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2.3. A promoção da colaboração internacional na FAPESP

2.3.4. Os auxílios regulares

A promoção da colaboração internacional em C&T constava como objetivo da FAPESP desde sua criação em 1947. Portanto, desde o início formal de suas atividades, na década de 60, a fundação promoveu o intercâmbio internacional de pesquisadores, tendo destaque em relação a outras agências de fomento. O apoio a bolsas de estudo no exterior se inicia de forma tímida entre 1963 e 1966, mas cresce mais de 200% em média nos dois anos seguintes e mantém um significativo crescimento até 1972. Entre altas e baixas, o número de bolsas volta a tomar um caminho ascendente a partir de 1987 (tabela 2 abaixo).

Como já ressaltado, mesmo no início de sua atuação, a FAPESP já se destacava no financiamento a bolsas de pesquisa no exterior quando comparada a outras agências brasileiras - a Capes e o CNPq - como mostra a tabela abaixo para o ano de 1971. Apesar de ser responsável pelo apoio no exterior somente de pesquisadores paulistas, a FAPESP concedeu,

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em 1971, uma quantidade significativa de auxílios em comparação às concessões de outras agências federais, responsáveis pelo financiamento de projetos e bolsas no Brasil todo.

Tabela 2 – Bolsas no exterior, segundo a área de conhecimento: Capes, CNPq, FAPESP, 1971.

Área Capes CNPq FAPESP

Total 79 140 120

Fonte: Adaptado de FAPESP, 1999, p. 144

Após o aumento da dotação orçamentária da FAPESP, a fundação pôde incrementar o número de programas, bem como a quantidade de bolsas ao exterior e apoio a viagens e atividades de docência. As tabelas e o gráfico abaixo ilustram a evolução no número de bolsas ao exterior em suas diversas modalidades desde o ano de 1962.

Do início da década de 1990 até o ano de 2012, foram mais de 17.400 auxílios a reuniões em outros países, mais de 4.000 bolsas de pós-doutorado no exterior e mais de 4.800 auxílios a professores visitantes estrangeiros. A FAPESP enviou ao exterior para concluir cursos de pós-graduação 26 alunos, além de 418 professores brasileiros visitantes.

Gráfico 1 – Número total de auxílios concedidos a atividades internacionais.

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Em relação a todas as modalidades analisadas – professor visitante do Brasil, professor visitante do exterior, participações em reuniões no exterior, pós-graduação exterior e pós- doutorado – é possível perceber que entre os anos de 1995 e 1998 há um aumento significativo no número de apoios.

Após esta data, o número de auxílios concedidos a cada modalidade variou muito. Fica evidente que a FAPESP apoia um número muito maior de professores estrangeiros visitantes em instituições paulistas do que professores brasileiros no exterior. Esta proporção chega a ser 14 vezes maior em 1997, 17 vezes em 2006 e 15 vezes em 2010. O número de professores visitantes do exterior apoiados pela FAPESP aumentou até 1998, caindo ano a ano até 2006, quando retomou seu crescimento pouco a pouco. Quanto aos professores visitantes do Brasil, 1998 também foi um ano marcante. Nesta data, houve apoio a um grande número de pesquisadores, porém a partir do ano seguinte, o número de auxílios passa a variar sem padrão aparente, chegando, em 2010, a metade do que foi em 1998. O número de auxílios ao pós- doutorado no exterior permanece constante durante o período, somente sendo reduzido em 2009. Reunião no exterior foi a modalidade que recebeu maior número de auxílios no período, tendo a FAPESP, concedido um grande número deles em 1998. Este número diminuiu ano a ano até 2006, quando a instituição concedeu um número ainda maior de auxílios para essa modalidade. No entanto, após 2006, o número de apoios a eventos passa a ser decrescente.

