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Oficinas de Leitura de Imagens de Satélite

2.ª PARTE: QUADRO METODOLÓGICO

8.4 Hipóteses

8.5.4 Oficinas de Leitura de Imagens de Satélite

Considerando as orientações expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais pensar o ato de ensinar hoje é refletir na busca de mudanças pedagógicas diante das aceleradas e constantes transformações sócio espacial que ocorrem em um ritmo acelerado na superfície terrestre e que impactam sensivelmente nossas vidas.

Schäffer (2010), afirma que nas escolas ainda vigoram estratégias de ensino centrado na voz do professor e na passividade do aluno, e que o livro didático ainda direciona o andamento das aulas. Em tais estratégias se verifica que recursos atuais de excepcional importância – dentre eles as imagens de satélites – acabam não sendo utilizados em sala de aula. Faz-se necessário salientar que muitas vezes este instrumental é proscrito em decorrência do desconhecimento por parte do professor.

Infelizmente muitos docentes desconhecem as imagens de satélites ou acreditam que seja um recurso distante da sala de aula, entretanto, existem fontes como o programa

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interativo desenvolvido pelo site de busca Google, o Google Maps, Google Earth e da NASA, o The Vision for Space Exploration. Estes organismos desenvolveram programas interativos que possibilitam ao usuário, uma viagem virtual por praticamente todo o planeta Terra e o Sistema Solar através de um mosaico de imagens de satélites e mapas.

Mediante este mais novo recurso, os professores podem melhorar, dinamizar e atualizar suas aulas contando com um recurso que poderá tanto facilitar a apropriação dos conteúdos do ensino das ciências, como promover o interesse e encantamento dos alunos numa viagem lúdica através das imagens de satélites.

As Oficinas de Leitura de Imagens de Satélite foram trabalhadas com o objetivo de disseminar o conhecimento de tecnologias espaciais para os professores do Colégio de Aplicação da UCB, Colégio CSP e CEC, especificamente a leitura das imagens de satélite pelas categorias iserianas na geração de sentido no universo científico e seu uso como recurso didático no processo de ensino e aprendizagem.

Figura 33: Capa do folder Convite aos Professores para a inscrição na Oficina. Fonte: Florenzano (2008)

O conteúdo programático foi estruturado no sentido de desenvolver as competências no professor deincluir e trabalhar as imagens de satélite em seu planejamento didático objetivando a construção dos conceitos de Espaço, Paisagem, Território, Região, Lugar,

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Rede e Escala nas disciplinas Geografia e Biologia trabalhados nos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental.

Conteúdo Programático

1. Fundamentos Sensoriamento Remoto 2. Tecnologia Espacial na Educação 3. Método de Leitura das Imagens

4. Atividades de Leitura de Imagens de Satélite 5. Aquisição e Tratamento de Imagens

6. Google Maps e Google Earth para criação de Áreas de Interesses 7. Orientação - Projetos Educacionais

A metodologia empregada foi orientada pela Teoria de Ausubel que prioriza a aprendizagem cognitiva, que é a integração do conteúdo aprendido numa edificação mental ordenada, a estrutura cognitiva25.

Na Oficina Leitura de Imagens de Satélite foi utilizado o modelo desenvolvido por Moreira (1983) como um sistema de referência para a organização do ensino. Neste modelo, o autor apresenta uma forma para planejar o ensino de uma disciplina em conformidade com a teoria da Ausubel.

Este modelo adaptado para nosso objeto de pesquisa e objetivo da oficina segundo a abordagem ausubeliana está representado por um mapa conceitual no Esquema 7 que trata da determinação da estrutura conceitual e proposicional da oficina que vai ser ministrada; da identificação de quais subsunçores (conceitos relevantes) devem estar presentes para a aprendizagem do conteúdo; e do mapeamento da estrutura cognitiva. Esta última tarefa tem por finalidade verificar se o professor apresenta os subsunçores necessários para a aprendizagem do novo material. Caso isto não aconteça, uma série de ações deve ser realizada, tais como a confecção de organizadores prévios e o uso de instrução adicional prévia para um processo de nivelamento dos conhecimentos, e assim disponibilizar os subsunçores para os mesmos.

