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O INTELECTUAL ORGÂNICO

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1 A FORMAÇÃO DOS INTELECTUAIS EM GRAMSCI

1.1 O INTELECTUAL ORGÂNICO

Iniciamos o estudo do conceito de intelectual orgânico em Gramsci por meio das discussões realizadas por Jean-Marc Piotte no capítulo 1 “L‟ intellectuel

organique” e no capítulo II, L‟ intellectuael traditionnel”, do livro “El pensamento politico de Gramsci”. Trata-se de excertos da obra desse autor.

Como assinala Gramsci (2001):

(Essa pesquisa sobre a história dos intelectuais não será de caráter “sociológico”, mas dará lugar a uma série de ensaios de “história da cultura” (Kulturgeschichte) e de histórias da ciência política. Todavia, será difícil evitar algumas formas esquemáticas e abstratas que recordem as da “sociologia”: será preciso, portanto, encontrar a forma literária mais adequada para que a exposição seja “não sociológica”. A primeira parte da pesquisa poderia ser uma crítica metodológica das obras já existentes sobre os intelectuais, que são quase todas de caráter sociológico. Portanto, coletar a bibliografia sobre o assunto é indispensável.). (p.17-18)

Como mencionamos na Introdução desta pesquisa, para Piotte (1972), Gramsci delimita o conceito de intelectual em dois sentidos. O primeiro, uma definição de tipo sociológica que consiste em definir os intelectuais pelo lugar e pela função que ocupam no seio de uma estrutura social, que dá o nome de orgânico.

A segunda definição, de tipo histórica, consiste em determinar o caráter do intelectual pelo lugar e pela função que ocupa no seio de um processo histórico, que qualifica de tradicional unido organicamente a classes desaparecidas ou em vias de desaparecer.

Na análise histórica, o termo orgânico assume um novo significado, sendo precisado e limitado pelo termo tradicional. Essa é uma distinção metodológica que se supera na medida em que o esquema de interpretação histórica recupera, integra e completa o esquema sociológico.

Segundo Piotte (1972), para Gramsci o erro metodológico mais comum na distinção entre intelectuais e não intelectuais foi buscar explicações no interior do trabalho intelectual e não situá-la no conjunto das relações mais gerais da sociedade. Ou seja, ele não aceita como critério a adoção da divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual porque, para ele, em todo tipo de trabalho existe um mínimo de atividade intelectual e também de atividade mecânica.

A elucidação desta regra apresenta problemas insolúveis, tais como:

¿Cómo, con esta regla, se puede dilucidar si tal tipo de trabajo comprende más atividade intelectuales que manuales? En la gradación insensible que va del trabajo menos intelectual al más intelectual, ¿cómo determinar el umbral diferencial que estabelece el passo de la cantidad a la calidad, de lo manual a lo intelectual?6 (BON; BURNIER apud PIOTTE, 1972, p.19)

Desta forma, não se pode encontrar o que há de específico no intelectual com base na dicotomia: todo trabalho possui aspectos intelectuais e manuais.

Assim, Gramsci emprega outro critério: el intelectual se definirá por el lugar y

por la función que ocupa em el conjunto de las relaciones sociales (p. 20). Portanto,

no capitalismo, o que caracteriza o operário não é o caráter manual do seu trabalho, mas sim, o fato de não ser proprietário dos meios de produção e ser produtor de mais valia; por sua vez, o capitalista caracteriza-se por explorar a força de trabalho e

exercer a função de organizador da produção, o que exige qualificações técnicas, administrativas etc.

