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2.3. A promoção da colaboração internacional na FAPESP

2.3.6. Os acordos internacionais

A FAPESP assina os primeiros convênios internacionais na segunda metade dos anos 1980. Estes acordos formalizavam o intercâmbio de pesquisadores que já ocorria desde os anos 1960, bem como previam reuniões científicas, desenvolvimento de projetos conjuntos e atividades de docência de professores estrangeiros. A partir de 2009, a fundação impulsiona o estabelecimento de convênios formais com instituições estrangeiras, em especial para o financiamento de projetos de pesquisa em codesenvolvimento nas diversas áreas do conhecimento.

A tabela abaixo apresenta o número de bolsas e auxílios concedidos entre 1962 e 2001 a pesquisadores do estado de São Paulo pela FAPESP no âmbito dos primeiros acordos estabelecidos com instituições estrangeiras: o DAAD alemão, o British Council britânico e a Fullbright norte-americana. A tabela tem o objetivo de mostrar que o número de auxílios e bolsas concedidos, no âmbito dos primeiros acordos assinados pela instituição, nos 30 primeiros anos de sua vigência (de 1962 a 1991) é muito próximo ao número de auxílios concedidos nos 10 anos entre 1992 e 2001. Esta relação atesta um movimento da FAPESP em direção ao maior apoio a este tipo de atividade, que também receberá esforços grandes após o ano de 2009.

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Tabela 7 – Bolsas e auxílios em convênio com entidades de apoio à pesquisa e formação de pesquisadores no exterior – 1962 a 2001.

Ano/Instituição DAAD BC Fullbright Total

1962-1991 92 82 15 189

1992 - 2001 149 28 7 184

Total 241 110 22 373

Fonte: adaptado de SILVA, 2004

A partir do sucesso do projeto Genoma, no ano 2000 e seus desdobramentos, a FAPESP intensifica a assinatura de acordos de cooperação que preveem além de intercâmbio científico, a condução de projetos de pesquisa em parceria com instituições do exterior. No entanto, foi a partir do ano de 2009 que o número de convênios assinados cresce vertiginosamente, pois a fundação passa a considerar "essa uma estratégia para aumentar a qualidade, o impacto e a visibilidade da ciência feita em São Paulo" (FAPESP, 2007, p.XVI).

A gestão de Cruz como Diretor Científico da FAPESP, a partir de 2005, marcou o início de uma grande preocupação com questões internacionais. A FAPESP se transformava em resposta a uma série de fatores externos – discutidos no primeiro capítulo – que influenciaram as percepções de seus líderes a respeito da necessidade e importância de parcerias internacionais e promoveram o crescimento destas relações no âmbito da FAPESP.

Parcerias internacionais nunca foram novidade na FAPESP. Desde o início de sua história a instituição se relacionava com congêneres internacionais, financiando a mobilidade de pesquisadores e a formação de profissionais no exterior. O aumento do número de universitários envolvidos com pesquisa no Brasil, do custo da pesquisa de ponta, bem como da demanda industrial por profissionais especializados e de alta qualidade forçaram a FAPESP a formalizar os acordos que já existiam há décadas (renovando-os e aperfeiçoando-os), bem como firmar novas parcerias, objetivando atender à crescente demanda de forma organizada.

O novo Diretor Científico da FAPESP, Brito Cruz e seu presidente Celso Lafer foram figuras importantes para a inauguração de esforços mais intensos em relação à colaboração internacional. Lafer, diplomata de carreira, valorizava consideravelmente as relações internacionais e a

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colaboração entre nações. Cruz orientou a atuação da FAPESP em resposta à percepção da comunidade científica de que o estado de São Paulo possuía grupos de pesquisa qualificados e competitivos que poderiam evoluir e ao mesmo tempo agregar conhecimentos por meio da colaboração internacional. Segundo Cruz, a ampliação da colaboração internacional era um fenômeno inevitável, ou seja, quaisquer líderes que estivessem gerenciando a FAPESP acabariam por perceber sua importância no contexto paulista.

À entrada dos novos membros diretivos, somou-se a crise financeira mundial de 2008, a partir da qual muitos países passaram a se interessar por colaborações internacionais em C&T, pois nela viam uma forma de somar e multiplicar esforços conjuntos, apesar de recursos escassos. Além destes efeitos diretos, outros mais gerais contribuíram para a evolução e consolidação de uma grande preocupação por colaborações internacionais na FAPESP.

