Gestor também foram tratadas outras questões referentes ao financiamento e às justificativas da escolha das casas por programa de financiamento. Na semana seguinte, em 06 de dezembro de 2004, a Caixa Econômica Federal comparece no Comitê Gestor para dar informações sobre o Programa de Subsídio Habitacional (PSH). Foi então explicitado que PSH contempla quem tem renda mensal de 150 a 780 reais. A Caixa Econômica Federal encontrou uma renda média familiar, na área da 7ª Etapa de R$150, 00 por família. Assim o PSH financia até R$ 1.800 reais do imóvel em um prazo máximo de 72 meses (seis anos), sendo que as parcelas correspondem a 20% da renda, no caso R$30,00. No total, os gastos para com a casa seriam divididos entre o valor deste subsídio (R$1.800,00), mais o subsídio do Governo Federal (R$6.000) e uma contrapartida do Governo do Estado da Bahia de R$20.200,00 por cada casa.

A escolha das casas por programa foi sempre questionada até os dias atuais de finalização desta pesquisa. As dúvidas e desconfianças quanto às justificativas dadas são paralelas à tristeza, revolta e incompreensão do porque, depois de tanta luta, ter ainda de sair da casa de origem o que acabou por afetar o sentimento das pessoas que permaneceram. A primeira justificativa argumentou que foi em função de adiantar para o PSH as casas que já estavam avançadas quanto a sua regularização jurídica (desapropriação e alienação em nome da CONDER). O governo, assim, argumentava que as pessoas, em sua grande maioria, não poderiam retornar para as suas casas de origem, pois elas seriam contempladas por outro programa habitacional, este dirigido para os funcionários públicos e que ela não teriam condições de pagar. Depois, foi apresentada uma segunda justificativa de que as diferenças no atendimento das casas por programa resultavam do Estado físico do imóvel no momento da contratação das obras. Quanto mais precário estivesse o imóvel, menos gastos para reforma e restauro, pois a estrutura seria toda destruída em vez de reformada internamente para construção de uma nova, contemplando então o programa habitacional popular em função do menor gasto. Se o imóvel estivesse em bom Estado interno, as obras teriam um gasto maior, pois seria necessário restaurar parte do imóvel, o que demandaria mais trabalho e recursos, sendo então estas casas direcionadas ao público com subsídio de maior valor.

Estas justificativas não eram acompanhadas por documentação comprobatória, nem licitações, nem relatórios de estudos feitos por técnicos e, desta forma, aumentaram os

questionamentos e desconfiança por parte da AMACH, do CEAS e da UEFS, como entidades da sociedade civil que compunham o Comitê Gestor. Para aumentar ainda mais este sentimento de desconfiança o mapa apresentado com a marcação das casas que seriam destinados aos funcionários públicos e moradores apresentava um grande número de moradias para o segundo grupo em locais mais próximos dos espaços já reformados nas etapas anteriores, perto do Terreiro de Jesus e da Praça da Sé, que, para o grupo que acompanhava a discussão em defesa dos moradores seriam os melhores locais e ainda, os mais habitados pelas famílias que permaneceram. A justificativa técnica não era compreendida pelo grupo da AMACH, CEAS e UEFS, que acreditavam que o Poder Público poderia estar negligenciando as informações e o diálogo.

Naquele momento, as revelações e desconfianças em torno das informações difundidas no Comitê Gestor marcavam a atmosfera interna do Comitê. Hannah Arendt, ao analisar o poder inerente à esfera pública considera a importância de um agir em consonância com. Ou seja, ele não pode ser armazenado e mantido em reserva para ser utilizado como instrumento de violência, em tempo adequado. Após toda a mobilização, a construção deste espaço de gestão, diante da impossibilidade da mudança os moradores se sentiam, outra vez, violentados, ao descobrirem que teriam que sair de suas casas de origem e que os argumentos do Poder Público não os convenciam. Neste sentido, a reversão e a alternativa à violência passaram pelo resgate e devolução do direito à palavra, pela oportunidade da expressão das necessidades e reivindicações dos sujeitos, pela criação de espaços coletivos de discussão, pela sadia busca do dissenso e da diferença. Mas não se pode esquecer que a realidade vivida pelas famílias representadas pela AMACH limitava-as em ter tempo e em poder decisório sobre todo o processo da 7ª Etapa, seja por suas condições econômicas, seja pela maneira com que foram formadas na sua educação formal e técnica.