25 Essa Estrutura Cognitiva representa todo um conteúdo informacional armazenado por um indivíduo,

organizado de certa forma em qualquer modalidade do conhecimento. O conteúdo previamente detido pelo indivíduo representa um forte influenciador do processo de aprendizagem. Novos dados serão assimilados e armazenados na razão direta da qualidade da Estrutura Cognitiva prévia do aprendiz

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Esquema 7: Mapa Conceitual da Metodologia da Oficina de Leitura de Imagens de Satélite.

8.6 Testes

Todos os testes aplicados nas Turmas A e B foram estruturados seguindo a organização hierárquica de objetivos educacionais da Taxonomia de Bloom.26

As questões elaboradas e aplicadas no pré-teste e no pós-teste contemplaram as características básicas do domínio cognitivo que podem ser resumidas segundo Lomena (2006), Guskey (2001), Bloom et al. (1956), Bloom (1972), School of Education (2005) e Clark (2006), em:

26 A taxonomia dos objetivos educacionais, também popularizada como taxonomia de Bloom, é uma

estrutura de organização hierárquica de objetivos educacionais. Foi resultado do trabalho de uma comissão multidisplinar de especialistas de várias universidades dos Estados Unidos, liderada por Benjamin S. Bloom, na década de 1950. A classificação proposta por Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em três grandes domínios:

- O cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual;

- O afetivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores;

- O psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o aparelho motor. Cada um destes domínios tem diversos níveis de profundidade de aprendizado. Por isso a classificação de Bloom é denominada hierarquia: cada nível é mais complexo e mais específico que o anterior. O terceiro domínio não foi terminado, e apenas o primeiro foi implementado em sua totalidade.

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• Domínio Cognitivo: relacionado ao aprender, dominar um conhecimento. Envolve a aquisição de um novo conhecimento, do desenvolvimento intelectual, de habilidade e de atitudes. Inclui reconhecimento de fatos específicos, procedimentos padrões e conceitos que estimulam o desenvolvimento intelectual constantemente. Nesse domínio, os objetivos foram agrupados em seis categorias e são apresentados numa hierarquia de complexidade e dependência (categorias), do mais simples ao mais complexo. Para ascender a uma nova categoria, é preciso ter obtido um desempenho adequado na anterior, pois cada uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis anteriores. As categorias desse domínio são: Conhecimento; Compreensão; Aplicação; Análise; Síntese; e Avaliação.

A Taxonomia de Bloom do Domínio Cognitivo é estruturada em níveis de complexidade crescente – do mais simples ao mais complexo – e isso significa que, para adquirir uma nova habilidade pertencente ao próximo nível, o aluno deve ter dominado e adquirido a habilidade do nível anterior.

Segundo Conklin (2005), a Taxonomia de Bloom e sua classificação hierárquica dos objetivos de aprendizagem têm sido uma das maiores contribuições acadêmicas para educadores que, conscientemente, procuram meios de estimular, nos seus discentes, raciocínio e abstrações de alto nível (higher order thinking), sem distanciar-se dos objetivos instrucionais previamente propostos.

Só após conhecer um determinado assunto alguém poderá compreendê-lo e aplicá-lo. Nesse sentido, a taxonomia proposta não é apenas um esquema para classificação, mas uma possibilidade de organização hierárquica dos processos cognitivos de acordo com níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento cognitivo desejado e planejado.

O Processo cognitivo pode ser entendido como o meio pelo qual o conhecimento é adquirido ou construído e usado para resolver problemas diários e eventuais (Anderson et al., 2001)

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Os atuais processos categorizados pela Taxonomia dos Objetivos Cognitivos de Bloom, além de representarem resultados de aprendizagem esperados, são cumulativos, o que caracteriza uma relação de dependência entre os níveis e são organizados em termos de complexidades dos processos mentais como mostra o esquema 8:

Esquema 8: Categorização atual da Taxinomia de Bloom proposta por Anderson e Krathwohl em 2001.

Todo desenvolvimento cognitivo deve seguir uma estrutura hierárquica para que, no momento oportuno, os discentes sejam capazes de aplicar e transferir, de forma multidisciplinar, um conhecimento adquirido. Assim apresentamos a seguir a estrutura do processo cognitivo da Taxonomia de Bloom que norteou a elaboração das questões dos pré-teste e pós-teste aplicados aos alunos:

1. Lembrar: Relacionado a reconhecer e reproduzir ideias e conteúdo. Reconhecer