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2.3. A promoção da colaboração internacional na FAPESP

2.3.5. Outras atividades

Além dos auxílios regulares, dos acordos assinados com Instituições de Ensino e Pesquisa e de Fomento à Pesquisa - que serão analisados em seguida - a FAPESP promoveu outros tipos de atividades para incentivar a colaboração internacional de cientistas paulistas.

Em 1993, em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, a FAPESP inaugura o Programa de Especialistas Estrangeiros no âmbito do qual

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Emenda da Constituição do estado de São Paulo ao artigo130. A emenda, de autoria do deputado Fernando Leça definiu que os recursos repassados à FAPESP seriam calculados com base em valores do ano anterior e repassados à instituição mês a mês. A emenda foi muito importante para a história da instituição, pois garantiu a regularidade dos repasses financeiros. Para mais detalhes, ver: http://www.bv.fapesp.br/linha-do-tempo/2123/emenda-leca-em-vigor/.

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foram recebidos pelas universidades paulistas e centros de pesquisa do estado 37 especialistas, advindos da Rússia (12), Alemanha (4), Espanha (3), Bulgária (2), África do Sul (2) e outros oito países (FAPESP, 1999, p.206).

O final da década de 90, em especial o ano de 1997, foi um marco da história da cooperação internacional da FAPESP. Neste ano são dados os passos iniciais para o desenvolvimento do projeto Genoma no Brasil, que realizou o sequenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa, conhecida como "amarelinho", causadora da clorose variegada dos citros (CVC) - doença que provoca a destruição de grande parte dos laranjais paulistas. O projeto contou inicialmente com a consultoria do professor fitopatologista J. Bové da Universidade de Bordeaux que assistiu na escolha da bactéria a ser sequenciada (FAPESP, 1999). O projeto foi organizado na forma de uma rede denominada ONSA (Organization for Nucleotide Sequencing and Analysis) ou Instituto Virtual Genoma de São Paulo cuja Comissão de Supervisão contava com a participação de três especialistas internacionais com experiência comprovada no gerenciamento de projetos de sequenciamento de genomas. Os professores André Goffeau, da Universidade Católica de Louvain, Bélgica, Steve Oliver, da Universidade de Manchester na Inglaterra e John George Sgouros, da Imperial Cancer Research Foundation também da Inglaterra compunham, ao lado de dois brasileiros, a Comissão de Supervisão, que foi responsável pela escolha dos laboratórios responsáveis pelo sequenciamento (FAPESP, 1999).

O projeto Genoma Xylella fastidiosa, foi conduzido inteiramente no Brasil com expertise dos cientistas nacionais e dos laboratórios do estado de São Paulo, representando um marco da ciência internacional, por ter sido o quinto genoma mais extenso já sequenciado completamente, o primeiro de um organismo causador de uma doença em plantas e o primeiro sequenciamento genético microbiano fora do eixo Estados Unidos-Europa-Japão. O projeto representou também um marco na história da colaboração internacional da FAPESP, pois abriu diversas portas para a ciência brasileira, que ganhou visibilidade internacional sem precedentes. No entanto, é importante ressaltar a opinião de um dos Diretores de Área de que, apesar dos investimentos da FAPESP no projeto, ele se apresentou como uma parceria muito maior que ultrapassou as fronteiras da gestão da FAPESP e acabou se tornando muito independente desta.

Em meio ao sucesso do financiamento ao projeto Genoma, ocorrem os primeiros desdobramentos deste grande investimento da FAPESP em parcerias internacionais. Um destes

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foi o convênio com o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, da Suíça, que visava o desenvolvimento de um projeto de pesquisa para a construção de um banco de dados de genoma humano e genoma de câncer que facilitaria e fomentaria a pesquisa científica na prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer. Logo após o anúncio internacional de que o genoma da Xylella fastidiosa havia sido completamente sequenciado, no ano 2000, a FAPESP lançou diversos subprogramas no âmbito do projeto Genoma. Dois dentre estes foram conduzidos em parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos com o objetivo de estudar (1) o genoma de uma variedade de Xylella que ataca as videiras da Califórnia e (2) o genoma da Leifsoniaxylisubsp. xyli, bactéria bastante prejudicial à cana-de-açúcar na Austrália e em outras regiões.