A evolução e popularização das Tecnologias de Informação e Comunicação impulsionaram as possibilidades de comunicação com o estrangeiro e facilitaram o estabelecimento de parcerias. Por meio da internet, é possível compartilhar documentos e informações, fazer reuniões em tempo real e monitorar e acompanhar projetos. O fácil acesso a estas ferramentas e os baixos custos de deslocamento físico facilitaram o contato entre pesquisadores, funcionários de Instituições de Ensino e Pesquisa e Agências de Fomento e tomadores de decisão, estimulando a colaboração entre estes atores.

Os contatos internacionais já estabelecidos incentivam a criação de novas relações, por meio de um fenômeno conhecido como Efeito Mateus (ou mecanismo da conexão preferencial) que caracteriza a prática das nações/instituições de escolherem seus parceiros de acordo com o número de conexões que estes possuem. Isto é: quanto mais relações um país/instituição possui, mais procurado ele é. Os Diretores de Área da FAPESP expõem a presença deste fenômeno na história recente da instituição, mencionando que passaram a ser muito procurados por instituições estrangeiras que haviam recebido avaliações positivas da FAPESP por meio de parceiros antigos ou atuais desta.

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É importante citar que os fenômenos já discutidos da profissionalização dos institutos científicos, do aumento de programas, instalações e organizações de pesquisa internacionais financiados por diversos países em parceria, bem como do aumento geral de iniciativas públicas de incentivo à colaboração internacional em C&T acarretaram o crescimento do número de parceiros interessados em pesquisa colaborativa, uma vasta demanda por projetos internacionais, além de maior disponibilidade de fundos.

Neste mesmo contexto, o Brasil ganha destaque, não somente como membro do bloco dos países emergentes (os BRICS), mas como um importante ator no debate a respeito da urgência de desafios globais - como as mudanças climáticas - no qual os cientistas paulistas tem ampla participação. As políticas econômicas, sociais e culturais empreendidas, em especial, pelo Governo Federal nos últimos anos conferiram grande visibilidade ao país no exterior. Empresas e organizações estrangeiras descobriram o potencial da pesquisa científica e técnica brasileira, o que explica grande parte da procura internacional por parcerias com instituições brasileiras. A expansão das atividades colaborativas internacionais da FAPESP se construiu também sobre as bases erigidas pelo Governo Federal: a arquitetada propaganda do Brasil (em seus diversos âmbitos) no exterior e principalmente o Programa Ciência sem Fronteiras que atraiu muitas instituições ao país que acabaram firmando parcerias com a FAPESP77.

Não se pode negar, no entanto, o mérito da FAPESP em utilizar sua autonomia financeira e sua reputação como elementos essenciais para a concretização dos convênios. A percepção da importância da cooperação internacional para o desenvolvimento da missão institucional da FAPESP ocorre em um contexto global no qual atores do mundo periférico passam a reconhecer que a cooperação é uma forma de diminuir as diferenças em relação às nações desenvolvidas.

O Anexo I sintetiza informações a respeito de todos os acordos assinados entre a FAPESP e instituições no exterior até dezembro de 2013.

77 Entrevista concedida por CRUZ, Carlos Henrique. Entrevista VI. [maio 2014]. Entrevistador: Amanda Almeida Domingues. São Paulo, 2014.

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Com base na literatura consultada e nos endereços eletrônicos da FAPESP sobre a cooperação internacional da instituição78 foi possível identificar 99 acordos formais79 estabelecidos com instituições de diversas naturezas no exterior, desde os anos 1980. Até dezembro de 2013, 73 destes acordos estavam vigentes.

Do total de acordos assinados pela fundação, 37 foram firmados com instituições de fomento à pesquisa, 56 com instituições de Ensino Superior e Pesquisa (em 20 diferentes países) e seis deles são parcerias com instituições internacionais80.

Os acordos com instituições de fomento à pesquisa foram os pioneiros na história da colaboração internacional da FAPESP. Em geral mais duradouros e de escopo mais abrangente, estes acordos financiam quase que exclusivamente projetos que envolvem grande quantia de recursos. Outra modalidade foi nascendo a partir de contatos internacionais e experiência de outras agências: os acordos com instituições de Ensino Superior e Pesquisa. Bem mais recentes, com escopo restrito e envolvendo menores somas de recursos, estes acordos em geral financiam intercâmbios, eventos, entre outros tipos de interação entre cientistas. A racionalidade – claramente não absoluta – é promover uma interação que possa gerar um projeto conjunto a ser submetido às agências de fomento dos países envolvidos. Além disso, este tipo de acordo gera uma visibilidade na comunidade científica local, incentivando outras Universidades e Centros de Pesquisa e até mesmo agências de fomento a procurar a FAPESP.

De todos os acordos analisados, a maior parte (72%) foi assinada a partir de 2009, como consta na tabela abaixo.