Para Arendt:

O poder só é efetivado enquanto a palavra e o ato não se divorciam, quando as palavras não são vazias e os atos não são brutais, quando as palavras não são empregadas para velar intenções, mas para revelar realidades, e os atos não são usados para violar e destruir, mas para criar relações e novas realidades (1983: 212).

Parece-me que tanto aqui (espaço publico para pensar a urbe, o Centro Histórico em seus modelos e intervenções) quanto na polis grega o domínio da palavra, dos discursos e também do conhecimento era restrito a poucos. A linguagem e os termos utilizados, podem até chegar aos ouvidos de todos os presentes num mesmo momento, mas as condições

objetivas de compreensão e domínio técnico não chegam ao alcance interpretativo da maioria, o que explicita uma condição de subalternidade, ainda que protagonistas.

Com isso, H. Arendt tem que pagar o preço de: a) excluir da esfera política todos os elementos estratégicos, definindo-os como violência; (FREITAG E ROUANET, 2001: 110-111).

A saída das casas de origem e escolha de outra, diante de um embate desigual e com o Ministério Público cada vez mais afastado, acabou por ser digerida pela maioria dos moradores que, mesmo não aprovando a decisão, acabou por aceitar a relocação para outro endereço dentro da poligonal, restando, porém algumas famílias resistentes. Outras tiveram a sorte de ter suas casas contempladas pelo programa habitacional popular, sem precisar mudar de imóvel. Já estávamos no ano de 2005 quando se iniciaram os diálogos e apresentações dos projetos arquitetônicos das casas. Detalhar este momento, tamanha as singularidades do momento, demandaria um outro objeto de análise, pois ali estava definitivamente presente o arcabouço técnico a ser discutido com os moradores: arquitetura, restauração, engenharia, saneamento, estudos arqueológicos.

Mas antes da apresentação dos projetos arquitetônicos, o governo anunciou, em 15 de setembro de 2005, um novo programa de financiamento para contemplar as famílias, o PHIS – Programa de Habitação de Interesse Social, programa instituído pela então recém lançada Lei nº 11. 124, de 16 de junho de 2005, no governo Lula, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS. Dentre as argumentações e explicações dadas pelo órgão do Governo do Estado responsável pela proposta, a SEDUR, estava que valor máximo do Governo Federal para o subsídio do PSH estava em trono dos R$ 7.000,00 por casa, na época, e o Estado entraria com o restante, pensado em R$ 14.000,00. Mas os orçamentos da CONDER, apresentados nesta reunião, cada casa ficava em torno de R$ 48.000,00. Foi então imediatamente mandado ofício para o Ministério das Cidades com um plano de trabalho acordado com a Caixa Econômica Federal. Para os moradores, segundo informação dada, isto não mudaria nada, pois eles continuariam pagando o mesmo valor, cerca de R$ 30,00 por mês, e a mudança afetaria apenas o subsídio do Governo do Estado da Bahia, que iria aumentar. Desta forma o PHIS passou ser o programa oficial a serem contempladas as famílias moradoras do local e, em vez do PAR, os funcionários públicos seriam os contemplados pelo PROHABIT.

Na outra semana, então, houve uma reunião para apresentação das plantas das casas. Havia uma ansiedade por parte de todos para saberem onde e como iam morar. O conteúdo da

fala do responsável pelo programa Monumenta, foi desestimulante; ele afirmava estar com as plantas de 12 imóveis divididos em 52 apartamentos, mas, “achou desnecessário” apresentar os 12 imóveis para o Comitê Gestor, mostrando apenas a planta de uma delas. Segundo sua informação os imóveis estavam todos no mesmo nível de qualidade em relação aos dois programas habitacionais, e eles também já estavam prontos e aprovados pelo IPHAN. Quando uma das moradoras tentou questionar sobre possibilidade de mudança nos projetos das casas, afirmando que elas estavam pequenas, ele foi outra vez incisivo, e afirmou uma frase decisiva sobre a concepção desta participação: “Não vai ser a casa que vai se adaptar a Dona Maria, mas vai ser Dona Maria que vai ter que se adaptar às casas”. Outra vez ele recorreu ao imperativo do tempo, afirmando que modificar as plantas já aprovadas pelo IPHAN iria travar