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CAPÍTULO 3 As relações estabelecidas entre sociedade civil e governo na

3.4 Os representantes da sociedade civil organizada

Para Retrepo (1990, p. 79), a sociedade civil representa toda atividade que se orienta para satisfazer interesses particulares, devendo manter-se autônoma frente ao poder público.

A noção de autonomia aparece na década de 1980 como um dos principais eixos norteadores naquele período, pois tratava-se da necessidade de organização independentemente do Estado. Ao longo de década de 1990

[...] o descentramento do sujeito e a emergência de uma pluralidade de atores conferiu a um outro conceito, o de cidadania, a mesma relevância que tinha o conceito de autonomia nos anos 80 [...] a cidadania ganha um novo contorno como cidadania coletiva, e extrapola a demanda pelos direitos civil para incluir outros direitos como os direitos

sociais básicos [...]” (GOHN, 2005b, p. 75).

A sociedade civil bauruense sempre esteve na política de assistência social municipal, por meio de entidades sociais na execução de ações sociais, essa participação também se dá nos mecanismos de controle e fiscalização conforme foi visto anteriormente.

Neste estudo foi nomeado de representantes da ‘sociedade civil organizada’ aquelas que estão inseridas em entidades sociais, conselhos de direitos e de classe e instituições de ensino. Para diferenciá-las dos usuários, tendo em vista que, para participar como conselheiro, este deve estar inserido numa dessas organizações, assim como por se tratar de atuantes na política de assistência social, o que os difere dos usuários que são demandatários dessa política.

Os representantes da sociedade civil organizada totalizam 90 conselheiros entre titulares e suplentes, 38% são homens e 62% são mulheres. Os entrevistados desse universo têm idade entre 34 e 65 anos. Sua renda per capita familiar vai de 3 a 10 salários mínimos. A ocupação desses conselheiros é assistente social (funcionário de entidade social); um pensionista; uma

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autônoma e dois funcionários públicos, sendo um do estado de São Paulo e o outro federal. No que diz respeito ao grau de escolaridade, todos possuem curso superior completo, sendo um administrador, uma pedagoga, uma psicóloga, uma advogada e um assistente social.

Há um alto índice de ausência dos conselheiros, principalmente no início do período pesquisado, mas eles se mantêm com presença significativa pelos dez anos de funcionamento do CMAS. A rotatividade por meio de substituições também é traço marcante dos representantes em referência, tendo ocorrido no período em estudo nove substituições de conselheiros. Os períodos de permanência variam de 4 meses a 20 meses, cabe salientar que tal permanência não é com relação a todos os membros da sociedade civil organizada no conselho, porém expressam um número representativo.

Constata-se, assim, que a curta permanência no CMAS dos representantes da sociedade civil organizada pode ser causada pelo pouco amadurecimento da consciência de cidadania da população, mas também pela ausência de uma cultura política democrática, refletindo no esvaziamento do CMAS e na sua credibilidade.

Por outro lado, houve 10 reconduções no período em estudo, o que pode significar envolvimento, interesse, capacidade de articulação e organização podendo manter ativa sua participação no CMAS.

Outro dado importante a se destacar refere-se aos conselheiros representantes de conselhos de direitos, que têm cadeira no CMAS. Pode-se constatar que 20 % são funcionários públicos e os demais, 80%, pertencem à sociedade civil.

A heterogeneidade dos conselheiros da sociedade civil no CMAS é um fato. Tal diversidade pode significar situações de antagonismo, pela defesa de interesses diferenciados, ocasionando o enfraquecimento nas negociações com o Estado.

O relato de um representante da sociedade civil revela as dificuldades de aceitação do CMAS:

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“[...] eu lembro que quando foi criado o conselho para o poder público, as ONGs, a sociedade civil de modo geral, para aceitar e entender o que era o conselho e a proposta do conselho demorou muito, houve uma resistência muito grande, não se acreditava, foi uma luta [...]” (representante da sociedade civil organizada nº. 07)

O papel do conselho na opinião dos membros da sociedade civil organizada é descrito nas falas a seguir:

“Ele existe porque faz parte dessa política, e tem um papel muito importante, ele tem que definir, ajudar na definição das políticas públicas, as prioridades” (representante da sociedade civil organizada nº. 06)

“Ele via mais a parte social mesmo, a pobreza, a criança e o adolescente, alguns planejamentos que poderiam ser feitos” (representante da sociedade civil organizada nº. 09).

