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O Comércio Internacional, as Patentes e o desenvolvimento econômico do Brasil.

PARTE II – PATENTES E O FOMENTO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE PAÍSES EM

7. O QUADRO JURÍDICO DA PROTEÇÃO PATENTÁRIA NO BRASIL E SEUS REFLEXOS NA ECONOMIA.

7.2 O Brasil e as patentes

7.2.2 O Comércio Internacional, as Patentes e o desenvolvimento econômico do Brasil.

O impacto da liberalização do comércio foi significativo, tanto no que diz respeito à integração do país à economia mundial quanto no que diz respeito ao incentivo que isso representou para a modernização tecnológica e o incremento da produtividade. No caso do Brasil, a adoção do livre cambismo não foi salutar. As dimensões do seu mercado interno e da sua economia industrial tornam evidentes os riscos associados ao livre cambismo. A teoria do desenvolvimento, que fundamentou o

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VANDERAA, Heloise. Proteção da propriedade intelectual: Implicação econômica no centro das preocupações dos países da América Latina. Doc.cit, p. 344.

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BARBOSA, Denis Borges. Uma introdução à propriedade intelectual. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris LTDA, p.35.

modelo de substituição de importações, amplamente utilizada pelo Brasil em sua fase de industrialização inicial, não foi abandonada, mas apenas adaptada às condições econômicas e políticas geradas pela globalização devido à ideologia adotada pelo governo brasileiro.

O Brasil considerou prejudicial adotar uma política de pleno livre comércio, ao adotar uma ideologia abarcada pelas teorias desenvolvimentistas. Contudo, não observou que mesmo a proteção irrestrita à economia nacional é prejudicial. O argumento de proteção de indústria nascente, amplamente utilizado pelas economias emergentes, tem sua justificativa, mas este argumento é utilizado de forma irrestrita, como forma de defesa de produtores nacionais ineficientes.

Como exemplos da adoção de políticas protecionistas na economia brasileira, têm-se os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND, após o primeiro choque do petróleo em 1973. O transtorno das contas externas verificado no ano de 1974 surgiu como resultado do crescimento explosivo do valor das importações, gerando um desarranjo de grande magnitude nas contas externas390.

Nesse caso, o governo tinha duas opções: financiamento ou ajustamento. Preferiu optar pela segunda opção, preferindo o crescimento-com- endividamento. O fato de que o governo negou-se a frear o crescimento da economia é indubitável. Também é verdade que para cobrir a diferença entre dispêndio interno e a produção nacional, na conjuntura imediatamente pós-choque do petróleo, o país foi levado a tomar vultosos empréstimos por meio de captação de poupança externa. O governo adotou a alternativa de ganhar tempo para realizar um aumento e uma reestruturação de oferta, realizando reajuste de preços relativos mais lentamente. Continuar a crescer, com o apoio de financiamento externo. Atuar para diversificar a estrutura produtiva, substituir importações, particularmente de bens intermediários, e expandir as exportações.

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CASTRO, Antonio Barros de, e F. E. Pires de Souza. Cap. “1–Ajustamento x Transformação. A Economia Brasileira de 1974 a 1984”, p.13-82, da edição de A Economia Brasileira em Marcha

Porém, os resultados foram mais lentos que o esperado, e com erros de política de curto prazo, que contribuíram para as crises do fim da década de 70. Entretanto executou-se uma importante experiência de planejamento: o II PND instituído em 1974391. Tal plano requeira a presença ativa do Estado e concebia o Brasil como um país em processo de desenvolvimento. Encontrava-se em curso, em 1974, um volume sem precedentes de investimentos, destinado a substituir as importações e abrir novas frentes de exportação, modificando a estrutura produtiva.

No ano de 1977, como reflexo do rígido controle das importações, da queda do ritmo de crescimento da economia e da evolução excepcionalmente favorável dos termos de intercâmbio, foi momentaneamente atingida uma situação de equilíbrio das transações comerciais. Dois anos após com os principais programas e projetos oriundos do II PND ainda em pleno andamento, o país foi alcançado pelo segundo choque do petróleo. Outras adversidades viriam a se somar: a longa recessão dos países industrializados e o colapso do sistema internacional de crédito privado392.

