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O crescimento da colaboração internacional em C&T

Uma das principais dificuldades do tema da colaboração em C&T é sua quantificação. Sua medida é essencial para a avaliação de programas e políticas existentes e para a construção de um panorama geral que pode servir de base para formulação de novas políticas. Como a colaboração informal predomina sobre a formal, as dificuldades de sua medição são maiores.

Desde os anos 60 do século passado, cientistas medem a atividade de colaboração por meio de estatísticas de coautoria (KATZ; MARTIN, 1997)42 que consiste na proporção entre os artigos em coautoria internacional e o total de artigos publicados em um país em um determinado período de tempo43.Apesar de diversas críticas44 (KATZ; MARTIN, 1997, AJIFERUKE; BURELL; TAGUE, 1988, GARFIELD, 1979, LAUDEL, 2002) e da

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O estudo de Price e Beaver (1966) foi o primeiro a utilizar a coautoria como um indicador de colaboração em pesquisa. A partir deste trabalho pioneiro, o método vem sendo usado extensivamente na literatura. Derek de Solla Price, Eugene Garfield, Henry Small e Belver Griffith foram os pioneiros do estudo sistemático das colaborações científicas e são considerados os pais da cientometria.

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Com esta metodologia é possível desagregar vínculos de colaboração por país e autor e mapear os grupos de colaboração, sua produtividade e seus líderes (CELIS, 2002).

44 As coautorias representam somente parte das relações entendidas como colaborativas, – pois não abarcam relações de colaboração informais que podem ser igualmente valiosas. Os índices utilizados para a consulta da quantidade de artigos, em geral, abrangem somente periódicos mainstream, não incluindo trabalhos de diversos pesquisadores – principalmente os de países do sul – que, por diversas razões, não têm acesso a eles. Os artigos em coautoria são, na verdade, somente o produto final, diversas relações informais ocorrem previamente à redação de um artigo em coautoria e são de difícil medição e quantificação.

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proposição, por outros autores, de metodologias alternativas45,esse indicador é utilizado em vários estudos e análises de países para indicar o status da produção científica e de redes de colaboração, pois seus benefícios46 superam suas desvantagens.

Assim, adotando a metodologia de análise de coautorias internacionais, é possível identificar um crescimento considerável da colaboração internacional em C&T há várias décadas. Atualmente, se nota sua alta taxa de crescimento, sem precedentes (VELHO, 2002). Luukkonen et al. (1993) demonstraram que, entre os anos 70 e 80 do século XX, a proporção de artigos em coautoria internacional no total de artigos mundial dobrou. Outros autores corroboram esse crescimento e acreditam na continuação desta tendência em anos mais recentes (NARIN et all, 1991; WAGNER, 2005).Segundo Kerwin (1981), um a cada 30 artigos são escritos em coautoria por cientistas de diferentes países e cerca de um cientista a cada 10 pesquisadores é ativo em algum tipo de projeto internacional, que em cerca de 1/3 das vezes leva a copublicações.

No trabalho de Leydesdorff e Wagner (2008) para os anos 1990, foi identificado um rápido crescimento, de cerca de duas vezes, no número de publicações feitas em coautoria internacional. Aproximadamente a mesma taxa de crescimento foi identificada em todas as áreas da ciência. O mesmo trabalho identificou uma continuação da tendência de crescimento durante os anos 2000, com um crescimento ainda mais rápido após essa data. Os artigos em coautoria internacional cresceram a uma taxa maior do que a do total de artigos produzidos (COMISSÃO EUROPEIA, 2009) e também do que aqueles em coautoria nacional, cerca de 7 a 8% ao ano (VELHO, 2002). Hatakenaka (2008) constatou que atualmente 1/5 dos artigos produzidos no mundo são feitos em coautoria, resultado, para o autor, da fácil comunicação e viagens internacionais.

45 Alguns exemplos são: a contagem do número de instituições (KERWIN, 1981) dedicadas à colaboração internacional; questionários para obter informações acerca dos indivíduos que influenciam ou opinam nos trabalhos dos pesquisadores; análise dos acknowledgements – os agradecimentos que aparecem ao final de artigos científicos ou projetos de pesquisa (VELHO, 1985); e a análise dos acordos internacionais de C&T (WAGNER, 2002).

