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Conforme evidenciamos, as grandes empresas transnacionais representam o principal agente propulsor, e por isso vitorioso, da economia capitalista mundializada; condição alcançada mediante a concretização das políticas neoliberais, orquestradas sob a batuta dos EUA nas últimas duas décadas. Vimos também que a propagação do predomínio das transnacionais, conseqüentemente, a manutenção do modelo político-econômico regido pelo neoliberalismo dependem, excessivamente, da utilização e do aperfeiçoamento tecnológicos, que passa a ser fonte permanente de investimentos nessas empresas. Esta ênfase na área de P&D das empresas de ponta é amplamente potencializada pela formação do modelo de rede que, através da

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As barreiras entre as funções públicas e privadas encontram-se embaralhadas, no que concerne à questão do fomento das infra-estruturas de base dentro do espaço nacional, com uma clara vantagem para o setor privado. No caso específico do Brasil, em outubro de 2003, o governo divulgou uma proposta de "Parceria Público-Privado – PPP" na qual foi apresentada a disposição do Estado em oferecer garantias nunca vistas ao setor privado com o intuito de possibilitar investimentos em projetos sem retorno econômico de curto prazo. No dia da divulgação da proposta, o Ministro do Planejamento, Guido Mantega, anunciou tais projetos como "estruturantes", isto é, "essenciais para o crescimento econômico do país". O modelo "PPP", assim, seria uma "estratégia alternativa à pouca disponibilidade de recursos públicos para investimentos".

Sendo assim, o setor público passará a arcar com uma parcela maior dos eventuais problemas econômicos dos projetos, ou seja, os subsídios públicos agora se direcionam antes para o setor privado, que passa a ter papel- chave na efetiva construção e manutenção da infra-estrutura produtiva do país.

constituição telemática de seus fluxos de informação (formal, informal, externo, interno), garantem sua situação de centralidade justamente pelo poder descentralizador das redes.

Nesse contexto, as redes de informação intra e intergrupos adquirem uma importância fundamental, o que acabou por redefinir os "recursos de comunicação e informação como algo mercantilizável", alterando "não apenas os termos (de serviço público para propriedade privada), mas também o terreno da decisão política" em nível mundial (MAHONEY,

1997, p. 33). Sob uma perspectiva internacional, pois, as privatizações das telecomunicações assistidas nos últimos anos nada mais foram do que um movimento de "apropriação pelo capital da mais nova ferramenta necessária ao seu desenvolvimento", visando otimizar sua afluência transnacional pelo mundo afora (VASCONCELOS, 1999, p. 96).

Todavia, para que isto pudesse ocorrer, foi preciso desenhar uma nova estrutura de poder, no âmbito das relações internacionais entre os países ricos e os países dependentes, de modo a se cavar as condições necessárias à construção global dessa nova infra- estrutura teleinformática. Arquitetura esta imprescindível à confirmação do poder das grandes corporações transnacionais na economia mundial as quais, juntamente com as grandes instituições financeiras multilaterais (FMI, BID, Banco Mundial etc.), asseguram o agora poder dos EUA sobre "o 'conhecimento', as comunicações, as finanças, e a área militar" de todo o planeta (HILLS, 1997, p. 20).

Como vimos, a disseminação e imposição das políticas neoliberais foram um estratagema decisivo para se criar as duas grandes condições fundamentais para compor essa nova hierarquia internacional, no que diz respeito aos países dependentes. A primeira delas, já discutida, foi a promoção de uma desregulamentação dos mecanismos jurídicos e legislativos, próprios de cada país, para facultar a desestatização de seus respectivos setores de telecomunicações. A segunda condição essencial para ratificar o poder do grande capital transnacional e seu braço americano no Terceiro Mundo, aliás estreitamente relacionada com a primeira, foi propelir a modernização das redes de telecomunicações nesses países. Os antigos modelos político-econômicos desses países, a maioria norteada para o mercado interno, criou uma situação que representava um grave impeditivo para a estruturação das redes telemáticas dentro dos propósitos da integração centralizadora, condição sine qua non para a operacionalização ótima das empresas transnacionais nos países subdesenvolvidos.

