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CAPÍTULO 4 – PARTICIPAR OU NÃO PARTICIPAR, EIS A QUESTÃO

4.1. A vida é uma luta: os desafios colocados para a participação popular, no

4.1.3 O tempo de participação

Diante dos limites e obstáculos para a participação popular no projeto da 7ª Etapa, encontramos um paradigma de análise mediador das relações contraditórias entre o fazer político e a reprodução da vida: o fator tempo. A compreensão do fator temporal tanto pelos propositores da intervenção, como pelos que são atingidos e sofrem as intervenções é de suma importância, pois os diferentes “tempos” desses atores na relação com o espaço aparecem como um dos obstáculos mais ressaltados no alcance desses objetivos dos diferentes atores e projetos, o que requer atenção especial. No caso estudado, a busca imediata pelos resultados da reforma pretendida (exemplo, a corrida protagonizada pela CONDER na negociação com os moradores em vista de desocupar os imóveis), o tempo do desembolso dos recursos pelos financiadores, o tempo dos mandatos políticos do governo ou a pressão resultante da necessidade de dar respostas à sociedade, acabou por dificultar o processo participativo mais representativo. Na contramão desses ritmos encontram-se os tempos dos moradores na difícil busca e entendimento das informações que circunscrevem o projeto, da sobrevivência, o tempo da mulher popular em politizar-se, para assumir o poder de fala, aquele necessário à construção e organização da AMACH, muitas vezes vistos como atrasados ou incontroláveis, acabavam por determinar ações ainda mais autoritárias e finalizadas, acirrando os conflitos.

Atualmente, o exercício da representação dos atores na esfera pública tem procurado trabalhar o elemento argumentativo e dialógico, como um possível promotor da comunicação entre os agentes, atores, na formulação e decisão política. Porém, as dificuldades e diferenças da construção dos argumentos sejam na fundamentação de informações, seu processamento e transmissão e recepção colocam novas dificuldades a uma prática participativa em tempo comum para os participantes. Um dos exemplos dessas desigualdades, na 7ª Etapa de Revitalização se materializa nas condições desiguais de domínio, ou falta, que os diferentes atores têm sobre as informações do projeto, de modo a poder competentemente apropriar-se do debate, situação que colocava o Governo sob a condição de poder de construção da proposta já formatada e que impunha sua execução, em confronto com um conjunto de cidadãos sem informação do âmbito pleno que implicavam essas decisões e vivendo nos limites da sobrevivência. Essa desigualdade quanto ao controle da informação demonstrava as

fragilidades e ambiguidades da luta dos moradores na sua relação com a ação de reforma e modificação da área.

A perspectiva restrita a uma visão técnica, que ronda o Projeto da 7ª Etapa de Revitalização, foi outro desafio para participação dos moradores, neste processo. Já de início, quando dos primeiros contatos com as informações oficiais do Projeto eram evidentes as dificuldades encontradas pelos moradores para entenderem, por exemplo, as terminologias técnicas usadas pelos técnicos do governo. O termo “poligonal da intervenção”, o traço do mapa onde seria implementada a revitalização, foi um dos grandes questionamentos e não entendimento por parte dos moradores. “O que é uma poligonal”17

, se tornava a questão central para o entendimento e a situação dos moradores, naquele momento, ainda em 2002. “Porque passaram uma reta na rua, a minha casa este dentro e a do meu vizinho não está?”. A “poligonal” era discutida sem nem mesmo os moradores terem acesso ao mapa, pois este ainda não tinha sido apresentado para eles. Eles apenas sabiam que a “poligonal” abrangia ruas da Ladeira da Praça até o Terreiro de Jesus e da rua São Francisco até a rua Saldanha da Gama, e assim as dúvidas aumentavam ainda mais quando percebiam que este traçado cortava algumas ruas em duas partes, contemplando reformas apenas em um dos lados. Desta forma o conhecimento técnico, o saber se portar e comportar nas reuniões públicas e nas audiências com as autoridades, o conhecer o Direito Constitucional, o projeto urbanístico, a função da sua participação política, foram sendo assimiladas de forma lenta por parte dos moradores.