A distinção entre intelectuais e não intelectuais situa-se no conjunto das relações sociais gerais e, se, cada um utiliza em um grau mais ou menos elevado sua capacidade cerebral, todos os homens podem ser considerados intelectuais, porém nem todos exercem a função de intelectual, ou seja, “a própria relação entre o esforço de elaboração intelectual-cerebral e o esforço muscular-nervoso não é sempre igual; por isso existem graus diversos de atividade específica intelectual”. (GRAMSCI,1978, p. 7)

Para identificar o lugar e a função dos intelectuais, Piotte (1972) parte das seguintes questões: se nem todos exercem a função de intelectual, qual seria essa função e qual o lugar do intelectual nas relações de produção? De acordo com o autor, para Gramsci:

Todo grupo social que surge sobre la base original de una función essencial en el mundo de la producción económica, estabelece junto a él, orgánicamente, una o más capas intelectuales, que le dan homogeneidad y consciencia de su própia función, no sólo en el campo económico, sino también en el social y en el político [...]7(GRAMSCI apud PIOTTE, 1972, p. 21)

Esta definição aplica-se somente às classes fundamentais e Gramsci retira seus exemplos das classes trabalhadora e capitalista. Piotte (1972), no entanto, busca adaptá-la às classes não fundamentais.

Conforme mencionamos na introdução, os intelectuais que uma classe cria no curso de seu desenvolvimento cumprem tarefas que, na maioria das vezes são especializações de atividades intelectuais implicadas por sua origem na função que exerce esta classe pelo lugar que esta ocupa no modo de produção.

Assim, os empresários devem ter capacidade técnica no campo que lhes é próprio, ser os organizadores da divisão técnica do trabalho e ter a confiança dos acionistas e dos compradores. Uma elite de empresários deve ser a organizadora da hegemonia da classe burguesa e da coerção exercida por meio do Estado sobre as outras classes trabalhadoras. Contudo, estas distintas atividades intelectuais não

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É importante esclarecer que, para Gramsci, grupo social que exerce função essencial é o mesmo que classe social. Este foi um artifício utilizado para burlar os carcereiros à época da prisão.

são habitualmente exercidas pelos dirigentes desta classe, mas sim pelos seus representantes, os intelectuais orgânicos.

Os intelectuais são, portanto, primeiramente, os organizadores da função

econômica da classe a que estão ligados organicamente. Os “técnicos” são, a nível

econômico, os intelectuais orgânicos dos capitalistas. Os intelectuais são, também, os portadores da função hegemônica que a classe dominante exerce na sociedade civil. Trabalham em diferentes organizações culturais, escolas, jornais etc. e nos partidos da classe dominante, com a finalidade de assegurar o consentimento da classe dominada na direção que a classe dominante imprime à sociedade.

O proletariado pode, assim, produzir intelectuais hegemônicos, pois pelo lugar que ocupa no modo de produção capitalista, pode aspirar de maneira realista à direção da sociedade. Mediante o partido, pelas escolas que este organiza, pelos meios de difusão empregados e pelo papel de educador de seus militantes, o proletariado surge como adversário da hegemonia exercida pela burguesia tendendo a ultrapassá-la.

As classes que produzem amplas camadas de intelectuais hegemônicos se limitam, geralmente, aos grupos sociais essenciais ou fundamentais, ou seja, as classes que, pelo lugar que ocupam no seio de um modo de produção historicamente determinado, estão em posição de assumir o poder e a direção das outras classes, ou bem aspiram a assunção a esse poder. Consequentemente, no modo de produção capitalista, os grupos sociais essenciais são a burguesia e o proletariado.

Além disso, os intelectuais são considerados como os organizadores da coerção que a classe dominante exerce sobre as outras classes por meio do Estado. São os ministros, os deputados, os senadores etc, e constituem os quadros do aparato administrativo, político, judicial e militar.

O proletariado pode, também, em certas ocasiões, pretender limitar o poder de coerção da classe dominante, procurando apoderar-se progressiva e “democraticamente” de algumas das alavancas de controle do Estado. Pode, ainda, nos períodos revolucionários, constituir seu próprio exército, suas milícias e seus coros administrativos.

Quaisquer que sejam os meios utilizados, o proletariado que pretende o poder, pelo lugar que ocupa no seio do modo de produção capitalista, tende naturalmente a constituir um Estado dentro do Estado.

É função do intelectual suscitar nos membros da classe à qual está vinculado organicamente uma tomada de consciência de seus interesses e provocar nessa classe uma concepção de mundo homogênea e autônoma.

