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PARTE III – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

5.1 O contexto da investigação

Esta investigação decorreu no contexto da unidade de internamento de medicina num hospital da região central de Portugal. A escolha foi intencional, e deveu-se: a) ao conhecimento prévio de algumas das caraterísticas dos doentes (a maioria com idade superior a 75 anos, a diversidade de patologias e de terapêutica endovenosa), b) a alta incidência de flebites evidenciada em estudo anterior (Oliveira, 2014), e c) a confirmação da vontade e da motivação da equipa de enfermagem para realização da investigação, tendo em vista a oportunidade de introduzir uma prática de enfermagem inovadora para a prestação de cuidados de enfermagem aos doentes que necessitem de cateter venoso e os possíveis ganhos em saúde.

A unidade de internamento está localizada num prédio da primeira metade do século passado que foi reestruturado na década de 1970 e transformado num Hospital Geral. A unidade de medicina apresentava caraterísticas de uma arquitetura antiga, com dois grandes corredores logo à entrada da unidade onde estavam as trinta camas disponíveis, mas ativas apenas vinte e oito quando ocorreu o estudo (catorze homens e catorze mulheres). O espaço era constituído por: oito salas com caraterísticas físicas similares (cada uma com capacidade para quatro doentes); várias salas/gabinetes: uma sala de trabalho com quatro computadores (para reuniões e registos), uma sala para preparação da terapêutica, um gabinete do enfermeiro-chefe, um gabinete das assistentes operacionais, duas salas de médicos, duas arrecadações (uma com material de higienização e outra com material médico-hospitalar); um refeitório; e duas instalações sanitárias para os doentes (feminino e masculino) e duas para os profissionais (Figura 9).

Figura 9. Representação gráfica da planta física da unidade de medicina.

Fonte: Elaborado pela investigadora.

A unidade apresenta duas entradas com um pequeno hall cada e um gabinete dos médicos. Este hall dá acesso a um grande corredor com iluminação natural e boa ventilação, e às salas dos doentes. O corredor é espaço de circulação para os profissionais e os doentes. Nele se situam duas mesas, onde estão colocadas caixa de luvas, máscaras e batas descartáveis; dois armários para guarda de roupa de uso nos doentes; e é onde em geral estão armazenadas cadeiras de rodas, mesas de refeição dos doentes e uma maca.

As salas dos doentes apresentam dimensão reduzida na parte central e entre as camas. Estão equipadas com armário para guarda dos pertences dos doentes, sistema contendo solução antisséptica para higienização das mãos e não possui lavatório. São visíveis duas janelas grandes, as quais permitem uma boa iluminação natural e uma vista desafogada para a parte externa. A unidade do doente possui uma cama hospitalar elétrica, uma mesa de cabeceira, uma mesa de refeições, uma poltrona, um caixote para resíduos dos doentes, sistema de campainha, iluminação, oxigénio e vácuo. As camas são separadas por uma cortina de tecido (de cor clara) que permite certa privacidade quando fechadas. Acima da cama há uma identificação com o número da cama do doente e algumas vezes é apresentado o nome do mesmo.

O referido corredor dá acesso a outro que leva às salas de trabalho, gabinetes, instalações sanitárias, arrecadação e refeitório. Neste corredor há uma mesa com telefone, outra com caixas de luvas, máscaras e batas descartáveis, material para glicémia,

Legenda:

1 - Hall de acesso ao serviço 2 - Gabinete dos médicos 3 - Corredor

4 - Sala dos doentes

5 - Gabinete do enfermeiro-chefe 6 - Arrecadação

7 - Instalação sanitária dos profissionais 8 - Instalação sanitária dos doentes 9 - Refeitório

10 - Sala de trabalho

11 - Sala para preparação da terapêutica 12 – Gabinete de enfermagem

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compressas estéreis e antissépticos; um armário com materiais (monitores cardíacos e bombas infusoras); três caixas para depositar resíduo hospitalar; e um recipiente para depósito de roupas usadas nos doentes. Neste corredor encontra-se, ainda, a sala do enfermeiro-chefe, com duas mesas e cadeiras, dois computadores e dois armários; uma sala de arrecadação com material de higienização; um refeitório com um frigorífico para as refeições dos doentes, um aparelho de microondas, uma mesa com cadeiras, um armário, um frigorífico pequeno para armazenar a refeição dos profissionais, e uma bancada com lava-loiças. É neste espaço que os profissionais de enfermagem fazem as suas refeições.

Este corredor dá ainda acesso a uma sala de trabalho com quatro computadores, cadeiras, e uma bancada. Na parte central e inferior da bancada em U há um armário para guardar dos pertences dos profissionais e um cofre para objetos de valor dos doentes. Na parte superior da bancada encontra-se uma impressora e os processos dos doentes. Nesta sala são efetuados os registos de enfermagem no sistema eletrónico e a passagem de turno. Esta sala de trabalho dá passagem a outra, contígua, destinada à preparação da terapêutica. A sala para preparação da terapêutica tem uma bancada em U, cujas extremidades são destinadas à preparação da terapêutica e nela estão dispostos os contentores de perfurante-cortante e um aparelho de telefone. Acima e abaixo desta bancada há armários com medicamentos e materiais para a preparação da terapêutica. Nas paredes laterais da bancada em U estão afixados avisos sobre a correta utilização dos contentores de cortante-perfurante e o procedimento de enfermagem de inserção de CVP. Numa das paredes há armários para guardar de material médico-hospitalar esterilizado.

Na parte central da bancada em U encontram-se os dois únicos lavatórios da unidade destinados à higienização das mãos e lavagem de alguns materiais (braçadeiras, garrotes e tabuleiros). Há um frigorífico com controle de temperatura para guardar medicamentos e um cofre eletrónico. Na parte inferior desta parte da bancada há armários para guardar tabuleiros limpos e para os frascos de perfusões endovenosas.

Na última parede desta sala estão armários para guardar material esterilizado, uma mesa com os materiais para a recolha de sangue para análises e um carro de urgência com monitor cardíaco e desfibrilador. Na parte central, estão dois carros com gavetas de medicamentos. Devido ao pequeno espaço, os mesmos são utilizados para a preparação da terapêutica. A sala tem duas pequenas janelas, com pouca ventilação e iluminação natural, contentores para resíduos hospitalares, contentores para cortante-perfurante e um rádio que permanece ligado a maior parte do tempo.

Saindo da sala de preparação há uma arrecadação com outros materiais médico- hospitalares para a prestação de cuidados aos doentes, uma sala com mesa, cadeira, computador, armário e uma televisão. Esta sala é utilizada pelas assistentes operacionais para guardar os seus pertences e realizar a passagem de turno, e algumas vezes, pelos enfermeiros para realizar os registos no sistema eletrónico. Em frente a ela encontram-se os sanitários das salas dos doentes e dos demais elementos da equipa multiprofissional.

No corredor seguinte estão as salas dos doentes/quartos (mulheres), que apresentam as mesmas caraterísticas descritas acima para as salas dos homens.

5.2 Fase 1 – Práticas de enfermagem no processo de punção venosa periférica e