“O controle social da política de assistência social tem outras atribuições mas o controle social é o mais importante, porque como tem dinheiro público e somos nós que aprovamos e deliberamos os recursos para a rede executora dos programas sociais, então eu acredito que o principal papel seja esse o controle. Apesar da gente também fazer a fiscalização da rede executora que é importante, fazemos parecer sobre as entidades, sobre os programas executados pela sociedade civil, mas também executados pelo poder público, então eu acho que isso é o controle social. É o controle da política, tanto na sua execução quanto na parte financeira do fundo da assistência. E também, quando tem uma denuncia, não sei se é importante estar colocando, nós é que fazemos as inscrições das entidades. Quando há uma denuncia vamos com um grupo fiscalizar e ver se essa denuncia procede” (representante sociedade civil organizada nº. 08).

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“[...] para fiscalizar, para deliberar, para distribuir as verbas eu acho que é muito importante” (representante da sociedade civil organizada nº. 10).

No Conselho Municipal de Assistência Social de Bauru, há uma certa igualdade na definição quanto ao papel do conselho, todos os entrevistados se referem ao controle social e à fiscalização como atribuições essenciais para o andamento e exercício do CMAS.

Quanto ao papel dos conselheiros na sua participação no CMAS, destacam-se as opiniões seguintes:

“[...] participar ativamente, porque ali que sai das opiniões as decisões nas reuniões, das discussões dos conselheiros é que sai o resultado final do trabalho do conselho” (representante da sociedade civil organizada nº. 10).

“Apontar os problemas sociais, porque o conselheiro é uma pessoa do povo, então está vivenciando o problema, estava no conselho para apontar, e se tivesse algum projeto que não estivesse funcionando, não está sendo aplicado. Eu vi desta forma, o conselheiro deveria fazer isso na verdade” (representante da sociedade civil organizada nº. 09).

“Eu acho que é o principal papel que eu já executei na minha vida, eu acho que é importantíssimo quando a gente é uma pessoa comprometida e que gosta e que estuda. Aprende-se muito porque você quando vai participar de uma reunião, você tem que estar a par da pauta. Você vai estudar e pesquisar porque você vai aprovar ou não e, como mexe com o dinheiro público, eu acho que é muito importante. Nós trabalhamos com um grupo de exclusão social, então é um grupo que realmente precisa se ter bastante cuidado nas propostas que vamos aprovar ou não” (representante da sociedade civil organizada nº. 08).

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“Num primeiro momento, vamos supor quando o conselheiro entra numa primeira gestão, há necessidade dele conhecer a legislação, partindo da lei maior que é a Constituição Federal e depois, hierarquicamente, das leis menores, a lei orgânica que é uma lei complementar à Constituição, a LOAS, conhecer o espírito da lei, não a letra simplesmente, mas o espírito do legislador, o que se pretendia e depois as legislações periféricas: resoluções do CONSEAS, do CONANDA. O conselheiro precisa passar por uma capacitação, porque se não ele não vai saber o que é que está virando lá dentro, e aí é o perigo, porque enquanto 50% do poder público vem geralmente preparado, porque são profissionais da área, a outra parte nem sempre está preparada para saber o que está rolando e, para levar um chapéu dentro do conselho, para comprar gato por lebre, é uma coisa muito fácil. Você precisa ficar bem atento e participar de tudo que está acontecendo para votar conscientemente, porque senão você vai dar um referendo àquilo que o poder público traz pronto e nem sempre é o mais interessante para o social de forma geral” (representante da sociedade civil organizada nº. 07).

“Eu sempre procurei estar bem informada e como conselheira meu papel foi atuar junto, dar algumas sugestões, correr atrás” (representante da sociedade civil organizada nº. 06).

Nos relatos acima o papel a ser executado pelos conselheiros parece ser de interesse próprio, ou seja, ele se torna o único responsável pela própria capacitação, assim como o “comprometimento” é fator legítimo para qualquer conselheiro. Compreendem, ainda, que a participação sistemática é que pode alterar as deliberações no jogo de interesses; segundo alguns relatos estão presentes de forma clara as diferentes intenções e interesses dentro do CMAS, que se expressam entre sociedade civil e governo.