Em 2005, a FAPESP cria o programa Novas Fronteiras cuja finalidade é apoiar pesquisadores doutores de instituições de pesquisa do estado de São Paulo em estágios de até doze meses de duração em instituições de excelência no exterior em áreas de pesquisa inexistentes ou ainda não consolidadas no estado. O programa enviou ao exterior, até o ano de 2012,77 pesquisadores. Dois anos após a sua criação, em 2007, o programa envia ao exterior o maior número de pesquisadores do período analisado. Após este ano, o número de cientistas apoiados por esta modalidade cai consideravelmente passando a ser zero em 2011 e somente 2 em 2012 (tabela 5).

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Tabela 3 – Número de bolsas concedidas a estudos no exterior 1963-1973.

Modalidade/Ano 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973

Exterior 5 9 2 7 23 68 83 104 120 160 157

Professor visitante do exterior - 4 3 5 13 29 44 31 41 41 48

Fonte: Elaboração própria com base em FAPESP,1999.

Tabela 4 - Evolução do número de auxílios concedidos a atividades no exterior 1974- 1991.

Modalidade/Ano 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991

Professor visitante do Brasil 0 0 0 0 0 0 0 11 14 8 17 22 13 18 13 11 13 13

Professor visitante do exterior 52 54 60 79 72 71 58 68 94 93 102 119 124 145 182 177 188 185

Participações reuniões exterior 0 0 0 0 0 0 0 81 133 142 186 259 239 223 289 216 299 272

Pós-graduação exterior 0 0 0 0 0 0 42 50 53 57 43 79 73 78 63 72 70 69

Pós-doutorado exterior 0 0 0 0 0 0 100 122 99 114 155 205 181 174 195 218 239 277

Exterior72 140 120 112 165 159 149 - - - -

Fonte: Elaboração própria com base em FAPESP,1999.

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Tabela 5 - Evolução do número de auxílios concedidos a atividades no exterior 1992-2012.

Modalidade/Ano 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Professor visitante do Brasil 18 20 26 34 29 27 30 25 24 18 17 12 13 19 10 13 18 15 13 20 16 Professor visitante do exterior 241 176 221 298 373 383 372 299 239 208 182 176 162 143 177 192 188 202 205 203 254 Participações reuniões exterior 354 394 592 669 875 1001 1095 986 1085 946 865 621 847 693 923 963 1191 904 903 800 790 Pós-graduação exterior 5 4 3 1 6 2 2 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Pós-doutorado exterior73 212 242 225 254 271 258 340 317 247 162 149 113 133 122 128 143 161 92 158 175 184 Novas Fronteiras 7 16 18 13 16 5 0 2

Fonte: Elaboração própria com base em FAPESP 2001, FAPESP, 2007, FAPESP 2012.

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Em 2011, a FAPESP lança o programa BEPE - Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior cuja finalidade é apoiar bolsistas da FAPESP, em suas diversas modalidades, (iniciação científica, mestrado, doutorado e doutorado direto e pós-doutorado) a realizar estágios de curta e média duração no exterior. A instituição passa a reconhecer a "importância do intercâmbio de pesquisadores em formação com grupos de pesquisa de outros países"74 e incentiva que o projeto de apoio financeiro submetido à FAPESP já contemple um período de estágio no exterior. Segundo o site da fundação, esse programa foi resultado do contato regular que a FAPESP mantém com a comunidade científica do estado, tornando-se "clara a necessidade de adoção de novas modalidades de apoio à realização de estágios de pesquisa no exterior para pesquisadores em formação e para aqueles desenvolvendo estágios de pós-doutoramento." 75

Tabela 6 – Número de bolsas concedidas no âmbito do programa BEPE segundo modalidade para os anos de 2011 e 2012.

Modalidade de bolsas

Número de bolsas

2011 2012

Estágio de Pesquisa – Iniciação científica 6 48

Estágio de Pesquisa – Mestrado 1 153

Estágio de Pesquisa – Doutorado 18 325

Estágio de Pesquisa – Doutorado Direto 2 42

Estágio de Pesquisa – Pós-doutorado 6 149

Fonte: FAPESP, 2012.