Na década de 80 o Brasil teve que enfrentar um penoso processo de ajustamento como resposta à grave crise cambial observada no início da década. Contraiu-se a absorção interna de bens e serviços e expandiram-se as exportações, ao mesmo tempo em que se conseguiu uma redução surpreendente do coeficiente de importações da economia brasileira. Porém, o peso do ajustamento externo recaiu basicamente sobre o setor público, o que só pôde ser feito à custa de uma total desarticulação das funções que vinham sendo por ele desempenhadas, especialmente como um tradicional e importante gerador de poupança para financiamento do esforço de acumulação de capital da economia393.

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CASTRO, Antonio Barros de, e F. E. Pires de Souza. Cap. “1–Ajustamento x Transformação. A Economia Brasileira de 1974 a 1984”, p.13-82, da edição de A Economia Brasileira em Marcha

Forçada. Op.cit.,p.30-3.

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Idem.Ibidem. p.44. 393

WERNECK, Rogério. “Poupança Estatal, Dívida Externa e Crise Financeira no Setor Público”.

Com relação à dívida externa brasileira, esta se acumulou ao longo do período principalmente por causa da deterioração das relações da troca, dos choques de juros e da recessão mundial. Em suma, de 1974 a 1978394, está-se diante de uma economia que decidiu não provocar uma recessão como meio de lidar com a adversidade externa. Em conseqüência dos esforços do governo com relação ao II PND, a dívida externa se acumulou e os problemas foram essencialmente adiados para o futuro.

Como resultado do conjunto de programas integrantes da opção de 74, a capacidade de produção de petróleo e eletricidade, de insumos básicos, e de bens de capital foi, drasticamente ampliada. Coaduna-se ao anterior o fato de que a indústria de bens duráveis de consumo parece ter atingido plenas condições de acesso ao mercado internacional. A economia tem então, um avantajado núcleo (energia, metalurgia, química e bens de capital) que, por sua versatilidade, pode, em princípio, ser posto a serviço de diferentes estratégias, e de um setor de bens de luxo com crescente acesso ao mercado externo. O Brasil consta, então, com uma nova base e um amplo campo de possibilidades395.

Percebe-se então, que a adoção de políticas desenvolvimentistas, estimulou o parque industrial brasileiro, contudo, por fatores externos, a crise mundial também se fez refletir na economia nacional sob a forma de pesado endividamento externo. Assim, nos países em desenvolvimento, a interferência estatal, ainda que de forma seletiva, na promoção do desenvolvimento e na orientação das forças de mercado,

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Para uma leitura mais aprofundada sobre o I PND e II PND, ver as obras de: CARNEIRO, Dionísio. Cap. “11 - Crise e Esperança: 1974-1980”, p.295-322, da edição de A Ordem do Progresso – Cem

Anos de Política Econômica Republicana de Marcelo Paiva Abreu. (Rio de Janeiro: Campus, 1992);

CASTRO, Antonio Barros de, e F. E. Pires de Souza. Cap. “1–Ajustamento x Transformação. A Economia Brasileira de 1974 a 1984”, p.13-82, da edição de A Economia Brasileira em Marcha

Forçada. (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985); WERNECK, Rogério. “Poupança Estatal, Dívida

Externa e Crise Financeira no Setor Público”. Pesquisa e Planejamento Econômico, vol. 16, nº3, p.551-74; CARNEIRO, Dionísio e Eduardo Modiano. Cap.“ 12-Ajuste externo e desequilíbrio interno: 1980-1984”, da edição de A Ordem do Progresso – Cem Anos de Política Econômica

Republicana de Marcelo Paiva Abreu. (Rio de Janeiro: Campus, 1992); e MODIANO, Eduardo.

Cap.“13-A ópera dos três cruzados: 1985-1989”, da edição de A Ordem do Progresso – Cem Anos

de Política Econômica Republicana de Marcelo Paiva Abreu. (Rio de Janeiro: Campus, 1992).

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CASTRO, Antonio Barros de, e F. E. Pires de Souza. Cap. “1–Ajustamento x Transformação. A Economia Brasileira de 1974 a 1984”, p.13-82, da edição de A Economia Brasileira em Marcha

é mais necessária do que nos países com econômica de mercado mais desenvolvida396. A atuação estatal é tão mais importante quando se considera a necessidade de conciliar crescimento econômico com redução das desigualdades no país.