Diante das características e perfil apresentado pelos moradores que se sentiram atingidos pela 7ª Etapa, uma população que vivia no limite da sobrevivência, alguns envolvidos com inúmeros problemas apresentados (como nível de formação muito baixa, renda reduzida, tendo à frente das famílias mulheres, e sendo estas, também, as principais agentes mobilizadoras na participação no projeto de intervenção), estas pessoas necessitavam de uma quantidade de tempo de longa duração, não mensurável, para que pudessem se envolver e protagonizar formas mais efetivas de participação política no projeto de revitalização da área. Este tempo seria destinado, e realmente concluímos que ele acabou por ser mesmo, à difícil tarefa de mobilizar pessoas que tinham inúmeras dificuldades em entender as informações, não dispunham de tempo e paciência para a construção das reuniões da AMACH, as quais, por muitas vezes, tinha sua pauta de discussão diária das questões que

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Poligonal é um conjunto de segmentos de reta consecutivos e não pertencentes a mesma reta e, no caso aqui estudado os traços das retas tiveram a função de envolver as ruas de implementação do projeto de revitalização como apresentado no capítulo introdutório desta dissertação.

envolviam o projeto da 7ª Etapa (direitos e leis, metas do projeto, construção de estratégias de participação, formulação de documentos de denúncias, construção do discurso a ser exposto na mídia) interrompida por brigas interpessoais, pessoas sob efeito de álcool, dúvidas recorrentes, ampla flutuação dos participantes, o que resultava em constantes retornos explicativos sobre todo processo para os novos presentes.

O exercício de regras democráticas de jogo é importante também porque não se adquire o hábito com facilidade. Democracia dá muito trabalho. Onde todo mundo quer opinar, comparecer, decidir junto, o que mais acontece é uma dificuldade enorme em gerir a balbúrdia... Facilmente emerge o cansaço e a decepção, até mesmo o reconhecimento afoito de que a democracia não leva a nada. Em certos casos, pode até sugerir a insinuação de que em termos autoritários as coisas andavam melhor, porque se decidia rápido, ou tudo já estava decidido (DEMO, 1988: 73)

Segundo Boaventura de Sousa Santos, os tempos atuais estão repletos de paradoxos, onde formas de viver diferentes, capitais, poderes, linguagens e técnicas influenciam diretamente o processo da participação popular. O autor percebe que os grupos mais vulneráveis socialmente não conseguem que os seus interesses sejam representados no sistema político com a mesma facilidade dos setores majoritários (2002: 54). A busca da participação, até porque ela não é dada, requer ainda tempo tanto para encontrar as informações consideradas “públicas”, muitas vezes só conseguidas por ações no Ministério Público, como para própria luta pela sobrevivência e construção da mobilização comunitária. A lentidão desta busca, até para fazer atingir a maioria envolvida, vai diretamente de encontro à velocidade do sistema capitalista e tecnocrata, exigentes de resultados rápidos.

Se partirmos da idéia de que o espaço de participação precisa ser conquistado, centímetro por centímetro, o que ocorre muitas vezes é que não podemos andar a metro, mesmo porque todos os processos participativos profundos são lentos (DEMO, 1988: 19)

Comumente ouve-se dos órgãos públicos que as intervenções têm um limite de tempo para serem efetuadas, sob o risco dos recursos voltarem aos órgãos financiadores, além do tempo do mandato de governo vigente (4 anos) que pode acabar por atropelar o processo. Dentro do campo das responsabilidades do governo na execução da intervenção da 7ª Etapa, existe ainda a necessidade de atender às pressões da sociedade em ver logo as obras prontas, uma expectativa que aumenta quando se trata dos centros urbanos onde o número de transeuntes e observadores comuns é maior que no restante da cidade. A relação simbólica criada com o patrimônio da humanidade, no caso de um “Centro Histórico”, aumenta ainda mais essa pressão em ver o “patrimônio” restaurado, a possibilidade de atrativo turístico e

imobiliário, creditando ao Poder Público, governo do Estado, o “pulso firme” no adiantar da intervenção.