A concepção de mundo de uma classe é determinada pelo lugar mais ou menos autônomo que esta ocupa na estrutura social. De um lado, este lugar é determinado e depende da função que essa classe exerce no seio do modo de produção; de outro, essa concepção é resultante da função encarnada historicamente em uma determinada situação e qualquer transformação desta situação provoca a transformação da concepção.

Assim, a concepção de mundo do proletariado repousará sobre o fato de que não possuem os meios de produção e de serem criadores de mais valia.

A consciência de uma classe é influenciada pelas concepções das demais classes sociais.

La concepción del mundo de una clase es pues, naturalmente, una amalgama heteróclita formada por las derivaciones directas de su función en el seno de una situación dada, por las derivaciones de experiencias pasadas que no corresponden ya a la situación actual y por la influencia ideológica que sobre ella ejercen las otras clases sociales. (PIOTTE, 1972, p. 25)

Cabe aos intelectuais a função de homogeneizar a concepção de mundo da classe à qual está organicamente ligado, desempenhando um papel positivo no sentido de tornar mais homogênea a concepção naturalmente heteróclita desta classe.

Para Gramsci (apud PIOTTE, 1972) o presente não se explica senão pelo passado, a análise estrutural de uma sociedade não encontra sua razão de ser se não for pela explicação genética. Piotte (1972) considera que esta é a base de toda a filosofia histórica de Gramsci. O proletariado não poderá conhecer sua situação presente se não conhecer o seu passado e a classe operária não poderá obter a consciência de si, autônoma e homogênea, se do mesmo modo não conhecer igualmente o passado das demais classes sociais.

Conocerse a sí mismos quiere decir ser lo que se es, quiere decir ser dueños de sí mismos, distinguirse, salir fuera del caos, ser el elemento de orden, pero del orden propio y de la propia disciplina por un ideal. Y eso no se puede obtener si no se conoce también a los demás, su historia, la sucesión de los esfuerzos que han realizado para ser lo que son, para crear la civilización que han creado y que queremos substituir por la nuestra. (p. 26)

Gramsci (apud PIOTTE, 1972) insiste frequentemente que o marxismo, mesmo sendo a filosofia da classe trabalhadora, é autossuficiente, pois até mesmo Marx, na construção da filosofia própria do proletariado, utilizou a filosofia hegeliana, a economia política inglesa e o pensamento político francês. Designar a autonomia do marxismo como concepção do proletariado não implica que deva ser rechaçado aquilo que provém das ideologias das outras classes sociais.

A função de homogeneização é exercida pelo intelectual ao nível do saber e da difusão, ou seja, o intelectual do proletariado, quando atua organicamente contra a burguesia, deve extrair e elaborar a concepção de mundo implícita em uma determinada prática, exigida pelas tarefas impostas ao proletariado pelo lugar que este ocupa no seio da estrutura social. Além disso, deve explicar por que e como esta concepção é apenas implícita, por que e como não corresponde inteiramente à concepção explícita e heteróclita do proletariado. Deve, ainda, homogeneizar a concepção de mundo que é própria desta classe criticando as ideologias que deformam essa consciência.

Uma classe subalterna não pode aspirar dirigir a sociedade a menos que produza intelectuais a nível econômico-corporativo, tendo, por conseguinte uma consciência de mundo bastante heteróclita. Já a classe dominante, por possuir intelectuais em todas as funções, tende para uma grande homogeneidade.