A partir da década de noventa, a economia brasileira foi marcada por uma ampla e continua liberalização. A política externa brasileira empenhou-se em romper os limites estreitos da teoria do desenvolvimento. A criação do Mercosul, e a meta de se materializar a tão proclamada TEC· comum têm em seu bojo a liberalização da economia. Ao se reduzir as tarifas de importação, tem-se estímulo às trocas comerciais, mas as mesmas devem ser contrabalançadas com a implementação de políticas agressivas de promoção das exportações.

Argumento tantas vezes repetido é o de que o Brasil não consegue expandir o seu comércio por causa do protecionismo dos países ricos. Esse argumento é válido, mas não é suficiente para explicar as deficiências gerais do sistema econômico brasileiro, independentemente dos sinais negativos ou positivos da balança comercial e do grau maior ou menor de dependência de eventuais saldos nessa frente para compensar os déficits crônicos em serviços e em algumas rubricas da conta de capitais.

Um dos fatores para o quadro brasileiro relatado reside na dependência externa das economias emergentes como o Brasil. Para explicar tal relação de dependência argumenta-se que o progresso tecnológico não foi difundido de forma igualitária entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Ademais, estes, voltam a sua produção para satisfazer o consumo dos primeiros, tornando ainda mais difícil a quebra da dependência397.

O Brasil é notoriamente um país pouco aberto ao comércio exterior, menor em todo caso do que foi no passado e do que será no futuro. É entendimento comum que o Brasil precisa se abrir mais ao comércio internacional e tornar-se mais competitivo em suas trocas externas, ainda que não haja concordância imediata sobre as formas de se atingir tais objetivos. Alguns especialistas ainda recomendam políticas

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Ver NASSER, Rabih Ali. A OMC e os países em desenvolvimento. São PauloAduaneiras, 2003, p.66-68.

397

Ver a análise de Samir Amin, sobre o tema em ROCHE, Jean Jacques. Théories des relations

ativas na área comercial e em setores industriais selecionados, bem como o uso apropriado de políticas fiscais e de incentivo tecnológico para aumentar o volume e a qualidade de nossa pauta exportadora.

A relativa facilidade na obtenção de financiamento externo, possibilitada pela conjuntura externa favorável que elevou os termos de troca, os níveis reduzidos de inflação e uma certa recuperação do ritmo de crescimento do produto, motivaram alguns analistas a enfatizar os benefícios obtidos com as chamadas “reformas de primeira geração398” e a postular a necessidade de aprofundamento do processo de reformas.

O empenho no processo de abertura comercial não se esgota na adoção de tarifas de importação mais baixas. Os países da América Latina explicitaram – no processo de negociação multilateral, na Rodada Uruguai – seu compromisso de manter o perfil baixo de suas barreiras às importações, ao modificar suas postura tradicional (de baixo grau de exposição durante as negociações multilaterais anteriores) e consolidar níveis tarifários junto a OMC compreendendo a totalidade dos fluxos de comércio. Assim, uma vez terminada a Rodada Uruguai, o percentual de posições tarifárias consolidadas pelos países da América Latina em relação aos produtos industrializados havia passado de 38% para 100%, enquanto para os países industrializados esse percentual foi elevado de 78% para 99%.

Essa postura sustentada em favor de maior abertura comercial traduz uma opção política. Mas é possível argumentar que ela talvez não pudesse ter sido mantida se as economias da América Latina não tivessem contado com condições objetivas especificas favoráveis no contexto internacional.

Uma dessas condições deriva dos benefícios de uma evolução das relações de troca no período 1981-1997: de uma variação média negativa de 3,2% em 1981-90, a região foi beneficiada com um aumento médio de 1% no período de 1991- 97. Em termos de poder de compra das exportações houve a variação média de 2% para

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A primeira geração de reformas visava abertura comercial e financeira, desregulamentação trabalhista, privatização e ajuste fiscal.

8,9% entre esses dois períodos. Isso certamente contribuiu para reduzir o esforço para gerar as divisas necessárias para atender à demanda (agora reforçada pela abertura comercial) por produtos importados. A outra condição favorável do período foi o maciço influxo de capitais.