46 Os resultados dos trabalhos em colaboração são geralmente expressos por meio de publicações. Além disso, a prática é invariante e verificável; o método é econômico e prático, gerando dados razoáveis e reprodutíveis; o tamanho da amostra pode ser grande e os resultados estatísticos podem ser mais significativos do que estudos de caso (CELIS, 2002). Ademais, se assume que, na maioria dos casos, coautorias refletem cooperação ativa entre os parceiros, sendo mais próxima do que diversas outras interações, como a troca de materiais, por exemplo (LUKKONEN et al., 1992).

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No mesmo artigo de Leydesdorff e Wagner (2008) a colaboração foi analisada em termos de sua multinacionalidade. Para isso, foram analisados os endereços dos autores indicados nas publicações em coautoria internacional. Os autores identificaram um aumento no número de endereços – de 2,8 em 1990 para 3,6 em 2000 – o que revela que a coautoria passou a ser mais multinacional, se estendendo por mais partes do globo, principalmente, segundo os autores, devido ao crescimento correspondente da possibilidade de difusão do conhecimento. Em média, os países mantêm um número crescente de colaborações no nível global, tornando a rede de colaborações mundiais cada vez mais densa, com menor "distância" entre os países e cada vez mais interligada47. Apesar de seu crescimento e do consequente espalhamento de influência e poder por ela, a rede é dominada por um grupo central que está se tornando menor. Em 2005, ele era composto por 14 nações; em 2000 por 21; e em 1990 por 22.

A cooperação internacional em C&T deve continuar crescendo de forma dinâmica e é provável que sua importância ganhe cada vez mais destaque nos próximos anos. O aumento da coautoria internacional pode ser uma consequência do aumento da atuação do Estado no estímulo a projetos e programas de colaboração internacional em C&T48.

Segundo Beaver e Rosen (1978), é possível classificar os estudos atuais sobre colaboração internacional em basicamente três categorias. A primeira diz respeito às estatísticas de cooperação e pretende demonstrar que a porcentagem da pesquisa produzida em colaboração apresenta crescimento nas últimas décadas. A maioria destes estudos, como já visto, corrobora o crescimento sem precedentes da colaboração internacional em P&D. A segunda categoria avalia o impacto deste crescimento para a ciência em termos qualitativos. Por fim, há os estudos que procuram explicar o fenômeno da colaboração em termos mais gerais, baseando-se em teorias da sociologia e da sociologia da ciência. Estes estudos têm em comum o reconhecimento de que o aumento da colaboração internacional representa uma das

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A análise de redes sociais é uma metodologia utilizada para mapear uma rede e avaliar a intensidade e a direção das conexões entre os países, estabelecendo quais atores são centrais e como estão conectados: se de forma direta ou indireta – por meio de outro país. Leydesdorrf e Wagner (2008) notaram que, atualmente, a conectividade entre as nações está maior, pois há diversos "caminhos" para estabelecer parcerias com determinado país, principalmente trajetórias diretas.

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A falta de estudos empíricos sobre o tema e a complexidade da análise não contribuem para a comprovação efetiva da existência de uma correlação entre as variáveis.

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possíveis respostas a diversos acontecimentos globais - sejam eles internos ou externos à esfera científica - que transformaram os fatores motivadores e limitantes, bem como as causas das atividades colaborativas em termos de sua natureza, conteúdo e foco geográfico. No entanto, segundo Wagner e Leydesdorff (2005), não há consenso a respeito das causas deste aumento. A maior parte dos teóricos constrói seus argumentos relacionando-os seja à maior interconectividade dos cientistas ou à maior difusão da capacidade científica, sendo estes internos à dinâmica científica ou externos a ela.

A teoria do centro-periferia explica que o aumento da colaboração internacional em C&T se deu devido à percepção e busca de países atrasados por cooperação com líderes científicos (SCHOTT, 1998, BEN-DAVID, 1971). Além de atraírem pesquisadores e estudantes, as nações do centro são polos de atenção à ciência produzida em escala global. Por concentrarem a maior parte dos laços da rede mundial de relações cientificas, o centro é procurado cada vez mais pelas nações do sul que buscam influência, reconhecimento e visibilidade.

A teoria da diferenciação interna das disciplinas da ciência (STICHWEH, 1996) argumenta que a progressiva diferenciação interna das disciplinas da ciência opera como um mecanismo essencial da conexão global em ciência, ou seja, a diferenciação disciplinar ou subdisciplinar motiva relações colaborativas no mundo inteiro. Estas relações, que representam um dos aspectos da estrutura subdisciplinar da ciência atualmente, não são mais determinadas pelas fronteiras nacionais (STICHWEH, 1996).

