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4.2 Conhecendo o Hospital de Caridade

4.2.2 O Hospital de Caridade hoje

O Hospital de Caridade é cadastrado pelo Ministério da Saúde como “CACON 1” com radioterapia e é regulamentado pela Portaria 3535 de 2 de setembro de 1998 do Ministério da Saúde (OLIVEIRA, 2002). Os CACON’s são unidades públicas e filantrópicas que dispõem de todos os recursos humanos e tecnológicos necessários à assistência integral do paciente câncer.

Devido a sua diversidade e complexidade de serviços, o HC é considerado um dos maiores do estado catarinense oferecendo os seguintes serviços: centro cirúrgico, emergência geral, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral e unidade coronariana, serviços de radioterapia e radiomoldagem, serviços de radiologia, serviços de fisioterapia e serviços de fonoaudiologia. Além disso, conta com a atuação de inúmeras clínicas que atuam como parceiros do Hospital, dentre elas encontram-se: a Belvedere (unidade de dependência química); Centro Catarinense de Medicina Nuclear; Centro Oncológico de Florianópolis (CEOF); Cineângio; Clínica de Olhos Dr. Henrique Packter; Clínica do Rim e Hipertensão Arterial; Gastroclínica; Instituto Diagnóstico de Anátomo Patológico (IDAP); Laboratório de Análises Clínicas Santa Luzia; Centro de Neurodiagnóstico; Proctologia e Uroclínica. Em termos de terceirização o único serviço que opera nesta linha é a administração do estacionamento e pátio do HC.

O custeio de suas atividades é mantido com recursos advindos de rendas provenientes de patrimônio imobiliário pertencente à Irmandade, doações, aluguel de espaços para clínicas, convênios com SUS e com planos de saúde e internações particulares, estas últimas se constituem a principal fonte de recursos. Segundo entrevistas realizadas, a

participação dos recursos públicos é baixa e ocorre de maneira mais pontual no financiamento de projetos de compras de equipamentos, medicamentos e materiais de enfermagem.

A capacidade atual de atendimentos do Hospital é de 226 leitos, o que representa em um ano a disponibilização de 78.041 leitos (HOSPITAL DE CARIDADE, 2005). No quadro 8, encontra-se um resumo estatístico com os principais resultados alcançados pelo Hospital em 2004.

Indicador hospital Resultado

Nº de internações 8.521

Taxa de ocupação anual 88,84%

Total de pacientes/dia 70.129

Média permanência dos pacientes (em dias) 8,22

Nº de atendimentos/emergência 26.349

Nº de funcionários ativos 678

Quadro 8: Resumo de Estatística 2004

Fonte: Informativo Hospital de Caridade (HOSPITAL DE CARIDADE, 2005)

Do número total de leitos, 129 atendem os pacientes do SUS, sendo que há pretensões de até o mês de julho de 2005 ampliar este número para 146. Considerando o contingente total de pacientes atendidos isto representa mais de 60% de clientela proveniente do SUS. Cabe esclarecer que tal percentual é fixado pelo Ministério de Saúde como condição para recebimento e manutenção do “Certificado de Entidades de Fins Filantrópicos”. Já os quartos classificados como “apartamentos” em que há apenas um paciente por unidade não são subsiados pelo SUS e, por isso, são destinados para os pacientes de convênios ou internações particulares.

A operacionalização de todos estes atendimentos é realizada pela atuação de uma equipe composta por 678 funcionáriosdistribuídos entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, técnicos e auxiliares de enfermagem, auxiliares de serviços gerais, escriturários, recepcionistas, auxiliares administrativos, pessoal de serviços de apoio entre outros profissionais (PERUCHI, 2000). A contratação dos funcionários passa por processos seletivos, mas há também um trabalho de valorização interna que procura dar oportunidades para aquelas pessoas que já integram o quadro pessoal do Hospital. Do corpo médico, 36 são empregados pelo próprio HC e 385 são médicos credenciados. O credenciamento segue um rigoroso procedimento que passa inicialmente pela análise da documentação, avaliação da

provedoria, análise do médico especialista e por fim há uma avaliação por parte de uma comissão que é integrada pelo diretor técnico, procurador do hospital, um representante da Mesa Administrativa e três médicos do corpo clínico. Em termos de treinamento e capacitação dos colaboradores, observa-se na fala dos entrevistados uma preocupação do HC pela atualização contínua dos seus profissionais. Porém, as necessidades de treinamento hoje são mais pontuais e contingenciais, enfocando determinado assunto conforme a ocorrência das situações.

