• Nenhum resultado encontrado

4 Descrição, análise e discussão dos dados

4.2 Divisões de Educação municipais

4.2.2 Organigrama dos funcionários envolvidos no ensino

A organização interna das Divisões de Educação difere muito entre si, em relação às entidades e aos funcionários que trabalham com o ensino das LM. Em toda a área educacional também existe uma grande diversidade de termos referentes às entidades hierárquicas e aos cargos administrativos. A diferença de maior relevo, em nosso entender, é que em Espoo e Vantaa existe pessoal próprio para este ensino, entre o qual cada um desempenha funções bem definidas, enquanto que em Helsínquia, ninguém trabalha a tempo inteiro com as LM, não havendo uma distribuição clara das tarefas entre as numerosas pessoas envolvidas, dentro e fora da Divisão. Isto cria uma situação em que ninguém parece dirigir e responsabilizar-se por este ensino, dum modo global. Verificamos também que em Espoo os dois cargos-chaves, nomeadamente de chefe e de planificador, têm sido ocupados pelos mesmos indivíduos durante pelo menos cinco anos, enquanto os funcionários helsinquienses, com a exceção da chefe, têm mudado constantemente.

Dado não existirem organigramas, esboçamos no Quadro 4.2 uma lista dos respetivos cargos, que tentámos traduzir para o português, embora os seus perfis sejam vagos também em finlandês. Assim, demonstramos que existem numerosas denominações diferentes para este pessoal, além dos dois “grupos de trabalho”

66 Páginas “Oman äidinkielen opetus”, consultadas a 17.10.2016 (www/hel.fi; www/espoo.fi;

envolvidos, o que não facilita a compreensão de quem faz o quê. Seguidamente, explicaremos as principais funções inerentes a estes cargos, de acordo com as respostas que os próprios funcionários nos deram através do inquérito.

Quadro 4.2 – Cargos relativos ao ensino de LM

Helsínquia Espoo Vantaa

Chefe do ensino Consultor do ensino Coordenador pedagógico Planificador de projetos 4 chefes distritais Secretário Grupo de trabalho de LM Grupo de trabalho Wilma Diretores das escolas principais

Chefe responsável da área Planificador do ensino de LM Assistente

Professores coordenadores Professor responsável técnico 2 funcionários de projeto

Chefe do ensino Planificador Secretário do pessoal 2 professores coordenadores

Começando pelo topo, em Helsínquia, existe uma “chefe do ensino” da chamada “Linha” do Ensino Básico de Língua Finlandesa, que estima dedicar apenas 5௅10% do seu tempo laboral às LM. Também a secretária e as duas funcionárias, em vez de poderem dedicar-se exclusivamente às LM, trabalham com o ensino de LE e em LE (CLIL em chinês, estónio, russo e espanhol), com o ensino bilingue, o ensino do finlandês como L2, o ensino preparatório dos imigrantes e as tarefas relacionadas com o “desenvolvimento da escola consciente das línguas e culturas”. Para incentivarem o estudo e a escolha mais diversificada de LE, por exemplo, iniciaram e contribuíram para vários projetos: Kielitivoli (Parque de diversões de línguas), Maailma koulussa (O mundo na escola) e Vieras kieli omaksi (Língua estrangeira, língua minha). Em 2013, a Divisão concedeu a uma professora de LM uma (1) hora semanal para o atendimento e tutoria dos seus mais de 60 colegas, o que nos parece insuficiente, considerando que grande parte dos (novos) professores, além de não conhecerem o contexto do ensino básico finlandês, não têm experiência nem formação para o desempenho desta função, precisando de muito apoio. Muitas das tarefas organizativas essenciais são total ou parcialmente delegadas às escolas. Como resultado, segundo a própria chefe, ainda “estão em curso o desenvolvimento da gestão e a distribuição das tarefas”.

Em Espoo, e também em Vantaa mais do que na capital, é à própria Divisão a quem lhe incumbe organizar o ensino das LM, de forma centralizada. Nela, trabalha uma chefe, uma planeadora, uma assistente, dois funcionários de projeto, um professor de LM responsável pela informática e, ainda, os professores coordenadores de LM com contrato fixo. As escolas apenas tratam das salas de aulas e dos meios didáticos tecnológicos, havendo nelas um professor coordenador de LM que facilita a colaboração entre os professores de LM, a Divisão, a escola e as famílias. O coordenador participa nas reuniões e demais eventos e mantém todas as partes informadas, representando e apoiando pessoalmente a todos os professores e alunos de LM em determinada escola. Os professores coordenadores, ainda, reúnem-se semanalmente ௅ as atas das reuniões são enviadas a todos os professores ௅, tendo

surgido assim uma comunidade laboral entre eles, ao contrário do que acontece na capital, onde os professores se veem apenas duas ou três vezes por ano.

Cumpre mencionar aqui que um dos principais obstáculos para o bem-estar em qualquer comunidade laboral é a falta de circulação de informação. Como contactam os professores das LM com os colegas, as autoridades e os pais dos alunos? Em Espoo e Vantaa, podem fazê-lo através da intranet escolar Wilma, onde também podem marcar as faltas dos alunos e dar-lhes as classificações67 e o feedback informal acerca do aproveitamento escolar dos seus educandos. Em Helsínquia, tendo a Wilma entrado em funcionamento há já uma década, em 2006 (Turun Sanomat, 20.5.2009), a comunicação vê-se dificultada pela falta desta ligação no ensino de LM ௅ apesar de ter sido prometida em várias ocasiões aos professores, e apesar de existir “um grupo de trabalho Wilma” que se dedica a resolver os problemas técnicos. Assim, resta aos professores pedir aos pais os respetivos endereços de correio eletrónico e números de telefone. Em Espoo, proporciona-se aos professores quatro sistemas informáticos que facilitam o labor docente, além da Wilma, com o respetivo apoio técnico do professor de informática, mas os professores helsinquienses apenas podem usufruir da ligação à intranet Helmi, comum a todos os funcionários da cidade de Helsínquia, porém acessível apenas através dos computadores das salas de professores, com palavras- passe de difícil aquisição.