Em 2009, a FAPESP lança a iniciativa da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) que incentiva o contato internacional da comunidade científica paulista por meio da oferta de cursos de curta duração para jovens estudantes ou pós-doutores de outros países com o objetivo de gerar debates a respeito de temas avançados da ciência. Entre 2009 e 2010 foram aprovados 20 cursos, sobre variados temas como computação quântica e processamento e visualização de imagens computacionais, imunodeficiências primárias e luz síncroton, reunindo mais de 230 pesquisadores. Vinte e quatro novos cursos foram aprovados entre 2011 e 2013, ampliando a visibilidade do trabalho dos pesquisadores paulistas, bem como as redes e as possibilidades de colaboração.

A partir do ano de 2010, visitas internacionais na FAPESP tornaram-se mais frequentes. Foram recebidos dirigentes da Academia Chinesa de Ciências, do governo suíço e também pesquisadores alemães, desejosos pelo debate a respeito da pesquisa ambiental que estava sendo conduzida no Brasil. Promovido pela Royal Society com o apoio da FAPESP, proeminentes jovens pesquisadores britânicos e brasileiros participaram, em 2010, do evento UK-Brazil Frontiers of Science Symposium para debater questões de fronteira do conhecimento, estimulando uma reflexão a respeito dos novos rumos de vários campos de atuação.

Em 2011, a FAPESP recebeu representantes do Chicago Council on Global Affairs, uma importante organização norte-americana independente formada por gestores públicos, lideranças de governo, empresas, membros da academia e da sociedade civil. O órgão tem a missão de

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discutir assuntos internos e externos de relevância e contribuir com a Política Externa norte- americana.

No mesmo ano, a FAPESP encontrou o Ministro do Ensino Superior e Ciência do Reino Unido – David Willets – e recebeu duas delegações: uma da Holanda – Netherlands Organisation for Scientific Research– e uma norte-americana em meio à realização do Massachusetts Brazil Innovation Economy Mission 2011.

No âmbito da estratégia de promoção da ciência brasileira, a FAPESP organizou, na Universidade de Toronto no Canadá, a FAPESP week 2012. O evento tinha por objetivo apresentar o cenário para colaboração internacional em São Paulo, bem como algumas atividades da fundação, como os projetos apoiados em editais com as universidades canadenses Toronto e Western Ontario e com o ISTP Canada (International Science and Technology Partnerships Program). Além disso, pesquisadores de ambos os países tiveram a oportunidade de debater possibilidades de colaboração em temas como os de recuperação da qualidade de solo e água. No mesmo ano, a fundação organizou outros três simpósios em Cambridge, Washington e Morgantown, nos Estados Unidos, para incentivar a colaboração internacional entre pesquisadores. Na mesma oportunidade, o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, reuniu-se com professores, dirigentes e estudantes da Universidade de Harvard e da Universidade West Virginia (WVU) e representantes de órgãos de fomento à pesquisa dos Estados Unidos, como a NSF, o National Institute of Health (NIH), o Ministério da Energia dos Estados Unidos e o Conselho de Ciência e Tecnologia da Casa Branca para explorar oportunidades de cooperação em pesquisa. O diretor também participou de uma apresentação de pesquisas feitas em parceria entre o MIT e estudantes paulistas na área de fronteira da física de superfluidos.

Em parceria com os holandeses também foi organizada em 2012 uma reunião, o Meeting on Scientific Cooperation between Dutchand São Paulo Universities que reuniu representantes de oito universidades holandesas, entre elas Delf University of Technology, Erasmus University Rotterdam e a VU University Amsterdam. Poucos meses depois, os parceiros lançaram a primeira chamada de propostas que selecionou projetos nas áreas de melhoria da produção agrícola, agricultura sustentável, biorrefinarias e conversão de biomassa em biocombustíveis. Outro

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importante evento organizado pela FAPESP em parceria internacional foi o Fronteras de la Ciência, em dezembro de 2012, na Espanha.

Nas instalações da FAPESP, foram recebidas sete delegações de diferentes países (Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Suíça e África do Sul), compostas por 95 representantes de instituições internacionais interessadas em formas de cooperação em C&T. Algumas destas visitas e dos eventos que a FAPESP patrocina ou participa acabam gerando acordos de cooperação internacional. Recentemente, a instituição recebe inúmeras visitas de entes internacionais, quase que diariamente. E, além disso, é muito comum que o Diretor Científico da instituição e seus representantes participem de eventos no exterior regularmente.