Na definição da assistência social, os conselheiros respondem de forma extremamente diferente quanto ao seu entendimento da política. Pode-se dizer que há 2 visões antagônicas dentro do CMAS, uma refere-se à assistência

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social como a mera distribuição de benefícios (alimentação, medicação, ‘caraminguados’), conforme se observa no relato abaixo:

“[...] ela tem que dar um suporte para os mais necessitados, então ele está precisando de remédio, no caso o serviço social seria uma forma de facilitar para ele conseguir o medicamento. Alimentação, talvez cesta básica, na verdade é da necessidade de cada região, talvez não tem escola, ouvi muito falar de creche no conselho, dessas coisas, porque a mãe tinha que trabalhar e não tinha. Então fazia o levantamento da quantidade de crianças, quanto que tinha, se supria, se não supria, fazia mais um levantamento dessa parte” (representante da sociedade civil organizada nº. 09).

“É tudo, menos essa política assistencialista, paternalista, que o governo está aplicando hoje, que é uma política paternalista que não me satisfaz, eu afirmo que a gente deve ‘dar a vara, ensinar a pessoa pescar e não dar o peixe’, não dar esses ‘caraminguados’ que o governo está dando hoje, e que não tem nem como fazer uma fiscalização corpo a corpo de como é aplicado esses ‘caraminguados’ que o pessoal recebe” (representante da sociedade civil organizada nº. 06).

Um outro grupo, mais atualizado, concebe a assistência social como política de direitos dos cidadãos e dever do Estado no seu cumprimento:

“Hoje eu confesso que a minha visão mudou muito, graças a Deus a gente não é obrigado a viver com a burrice da gente a vida inteira. Eu entendo a assistência social hoje de uma forma, bem diferente de quando eu comecei, eu estou nesse trabalho em benefício do próximo, pelo envolvimento natural há 34 anos. Naquela época, para mim eu tinha aquela noção de que eu tinha que ajudar, mas não tinha de que forma, então ficava mais no assistencialismo, deixava o coração falar. Depois você vai aprendendo que há a necessidade de fazer uma avaliação melhor do seu trabalho, porque senão você pode provocar

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um mal maior, ou seja, você pode transformar as pessoas em eternos dependentes de cestas básicas e aí você acaba prejudicando aquela pessoa, por isso que a filosofia é a da promoção do ser humano. E como nós começamos a fazer parte da Associação das Entidades e, consequentemente, dos conselhos, aí você [levar] vai aquela influência benéfica, que no passado eu não entendia dessa forma, e agora eu entendo, aquela influência benéfica dos profissionais da área da assistência social que eu conheci no poder público, da prefeitura, porque lá era a nata da assistência social, da Secretaria do Bem-Estar. Antigamente não era SEBES, era outro nome, ali eu conheci a E. , G. , conheci a velha guarda, que começaram a passar para a gente a nova forma de enxergar a assistência social, aí veio a LOAS e começamos a estudar, como temos uma certa afinidade com legislação, foi fácil incorporar o espírito da lei que é o mais importante. Para mim, hoje a assistência social é uma política pública, um direito do cidadão, desculpa, é a maneira mais correta de falar e você tem que agir de uma forma que contemple aquele público da assistência social, que é classificada aquela pessoa com renda familiar até aquele limite legal estabelecido. Eu acredito que para chegar nesse ponto do que eu era, para o que eu sou, há necessidade de você ter a predisposição e aceitar que você não sabe nada e que está sempre aprendendo, que você tem uma contribuição a dar, mas também você tem que estar para os ensinamentos que vem da parte técnica, do poder público, dos próprios técnicos das divisões, não é porque você está lá como voluntário que a sua palavra tem que ser a última” (representante da sociedade civil organizada nº. 07).

“Assistência social é uma política de direitos, e que visa mais o público alvo dessa política, [que] são aqueles que estão em vulnerabilidade social, em risco ou social ou pessoal” (representante da sociedade civil organizada nº. 08).

“Através da assistência social é que o indivíduo, as pessoas acabam tendo acesso às políticas públicas, aos seus direitos, e a assistência social é que leva as pessoas em geral, aqueles mais necessitados, a terem acesso ao

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que eles têm de direito mesmo” (representante da sociedade civil organizada nº. 10).