Dada que esta recente reestruturação econômica do capitalismo, determinou um novo tipo de dependência dos países tecnológica e economicamente atrasados – caracterizada pela instabilidade dos investimentos estrangeiros e financeiros oriundos, ademais, do próprio capital transnacional – estes tiveram de submeter e adaptar suas economias de modo a tornarem-se atrativas ao mercado mundial13. Esta subordinação foi bastante evidente sobretudo na América Latina, cujos Estados detinham o monopólio do setor de telecomunicações desde a implementação das políticas de substituição de importações no final da Segunda Guerra Mundial (Cf. WOHLERS, 1999). Vale lembrar que a monopolização das teles nos países latino-americanos

foi uma resposta ao relapso das multinacionais que tradicionalmente dominavam o setor a partir de concessões do governo infundidas sob o modelo político "primário-exportador", que vigorou neste continente até os anos de 1940. A ênfase extrativista desse modelo deixava a cargo das grandes operadoras estrangeiras os investimentos necessários para a construção dos troncos de telecomunicação dos países em que aportavam.

Como era de se esperar, essas empresas privilegiaram os interesses "do núcleo dinâmico exportador dessas economias" em detrimento da construção de uma rede de comunicação integradora dos territórios nacionais (WOHLERS, 1999, p. 47). O resultado disso denotou a oferta de serviços de baixa qualidade à população que podia pagar, a completa falta de atendimento para as áreas periféricas, bem como a constituição de uma rede fragmentada, com pouco poder de integralização das plantas em nível nacional; salvo aquelas regiões em que se concentravam as exportações. A situação precária deixada pelo "modelo primário-exportador" gerou um retarde no campo das tecnologias de telecomunicações dos países latino-americanos do qual nenhum deles jamais conseguiu sair. Essa precariedade persistiu mesmo quando esses países adotaram o "modelo de substituição de importações" e monopolizaram o setor para promover sua modernização com o escopo de oferecer melhores condições para a organização de um complexo industrial nacional.

Portanto, quando buscou inserir o mercado latino americano nos termos da acumulação flexível, o grande capital transnacional se deparou com uma infra-estrutura de

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No que se refere ao Brasil, o setor de telecomunicações foi considerado "a jóia da coroa das privatizações". De 1998 – ano em que começaram as privatizações das nossas teles – até 2002, "o interesse pelo mercado brasileiro trouxe ao país U$ 25,4 bilhões em investimentos estrangeiros diretos no setor"; o que denota muito claramente a configuração dessa nova relação de dependência por aqui. (CF. FOLHA DE S. PAULO, 22/09/2002, p. B 6)

telecomunicações inadequada para ta propósito (Cf. DANTAS, 1996). O caminho mais rápido, eficaz e seguro para suprir esse gap tecnológico que obstruía a inserção das transnacionais, e do conseqüente "poder relacional" americano, na América Latina foi o das privatizações. Somente assim as redes de telecomunicações poderiam ser conformadas em concordância com o modelo de empresa-rede, sem correr o risco destas se desviarem de sua finalidade primordial, qual seja, servir à dinâmica da transnacionalização do capital. É assim que, de um modo geral:

Fica explicitada a privatização e a quebra dos monopólios nesses países como uma resposta nacional à globalização submissa, por sua vez, a pressões externas, saídas ortodoxas à crise de endividamento externo e à falta de capacidade de universalizar o serviço, dados os crescentes custos de P&D, bem como o montante de investimentos necessários a essa universalização. A via da privatização, entretanto, demonstra que, apesar de muitos ganharem com o processo, a universalização do serviço sai da pauta das novas companhias privatizadas, substituída por prioridades de melhor atendimento aos grandes consumidores multinacionais, muito mais lucrativas, e que os serviços básicos, bem como a política tarifária, de forma geral, serão muito prejudicados.14 (VASCONCELOS, 1999, p. 96 – grifos próprios)

No que se refere ao Brasil, particularmente, esta antiga conjuntura ainda era marcada pelas políticas protecionistas e integrativas procedentes do período militar. Políticas que, no setor de telecomunicações especificamente, vieram para se contrapor à situação política- econômica herdadada do chamado período desenvolvimentista-industrialista (BRANDÃO, 1996).

