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2.3. SÍNTESE

2.3.3. O conflito entre propriedade privada e propriedade coletiva

A discussão empreendida pelos oponentes da quilombidade em Mesquita, onde questionam a real existência de particularidades históricas, culturais, religiosas, têm na verdade um foco bem determinado: a questão fundiária. Entra em jogo, portanto, a defesa irrestrita da propriedade privada, liberdade plena de comercialização e de empreendimentos.

Assim, não tratando de assuntos fundiários, cessam-se também as resistências à quilombidade em Mesquita. Os E12 e E13, por exemplo, chegam a propor que em vez de demarcar todo o território como terras quilombolas, poderia apenas construir um centro cultural onde as pessoas pudessem desenvolver atividades artísticas e culturais de matriz africana. Neste caso, haveria o reconhecimento da história vinculada à resistência à escravidão e se preservaria o nome de “quilombo” e outras particularidades.

Contudo, os principais teóricos da quilombidade relacionam sempre quilombo com território, uma vez que é na terra propriamente dita que se dá sua luta real de resistência. Seu espaço físico, seu espaço fundiário está marcado de história e significados. É o que defende Sanzio (2000):

Porque quilombo é território. É um fato no território. Então, se é um fato, tem uma organização, tem uma estruturação, tem uma forma de se organizar no território. É particular. Não temos nada semelhante à organização dos remanescentes. Nisso entre também a geografia. Os sítios que eles ocupavam eram estratégicos (...) Os negros eram muito inteligentes ao escolher tais sítios estratégicos para habitarem (p. 85).

Percebe-se, portanto, que Sanzio (2000) unifica em um só conjunto significativo a terra, a cultura, a identidade e a geografia. É em um determinado território que se dá a quilombidade concreta; trata-se de um espaço geográfico em que a resistência acontece e é assim que a terra está repleta de história.

Voltando aos oponentes do Quilombo, os quais exigem o respeito à propriedade individual, esses se esforçam para dissuadir a comunidade no sentido de não aceitarem a possibilidade de estabelecimento de propriedade coletiva. Os E12 e E13 argumentam que o povo em Mesquita é muito individualista e ninguém mais depende da terra para viver no local e que quase todos trabalham em Brasília. Logo, não faria sentido lidar com terras coletivas e muito menos proibir a compra, venda, alienação e hipoteca. Estas proibições, segundo os opositores quilombolas, prejudicam o desenvolvimento local, reduzindo assim o potencial empreendedor.

Constata-se uma espécie de hipocrisia social, ou seja, querem as terras quilombolas, mas não tendo coragem de expressar isso abertamente, buscam desqualificar os outros fundamentos. Nega-se assim a história, a cultura e a identidade. Por isso, então, que os E12 e E13 afirmam que Mesquita não é e nunca foi quilombo.

Como pode ser verificado, o conflito que aparentemente poderia ser de caráter étnico- racial, cultural, identitário e religioso, explicita-se em aspecto econômico. Trata-se de uma real oposição entre os fundamentos do capitalismo e os do socialismo.

Nas entrevistas feitas, percebe-se que os oponentes do “quilombismo” advogam para si o direito à propriedade privada e defendem os fundamentos capitalistas. Todavia, entre os “quilombistas”, embora não haja uma defesa explícita do socialismo, demonstram-se adeptos à legislação e dos trâmites legais de oficialização do quilombo e não deixam de demonstrar simpatia por atividades coletivas, como os mutirões, por áreas comuns e por liberdade de deslocamento, com redução das cercas e dos muros (direito de ir e vir).

Percebe-se que, enquanto os capitalistas do quilombo arrogam o direito de ir e vir, para garantir a propriedade privada, os “quilombistas” exigem o mesmo direito com finalidade diferente - algo que incide na redução do poder da propriedade privada. Para os capitalistas, não poder vender as terras atenta contra a liberdade de deslocamento; já para os

defensores quilombolas, são os instrumentos de domínio da propriedade privada (cercas, muros, fechamento) que comprometem a observância do mesmo princípio das liberdades individuais.

Tem-se então, que a realidade é dialética e para compreendê-la melhor, parece oportuno recorrer-se a Marx (MARX, 2010 apud HUNGARO, 2014, p. 30). Segundo este pensador, a emancipação humana ocorrerá quando o ser real, individual assumir em si o ser abstrato; quando em suas relações individuais compreender-se como ente genérico; quando utilizar de seu potencial individual, como força social e estiver sempre vinculado a ela - compreendendo força social como força política.