No entanto, qualquer que seja o cenário com que se deparem esses países há desafios não resolvidos no que se refere à recuperação da capacidade de poupança e a assegurar a competitividade de sua produção de modo a manter – ou idealmente elevar – os níveis já atingidos de participação no mercado internacional de bens e serviços. Acrescenta-se a esses um conjunto de temas novos, relacionados com os desafios de lidar com fluxos financeiros de grande monta e prazo reduzido, o que remete à necessidade de regulamentação e – em diversos casos – redesenho institucional do próprio setor financeiro nacional dos países.

Uma questão importante no cenário é: como reduzir a dependência externa brasileira? A chave para o sucesso de uma estratégia deste tipo está na utilização mais eficiente possível dos recursos externos, fazendo com que eles permitam a geração futura de novos recursos para o crescimento dentro da própria economia, reduzindo gradativamente a dependência externa. Neste sentido, é necessário que os recursos sejam direcionados prioritariamente para elevar a taxa de investimento da economia, e não para financiamento do consumo doméstico – seja das famílias seja do governo.

Na verdade, em se tratando de uma economia aberta, o sucesso da estratégia requer que uma parte substancial dos recursos seja aplicada na produção de bens em que o país possui vantagens comparativas. É isto que vai garantir que, no futuro, o país possa não só substituir uma parte considerável das atuais importações, mas, principalmente, elevar as exportações e garantir um volume crescente de receitas em moeda estrangeira para fazer frente aos compromissos externos.

Todas as questões sobre patentes estão intimamente relacionadas com o produto, contribuindo, destarte, para a satisfação das necessidades do consumidor. A patente tem grande conotação econômica, pois, na realidade, é o direito da propriedade que se reconhece ao inventor algo para que se possa atuar usando, desfrutando e dispondo desse bem.

A propriedade da patente exerce controle absoluto não somente sobre o seu invento, por parte de terceiros, exceto por algumas determinadas condições que o estabelece; tratando-se, então, de um direito exclusivo que permite a quem tenha a patente, controlar a produção dentro das margens concedidas pelas leis do mercado, para fixar e manejar o preço dos produtos patenteados.

A real importância que as patentes têm no comércio exterior é acrescentar um plus ao preço que não se poderia agravar se o exportador de patentes não tivesse direitos exclusivos. Isto dá margem de ganância, assim como manejo e permanência no mercado, permitindo às nações exportadoras captar mais recursos que, desse modo, se orientam para outros setores produtivos no país que os demande.

Considerando que o comércio exterior é baseado na concorrência, por meio da melhoria dos sistemas produtivos uma nação consegue ser mais competitiva. No passado a competitividade era obtida pelos subsídios protecionistas e mão-de-obra barata. Hoje, a competitividade é obtida com investimentos em equipamentos modernos e a criação de métodos racionais de trabalho.

Nesse sentido, um inimigo da produtividade é o mercado protegido. O governo, ao instituir barreiras protecionistas ao produto importado, impede que a produção nacional evolua e torna a ser menos competitiva uma vez que se tem a garantia do governo sobre os produtos nacionais com menor qualidade ou preços superiores aos produtos estrangeiros. O empresário não investe em novos equipamentos porque deixa de ser necessário. Quem perde é o consumidor que paga caro por produtos de baixa qualidade.

Além disso, a indústria nacional fica vulnerável. Ela não está aparelhada para enfrentar qualquer abertura de importações porque os produtos estrangeiros são de qualidade superior e de preços mais acessíveis. Foi o que aconteceu com o Brasil na década de noventa, quando permitiu o incremento das importações. No mesmo sentido, em 1992, os Estados Unidos tiveram um ano desastroso em face da competitividade dos produtos japoneses. As multinacionais americanas tiveram que vencer o desafio e se tornarem mais competitivas uma vez que não houve qualquer amparo governamental.

Nas negociações internacionais, o Brasil precisa estar atento às repercussões que sua postura pode acarretar. Com muita propriedade, o Brasil tem estreitado laços com economias no mesmo patamar de evolução. Desta forma, nos fóruns internacionais, a influência é maior para barganhar com as economias desenvolvidas. Contudo, cabe muito cuidado na postura das opiniões e demandas. Exemplo recente foi o desfecho da ultima rodada de negociações – a Rodada Doha. Esta rodada, promovida pela OMC, foi suspensa em 24.07.2006, quando representantes do Brasil, dos Estados Unidos, da Europa, do Japão, da Austrália e da Índia, países pertencentes ao grupo chamado de G6, desistiram das negociações diante da existência de diferenças aparentemente intransponíveis399. Não há previsão para retomada das negociações.