Orientado para uma política de substituição de importações, tal fase marca um novo tipo de dependência do nosso país com relação ao capital estrangeiro: a dependência tecnológica. No lugar de bens de consumo industrializados, o Brasil passava agora a importar bens de capital. Esta medida visava tirar o país da crise mundial que consternava o mundo desde o término da

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O Brasil demonstrou o estado precário com que a Telefônica e a Telemar – as operadoras responsáveis pelo setor de telecomunicações das duas regiões economicamente mais desenvolvidas do país, respectivamente, São Paulo e Rio de Janeiro – mantiveram a população de baixa renda de suas áreas de concessão. Esta precariedade é revelada a partir de várias denúncias, registradas nos Juizados Especiais Cíveis (os chamados tribunais de pequenas causas) das áreas carentes destas regiões, relativas à inoperância do sistema de telefonia local. As principais reclamações referem-se ao não cumprimento do prazo de instalação, cobrança antecipada da taxa de habilitação sem sua posterior efetivação, problemas de recepção e telefones mudos. Houve também um grande número de fechamento dos postos de atendimento dessas empresas na periferia, o que acabou por dificultar a comunicação da população com as mesmas, agravando ainda mais, tanto a ineficiência do serviço, como a insatisfação desses usuários. Além disso, o fechamento dos postos de atendimento denota a forma seletiva pela qual essas empresas tratam seus mercados.

Segunda Grande Guerra e que abalara nossa economia até então predominantemente agrária, pelo atendimento da demanda de um mercado nacional em franca expansão.

Promover uma rápida industrialização era a estratégia-chave para se concretizar tal plano. Isto foi realizado através de uma intensa abertura da nossa economia ao capital estrangeiro e, por conseqüência, às custas de uma cooptação das empresas nacionais às grandes corporações multinacionais, detentoras dos modernos equipamentos requeridos para uma produção em massa. Quanto às matrizes internacionais, viram neste ajuste uma ótima oportunidade de aumentar seus proventos na medida em que podiam simultaneamente livrar-se de tecnologias ultrapassadas e ainda lucrar com isto.

Extremamente atrelado às determinações tecnológicas do capital estrangeiro, o antigo modelo político-econômico colocou o sistema de telecomunicações do país nas mãos de quase novecentas operadoras estrangeiras (Cf. LEAL, 1999). Essa profusão de empresas acabou

por deixar incompatível o conjunto técnico da rede básica interna, além de legar uma completa ausência de regulamentação e diretivas governamentais voltadas para o desenvolvimento de uma malha nacional de comunicação integralizada. Só para se ter uma idéia dos efeitos desSa política sobre a densidade telefônica do país, até 1964 a proporção era de um telefone por cem habitantes, que, de resto, devido à incompatibilidade técnica, enfrentavam enormes empecilhos para se interconectarem em nível interurbano e interestadual (BRANDÃO, 1996).

Assim, apesar de todo um discurso de ruptura com o antigo modelo primário- exportador, essa inexistência de um projeto nacional para as telecomunicações representava, na verdade, nada mais que o aprofundamento das políticas públicas próprias daquele modelo, pelo menos no que concerne àquelas voltadas para as "infra-estruturas de transporte da informação" (DANTAS, 1996, p. 41). Desde os primórdios da história de nossos meios de comunicação, estas sempre estiveram voltadas, primeiramente, para asseverar a inclusão do país no mercado externo e, de sorte, fornecer "redes telegráficas ou telefônicas para as classes ricas e remediadas" (DANTAS, 1996, p. 41). Como destaca Dantas, a "proto-história das telecomunicações no Brasil"

revela um panorama em que:

[...] para a nossa economia exportadora era mais decisivo comunicar-se com as capitais do mundo do que com a periferia pobre e atrasada do Brasil. Além do mais, nosso país estava inteiramente à mercê de decisões políticas e

empresariais tomadas no exterior, sobre as quais [o Estado] não tinha qualquer ingerência. (DANTAS, 1996, p. 45)