78<www.fapesp.com/acordos>;<www.bv.fapes.br> e <www.fapesp.br/publicacoes/alberto.pdf>. Acessado em novembro de 2014.

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Vide Anexo I para uma lista completa de todos os acordos.

80 São eles: Belmont Fórum, IANAS, The Inter American Network of Academies of Science, a IUPAC, International Union of Pure and Applied Chemistry, o CERN, Ciência e Tecnologia da Informação e da Comunicação para a América do Sul (STIC-AmSud) e Colaboração Interamericana em Materiais (CIAM).

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Tabela 8 – Número de acordos com instituições internacionais por ano de assinatura.

Ano de assinatura do acordo Nº de acordos assinados Até 1996 6 De 1996 a 2003 3 2004 3 2005 1 2006 3 2008 4 2009 10 2010 4 2011 18 2012 25 2013 22 Total 99

Fonte: Elaboração própria com base em: www.fapesp.br/acordos

É possível verificar que no ano de 2009 houve um aumento de mais de 100% no numero de acordos assinados em relação ao ano anterior. Assim, verifica-se que a maior parte dos acordos assinados entre instituições internacionais e a FAPESP é recente, sendo firmada a partir do ano de 2009. Isso se deve ao fato de que em 2007 a instituição inicia um investimento forte na promoção da colaboração internacional. Além do contexto internacional favorável ao Brasil e da intensificação dos processos de interdependência nas esferas da C&T, foi nesse período que a FAPESP reconheceu a importância das relações internacionais para a ciência paulista e constatou que os grupos que lá atuavam eram equiparáveis em termos de qualidade e conhecimento aos seus pares no exterior. Por isso, a partir do ano de 2007, a FAPESP intensifica sua procura por parceiros ao mesmo tempo em que é cada vez mais procurada por instituições estrangeiras.

A análise da colaboração internacional atual da instituição será feita com base não somente nos acordos que estavam vigentes em dezembro de 2013, mas também naqueles cuja vigência expirara, mas cujo início de suas atividades se deu no ano de 2009 ou após esta data81. Esta seleção é adequada, pois a intenção do trabalho é analisar as características dos acordos

81É importante notar que alguns dos acordos analisados tiveram sua origem antes de 2009 e constam na base, pois estão válidos até os dias de hoje.

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recentes da FAPESP, considerando 2009 como um marco na intensidade de assinatura de parcerias internacionais.

Desta forma, nossa base de dados está constituída de 87 acordos82 que possuem datas de assinatura variadas – desde a década de 1980 até o ano de 2013. Vinte e nove dentre estes são parcerias com Agências de Fomento (33,3%), seis com instituições multinacionais e cinquenta e dois com Instituições de Ensino e Pesquisa (59,8%). Setenta e três (84%) estavam vigentes até dezembro de 2013.Os 87 acordos geraram 406 auxílios entre bolsas de estudo e financiamento à pesquisa. Duzentos e noventa destes foram aprovados mais recentemente, entre 2009 e 2013. 49,7% destes foram em parceria com Agências de Fomento (144), 47,6% (138) com Instituições de Ensino e Pesquisa e somente 2,8% (8) com Instituições Multinacionais. A maior parte destes auxílios foi concedida bem recentemente, no ano de 2013 (42,4%) e parte significativa destes foi iniciada em 2011 (20,3%) e 2012 (17.9%).

A partir destes dados é possível observar o impacto que o Programa Federal Ciência sem Fronteiras provocou no processo de estabelecimento de parcerias da FAPESP a partir de 2011. Por um lado, a agência foi muito procurada por instituições estrangeiras que, por meio do programa, se familiarizaram com a C&T brasileiras; de outro, a FAPESP usufruiu da boa propaganda criada no exterior sobre o Brasil para se aproximar de certos parceiros com os quais desejava estabelecer vínculos83.

Éa partir de 2009 que a FAPESP inicia uma busca pela diversificação de suas parcerias. Foram inaugurados acordos com a África do Sul, Austrália, Argentina, Bélgica, Chile, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Israel, Japão, além de três acordos com instituições internacionais. Esta intensificação ocorreu justamente devido à assinatura de diversos acordos com Instituições de Ensino Superior e Pesquisa no mundo todo. Com base em experiências internacionais e também devido à procura internacional, a FAPESP passa a firmar uma quantidade cada vez maior de acordos com estas instituições. A repercussão positiva dos

82 Vide Anexo II para uma lista completa destes acordos.

83 Entrevista concedida por CRUZ, Carlos Henrique. Entrevista VI. [maio 2014]. Entrevistador: Amanda Almeida Domingues. São Paulo, 2014.