Quanto ao relacionamento entre sociedade civil e governo, os entrevistados relatam:

“[...] naquele momento eu não sei, eu vejo que as pessoas hoje estão mais interessadas, estão se envolvendo mais, mas lá em 1999 realmente era só a parte do governo que falava, que argumentava, que concluía, a parte civil eu acho que mais por obrigatoriedade, que tinha que ter a participação. E se você pegar, você vai ver que a parte civil, acho que, gradativamente, foi largando o conselho. Eu acho que a parte civil começou a faltar e não ir mais. Eu acho que você vai concluir isso: porque realmente a parte civil foi convidada e não sabia bem o que estava fazendo ali. Na verdade não fez nada, não acabou participando então ficou a parte do governo mesmo, que fez. Então mas talvez por falta de orientação mesmo, porque tinha que formar, se tinha que formar de onde vai pegar, tinha que ter. Não foi bem explicado, só falaram que tinha que ter, e daí, por colaboração mesmo eu acabei entrando. Fui em algumas reuniões eu vi que não colaborei, que não me interessava, e acabei não indo mais e ficou por isso mesmo, desistindo, e ninguém ligou, ninguém foi atrás. Eu acho que fui em 5 reuniões e aí falei: ‘Não vou mais, não entendia o que elas falavam’” (representante da sociedade civil organizada nº. 09).

“Regular, muitas vezes o poder público sem ter a intenção acaba intimidando a sociedade civil. Por ter conhecimento técnico da política, muitas vezes as pessoas acabam votando porque o poder público colocou a importância de determinado projeto, há uma pequena interferência até, talvez, até que o poder público perceba” (representante da sociedade civil organizada nº. 08).

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“Hoje é ótima, já foi ruim, péssima não digo, nunca poderia classificar como péssima, porque no começo dos conselhos havia uma prevenção entre os conselheiros do governo e da sociedade civil. Essa prevenção fazia você ficar com o pé atrás, mesmo que a pessoa tinha uma proposta boa, porque você vinha do outro lado, você acabava, né? Isso aí é característico do trabalho em equipe: esse melindre. Hoje não, hoje eu acho que já evoluiu muito, isso não quer dizer que não haja atritos, há até porque tem decisões polêmicas, às vezes, e não há como não se atritar. Eu já tive memoráveis brigas, entre aspas, lutando para idéias que eu acho que são corretas, naquelas vezes que eu achei que estava errado, eu reformei a minha idéia e outras vezes eu consegui determinadas conquistas. Hoje eu acho que houve uma evolução. Agora, quando você pega um conselheiro novo ... que é a primeira gestão dele ... por isso que precisa de capacitação, porque ele vem com uma idéia preconcebida e essa idéia é perigosa” (representante da sociedade civil organizada nº. 07).

A fala dos representantes do governo é tão convincente no cotidiano do conselho, que parece que acaba por condicionar as deliberações tomadas pelos demais conselheiros. De acordo com Tabagiba (2002, p.79), nas relações estabelecidas entre sociedade civil e Estado, principalmente no interior dos conselhos, têm encontrado dificuldade pela recusa do governo em partilhar o poder de decisões com a sociedade civil, que até então, não tinha qualquer poder de decisão na definição das políticas públicas, assim como, na fiscalização do uso de recursos.

Em Bauru, ocorre que o governo está presente nas reuniões em maior número com relação aos representantes da sociedade civil, o que pode favorecer na hora da votação, porém, como vimos anteriormente, os representantes governamentais apresentam posições diferenciadas, podendo acabar por rachar as defesas do governo. Entretanto, talvez, os representantes da sociedade civil não tenham percebido tal fato, que pode ser atribuído à baixa compreensão da realidade social e suas contradições, daí a precária capacidade de articulação, pressão e mobilização.

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3.5 A capacitação

A necessidade de capacitação dos conselheiros para uma atuação mais competente é uma preocupação que aparece em várias atas ao longo do período pesquisado. Tal preocupação vincula-se à necessidade de definição do papel do conselho e, por conseqüência, das suas atribuições.