Alguns poderiam considerar determinista este esquema, onde a sorte estaria lançada desde o princípio pelo lugar e a função de uma determinada classe social, porém como afirma Gramsci (apud PIOTTE, 1972): “El lugar y la función de las clases sociales delimita el cuadro en que se ejerce en la actividad de los intelectuales, pero éstos, por su parte, actún sobre este esquema e incluso lo llegan a transformar.” (p. 28)

Nesse sentido, a necessidade do lugar e da função das classes sociais está em relação dialética com a liberdade dos intelectuais sem aniquilá-las. Se de um lado, as relações de produção são necessárias e independentes da vontade

humana, por outro, a consciência desta necessidade e a vontade de transformar as estruturas econômicas depende das classes sociais e de seus dirigentes. “Así la transformación de las estructuras sociales exige una conflictividad objetiva,

necesaria, pero exige también la conciencia y la voluntad de resolver estos

conflictos.” (PIOTTE, 1972, p. 29)

As diferentes classes sociais produzem diferentes tipos de intelectuais. A classe dominante, por exemplo, possui muitos intelectuais exercendo funções complexas para fortalecer seu papel dominador e de direção da sociedade. Para Piotte (1972), Gramsci avalia que a complexidade das funções exercidas pelos intelectuais desta classe podem ser medidas objetivamente pela quantidade e hierarquização das escolas especializadas existentes nos países em que esta classe predomina: os progressos da industrialização exigem uma “complexificação” das funções, suportam a multiplicação e a especialização dos estabelecimentos escolares.

A classe que aspira e pode conseguir um dia o poder, produz, segundo a fase histórica na qual se encontra e segundo o maior ou menor poder da classe dominante, camadas de intelectuais que podem cobrir todas as funções e nos momentos de crise política, exercer, de fato, essas funções.

Assim é que para Gramsci (apud PIOTTE, 1972), as camadas intelectuais “se forman en conexión con todos los grupos sociales, pero especialmente con los grupos sociales más importantes, y experimentan elaboraciones más amplias y complejas en relación com el grupo social dominante”. (p. 30)

Nesse contexto, os intelectuais se acham unidos organicamente às classes sociais e esses laços procedem das organizações nas quais os intelectuais atuam. O capitalista, por exemplo, pode, ao mesmo tempo, exercer a função de proprietário dos meios de produção e organizador da mais valia e exercer a função de intelectual, organizador da direção e da dominação desta classe sobre o conjunto da sociedade nos níveis econômico, social, cultural e político.

Piotte (1972) menciona que a análise de Gramsci orienta-se pela organização de classe e, em geral, a dependência de uma organização em relação a uma classe social é diretamente proporcional à força e à coerção desta classe.

El carácter orgánico del intelectual depende, pues, de los lazos más o menos estrechos que unam a la organización de la cual él es miembro con la clase a la que representa. Pero ello depende también del lugar que ocupa el intelectual em las organizaciones de clase de la sociedad civil (organizaciones hegemónicas o económico- corporativas) o de la sociedade política (organismos del Estado). (p.34, parênteses do autor)

Nesse contexto, cabe questionar de onde vem a autonomia dos intelectuais, uma vez que não são membros de uma classe social como os demais indivíduos nem estão “atrelados” a uma determinada classe social, apenas estão ligados a ela organicamente.

A autonomia dos intelectuais depende primeiramente da especificidade de suas funções de organizador, de educador, de sábio e de “homogeneizador” da consciência de classe a nível econômico, social e político. O caráter necessário de sua função suporta certa independência. Acima de tudo, a autonomia é produto das organizações mesmas nas quais atuam. O vínculo orgânico que liga o intelectual a uma determinada classe implica precisamente que este seja a consciência crítica desta classe. Por exemplo, na Idade Média o clero se constituía na camada intelectual orgânica da aristocracia, mas isso não o impediu de, em alguns momentos, fazer oposição a ela. (PIOTTE, 1972)

Obviamente que se os intelectuais são, de certo modo, autônomos quanto às classes sociais, a sua relação com a estrutura econômica é também mediatizada. Portanto, a análise do lugar e da função dos intelectuais depende da estrutura econômica e do estudo das classes sociais, bem como das organizações existentes na sociedade civil.

Segundo Piotte (1972), Gramsci faz uma análise exaustiva de intelectual tomando Lênin como modelo de intelectual integral. Porém, afirma Piotte, nem todos os intelectuais são Lênin. A distinção entre os quatro tipos de intelectuais (investigador, educador, organizador da hegemonia e organizador da coerção), é importante e deve ser utilizada cuidadosamente para não se correr o risco de negar o caráter comum de suas funções.