Por parte do governo atuavam também as influencias dos prazos e tempos da máquina burocrática. Segundo o “Relatório síntese de andamento”, documento adquirido pela AMACH após intervenção e pedido do Ministério Público do Estado da Bahia, elaborado pelo Programa Monumento, responsável por gerir o projeto da 7ª Etapa, as sete metas elencadas teriam seus desembolsos financeiros no período entre 2001 a 2004 (MINISTÉRIO DA CULTURA E OUTROS, 2002: 08), com previsão de término de execução neste ultimo ano. Quando do inicio do diálogo participativo com a AMACH, podemos perceber, através de observação e presença direta, a preocupação que os técnicos do governo demonstravam diante da possibilidade de participação e diálogo com os moradores e com a AMACH vir a atrasar as obras e, com isto, inviabilizar o projeto de recuperação. A primeira apresentação oficial do Projeto de Revitalização da 7ª Etapa, para a AMACH, por parte da CONDER e do Programa Monumenta, ocorreu apenas em 28 de novembro de 2004, na sede deste órgão, no Centro Histórico, quando a associação via pressão jurídica conseguiu compor uma esfera pública de diálogo. Nesta reunião, o então coordenador do Programa expôs em parte esta preocupação relativa ao tempo de execução:

O programa era pra ter acabado em 2004 e até agora mal começamos. Vocês ganharam o direito de permanecer e participar, mas não há muito que intervir, a gente diz se a AMACH deve e como deve participar... Os recursos estão previstos para acabar em 2006 e o projeto está fechado, sendo inclusive aprovado pelo IPHAN. Modificá-lo e anulá-lo demandaria muito tempo, talvez 10 anos. (CEA, 2004)

As obras dentro do sítio histórico têm que obedecer aos padrões e referências exigidos pelo IPHAN, o que requereria mais tempo para iniciar a execução. Os técnicos e arqueólogos deste órgão, quando encontravam achados arqueológicos nas casas em obras paravam todo trabalho para a pesquisa e estudo dos sambaquis18. Também era necessário destinar um tempo para organizar as licitações e aprovar os contratos de trabalho, sendo que qualquer intervenção externa a este processo, uma ação dos moradores, por exemplo, atrasaria o tempo

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Sambaqui (do tupi tamba'kï; literalmente "monte de conchas"), também conhecidos como concheiros, casqueiros, berbigueiros ou até mesmo pelo termo em inglês shell-mountains, são depósitos construídos pelo homem constituídos por materiais orgânicos, calcários e que, empilhados ao longo do tempo vem sofrendo a ação de intempérie; acabaram por sofrer uma fossilização química, já que a chuva deforma as estruturas dos moluscos e dos ossos enterrados, difundindo o cálcio em toda a estrutura e petrificando os detritos e ossadas porventura ali existentes. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sambaqui)

reconhecidamente difícil do trâmite burocrático. Parecia ser necessário adiantar as ações para dar conta do programa de execução, sendo que a desapropriação dos imóveis estava como a primeira meta a ser cumprida. Lysiê Reis, analisando as primeiras etapas de intervenção neste sítio histórico também reconheceu essa dimensão do tempo como uma variável dificultadora da efetiva participação social nos projetos:

Percebe-se que a rapidez na aprovação dos projetos, na licitação das obras, na aprovação das linhas de financiamento e na disponibilização dos custos alocados foi uma estratégia que impediu que se instaurasse uma discussão entre as demais instâncias do Poder Público e que vozes contrárias a essa operação tivessem força ou possibilidade de organização das obras. (REIS, 1998: 85)

O tempo das pessoas e famílias envolvidas na intervenção parecia vir na contramão do processo de gestão e dos imperativos técnicos e de governo. O tempo confrontava com a luta pela sobrevivência, no biscate, no trabalho, no cuidado para com a casa, nas drogas, nos bares, na divisão entre o trabalho da AMACH e a dinâmica da construção da vida a privada, trazidos pelos exemplos de vida das mulheres que protagonizavam a busca por esta participação. Paralelo a esses imperativos vem o atendimento das questões emergenciais e imediatas e o projeto de construção de uma pedagogia, organização e mobilização da luta que remete a uma possível vitória, em longo prazo. Esse primeiro constrangimento predominou no momento inicial do anúncio de implantação da 7ª Etapa, expressa no número dos moradores que aceitaram o auxílio-relocação. Já naquele momento era comum ouvir das pessoas o sentimento desânimo e “perda de tempo” em relação à efetividade dessa participação em uma associação de moradores que não traria de imediato o que suas vidas demandavam: segurança, dinheiro e garantia de uma moradia (casa).

