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CAPÍTULO 1 – Assistência Social: política de responsabilidade do Estado e

1.2 O Plano e o Fundo Municipal de Assistência Social

A Secretaria gestora da assistência social – SEBES foi a responsável pela elaboração dos planos municipais de assistência social de Bauru. Até o ano de 2005 foram elaborados quatro documentos, os quais passaram por análise do CMAS e, posteriormente, por votação são aprovados.

O primeiro Plano Municipal de Assistência Social – PMAS foi elaborado para o exercício de 1996 a 1998, com base na I Conferência Municipal de Assistência Social realizada em 1995, tendo sido aprovado pelo CMAS. O documento em referência descreve os recursos sociais do município, estabelecendo a política de assistência social em “rede de programas e serviços sociais” por segmentos (PMAS, 1998). Tal documento tem uma estrutura bastante simples ao descrever o município e sua rede de serviços.

O PMAS representa um instrumento de gestão frente à realidade em que foi construído e diante da qual deverá fornecer respostas às necessidades sociais. Não deve, portanto, constituir em mera peça técnica formulada em gabinete para atender à exigência legal, mas sim é um importante “[...]

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instrumento estratégico para superar a improvisação que ainda impera essa área” (RAICHELIS, 1998a, p.19).

A Secretaria do Bem-Estar Social de Bauru elaborou o segundo PMAS para o exercício de 1999-2001, embasada na II Conferência Municipal de Assistência Social. O objetivo do documento tem como parâmetro a LOAS/93, em seu art. 2º, parágrafos de I a IV.

O Plano Municipal deve contemplar todos os dados referentes ao município, como indicadores sociais e econômicos, com vistas a delinear quem são os demandatários da assistência social, para tanto há que se mudar a visão em relação à própria assistência social, de uma concepção de favor para a de uma política de direitos. Só assim poder-se-ão fortalecer os princípios garantidos na Constituição e na LOAS e desenvolver ações que garantam efetivamente a cidadania plena das famílias brasileiras. Contudo, a questão não se reduz a isso, para que o município possa responsabilizar-se pela reprodução social de seus munícipes, é necessário, além da mudança da visão em relação à assistência social, uma dotação satisfatória de recursos financeiros; clara visão de competências entre os diferentes níveis de governo; eficiência nos procedimentos administrativos; existência no município de profissionais qualificados e ainda uma efetiva participação popular por meio do Conselhos Municipal de Assistência Social.

O PMAS – 2002/2005, foi aprovado pelo CMAS em 23/06/2002 e teve como parâmetro a IV Conferência Municipal de Assistência Social, que ocorreu em 2001. Nesse documento é estabelecido prioridades para a política de assistência social, as quais são elencadas por segmentos sociais: 1º: família; 2º. criança e adolescente; 3º. jovens de 16 a 24 anos; 5º. deficiente; 6º. população adulta de rua e migrante e 7º. portador de HIV, câncer, doença crônico-degenerativa. Esse documento apresenta-se de forma mais estruturada que os demais PMAS elaborados até então.

Em 02/12/2004, é aprovado pelo CMAS de Bauru o Plano Municipal de Assistência Social de 2005 a 2008. Tal documento baseia-se na IV Conferência Municipal de Assistência Social, contudo acredita-se que deve ter havido erro de digitação, isso porque já havia ocorrido a V Conferência em 2003, portanto esse documento deveria tê-la por base. Para esse período, foram elaborados

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dois documentos, e o último elaborado em 2005. Este apresenta-se mais articulado com a NOB, aprovada somente nesse ano. O PMAS, em referência, foi elaborado com base em reflexões de professores da Faculdade de Serviço Social de Bauru - FSSB, de técnicos da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social – SEBES e por membros do Conselho Municipal de Assistência Social CMAS. Propõe esse documento: metas para 2005, prioridades e a implantação da rede de proteção básica e especial.

O FMAS se constitui em mecanismo criado pela LOAS com o objetivo de garantir maior controle e racionalização dos recursos financeiros da assistência social, de modo a possibilitar transparência na aplicação do financiamento público. A criação dos fundos representa a democratização da gestão da assistência social em cada esfera de governo, todavia não se trata de pessoa jurídica ou órgão público, mas sim em mecanismo de captação de recursos e de apoio financeiro às atividades da área social (FOWLER, 1998).