Galison e Hevly (1992) consideram o crescimento de projetos da Big Science49, a partir da metade de década de 1930,como um processo essencial para a diversificação da ciência e o crescimento de colaborações internacionais. A inauguração da Big Science criou diversos desafios para os cientistas em diferentes frentes, principalmente na frente multidisciplinar – que advém da necessidade de coordenação de grupos de diferentes disciplinas - e na multinacional – que resulta da coordenação de times de pesquisa com estilos de tradições de

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Caracterizados por serem de larga escala, envolverem grande número de cientistas, usualmente de nacionalidades e especialidades diversas, amplos objetivos e vultosos investimentos governamentais. Um exemplo bem representativo de projetos da Big Science é o Large Hadron Collider (LHC) do CERN.

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pesquisa diferentes(GALISON; HEVLY, 1992). Os autores estruturaram o que ficou conhecida como a teoria das características específicas das áreas da megaciência.

Considerada a primeira teoria da colaboração internacional em C&T, a teoria da profissionalização dos institutos científicos de Beaver e Rosen (1978) prega que a colaboração em pesquisa, formalmente reconhecida como a coautoria de artigos, se originou, se desenvolveu e continua a ser praticada em resposta à profissionalização das instituições da ciência e seu crescimento atual.

Dentre os diversos fatores externos à ciência que explicam o crescimento das colaborações internacionais em C&T nas últimas décadas estão os investimentos crescentes por diversas nações e países doadores em capacidades de C&T (WAGNER et al., 2001). O desenvolvimento das capacidades científicas aumenta o número de países aptos a participar em redes de colaboração internacional e reforça suas habilidades de conexão em redes globais. Ainda em relação a fatores externos à ciência, é possível citar a teoria das relações históricas relacionadas à proximidade geográfica ou laços coloniais (ZITT et al., 2000),na qual relações científicas derivam de relações coloniais antigas, comunidades linguísticas ou de interesses econômicos e geopolíticos contemporâneos; e a teoria do aumento do comércio internacional (BEN DAVID, 1971) que associa o aumento das colaborações em C&T ao aumento das trocas internacionais que ocorreu, em especial após, a Segunda Guerra Mundial. Neste período, foram criados uma infinidade de novos laboratórios e instituições de pesquisa no mundo todo, atraindo a atenção de empresas que começavam a investir em P&D e em parcerias para pesquisa e inovação. A aproximação do mundo ocidental, devido à Guerra Fria, e a maior oferta de serviços de P&D por novas instituições e laboratórios de pesquisa contribuíram para o aumento das colaborações em C&T.

A teoria do crescimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)50(GIBBONS et al., 1994, STARR, 1995) explica que a partir da Segunda Guerra Mundial, multiplicam-se os espaços onde a pesquisa de qualidade pode ser conduzida e são as TICs que permitem uma rápida interação, comunicação e troca de informações entre essas

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Importante notar que alguns atores argumentam que esta teoria não explica, mas sim facilita a colaboração internacional em C&T, visto que a maior parte das interações entre investigadores se inicia mesmo de forma presencial.

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organizações (que podem consistir de empresas, universidades, órgãos de governos, etc.). A facilidade de deslocamento -resultado de inovações também no setor de transporte - e a rápida troca de conhecimento proporcionada pelas TICs criaram um "sistema produtivo de conhecimento socialmente distribuído" (GIBBONS et al., 1994, p.10) , no qual a comunicação ultrapassa as fronteiras institucionais e sustenta uma rede cujos nós estão espalhados pelo mundo e cuja interconectividade aumenta a cada dia. Às TICs, então, deve-se não somente o aumento da interconectividade dos atores envolvidos em pesquisa, mas também a maior diversidade na geração de conhecimento, devido ao aumento na comunicação. Segundo os autores, é o excedente gerado da alta interação e intercâmbio entre cientistas, empreendedores que dá base à emergência do Modo 2 do conhecimento, já tratado anteriormente, que passa, a partir da sua consolidação, a ser altamente dependente das TICS (GIBBONS et al., 1994).