É preciso ser capaz de colocar em relevo a hierarquia que liga – no seio de uma estrutura social historicamente determinada – estes diferentes tipos de

intelectuais. Por conseguinte, é necessário evidenciar a hierarquia que articula os intelectuais de um mesmo tipo. (PIOTTE, 1972)

Segundo Piotte (1972) e como mencionado anteriormente, no sistema de educação existem diferenças consideráveis entre os professores universitários e os professores da educação básica: estes que estão muito mais próximos das massas populares podem, facilmente, durante os períodos revolucionários, inclinar-se do lado das forças progressistas, enquanto que a maioria dos professores universitários acentuariam suas tendências reacionárias.

Así en el sistema de educación existen diferencias apreciables entre los professores universitários y los maestros: éstos que están mucho más cerca de las masas populares, pueden fácilmente, durante los períodos revolucionarios, inclinarse hacia el lado de las fuerzas progressistas, mientras que la mayoría de aquéllos acentuarán sus tendências reacionárias. (PIOTTE, 1972 p. 38)

Da mesma maneira que todo intelectual não é Lênin, todo indivíduo que faz parte de uma organização que exerce funções intelectuais não é, por isso, um intelectual.

Nesse sentido, Piotte (1972) questiona se não havia Gramsci caído em contradição consigo mesmo uma vez que rejeitava completamente a definição do intelectual em oposição ao trabalhador manual. Todavia, o autor destaca que se analisarmos os exemplos que Gramsci nos dá, podemos assinalar que esse ponto de vista “intrínseco” não se fundamenta na distinção intelectual-manual, mas sim, unicamente na função que os indivíduos devem exercer para serem intelectuais.

Gramsci utiliza os seguintes exemplos na sua análise: nas organizações militar e administrativa e em quase todas as que exercem funções de hegemonia e de dominação, existe uma diversidade de situações de pura execução onde não se cumpre nenhuma função de educação, de organização ou de investigação, haja vista o soldado, que não cumpre nenhuma função de organização e, desse modo, não pode ser considerado um intelectual. Por sua vez, o militante de um partido, é em si mesmo, aquele que cumpre uma função intelectual. Assim, todos os militantes de um partido são intelectuais.

Gramsci defende essa ideia afirmando que há uma diferença essencial entre o “chupatintas”8

que trabalha para o Estado para manter sua família e o trabalhador que adere voluntariamente a um partido com ânimo de lutar para impor na sociedade os interesses políticos da classe trabalhadora. Entretanto, o membro de um partido tem funções de direção e de organização, uma função educativa e intelectual acerca da classe da qual o partido é vanguarda.

O mesmo indivíduo pode assim, cumprir duas funções na sociedade: de um lado, por exemplo, pode ser criador de mais-valia, e por outro, intelectual orgânico da classe trabalhadora. Evidentemente, é preciso considerar graus na qualificação intelectual dos membros do partido. Piotte (1972) assinala que “[...] la afirmación de que todos los miembros de un partido son intelectuales se aplica sobre todo a los partidos de tipo leninista, aunque puede ser extensible a los partidos de tipo tradicional, com matizaciones importantes”. (p. 40)

Marx também distinguiu os intelectuais burgueses dos capitalistas propriamente ditos, mas claramente podemos perceber as diferenças no modo de formular o problema dos intelectuais. Para este autor, a definição de intelectual fundamenta-se na distinção entre trabalho manual e trabalho intelectual. Gramsci, rechaça precisamente a validade desta distinção, pois define o intelectual pelo seu lugar e função nas relações de produção.

Se por um lado, Marx considera intelectuais e capitalistas como membros de uma mesma classe, por outro, Gramsci define os intelectuais como uma camada ligada organicamente à burguesia. Ao definir a categoria dos intelectuais pelo lugar e

pela função que ocupam no seio de uma estrutura social historicamente

determinada, dá uma grande importância ao conceito de intelectual e aponta um fecundo instrumento de análise no que se refere à política e à ideologia.

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