Somente quando o homem real, individual, reassumir em si o cidadão abstrato, e quando, como homem individual, em sua vida empírica, em seu trabalho individual, em suas relações individuais, tiver se tornado ente genérico, somente quando o homem reconhecer e organizar suas próprias forças como forças sociais e, portanto, não mais separar de si a força social na figura da força política, somente então realizar-se-á a emancipação humana (MARX, 2010 apud HUNGARO, 2014, p. 30).

Nota-se em Marx (2010 apud HUNGARO, 2014, p. 30), que essa relação entre o real e o abstrato, entre o individual e o genérico que vincula o individual com o social (político), resulta do processo dialético dado na história, o que é definido por materialismo histórico. E por ser assim, o individual realiza-se no coletivo; a propriedade particular insere-se também no âmbito do interesse público e vice-versa.

Marx (2006), falando das apropriações que os indivíduos fazem dos instrumentos de produção e do papel do movimento proletário, afirma:

Nas apropriações anteriores, uma grande massa de indivíduos sempre permanecia submetida a um único instrumento de produção; na apropriação, feita pelos proletários, uma massa de instrumentos de produção deve ser submetida a cada indivíduo, e a propriedade, a todos (MARX, 2006, p.104).

O texto acima parece buscar solução ao imutável impasse individual x coletivo. Os direitos particulares são preservados, no sentido de os indivíduos “manterem uma massa de instrumentos de produção” e, ao mesmo tempo, fazendo com que a propriedade pertença “a todos”. Portanto, no pensamento de Marx (2006), o movimento dos proletários é um avanço nas relações econômicas; a propriedade que no capitalismo pertence a uma única pessoa, no comunismo, pertence a todos. Desta forma, não é que as pessoas deixam de ter bens, mas sim que elas passam a ser donas de todas as propriedades, uma vez que essas são “de todos”.

Mas a grande força proletária está na união e no intercâmbio com outros povos, pois a apropriação das forças produtivas depende de interação:

Sua realização só é possível pela união que, em razão do próprio caráter do proletariado, só pode ser uma união universal, e por intermédio de uma revolução que, por um lado, acabe com o poder do modo de produção e de troca anterior, bem como a da estrutura social, e que promova, por outro lado, o caráter universal e energia do proletariado necessária para a realização de tal apropriação; uma revolução, pois, na qual o proletariado se livre do que ainda lhe resta de seu posicionamento na sociedade (p. 104).

Nesse contexto, em vez de divisão do trabalho promovida pela sociedade burguesa que separa o indivíduo de sua força produtiva, tem-se o trabalho como “manifestação de si”, realizado por sujeitos detentores de si, capazes de fazerem intercâmbios com outros sujeitos iguais.

A desumanização da sociedade tem por principal causa o dinheiro que domina a “essência alienada” da vida e do trabalho humano, de uma sociedade que tudo transforma em mercadoria e objeto de troca. A sociedade burguesa tem o egoísmo por princípio.

Para Marx, a causa desta vida desumana reside no fato de que o dinheiro domina a “essência alienada da vida e do trabalho do homem”; de que a sociedade burguesa é o mundo da propriedade privada, onde tudo se transforma em mercadoria e em objeto de troca; de que o princípio da sociedade burguesa é o egoísmo e a relação dos homens entre si é caracterizada pela hobbesiana “guerra de todos contra todos”. Somente com a supressão destas condições de existência é que se realiza a emancipação do homem (MARX apud LUKACS, 2007, p. 169-170).

A percepção de Marx (2010) encontra ressonância no campo quilombola. Como já foi visto acima, Nascimento (2002) afirma ser o quilombismo uma outra forma de sociedade, o que significa uma antítese ao capitalismo. Enquanto este se fundamenta no respeito à propriedade privada, ao direito individual, na separação entre capital e força de trabalho, o quilombismo acentua a forma coletiva de produção, distribuição dos lucros, propriedade coletiva, formas coletivas de organização social, valorização da ancestralidade, da cultura e da memória.

A própria Constituição (BRASIL, 1988), que no Artigo 5º assegura os direitos individuais e a propriedade privada, exige também que a propriedade “atenda à sua função social”. Nesta mesma linha o Decreto 4887 (BRASIL, 2003) define que as terras quilombolas sejam tituladas em nome de uma associação representativa dos quilombolas, não podendo aliená-las, hipotecá-las ou vendê-las. Não proíbe, porém, que os quilombolas se organizem e criem um estatuto próprio, onde defina sua organização interna, garantia dos direitos individuais, dimensões públicas e privadas de ocupação fundiária.