A capacitação é considerada fundamental para a apropriação de conhecimentos, troca de experiências, maior acesso às informações. (STANISCI, 1996). O fato é que a não-existência de capacitação dos conselheiros, não diz respeito apenas à preocupação dos conselheiros de Bauru, essa preocupação transparece também em documentos do governo federal e do Conselho Nacional de Assistência Social. É, portanto, uma preocupação nacional a necessidade de capacitação dos conselheiros pela sua importância na concretude das ações dos conselhos, de forma a enfraquecer práticas conservadoras, fragmentadas, burocratizadas e repetitivas (TORRES, 2001).

No período pesquisado de 1995 a 2005, o CMAS de Bauru ofereceu cursos de capacitação aos conselheiros, os quais ocorreram de forma esporádica, em momentos diferenciados. O CNAS em conjunto com a Secretaria Nacional de Assistência Social/Ministério da Previdência Social e Ministério da Educação desenvolveram o “Programa de Capacitação à Distância para Conselheiros Municipais e Estaduais de Assistência Social”. Este projeto realizou cinco encontros de uma hora cada, abertos à participação de telespectadores , abordando temas específicos da política e do conselho de assistência social.

Dos 15 entrevistados, 9 participaram de cursos de capacitação. Todos os conselheiros governamentais participaram desses cursos, enquanto apenas dois representantes da sociedade civil organizada relataram ter participado; dos representantes de usuários somente 01 freqüentou. Foram citados dois momentos de realização de cursos, sendo que um deles tratou apenas do perfil do município, não sendo discutido o papel do conselho e dos conselheiros. Conforme se observa no relato abaixo:

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“Participei, quando, no início, que eu ingressei como conselheira suplente, eu participei de um curso de capacitação, onde foi mostrado toda ... assim, o panorâmico da cidade. Isso foi legal ... assim, pra ter elementos com relação ... assim, o que é oferecido pra criança, o que é oferecido para o jovem, o que é oferecido pros idosos, né? Isso eu achei bem legal, tanto que foi detectado neste panorama todo que falta muita atividade pros jovens, que a cidade está envelhecendo, a cidade já atende sim à creche, já não é tão deficitário quanto à atividade pra jovens, né, isso foi detectado. Eu achei bem legal este dado. Esse curso foi para mostrar o panorama geral da população, como a cidade está envelhecendo” (representante governamental nº. 05).

Para os conselheiros entrevistados, sejam eles governo ou sociedade civil organizada, a capacitação ainda é necessária para o eficaz exercício de suas funções.

Quanto à questão da capacitação para a implantação do CMAS e exercício da função de conselheiro, a entrevistada responde:

“Depois sim, antes da implantação nem havia muita coisa no começo, depois eu participei de tudo ... eu me recordo agora a ... SEPROCOM tinha esse objetivo de estar sempre procurando capacitar os seus funcionários” (representante governamental nº. 03).

No cotidiano do CMAS há também a preocupação com a capacitação:

“[...] na capacitação para conselheiros eu acho que precisa de uma capacitação mais didática na hora de passar conteúdo. Como é muita coisa fica só lá na frente falando ... eu acho que precisa demais didática, estar exemplificando melhor situações que irão viver dentro do conselho. Ou a cada 2 ou 3 meses fazer uma reciclagem, porque é um momento onde a gente

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poderia estar discutindo ... porque senão agente não anda e se andar ...” (representante governamental nº. 04).

“É preciso palestras, encontros e treinamentos” (representante governamental nº. 03).

“Com cursos, como em tudo e por tudo é educação e o preparo que nós damos tão pouco valor ... mesmo os conselheiros deveriam ser bem melhores preparados. Quando nós participamos do conselho, nós fomos de cabeça ser conselheira, entendeu? Não existe o preparo, se não existe para nós conselheiros, vai existir para os usuários? Não vai, né !” (representante da sociedade civil organizada nº. 06).

“A gente precisava de cursos para não ficar lá só olhando...” (representante de usuários nº. 15).

A capacitação deve ser um processo continuado. Conforme se pode observar nos relatos, os conselheiros do Conselho Municipal de Assistência Social de Bauru precisam de capacitação. Para tanto, há que serem considerados os níveis de conhecimento dos vários representantes no conselho que são diferentes como se pode verificar. Portanto, os cursos devem