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resultados destes acordos no país estrangeiro ou perante instituições parceiras contribuiu para ampliar a rede de contatos interessados no estabelecimento de parcerias.

Com relação aos países parceiros, a maioria dos 87 acordos foi estabelecida com nações do norte, como ilustra a figura abaixo. Seus parceiros são especialmente países da Europa e América do Norte. Parcerias com países latino-americanos são mais recentes84. A instituição firmou acordos com países africanos e da Oceania somente no ano de 2013, estabelecendo dois convênios com universidades australianas e com uma sul-africana. Na Ásia é possível identificar uma recente e, por enquanto, tímida aproximação. Um memorando de entendimento foi assinado em 2013 com o Japão e, segundo os Diretores de Área entrevistados, há diversas conversas ocorrendo com instituições chinesas. No Oriente Médio, o único parceiro da FAPESP é Israel.

Figura 4 – Países parceiros da FAPESP em acordos de cooperação em C&T.

Fonte: Elaboração própria com base em: www.fapesp.br/acordos

84 Em 2010 é inaugurada a importante parceria entre FAPESP e o CONICET argentino (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas) e somente em 2013 o Chile passa a ser parceiro da FAPESP.

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Os maiores parceiros internacionais em C&T da FAPESP são os Estados Unidos e o Reino Unido, como evidenciado na tabela abaixo que mostra o número de acordos atuais da instituição por país parceiro. Além destes parceiros, destacam-se também o Canadá e a França, com onze e nove acordos, respectivamente.

Tabela 9 – Número de acordos de cooperação internacional em C&T entre FAPESP e instituições parceiras por país parceiro.

País parceiro Nº de acordos % correspondente

África do Sul 1 1,1 Alemanha 3 3,4 Argentina 1 1,1 Austrália 2 2,3 Bélgica 1 1,1 Canadá 11 12,6 Chile 1 1,1 Dinamarca 1 1,1 Espanha 2 2,3 Estados Unidos 19 21,8 Finlândia 1 1,1 França 10 11,5 Holanda 4 4,6 Israel 3 3,4 Japão 1 1,1 Portugal 1 1,1 Reino Unido 18 20,7 Suíça 1 1,1 Inst. Multinacionais 6 6,9 Total 87 100,0

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Segundo Cruz, esta predileção por Estados Unidos e Reino Unido não é surpreendente. Os dois países respondem, juntos, por quase metade da ciência do mundo (Estados Unidos cerca de30% e Reino Unido cerca de 15%) além de concentrarem os mais altos índices de impacto de pesquisas científicas(informação verbal)85.

Em termos de auxílios concedidos, a tendência se mantém. Os Estados Unidos apoiaram 83 projetos desde 2009, Reino Unido 71 e França 49. Juntos, esses países financiaram cerca de 70% dos auxílios colaborativos entre 2009 e 2013. Ao contrário da França, a maior parte dos projetos aprovados pelos Estados Unidos e Reino Unido é bastante recente: 69,8% e 36,6% foram iniciados entre 2012 e 2013, respectivamente, enquanto somente 26% dos projetos em parceria com os franceses datam destes anos. Os auxílios concedidos em parceria com os franceses eram mais numerosos no início da década de 2010, enquanto os com Estados Unidos e Reino Unido eram escassos. A partir de 2012, esse cenário se inverteu: a França perdeu espaço e Estados Unidos e Reino Unido passaram a apoiar um grande número de projetos em parceria com pesquisadores paulistas. Além dos grandes parceiros já citados, destacam-se também Alemanha, Argentina e o Canadá.

As principais instituições parceiras da FAPESP em termos de número de auxílios concedidos são o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) francês (11,7% dos auxílios concedidos), o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) argentino (8,6%), a Universidade de Ohio (8,3%), o King's College (7,6%) e a National Science Foundation (NSF) norte-americana (6,7%). Esta análise reflete as principais parcerias da FAPESP (França, Estados Unidos e Reino Unido), mas também evidencia um importante investimento da instituição com a Argentina.

85Entrevista concedida por CRUZ, Carlos Henrique. Entrevista VI. [maio 2014]. Entrevistador: Amanda Almeida Domingues. São Paulo, 2014.

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Tabela 10 – Número de auxílios concedidos no âmbito das parcerias internacionais da FAPESP por país parceiro.