Em termos de estrutura organizacional (vide anexo 2), a Irmandade possui como órgão máximo de decisões o Conselho Pleno que é presidido pelo Provedor (pessoa responsável pela coordenação dos trabalhos da Irmandade) e formado por 12 conselheiros, além dos ex-provedores que são considerados membros natos. Este conselho reúne-se duas a três vezes no ano e é o órgão normativo e deliberativo da última instância, tendo como função apreciar as decisões e atividades do Hospital em um contexto geral. Hierarquicamente abaixo, há o Conselho Consultivo que é um órgão de aconselhamento, o Conselho Fiscal, que atua como fiscalizador das finanças do HC e a Mesa Administrativa - órgão colegiado de decisão superior, responsável pelo planejamento, coordenação e controle normativo e deliberativo de primeira instância.

A Mesa Administrativa atua diariamente no HC e responde por sua administração central do HC sendo constituída pelo provedor, secretário geral, tesoureiro geral e procurador geral. As pessoas que integram os cargos da Mesa e que também compõem o Conselho Pleno não são remuneradas caracterizando assim um trabalho voluntário.

O provedor, além de ser a figura central da Irmandade, pode-se dizer também que é o diretor geral do Hospital. Antes esta função era de responsabilidade de um superintendente - um profissional com conhecimento técnico na área médica ou administrativa, contratado especificamente para administrar o hospital.

A designação dos componentes da Mesa ocorre por processo eletivo bianual, podendo haver reeleição por mais um mandato. Qualquer pessoa pode criar uma chapa e participar da eleição da Mesa, bastando apenas ter iniciativa para exercer o trabalho voluntário no Hospital e ser integrante da Irmandade. Entretanto, pelas entrevistas realizadas, foi identificado que existe um determinado “consenso” na formação das chapas. Não necessariamente há um perfil pré-determinado, indicando que nem sempre os membros da Mesa possuirão experiência direta no setor médico-hospitalar. Em geral, são pessoas com formação superior, que possuem conhecimentos em outras áreas ou setores ou foram

ocupantes de cargos públicos ou até mesmo possuem negócio próprio e que, de forma direta ou indireta, podem contribuir para a administração do hospital.

Após o encerramento da gestão, os ex-provedores integram o Conselho Pleno como integrantes nato. A limitação de tempo máximo de atuação da provedoria passou a ser adotada na gestão de 1995 de Aloísio Acácio Piazza. Na história do Hospital de Caridade verifica-se que muitos provedores permaneceram nos seus cargos por longos anos, o maior deles foi o do coronel Germano Wendhausen, que teve um mandato que começou em 01/07/1894 e encerrou-se em 26/05/1930 (PEREIRA, 1997). Charles Edgar Moritz foi o segundo maior provedor atuando no período de 1982 a 1995.

A diretoria executiva do Hospital é composta por diretoria técnica hospitalar, diretoria administrativa, diretoria financeira e diretoria clínica. Atualmente o cargo da diretoria administrativa não está ocupado. Ao contrário dos componentes da Mesa os profissionais que ocupam estes cargos são contratados e remunerados pelo HC. A contratação do Diretor Clínico é diferenciada e o seu ocupante é eleito pelo próprio corpo médico do Hospital, o tempo de mandato corresponde ao da Mesa, ou seja, dois anos. A diretoria técnica tem como papel principal resguardar o fiel cumprimento do código de ética médica, enfermagem e de outros profissionais ligados à área da saúde, fiscalizando o cumprimento de resoluções emanadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Regional de Medicina (CRM), Ministério da Saúde (MS) e legislação sanitária. A diretoria técnica é um órgão obrigatório em qualquer hospital e sua existência é definida pelo CFM. A diretoria executiva do HC como um todo está subordinada diretamente à Mesa Administrativa e, de acordo com as entrevistas, têm acesso direto aos seus ocupantes para apresentar propostas, sugerir e subsidiar as decisões.