Nesse contexto, propriedade privada para quilombolas significa respeito à “função social”, garantia da posse por ancestralidade, incentivo ao desenvolvimento do potencial

empreendedor quilombola e proteção contra a especulação imobiliária. Insere-se também nesse contexto a relação do ser real com o abstrato no sentido de que, quando o quilombo produz em sua terra, vincula-se à mesma terra em que produziram seus antepassados; seu ser produtor associa-se ao imaginário produtivo de seus antepassados. Assim, a produção do marmelo, dos diversos tipos de frutas, da gueroba, do engenho de cana, da produção do açúcar, da cachaça e doces integram a comunidade, em atividades de caráter laborativo e celebrativo. Dar-se aí, uma síntese entre o passado, o presente e o futuro.

Da mesma forma, o ser individual vê-se herdeiro, participante e representante de uma comunidade tradicional, marcada por restrições históricas não totalmente vencidas, mas sempre enfrentadas por todas as gerações do povo negro. No caso de Mesquita, esta pertença diz respeito às famílias Teixeira Magalhães, Lisboa da Costa, Pereira Dutra e Pereira Braga, sobrenomes historicamente presentes no local, sem nenhuma interrupção.

Considerando, no entanto, que a comunidade não é homogênea, torna-se imperativa a necessidade de estabelecer mecanismo de garantia dos direitos individuais, visto ser a legislação quilombola priorizadora da causa coletiva. Assim, é preciso conceder garantias para que um quilombola tenha pleno poder sobre a propriedade herdada de seus antepassados (exceto o poder de comercialização, hipoteca e alienação) e não incorrer no risco de perda da propriedade, motivada por alguma forma de conflito interno na gestão do quilombo.

A síntese, neste caso, significa criar mecanismo para que se garanta a existência dos espaços individuais e coletivos de habitação, produção, entretenimento, cultura e educação. Pode-se, por exemplo, estabelecer no território quilombola áreas de produção coletiva e de produção individual. Há que se reservar, também, espaços para prédios públicos tais como escolas, hospitais, casa de farinha, cooperativas, dentre outras.

Um exemplo de síntese no embate quilombola pode ser feita, por meio do que expressa o Entrevistado 17 (E17). Segue-se a entrevista:

ENTREVISTADOR: Embora não seja nascido no Mesquita você já conhece bem a história. Então diga-me: esta questão do quilombo é mesmo conflituosa como dizem?

E17: ... Já tenho 17 anos aqui e mesmo antes eu já conhecia o Mesquita...Não sabia se era exatamente remanescente de quilombo, mas sabia que eram descendentes [de escravizados].

O que percebo aqui no Mesquita.é falta de informação [que gera] divergência sobre quilombo ou não quilombo, remanescente ou não remanescente...

É uma desinformação não generalizada, mas uma desinformação muito grande... ENTREVISTADOR: Você não é quilombola, mas de certa forma defende o quilombo. Há outros que compraram terras aqui, como você, e são contra o quilombo. Por que essa sua convicção em defender o quilombo?

E17: Eu sou a favor por que eu defendo mesmo a causa... eu defendo a causa do negro. Segundo, é que viso pra mim não os bens materiais, nunca olhei esse lado

material; eu olho a questão histórica. Para mim a história deve permanecer sobre isso [prevalecer sobre o interesse particular].

Alguns que compraram [terras] mesmo de forma ilegal... continuam [agindo] contra. Eles estão defendendo a questão imobiliária... não a questão histórica... [Mesquita] tem mais de 264 anos...

Para mim a história permanece [acima] dos bens materiais...

E aí... é uma coisa que o futuro vai mostrar ainda. Eu não sei o que vai ser com o meu caso.

ENTREVISTADOR: Como você imagina, como vai ser a conclusão desse processo?

E17: Todos os descendentes vão ter a terra paga pelo governo... [Eles vão] receber pela terra e continuarem donos da mesma terra... No caso meu que não sou daqui, vou depender da comunidade; se ela vai querer que eu permaneça aqui, se ela vai me reconhecer como remanescente... ou como defensor... ou como alguém que quer ajudar na construção do projeto... Caso não concordem, vou entrar no mesmo processo de indenização...

Os que são contra, os chamados desafetos, pra mim são os primeiros que a comunidade vai tirar daqui.