O Brasil vinha apostando num acordo multilateral para incrementar as exportações, especialmente de produtos agrícolas, por isso sai prejudicado pelo desfecho melancólico da Rodada Doha. No fórum global, o país assumiu a inédita posição de liderança entre as nações em desenvolvimento. Como não negociava apenas para si, tinha um poder de pressão maior. O mesmo não acontece nas negociações bilaterais como, por exemplo, as reuniões entre Mercosul e União Européia, ou do bloco com os Estados Unidos uma vez que tem menor poder de pressão.

Sem avançar em acordos que reduzam as barreiras ao comércio, duas tendências são claras. Deve-se assistir a um crescimento dos acordos bilaterais e um aumento da busca de soluções de disputas em painéis da organização.

Lamentavelmente, isso não significa vantagem para o Brasil. O país tem vencido painéis, como o do açúcar contra a União Européia, e do algodão contra os Estados Unidos, mas isso não tem efeitos práticos, pois nenhum dos “derrotados” aplicou reformas para corrigir as distorções causadas por subsídios à produção. O painel comprova efeitos distorcivos, mas não tem o remédio para o problema. Os acordos bilaterais podem até ser favoráveis, mas não tocam em problemas graves.

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Ver Globalização: fracassso das negociações para abrir o mercado internacional de produtos agrícolas prejudica exportações nacionais. Celso Amorim alerta para a maior crise da história da organização mundial do comércio. Correio braziliense, brasilia, terca-feira, 25 de julho de 2006. Sessão 13 economia, p.13-14.

De 1995 a 2001, o Brasil esteve envolvido em vinte e um casos, sendo quatorze como reclamante e sete como reclamado400. Das reclamações brasileiras, dez foram contra países centrais e quatro contra países em desenvolvimento. Esses dados provam como o comércio brasileiro tem sido prejudicado por outras nações.

A despeito do desfecho desfavorável para o caso brasileiro, cabe observar que os países em desenvolvimento, com um trabalho constante podem, sem dúvida, modificar a sua situação, alavancando a economia e, num longo prazo, se tornar uma economia desenvolvida. Tendo em mente esforços de países como Japão e tigres asiáticos, vê-se que o poderio político e econômico é, felizmente, mutável.

Uma forma de almejar o objetivo é adaptar a legislação patentária brasileira de forma que contribua para a construção de um sistema de inovação focado no processo de desenvolvimento. O tipo de um sistema de inovação para o Brasil que combine acesso aos conhecimentos internacionais com o desenvolvimento de uma capacitação interna, requer, segundo ALBUQUERQUE, “uma legislação que estimule a difusão de inovações, que apóie a elevação das atividades inovadoras incrementais e que facilite a adaptação criativa de inovações às condições de demanda apresentadas pelo país”, contribuindo para o desenvolvimento de inovações de segunda geração401.

Segundo ALBUQUERQUE402, dado o estágio em que se encontra o sistema de inovação brasileiro, é razoável que o Brasil se utilize instrumentos similares aos utilizados pelos países hoje desenvolvidos quando estavam construindo seus sistemas de inovação. Porém, é preciso pesquisar os instrumentos utilizados no passado e adequá-los à nova realidade de pressões internacionais pelo fortalecimento dos Direitos de Propriedade Intelectual e crescente custo do acesso ao conhecimento, exatamente quando este é mais importante para a superação do atraso econômico.

400

MAIA, Jaime de Mariz. Economia Internacional e comércio exterior. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.174.

401

ALBUQUERQUE, E. M. Sistemas nacionais de inovação e direitos da propriedade industrial: notas introdutórias a um debate necessário. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 26, n.2, p.171- 200, maio-agosto, 1996, p.188.

402

ALBUQUERQUE, E. M. Sistemas nacionais de inovação e direitos da propriedade industrial: notas introdutórias a um debate necessário. Op.cit.

Entretanto, o Brasil não tem estimulado o investimento em pesquisas e desenvolvimento suficientemente403, acarretando atraso econômico à nação. A falta de investimentos em conhecimento faz com que o país se torne cada vez mais dependente da importação de novas tecnologias. Segundo pesquisa do Banco Central404, de 1994 a