Com a chegada do regime militar e a proeminência do discurso da segurança nacional forjado para legitimá-lo, esta situação começa a mudar radicalmente (Cf. BRANDÃO, 1996). Uma nova concepção de telecomunicações começa a se delinear: de um meio de conexão do país com o mundo industrializado, as telecomunicações passam a ser compreendidas como um recurso de integração e defesa nacional. Com a criação do Código Brasileiro de Telecomunicações – CBT em 1962, já sob a influência política dos militares, adiantou-se um importante passo no sentido de estruturar uma administração pátria centralizada para nosso setor de telecomunicações. Esse documento determinou uma considerável reforma legislativa com o intuito de constituir uma gestão pública para o setor. Posteriormente, essa reforma se concretizaria na criação da Embratel, em 1965, instituição que ficou responsável pela implementação e operação da telefonia interurbana e internacional no país (Cf. LEAL, 1999).

Pode-se dizer, pois, que 1964 foi um divisor de águas para o setor de telecomunicações brasileiro. Este novo enfoque foi consolidado na Constituição de 1967 que, mediante a fundação do Ministério das Comunicações – MINICOM, efetivou a política de centralização para o setor ao transferir para as mãos da federação a administração das redes estaduais e municipais. Implícita a essa mudança, também estava a urgente necessidade de estandardizar nosso sistema de comutação em nível nacional, já dentro dos padrões de evolução do analógico para o digital. Tendência que já estava na ordem do dia no plano internacional e que poderia seguir o mesmo percurso desordenado, ineficiente e custoso do modelo de substituições de importação, caso tal conversão tecnológica não fosse realizada de forma homogênea. Algo que, no entender do governo da época, somente poderia ser viabilizado mediante um poder firme e aglutinador exercido pelo Estado (Cf. BRANDÃO, 1996).

Outro passo terminante para a sedimentação do setor de telecomunicações, desde uma perspectiva militar, foi a instituição da Telebrás –Telecomunicações Brasileiras S.A.. Inaugurada em 1972, e incorporando a Embratel, a Telebrás representou a estabilização de uma estrutura administrativa dos serviços de telecomunicações em nível nacional. Este órgão interligou todos os estados da União sob o governo federal através da criação de 27 holdings –

uma para cada estado – firmemente comprometidas com suas diretrizes político-administrativas para o setor. Para tanto, substituiu o sistema de autarquia até então vigente, que colocava nas mãos das prefeituras a gestão dos serviços de telecomunicações dos municípios (CF. LEAL, 1999). Foi justamente a conformação autárquica que, pela sua característica autonomia, havia causado as divergências tecnológicas entre as redes das diversas regiões do país. Com isso, nosso setor de telecomunicações é finalmente15 alçado à categoria de Setor Produtivo Estatal – SPE, sendo o derradeiro incorporado no âmbito do Estado Restrito brasileiro16 (Cf.. BRANDÃO,

1996).

Foi assim que o período militar impulsionou, de uma forma relativamente bem sucedida, a expansão e modernização das telecomunicações no e do Brasil. No entanto, como nos alerta Dantas, não se pode esquecer o fato de que:

No Brasil, como nos demais países do Terceiro Mundo, dependente das estratégias industriais e financeiras de corporações empresariais estrangeiras, e dos planos e objetivos dos países centrais, as telecomunicações foram lançadas num enorme atraso relativo, do qual nunca nos recuperamos, apesar do grande esforço desenvolvimentista realizado a partir de 1965 pelo regime militar. (DANTAS, 1996, p. 46)

Nos idos de 1980, essas estratégias começaram a enfrentar sérios obstáculos. Nessa década, o padrão de desenvolvimento que havia sustentado o país durante todo o regime militar foi, paulatina mas categoricamente, se esgotando. Situação tanto mais agravada pelas turbulências relativas ao período de transição política que enfrentávamos com a saída dos militares do poder. O agente motor dessa mudança na nossa economia foi a maxidesvalorização da moeda brasileira (na época o cruzeiro) em relação ao dólar, no final de 1979, o que levou a um grave endividamento das empresas estatais. Tal endividamento tornou-se tanto mais problemático ao ser indexado ao dólar, medida que instaurou um quadro altamente inflacionário no país. Para tentar amenizar este quadro, bem como reabilitar as finanças das suas estatais, o governo direcionou seus esforços para a captação de recursos estrangeiros através do aumento