País parceiro Nº de auxílios % do total

Estados Unidos 83 28,6 Reino Unido 71 24,5 França 49 16,8 Argentina 25 8,6 Alemanha 17 5,8 Canadá 16 5,6 Instituições Multinacionais 8 2,8 Dinamarca 7 2,5 Holanda 6 2,1 Israel 5 1,7 Espanha 3 1 Total 290 100

Fonte: Elaboração própria com base em: www.fapesp.br/acordos e www.bv.fapesp.br

As principais atividades previstas nos acordos são o estímulo ao intercâmbio de pesquisadores, a condução de pesquisas conjuntas e em menor escala a realização de eventos. Mais da metade destes acordos prevê atividades de intercâmbio como parte ou como estratégia principal de cooperação internacional (45 acordos). Grande parte destes (72 acordos) aposta no desenvolvimento de projetos conjuntos como forma de colaboração e somente cerca de um a cada três acordos prevê a realização de eventos (28 acordos). Seis destes acordos são memorandos de entendimento, ou seja, compromissos nos quais atividades específicas a serem empreendidas pelos parceiros não são detalhadas.

Por meio da análise dos auxílios concedidos é possível confirmar esta preferência da FAPESP e de seus parceiros pelo financiamento à pesquisa como forma de aproximação internacional. Mais de 91% dos auxílios foram destinados ao financiamento de pesquisas regulares ou temáticas, 5,8% a bolsas de estudo e somente 3,1% dos auxílios apoiaram a realização de nove eventos.

Foi também a partir de 2009 que a preferência por acordos de duração de cinco anos se estabelece na FAPESP. Os acordos firmados antes desta data não possuem duração específica (renovação tácita ou duração não especificada) ou sua duração é maior que cinco anos. Cerca de

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53% dos acordos recentes têm validade de cinco anos. Este período - segundo os representantes da instituição entrevistados - por ser mais curto, é mais apropriado para acordos com Instituições de Ensino e Pesquisa: mais de 60% dos acordos com estas têm duração prevista de cinco anos. Isso ocorre, pois os acordos com estes parceiros são, em geral, mais curtos e rápidos e menos abrangentes – prevendo, em geral, intercâmbio de pesquisadores - o que não justifica grandes prazos de duração. Já com as Agências de Fomento, há uma maior flexibilidade, havendo acordos com duração de dois ou seis anos. Estas instituições possuem maior quantidade de fundos e condições de financiar projetos maiores e mais duradouros.

A respeito das áreas de concentração dos acordos, indicadas no texto assinado pelas partes, a maioria dos convênios prevê atividades em todas as áreas do conhecimento (56 acordos). Alguns destes informam uma ou mais áreas de preferência e outros esclarecem que os objetos a serem apoiados serão definidos em editais. Dentre os acordos que especificam uma ou mais áreas de submissão de projetos (25), as áreas de Ciências Exatas e da Terra86 se sobressaem, com 10% (nove acordos) dos editais solicitando projetos específicos para ela. Importantes também são os acordos específicos da área de Ciências Biológicas87, que representam 5,7% (cinco acordos) do total de acordos recentes da FAPESP.

Visto que a maior parte dos acordos estabelecidos pela FAPESP não especifica uma área de concentração de apoio a projetos, intercâmbios, eventos e outras atividades, - como visto acima - torna-se necessário investigar as áreas do conhecimento dos auxílios concedidos no âmbito destes acordos. Essa investigação identificará em quais áreas as atividades desenvolvidas em parcerias estão concentradas.

A tabela abaixo mostra o número de auxílios por área do conhecimento e revela o predomínio de apoio nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas e

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Inclui as seguintes disciplinas: Matemática, Probabilidade e Estatística, Ciência da Computação, Astronomia, Física, Química, Geociências, Oceanografia.

87 Inclui as áreas de Genética, Botânica, Zoologia, Ecologia, Morfologia, Fisiologia, Bioquímica, Biofísica, Farmacologia, Imunologia, Microbiologia e Parasitologia.

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Engenharias88 que juntas representam 72,1% de todos os auxílios concedidos entre 2009 e dezembro de 2013 no âmbito de parcerias internacionais.

Tabela 11 – Número de auxílios por área do conhecimento.

Área do auxílio Nº de auxílios % do total

Ciências Exatas e da Terra 89 30,7

Ciências Biológicas 77 26,6

Ciências da Saúde 43 14,8

Engenharias 35 12,1

Ciências Agrárias 13 4,5

Ciências Sociais Aplicadas 11 3,8

Ciências Humanas 10 3,4

Interdisciplinar 9 3,1

Linguística, Letras e Artes 3 1,0

Total 290 100,0

Fonte: Elaboração própria com base em: www.fapesp.br/acordos e www.bv.fapesp.br.

Da área do conhecimento que mais recebeu auxílios no período considerado – as Ciências Exatas e da Terra – a maior parte foi destinada às disciplinas de Física e Química (cerca de 35% e