Diante da pressão do tempo as condições físicas dos imóveis habitados e, consequentemente, os riscos iminentes de desabamentos com as famílias dentro se tornaram elementos que contribuíam para aumentar a sensação do risco e acelerar o processo de retirada das pessoas. A situação de algumas moradias era de extremo risco e, segundo os diversos relatos acompanhados no trabalho de acompanhamento junto aos moradores, a preocupação sentida era o trincar das paredes: ao ouvir o barulho já comum aos moradores antes dos desabamentos, o que, muitas vezes, influenciava na decisão deles de deixar o imóvel e aceitar auxílio-relocação antes que não desse tempo de salvar a família de um acidente, mesmo com resistência de algumas pessoas e famílias:

Com as lembranças vivas na memória, Ana Paula diz que não consegue dormir desde aquela noite. “tenho medo que o casarão caia em cima de mim

e dos meus filhos”... Construído em 1918, o casarão onde mora apresenta deformidades provocadas pelo tempo e falta de manutenção. O Prédio está em ruínas. O reboco se desprendeu em vários pontos. As paredes sujas e fétidas estão caindo aos pedaços... Tão frágil que, a cada passo o chão balança como sinalizar a iminente queda... “Não tenho pra onde ir. Não posso pegar o auxílio... e depois não ter mais como pagar o aluguel... tem dias que agente nem tem o que dar pras crianças comer, como vou sair daqui pra morar de aluguel: (CASTRO, 2004: 9)

A casa de número 10 da Rua 28 de Setembro... é o que se poderia chamar de um zoológico do horror. Os ratos dividem a sala com ele e os piolhos de cobra já picaram sua mulher. Na semana passada uma parede do andar superior caiu e ontem a água invadiu a casa. Sair, ele bate pé firme e diz: “Se sair o governo não deixa eu voltar... Como é que vou viver na rua com R$ 2 mil. Vou viver de favor e quando acabar o dinheiro vou ficar na porta da igreja. Fico aqui mesmo”. (CASTRO, 2004a: 3)

O “tempo de sobreviver” agora estava diante de uma possibilidade de construção de uma participação na 7ª Etapa. Para tanto, era necessário dedicar mais tempo, este agora para a organização da AMACH e construção do “poder de voz” dos moradores. Nos anos iniciais da intervenção as mulheres, que já se constituíam em maioria na organização da AMACH, tentavam encontrar um tempo para a associação, para dedicar-se à construção de uma “luta coletiva”, a “luta da comunidade”. Dentro deste âmbito de interlocução e embate que começavam a serem criadas as desigualdades entre as partes envolvidas começavam a definir uma “distinção” e hierarquia entre os atores determinada, seja pela posse e busca da informação ou pelo poder de construção de uma ação dialogada.

Segundo Arendt esta distinção singular vem à tona no discurso e na ação, onde os homens se manifestam uns com os outros (ARENDT, 1983: 189). O governo impunha uma pressão ao tempo de execução e a seus técnicos, com o controle das informações e dados em mãos, e se viam muitas vezes diante de uma difícil realidade de dialogar com um grupo sem informações e, ainda, tendo que assumir os prazos e cumprir as metas físicas e financeiras do programa. Desta maneira, mais do que provocar o debate e a participação, o governo apenas apresentava suas proposições prontas nas esferas públicas de discussão constituídas no debate através da imprensa, das assembléias e fóruns criados. Os distintos referenciais da discussão confrontavam as propostas e pareciam inviabilizar a intervenção o que acabava por colocar o governo diante de uma situação difícil de ver recursos parados e obras inacabadas e dos moradores angustiados se verem prestes a serem colocados para fora de casa ou verem elas ruírem em suas cabeças.