Wagner e Leydesdorff (2005) propõem que o crescimento das colaborações internacionais pode ser explicado pela teoria da conexão preferencial, fundamentada pela organização intelectual e social das redes colaborativas. Em um estudo de 2005, os autores constataram que um país bem conectado na rede de colaborações científicas aumenta seu número de parcerias mais rapidamente do que outros menos conectados e que os países escolhem seus parceiros de acordo com o número de conexões que estes possuem: quanto mais conexões, mais procurado é o parceiro (Efeito Mateus51). Portanto, aqueles atores com sistemas científicos mais fortes atuam como polos de atração, ao qual os outros se conectam. Quanto mais alta for a posição do investigador ou de um grupo de pesquisa na estrutura social científica, maior é a possibilidade que este tenha reconhecimento, acumule conhecimento e adquira sempre financiamento para seus projetos, exercendo, como consequência, maior atração sobre seus pares (CELIS, 2002). Assim, a principal explicação para o aumento das colaborações internacionais estaria fundada mais na dinâmica criada pelos interesses dos cientistas do que devido a outros fatores estruturais, institucionais ou políticos. (WAGNER; LEYDESDORFF, 2005, p. 1616).

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Termo cunhado por Robert Merton (1968) fazendo referência à passagem da bíblia Mateus (25:29). Em sociologia da ciência, o termo se refere à tendência de concessão de prestígio e status a cientistas já significativamente reconhecidos.

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A colaboração em C&T foi durante décadas governada pela própria comunidade científica de modo auto-organizado52. Porém, com a emergência de desafios globais e de uma maior competitividade, o envolvimento da política se tornou necessário para guiar os pesquisadores. Assim, o desenvolvimento da colaboração internacional em C&T não se apresenta mais somente na agenda da comunidade científica, mas está se tornando uma dimensão chave na estratégia de governos, agências de fomento e organizações de pesquisa. A atenção política de diversos atores à colaboração internacional em C&T está crescendo rapidamente.

O contínuo estímulo e promoção por parte de governos de iniciativas em direção à colaboração internacional podem ser identificados como uma importante razão para o crescimento de colaborações internacionais. Nos anos 1980, os projetos de colaboração internacional nasciam em sua maioria de iniciativas informais de cientistas e esse tema ocupava somente uma posição marginal nas políticas de C&T de diversos países. Atualmente, diversos programas intergovernamentais53 têm sido estabelecidos com o objetivo explícito de fomentar a colaboração global e regional em pesquisa por meio de apoio a projetos internacionais: uma estimativa recente afirma que o apoio a projetos de cooperação internacional representam mais de 10% dos gastos com P&D em alguns países (VELHO, 2002). Os governos vêm cada vez mais reconhecendo a importância da colaboração em C&T para a inovação tecnológica, desenvolvimento, competitividade econômica e globalização da economia.

A crescente atenção dos governos ao tema da colaboração internacional representa uma resposta a diversos acontecimentos globais, internos e externos à ciência que finalmente contribuem para o aumento da colaboração internacional em anos recentes. Primeiramente, é possível citar a emergência dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) - e particularmente da China - e seu reconhecimento por atingirem padrões de qualidade internacionais em C&T. Este novo contexto mudou o direcionamento das políticas de

52 Exceções importantes são os grandes programas da Big Science e do Research-for-aid que necessitavam da coordenação de recursos financeiros e da garantia de que os programas seriam bem focados.

53 Exemplos são os programas ESPRIT, EUREKA, Human Frontier Science Programme, Framework da União Européia e o Advanced Technology Program dos Estados Unidos. Outros exemplos são o International

Geosphere-Biosphere Programme, International Programme on the Human Dimensions of Global Environmental Change, o CERN, a Agência Espacial Européia e a Fundação Europeia para a ciência.

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cooperação em C&T, em especial, em relação à natureza, conteúdo e foco geográfico (COMISSÃO EUROPEIA, 2009).

Em segundo lugar, há o crescente debate político sobre a urgência de desafios globais como a mudança climática, questões de saúde e recursos energéticos renováveis. As parcerias internacionais contribuem para a discussão destas questões e para o desenvolvimento acelerado de soluções. A globalização da P&D54, que afeta a prioridade dos temas de pesquisa e a mobilidade de pesquisadores é outro fator que contribui para a crescente atenção dada ao tema da colaboração internacional. Pode-se citar também a escassez de profissionais especialistas em ciência e engenharia55, causada pelo baixo ou decrescente número de pós- graduados em ciência e engenharia. A colaboração internacional atrai talentos estrangeiros de países parceiros, contribuindo, em parte, para solucionar o problema (COMISSÃO EUROPEIA, 2009).