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Finalmente, pelo fato de o Brasil ter sido o último país na América Latina a instituir seu setor de teles dessa forma. 16

das taxas de juros e, adicionalmente, à disposição de títulos da dívida pública interna ao capital privado. Conforme verifica Brandão (1996), nesse ambiente:

A grande empresa privada de posse de um enorme estoque de títulos públicos, credora dos bancos, que por sua vez são credores do Estado, exercita sua hegemônica capacidade de gerar, por atos, ameaças ou omissões, ondas de instabilidade: trava exportações a espera de correções cambiais; ameaça com a fuga dos títulos e extravasa sua preferência pela liquidez. (BRANDÃO, 1996, p. 119)

Logo, instala-se no país uma extraordinária ciranda financeira que gerou uma tamanha vulnerabilidade no espaço das economias nacionais a ponto de mudar o papel do Estado. De grande "força estruturante" do desenvolvimento do país, este se transformou em "mutuário final que arcou com todo o ônus e os riscos do ajustamento do setor privado na 'década perdida'", tornando-se desse modo "refém do setor privado líquido" (BRANDÃO, 1996,

pp. 115-117). Em vista disso, começa-se a assistir a conformação de um discurso político de rechaço à capacidade do Estado de gerir as finanças e o sistema produtivo nacionais que, cerca de uma década mais tarde, culminará como a grande justificativa para a implementação do neoliberalismo no Brasil. Foi este o começo da predominância do capital financeiro no país, a qual veio a ensejar aquilo que Brandão (1996, p. 36) chamou de uma "dimensão etérea" ao nosso setor de telecomunicações. Ou seja, o malogro do projeto militar e a conseqüente "dominância da dimensão financeira do capital exigiu a ubiqüidade dos meios de comunicação" que passam a servir como um meio de transporte de informações relativas às operações e aplicações do efervescente mercado financeiro (BRANDÃO 1996, p. 145).

Desse modo, de 1985 à 1987, o Brasil passa por um intenso processo de digitalização das nossas plantas de telefonia que foi decisivo para conformar o emprego de nossas telecomunicações a serviço da "gestão informatizada da riqueza" (BRANDÃO, 1996, p. 157 e ss). Não obstante, conforme nota Brandão (1996), apesar de todo esforço da política militar para o setor, a situação da infra-estrutura de telecomunicações no Brasil até a década de 1990 ainda não se adequava aos novos padrões de acumulação do capital. Assim, adicionalmente à própria ciranda financeira que se estabeleceu por aqui, em decorrência da falência do projeto político dos militares, esta precariedade também representava um empecilho intransponível para

a efetivação de uma malha viária. Sendo esta atrativa para a instalação das grandes transnacionais no país, bem como para a operação ótima da "gestão informatizada da riqueza" financeira que essas trazem a seu reboque. Esse novo sentido das telecomunicações, tornou ainda mais premente a necessidade de perfazer a modernização de nossas redes de acordo com os padrões da tecnologia digital17, já em pleno vigor no cenário internacional.

Para além da "grande demanda reprimida, a deterioração do tráfego com o aumento do congestionamento e a baixa qualidade e taxa de penetração do serviço urbano básico" e, ainda, a necessidade de se promover a fundamental "urbanização do campo", somente possível via sua inclusão nas redes de telefonia, o que levou o Brasil à busca de uma modernização que desembocou na privatização do setor, foi a necessidade de se firmar como uma "matriz de fluxos de informações"18 dessas empresas. Essa foi a única maneira do país tornar-se atraente ao capital estrangeiro e, assim, poder assegurar, ainda que de uma forma subordinada, um lugar ao sol na nova lógica econômica mundial (Cf. BRANDÃO, 1996, pp. 204-

207).

Configura-se, dessa forma, o começo da inserção do Brasil dentro dos moldes da mundialização do capital, que vai desembocar na utilização telemática das telecomunicações, como fator de integração do capital nacional entre si e com o resto do mundo. O caminho para a futura adoção das políticas neoliberais no país para este setor estava definitivamente aberto19.

A Revisão Constitucional de 1988 assinala esta guinada. Nas negociações