O que inviabiliza o processo discursivo, nessa concepção, é o fato de vários pontos de vista serem bastante diversos para permitirem que as doutrinas

sirvam de base para um acordo político razoável e duradouro, isto descarta a possibilidade de consensos (VALLADARES, 2006: 27)

A AMACH, naquele momento (2002-2003), priorizou a busca das informações "ditas públicas". Para o alcance deste objetivo foi necessária a construção de um diálogo com o Ministério Público, para que este garantisse aos afetados o acesso às informações oficiais. O caminho para se chegar até o Ministério Público passou por diversas reuniões entre os assessores e moradores organizados, na construção de como deveria ser o diálogo com o promotor responsável pela Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania, junto às advogadas voluntárias, a articulação com parlamentares, principalmente o Dep. Zilton Rocha, as denúncias na mídia e os convites para que a sociedade civil encampasse o pedido de intervenção do Ministério Público nesse projeto. Na prática as ações de mobilização, socialização das informações e construção de uma voz coletiva passavam, principalmente, por um trabalho constante de visitas a todas as famílias, realizadas pelos principais envolvidos na AMACH e o “grupo dos amigos”.

Acredita-se que na formação do grupo, mesmo que pequeno, a construção da sua prática, do poder de reflexão e elaboração crítica ao projeto se deu de forma processual e lenta, sendo que esta dinâmica permitia o entendimento apenas a um número restrito de moradores. Segundo Débora Nunes é justamente este tempo vivido numa prática de longa duração que faz com que as pessoas dos bairros populares da sua pesquisa se formem num processo participativo:

A longa duração do processo participativo de discussão e de negociações de urbanismo favorece a assimilação, pelos moradores de bairro, dos dados, dos mapas, das lógicas e dinâmicas urbanas, etc. O caráter concreto dessas questões e a longa duração do processo podem tornar compreensíveis aos habitantes os desafios do urbanismo, sobretudo se existir interesse dos dirigentes da experiência neste sentido (NUNES, 2006: 12)

Como de início não havia o interesse do governo em um diálogo participativo com os cidadãos afetados, assim, este caminho considerado formativo tinha no seu primeiro estágio a meta de conseguir encontrar, conhecer, as informações principais, compreendê-las e constituir espaços que pudessem favorecer um possível diálogo. A construção desses processos de troca e discussão (a ação discursiva), requeria tempo para uma apropriação das informações, sua interpretação, reconstrução e articulação das palavras no âmbito coletivo. Constituir o chamado “poder de voz” não é um processo fácil e, mesmo as lideranças populares, pessoas que acabam se formando durante um longo tempo de construção da sua pessoa dentro de uma organização, movimento social ou luta popular, apresentam diversas dificuldades para

elaborar sua participação e constituir o seu “poder de fala”. Os parceiros, “amigos”, assessorias ao grupo dos moradores, têm, neste processo, papel fundamental de tentar encontrar ao máximo caminhos curtos para o alcance desta meta de permitir a esses moradores afetados fazer-se ouvir. Porém, para estes também esta tarefa demandava tempo e esforço na busca das informações, entendê-la e “traduzi-las” numa linguagem acessível, concomitante à dinâmica de um conflito gerado pela intervenção e que já se encontrava avançado.

Dentro das estratégias pensadas pela AMACH, moradores e “amigos”, estava a possibilidade de “parar o tempo” do Projeto em sua execução para início de um diálogo. Para tanto era necessário a construção de caminhos diversos que resultasse na chegada, ou constituição, de um espaço público de debate onde, principalmente, os moradores pudessem ter poder de voz. O Ministério Público, neste sentido, teve papel muito importante diante deste embate entre posições diversas, vontades, tempos e possibilidades para com a intervenção da 7ª Etapa. Naquele momento, parecia ser um aliado forte para barrar a execução até que as pessoas realmente pudessem expressar suas vontades. Desta forma, para participar do processo os moradores tiveram que construir junto ao promotor responsável uma Ação Civil Pública (nº. 38.148-7, 2002) para diminuir a velocidade com que o projeto estava sendo