Em relação a todos os auxílios concedidos, na década de 90, os Estados Unidos foram o país que recebeu o maior volume de pedidos de auxílio aprovados (bolsas, pesquisador visitante e reuniões no exterior), seguidos por França, Reino Unido, Itália, Espanha e Alemanha (SILVA, 2004, p.23). Já entre 2002 e 2012, os oito países que receberam maior volume de pedidos de auxílio aprovados – que incluem apoio a reuniões exterior, visitante exterior, pesquisa (antigo pós-doutorado), doutorado, novas fronteiras (somente a partir de 2005) e estágio pesquisa

74FAPESP. Programa BEPE. Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/linha-do-tempo/2147/bolsa-para-estagio-de-

pesquisa-no-exterior/> Acesso em: 27 de março de 2013.

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(somente para 2011 e 2012) – foram Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Reino Unido e Canadá (FAPESP, 2012).

Em suma, os números de auxílios regulares apresentados nas tabelas acima demonstram o contínuo investimento da FAPESP no desenvolvimento de atividades que preveem interação internacional.

No final da década de 1960, a pós-graduação se expandia no Brasil e uma série de ações do Governo Federal eram consolidadas para desenvolver uma comunidade científica e tecnológica brasileira ainda muito pequena. Neste contexto, a FAPESP investiu significativamente em bolsas ao exterior, o que justifica a grande expansão entre 1967 e 1968. Outros fatores que contribuíram para a decisão de enviar mais bolsistas ao exterior foram a abertura de novas áreas de pesquisa para as quais o país não oferecia boas oportunidades de doutoramento (como, por exemplo, Ciência da Computação) e a redução dos auxílios de organizações estrangeiras (FAPESP, 1970).

Porém, como um de seus Diretores Administrativos declarou: "enquanto [o número de bolsas] se conta[va] por unidade, [o número de componentes do corpo docente e discente das instituições superiores] se conta[va] por dezenas de milhares". (FAPESP, 1999, p. 141). Ainda consistia um desafio para a FAPESP disponibilizar um número maior de bolsas ao exterior para a crescente comunidade científica brasileira.

Muitos pesquisadores brasileiros estavam migrando para o exterior devido à ditadura e a vinda de professores estrangeiros para o Brasil era uma tendência contrária a esse fenômeno (FAPESP, 1965). A política que estava sendo empregada pela FAPESP era de priorizar a vinda de professores estrangeiros ao invés de investir em bolsistas indo ao exterior. Desta forma, a instituição acreditava que se formavam mais do que um pesquisador, mas vários que conviviam com o pesquisador estrangeiro. O entendimento era de que com a mesma verba gasta para financiar um bolsista no exterior, é possível trazer um pesquisador para lecionar no Brasil e formar muito mais do que um pesquisador. Por isso, a partir de 1967, o número de professores estrangeiros passa a ser bem mais significante do que nos anos anteriores. Ainda com relação aos professores visitantes do estrangeiro, seu crescimento foi mais ou menos constante até 1988 (exceto pela única queda significativa (-22% em relação ao ano anterior) em 1980).

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A partir de 1985, quando a Emenda Leça76 entra em vigor, o número total de auxílios concedidos a atividades com o exterior cresceu significativamente, como mostrado no gráfico abaixo. Isso foi possível porque o adendo ao artigo 130 amenizou das oscilações do orçamento da FAPESP que vinham sofrendo com as altas taxas de inflação do período e proporcionou uma grande estabilidade financeira à fundação. Desta forma, os repasses do governo estadual seriam feitos mês a mês (em duodécimos) e calculados com base no ano anterior.

Gráfico 2 – Número de auxílios regulares desvinculados a acordos de cooperação – 1992 a 2012.

Fonte: Elaboração própria com base em FAPESP 2001, FAPESP, 2007, FAPESP 2012.