É uma questão política. Há muitas pessoas aqui que moram a bastante tempo e a comunidade vai dizer se eles permanecem ou não...

Analisando as declarações do E17, nota-se a convergência de interesse entre o comprador de terras e o interesse quilombola. O E17 não renuncia aos seus interesses de proprietário legítimo, mas também não se opõe aos direitos quilombolas; está em acordo com os fundamentos da lei e submete-se às decisões da comunidade. Diz-se conhecedor da história local e de forma nenhuma se opõe a ela. Busca garantir seus direitos, obtendo uma aceitação de permanência por parte dos quilombolas, mas diz-se disposto a aceitar uma decisão negativa. Mostra-se interessado em ser parceiro da comunidade, porém, caso não seja aceita sua permanência apenas pretende exigir a indenização legal.

Além da importância do E17, para conceber-se uma síntese entre os interesses divergentes, há também significativa contribuição no tocante ao testemunho externo. Uma vez que o E17 diz-se conhecedor da história de Mesquita, vinculada à escravidão, fato não muito incomum em Cidade Ocidental e Luziânia, assegura-se a existência de fonte externa. Ele então, sabedor do passado escravo do povoado, atraído pela beleza geográfica e pela história, resolve comprar terras no local. Ainda não sabia do processo de certificação e titulação quilombola, mas uma vez que chegou o processo de legalização, o E17 não se opôs nem buscou subterfúgios para negar a história, a cultura e os direitos quilombolas.

Por fim, três realidades parecem evidentes: que Mesquita tem um passado histórico vinculado à escravidão (ou de resistência à escravidão); que as terras de Mesquita pertenceram a alguém da família Mesquita (possivelmente José Correa de Mesquita); que as famílias-tronco permaneceram de forma intocada até hoje, garantindo-se, assim, a continuidade da ancestralidade africana.

Figura 17

Tese: Associação Renovadora Quilombo do Mesquita, defende o Quilombo. Créditos do autor.

Figura 18

Antítese: Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Mesquita e Água Quente, combate o Quilombo.

Figura 19

Tese: Governo Federal fixa placas para demarcar território quilombola. Créditos do autor.

Figura 20

Antítese: opositores picham placas. Créditos do autor.

Figura 21

Tese: placa fixada pelos quilombolas. Créditos do autor.

Figura 22

Antítese: placa retirada e destruída por opositores do Quilombo. Créditos do autor.

Figura 23 Créditos do autor.

Figura 24

Antítese: oponentes tentam seduzir os quilombolas com oferta de emprego. Foto de Wallison Braga da Costa.

Figura 25

Tese: quilombolas retiram placas de opositores. Créditos do autor.

Figura 26

Síntese: mesmo já certificado pela Fundação Palmares, o Quilombo aguarda definição oficial referente à titulação da terra aos quilombolas.

CAPÍTULO 03

HISTÓRICO DA RESISTÊNCIA NEGRA E A ATUALIDADE DA LUTA EMANCIPATÓRIA EM MESQUITA

Antes, propriamente, de falar do processo de resistência dos quilombolas de Mesquita, parece oportuno historiar um pouco sobre a resistência negra no Brasil. Isto se dará de forma cronológica e utilizando dados do Primeiro Seminário Técnico de Mapeamento e Banco de Dados, Sistematização e Projetos de Auto-Sustentabilidade, realizado em Brasília, em 05 de setembro de 1997.

3.1. CRONOLOGIA DA RESISTÊNCIA NEGRA NO BRASIL

Ano Fato

1549 Chegam à Bahia os primeiros africanos escravizados ao Brasil, trazidos por Tomé de Souza.

1630 Data provável da fundação do Quilombo dos Palmares, que com o passar dos anos sedia uma espécie de confederação de quilombos – República de Palmares.

1695 Morte de Zumbi pela tropa de Domingos Jorge Velho.

1741 Um alvará da Coroa determina que escravizados fugidos recuperados fossem marcados a ferro na testa com a letra “F”, de fugido ou fujão.

1824 Determinação que os escravizados praticantes de capoeira sejam castigados com 200 chibatadas.

1825 Os escravizados são proibidos de portarem armas e permanecerem na rua após o toque de recolher.

1831 Decretada ilegalidade do tráfico de escravizados africanos, determinação que não foi acatada.

1838 O governo de Sergipe proíbe a entrada de negros escravizados ou livres na escola. 1850 Lei Euzébio de Queiroz extingue o tráfico de escravizados no País.