Finalmente, o crescente debate político promovido por diversos órgãos internacionais sobre o assunto, bem como as ambições de desenvolvimento de massa crítica e pesquisa de excelência contribuem para atrair atenção sobre o tema de cooperação internacional em C&T (COMISSÃO EUROPEIA, 2009). Em consequência destes fatores, é possível identificar outros, também relevantes, como o crescente desejo de mobilidade de pesquisadores e as preocupações em relação à fuga de cérebros, o aumento dos programas de pesquisa, instalações e organizações internacionais, bem como o custo cada vez maior de condução de pesquisa de ponta e da extensão dos modelos de Big Science.

A figura 3 abaixo apresenta as principais causas do crescimento das colaborações internacionais em C&T discutidas neste trabalho. É possível identificar, por meio da figura, aqueles fatores internos à ciência e os externos a ela.

54 Segundo o relatório da OCDE (2008), a globalização da P&D consiste na atuação cada vez mais internacional de funções corporativas intensas em conhecimento. A crescente competição global em inovação e o custo das atividades de P&D (devido ao seu caráter cada vez mais multidisciplinar) levaram instituições a procurarem fontes externas de inovação, bem como alianças estratégicas externas, fusões e aquisições, corporate ventures e outsourcing.

55 Fenômeno observado principalmente, se não exclusivamente na Europa nas últimas décadas que passa também por uma diminuição demográfica de população jovem.

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Figura 3- As principais causas do crescimento da colaboração internacional em C&T.

Fonte: Elaboração própria com base em WAGNER; LEYDESDORFF, 2005 e COMISSÃO EUROPEIA, 2009.

O crescimento das colaborações internacionais em C&T tiveram como resultado um interesse cada vez maior pelo tema por parte de atores fora da comunidade de pesquisa. Desta forma, diversas iniciativas – inclusive de políticas públicas - foram inauguradas no sentido de aumentar e incentivar atividades em colaboração internacional (KATZ, 1994). Esse enorme crescimento é, segundo Melin e Persson (1996), produto de uma dinâmica interna da ciência, mas também de iniciativas políticas de construção de uma política científica. A pesquisa científica e a colaboração internacional se tornaram parte integrante das políticas econômicas e de inovação de diversos países e da estratégia de globalização destes. "A excelência em pesquisa é um pré-requisito para o sucesso econômico futuro e a colaboração internacional é

Fatores externos à ciência Fatores internos à ciência

Emergência dos BRICS Urgência de desafios globais Relações históricas Aumento do comércio internacional

Crescimento das tecnologias de informação e comunicação Iniciativas públicas de estímulo à colaboração internacional Investimentos crescentes de países doadores em capacidades de C&T Mobilidade de pesquisadores Aumento de programas,

Escassez de talentos científicos

Mecanismo da conexão preferencial Profissionalização dos institutos

científicos

Características específicas das

áreas da megaciência

Diferenciação interna das disciplinas da ciência

Teoria do centro-periferia

Alto custo da pesquisa de ponta instalações e organizações de

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vista como um mecanismo chave para a competitividade científica internacional" (HATAKENAKA, 2008, p. 65, tradução nossa). Os interesses nacionais e políticos influenciam cada vez mais a condução da ciência, devido principalmente à crescente necessidade de recursos massivos para financiar pesquisa. (KERWIN, 1981).

O crescimento das colaborações internacionais em C&T foi demonstrado pelos vários estudos empíricos citados neste trabalho, muitos dos quais também buscaram explicar o porquê desta expansão. É importante ressaltar que este fenômeno não pode ser analisado à luz de somente uma dentre estas teorias. A colaboração internacional em C&T é um fenômeno dinâmico e complexo que apresenta múltiplas causas, cujo desenvolvimento dependeu de uma série de acontecimentos mundiais, regionais e muitas vezes locais. Por isso, as diversas teorias aqui expostas representam juntas um conjunto de fatores que provocou o crescimento das atividades colaborativas em C&T. Algumas destas hipóteses se mostraram mais expressivas em determinados países, contextos ou situações científicas e tecnológicas. Já em outras, as