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A comunicação é um processo da maior importância, é mesmo o mais importante processo no que concerne ao ser humano enquanto ser social. Para o homem não existe vida social sem a comunicação pois este usa uma grande parte do seu tempo e investe uma grande parte das suas energias a comunicar.

O homem enquanto ser social tem a permanente necessidade de se comunicar com os outros, pelo que sem comunicação a existência social do homem, a sua integração na sociedade e a sua interacção com o outro seria praticamente impossível.

Sendo essa interacção com o outro impossível, a existência do homem ficaria gravemente debilitada pois a comunicação é um pilar da maior importância para o ser humano no que se refere ao seu desenvolvimento enquanto ser social com as faculdades cognitivas desenvolvidas. (Rêgo, 1999: 9-11).

Ao longo do séc. XX, a área da comunicação foi alvo de vários estudos por parte de diversos autores. Essa multiplicidade de estudos traduziu-se em vários paradigmas em que a comunicação era inserida ao longo das décadas. A comunicação é hoje uma área que se estuda em conjunto e de maneira praticamente indissociável de áreas como a psicologia, sociologia ou semiótica.

Mas essa evolução vem decorrendo do séc. XX até aos dias de hoje. Hà autores que entendem e estudam a comunicação como um sistema de troca de sinais e mensagens. Por exemplo em meados do século XX, os investigadores Shannon e Weaver, desenvolveram um modelo de comunicação em que esta era apresentada como um sistema de transmissão de mensagens. Existia uma fonte que transmitia a informação a um transmissor que direccionava essa informação para um canal que podia estar sujeito a mais ou menos ruído. Esse canal levava a informação até um receptor que consequentemente a passava a um destinatário.

Esse modelo comunicacional começou a ser desenvolvido ainda durante a segunda guerra mundial e pretendia que as informações fossem transmitidas de modo eficaz. De resto nos modelos e teorias tradicionais e iniciais da comunicação, tratava-se dos mesmos itens. Isto é, considerava-se a comunicação com um sistema de fluxo de sinais, informações e mensagens.

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Nesses modelos as variáveis chave eram basicamente as mesmas:

- Mensagem: era o conjunto de sinais que constituía a informação; - Transmissor: aquele que transmitia a informação;

- Canal: por onde passava a informação;

- Ruído: a informação quando passava pelo canal estava quase sempre sujeita a ruído que podia ser em maior ou em menor quantidade e que dependendo dessa mesma quantidade, podia causar distorções na mensagem, afectando a sua percepção final;

Receptor: O receptor como o próprio nome indica era quem recebia a mensagem final, era o seu destinatário;

- Feedback: pode dizer-se que o feedback é o mecanismo que define se o processo comunicativo é bem sucedido. Se o receptor compreende e adquire o significado real da mensagem que o transmissor pretende que seja compreendido.

Caso seja este o caso, pode dizer-se que o feedback é positivo. Caso o receptor tenha dificuldades e não compreenda, pode dizer-se que o feedback é negativo. Ou em alguns casos, vários investigadores consideram mesmo que não há feedback.

(Fidalgo, 1999: 13-14).

Mas a comunicação é muito mais do que estes modelos. Desde os primeiros tempos do homem na terra, que eles começaram a comunicar-se uns com os outros através de sinais gestuais, através de sons guturais. Mas no processo de evolução do ser humano, ele começa na verdade a comunicar desde muito cedo na sua própria consciência. O seu campo cognitivo é em si um modelo comunicacional. A comunicação é em última análise um modelo universal de interpretação de sinais. Um modelo universal, pois todo o ser humano tem essa faculdade de interpretar sinais.

Esses sinais estão à sua volta. Antes das palavras, dos gestos, podem e devem considerar-se os sons, imagens ou sensações. Todos os mecanismos inerentes ao homem como a audição, paladar ou o campo visual podem ser considerados como elementos de um modelo visual inerente ao ser humano.

Tomemos como exemplo a comunicação visual. Na comunicação visual, o homem na sua mente ao ver uma paisagem em que se inclua uma casa, um prado, o céu, as nuvens e o sol, está a adquirir e a interpretar os diferentes estímulos ou diferentes sinais, como o sejam a luz e o calor do sol, o aroma da relva ou das flores. Todos estes estímulos são interpretados pelo seu campo cognitivo que comunica entre si através dos receptores de estímulos e impulsos inerentes ao corpo humano.

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Quer-se com isto demonstrar que os modelos de comunicação são anteriores à oralidade ou à escrita e nascem com o ser humano, sendo que se desenvolvem e aperfeiçoam à medida que este cresce e vai envelhecendo.

O mesmo acontece com a comunicação oral que se vem aperfeiçoando desde os tempos da pré-história. O homem aprendeu a dar determinados significados a determinados objectos e a produzir sons que identificavam certos objectos ou que podiam ser usado em certas situações.

Na pré-história quando iam caçar os homens usavam certos sons que significavam a acção de se imobilizarem perante a potencial presa e usavam outros sons distintos quando se tratava de atacar.

No que respeita à comunicação gestual, passa-se o mesmo sendo que o exemplo mais claro é que o acontece no caso dos surdos-mudos.

Os técnicos especializados em comunicação gestual que lidam com surdos- mudos, aprendem a usar determinado gesto, relacionando-o a determinado objecto ou sentimento por exemplo.

Portanto ao nível da comunicação no seu processo básico de apreensão, interpretação e transmissão de sinais como um fluxo informativo, o homem desenvolveu os seus processos ao longo da história. (Perles, sd: 1-11).

No entanto como já foi referido, hoje em dia a comunicação não se estuda só no que respeita aos sinais, ao fluxo de informações e mensagens. Nos dias de hoje a comunicação estuda-se em estreita e indissociável ligação com outras áreas de conhecimento como a psicologia ou sociologia. De facto investigadores há que consideram a comunicação associada a mais do que a simples realidade do fluxo de transmissão e recepção de mensagens. Isto é, consideram e inserem a comunicação numa dimensão mais humanista, mais ligada aos processos sociais do homem no que diz respeito à sua dimensão psicológica, social ou comportamental.

De facto a comunicação é um processo bastante complexo que envolve diversas variáveis. Não só a interpretação de sinais, o fluxo de informação e a transmissão de mensagens, mas também os processos mais profundos da consciência humana como a motivação ou o sentido de grupo.

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Hoje em dia no estudo da comunicação já se englobam aspectos mais diversos e não se fala de comunicação visual, oral ou escrita sem se falar de campos mais ligados à emoção humana. (Serra, 2007: 44-45).