O Fundo Municipal de Assistência Social de Bauru foi criado pela mesma lei de criação do CMAS (nº. 3.395, de 11/10/1991). Naquele momento ficou definido:

O Fundo Municipal de Assistência Social, subordinado diretamente à Secretaria de Projetos Comunitários será gerido com a participação do CMAS (art. 5º).

A legislação é singular no que se refere à administração do fundo. Define a lei que o CMAS será constituído por comissões (art. 2º) e essas comissões serão responsáveis pela deliberação da verba alocada no fundo (art. 5º - 2º parágrafo), todavia o conselho é aprovado como órgão consultivo, dessa forma não poderia decidir sobre a distribuição das verbas, no período de gestão do CMAS até 1997 não há menção sobre deliberações de recursos financeiros pelo conselho.

Com a alteração legal nº. 4.147, de 25/10/1996 altera-se, além da estrutura do CMAS, o FMAS no qual se regulamenta a gestão pela SEBES e sob a “orientação e controle pelo CMAS” (art. 8º). A partir da gestão de 1997,

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os conselheiros iniciam o processo de deliberação de recursos financeiros alocados no Fundo Municipal de Assistência Social - FMAS.

Há que se ressaltar que somente em 1997 é aberta a conta para depósito bancário. Nesse período, os recursos provêm da União e do Estado, a partir de 2000 iniciam-se os depósitos de verbas municipais.

Quadro 5 - Investimento público municipal na assistência social e respectiva alocação de recursos no FMAS de Bauru

ANO Recurso do orçamento

municipal Recursos alocados no FMAS

% R$ % Geral % A.S. R$ 1967-1969 Sem recurso 1970-1973 Não há dados 1974-1983 1.5% (1) 1984-1992 1.6% (ano) 4.32% (ano) 1993 2.12% 1994 4.25% 1995 3.85% 1996 3.87% 1998 3.32% 1999 4.84% (2) 2000 2.61% 3.279.215,73 0.68% 20% 856.112,02 2001 2.56% 3.433.978,01 0.67% 20% 908.747,56 2002 2.70% 3.965.467,33 0.79% 22% 1.169.580,70 2003 2.87% 4.486.092,14 0.77% 21% 1.202.756,10 2004 2.38% 4.206.203,25 1.66% 56% 2.937.000,00 2005 2.50% 4.671.043,14 1.79% 41% 3.341.640,00

Fonte: Plano Municipal de Assistência Social – 2005-2008. MUNIZ, 1997; 2003.

Nota: (1) orçamento para ações na área da assistência social era de 3%, sendo dividido entre CESB e CIPS.

(2) até 1999 não havia recurso municipal depositado no FMAS, dessa forma, optou-se por apresentar os valores a partir desse período

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A demora no funcionamento do FMAS é uma clara demonstração da resistência por parte do poder público municipal na partilha de poder, gerando- se com o funcionamento desse fundo uma transparência nem sempre desejada.

O acompanhamento e a gestão do FMAS é de responsabilidade do órgão gestor, enquanto cabe ao CMAS as deliberações a respeito do recursos, assim como o monitoramento da sua gestão. Em Bauru, essa última gestão instituiu uma comissão para o acompanhamento mais aproximado da gestão do referido fundo. Constatou-se em ata de reunião cobranças por parte dos conselheiros de extratos bancários para o devido acompanhamento, tendo inclusive havido certa pressão para o atendimento dessa solicitação.

Em geral há trâmites burocráticos muito complexos que exigem do conselheiro conhecimento mais especializado sobre a área. Essa dificuldade restringe seu acompanhamento e contribui para aumentar sua opacidade, prejudicando o controle social.

O FMAS de Bauru funciona plenamente, ou seja, com verbas alocadas das três esferas - Município, Estado e União, a partir de 2000, portanto esse fundo tem apenas seis anos de existência.

1.3 O SUAS em Bauru: caminhando para a operacionalização e