1869 Os escravizados não podem mais serem vendidos em leilões públicos.

1871 A Lei do Ventre Livre liberta os filhos dos cativos e permite aos escravizados juntarem dinheiro para poderem comprar sua liberdade.

1884 25 de março, abolição da escravidão na Província do Ceará, primeiro Estado Brasileiro (Município de Redenção) a abolir a escravidão.

1885 Lei do Sexagenário determina liberdade aos escravizados a partir de 65 anos de idade. 1886 Proibido o açoite nos castigos aos escravizados.

1889 Rui Barbosa determina a incineração dos documentos relacionados à escravidão no Brasil. 1926 Fundação do Jornal Clarim da Alvorada, importante instrumento da imprensa negra. 1929 Surgimento do Jornal Quilombo no Rio de Janeiro.

1931 Criação da Frente Negra Brasileira, primeira organização negra em âmbito nacional, mas que é fechada por Getúlio, em 1937.

1945 Reorganização do movimento negro, a partir dos do eixo Rio - São Paulo, reivindicando o fim do preconceito racial.

1951 Lei Afonso Arinos proíbe a discriminação por raça, cor ou religião.

1974 No Rio Grande do Sul, universitários fundam o grupo Palmares, o qual propõe o dia 20 de novembro como Dia do Negro, reivindicação atendida e que passa a ser chamado de Dia

Nacional da Consciência Negra.

1978 Criação do Movimento Negro Unificado, com ato público, em São Paulo, o qual reuniu mais de 3 mil pessoas.

1979 É incluído nos formulários do recenseamento do IBGE, a ser realizado em 1980, o item “cor”, após manifesto assinado por cientistas sociais, pesquisadores e entidades negras; neste mesmo ano é realizado, em Maceió, um seminário sobre o Parque Histórico de

Zumbi, situado na Serra da Barriga, em União dos Palmares. É também assentada a pedra

fundamental do sítio histórico no mesmo suposto lugar em que Zumbi foi assassinado, com celebração da Missa dos Quilombos, presidida por Dom Helder Câmara e Pedro Casaldáliga.

1982 Realiza-se o Simpósio Nacional sobre o Quilombo de Palmares, em Alagoas; em Salvador, o Terreiro Casa Branca do Engenho Velho é tombado como patrimônio histórico.

1983 Surge em São Paulo o Coletivo de Mulheres Negras. 1985 É tombado o Sítio Histórico Zumbi dos Palmares.

1986 Realização do Encontro de Comunidades Negras do Maranhão.

1988 Constituição Federal de 1988 declara o racismo como crime inafiançável; neste mesmo ano, em agosto, é criada a Fundação Cultural Palmares, com a Lei 7.668, de 1988. Tal instituição tem por finalidade a integração econômica, política e cultural do negro. Também neste ano é publicado o Artigo 68 das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Brasileira, reconhecendo os direitos das Comunidades Remanescentes de Quilombo.

1992 Realização do II Seminário Nacional sobre Sítios Históricos e Monumentos Negros, com o tema Quilombos; Cidadania Afro-Brasileira.

1994 Fundação Cultural Palmares realiza seminário para elaborar o conceito de quilombo e os mecanismos que podem estimular e qualificar as associações de Comunidades Remanescentes de Quilombos; realiza-se neste mesmo ano o Seminário Nacional de

Comunidades Remanescentes de Quilombos, com participação de antropólogos, juristas e

representantes das comunidades quilombolas.

1995 Comemoração dos 300 anos da morte de Zumbi em todo o País; realização da Marcha

Internacional de Trabalho pela Valorização das Populações Negras.

1997 Realização do Seminário das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Nordeste;

Fundação Palmares realiza, em Maceió, o Seminário Técnico de Mapeamento, Banco de Dados, Sistematização e Projetos de Desenvolvimento Sustentável; em 20 de novembro

são entregues título de Comunidades Remanescentes de Quilombos pelo Governo Federal; realiza-se também o Seminário Quilombos e Terras de Preto no Maranhão – Terra, Educação, Saúde e Crédito Rural.

1998 Fundação Palmares realiza o Seminário Comunidades Quilombolas e Preservação Cultural, no Senado Federal.

1999 Realização da V Reunião Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas

Brasileiras, no Vale do Ribeira; em 28 de outubro é publicado o anteprojeto do decreto que

dá à Fundação Palmares as atribuições para identificação, reconhecimento, delimitação,