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Organização Curricular e Gestão Acadêmico-Administrativa do Curso

CAPÍTULO V – UMA EXPERIÊNCIA DE MUDANÇA NA EDUCAÇÃO MÉDICA

5.2 O CURSO DE MEDICINA DA UEL

5.2.2 O Currículo Integrado do Curso de Medicina da UEL

5.2.2.4 Organização Curricular e Gestão Acadêmico-Administrativa do Curso

O currículo integrado do curso tem uma organização acadêmico- administrativa relativamente complexa. Os Módulos são unidades de ensino que resultam do cruzamento matricial das áreas de conhecimento existentes nas disciplinas/departamentos e das diretrizes pedagógicas emanadas do colegiado do curso.

O curso é composto de duas fases: o ciclo básico/clínico da primeira à quarta séries e o internato médico nas duas últimas. A integração entre o básico e o clínico é um avanço em relação ao sistema tradicional dos cursos de medicina. Para efetivar essa integração, o curso é estruturado por módulos temáticos interdisciplinares, módulos de habilidades clínicas e atitudes e módulos de interação ensino-serviço- comunidade nas primeiras quatro séries.

Esta estrutura curricular é flexível e permite introduzir as modificações necessárias para o aprimoramento do curso. A análise do curso é feita de forma horizontal, buscando coerência entre os módulos da mesma série e de forma vertical, coerência dos módulos entre as séries, sempre tendo por referencial o perfil do médico a ser graduado e as diretrizes curriculares. As comissões de avaliação e de

acompanhamento curricular fazem o monitoramento e acompanhamento do curso retro- alimentando a tomada de decisões.

Cabe ressaltar, que apesar do avanço obtido com o currículo integrado nas primeiras quatro séries do curso, o internato médico não foi modificado em 1998, e os estágios são estruturados por especialidades médicas, tendo como cenário de ensino-aprendizagem, o hospital universitário e a maternidade municipal.

O novo currículo é essencialmente um currículo integrado. Integrado em termos de aproveitamento de várias técnicas de ensino-aprendizagem, com predominância das metodologias ativas. Integrado em termos de eliminação de barreiras que existiam entre ciclos básico, pré-clínico e clínico. Integrado em termos de eliminação da dicotomia entre teoria e prática. Integrado em termos de superação das distâncias entre o ensino, a pesquisa e a assistência. Integrado em termos de aproximação entre os ambientes e os sujeitos da academia, dos serviços de saúde e da comunidade. Enfim, a imagem-objetivo da proposta é a de um currículo integrado que vem sendo construído no dia-a- dia das atividades do curso desde 1998 e que vai muito além da adoção de uma única metodologia de ensino-aprendizagem. (COLEGIADO, 2004, p. 3).

O curso é ofertado de forma seriada anual e as atividades acadêmicas são distribuídas nas seguintes categorias:

1ª a 4ª Séries

1. Módulos temáticos interdisciplinares, desenvolvidos através de atividades pedagógicas: a) Seção tutorial; b) Prática de laboratório e discussão de casos clínicos; c) Palestras ou conferências; d) Estudo orientado; e) Avaliação.

2. Módulos de habilidades clínicas e atitudes;

3. Módulos de interação entre ensino, serviços de saúde e comunidade; 4. Módulos de atualização;

5ª e 6ª Séries

1.Estágios do Internato.

Considerando a complexidade do novo currículo, as tradicionais estruturas gerenciais universitárias não são suficientes. Para uma eficiente gestão de

qualidade há a necessidade de comissões de apoio ao colegiado, que realizam tarefas específicas, como nas comissões criadas desde 1999:

1. Comissão de avaliação: é responsável pelo acompanhamento e aprimoramento do sistema de avaliação, compreendendo a avaliação dos processos de ensino-aprendizagem dos estudantes e a avaliação institucional do curso;

2. Comissão de acompanhamento: acompanha a implementação e o desenvolvimento dos conteúdos modulares e dos estágios do internato, revisando anualmente os tópicos, de forma a assegurar que o conteúdo nuclear necessário para a formação geral do médico esteja contemplado;

3. Comissão de educação permanente: tem como função o desenvolvimento das atividades de sensibilização, treinamento e capacitação nas metodologias ativas de aprendizagem utilizadas no curso, em especial a Aprendizagem Baseada em Problemas;

4. Comissão de apoio psico-pedagógico discente e docente: tem como função orientar e apoiar os estudantes ao longo do curso no que diz respeito às suas necessidades acadêmicas e ou emocionais e também assessorar os professores no enfrentamento de dificuldades no trabalho com estudantes com algum tipo de problema.

Com essa estrutura gerencial interna, o curso implantou o novo currículo e vem acompanhando seu desenvolvimento, sempre apoiado em um processo permanente de avaliação e nos processos externos de mudança da educação médica.

Quanto ao desempenho nas avaliações nacionais, o Curso de Graduação em Medicina da UEL participou do Exame Nacional de Cursos (ENC/INEP/MEC) nos anos de 1999, 2000, 2001, 2002, obtendo os seguintes conceitos “A”, “B”, “B”, e “B” respectivamente. No ano de 2003 a avaliação ficou comprometida, atribuindo-se a expressão SC (Sem Conceito), devido à impossibilidade de aplicação de provas pelo INEP.

Em 2000 recebeu a visita de avaliadores externos para a Avaliação das Condições de Ensino (ACE/INEP/MEC), tendo obtido o seguinte desempenho: condições muito boas para o corpo docente, para a organização didático-pedagógica, e para as instalações.

Em 2004, obteve o conceito “5” no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE/INEP/MEC).

Em 2005, juntamente com outras duas escolas médicas do Brasil, foi escolhido para participar do processo de Acreditação de Cursos de Graduação do Mecanismo Experimental de Credenciamento – MEXA – dos Cursos de Medicina, no âmbito do Setor Educacional do Mercosul, coordenado pelo Ministério da Educação, recebendo parecer favorável.

Firmemente comprometidos com essa história, os professores e estudantes do curso de Medicina da UEL estão criando as condições para o desenvolvimento de uma educação médica de qualidade e com responsabilidade social, sempre subsidiados por um amplo processo de avaliação do curso nos âmbitos interno e externo.

CAPÍTULO VI - A AVALIAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DA UEL

Considerando a evolução da Avaliação da Educação Superior e da Educação Médica, desenvolveu-se a proposta de avaliação do curso de medicina da UEL, contextualizada no panorama nacional, na realidade regional, na dinâmica institucional da universidade, e do próprio curso, levando em conta suas peculiaridades e suas inconstâncias, estas geradas pela constância dos processos de mudança, na busca permanente pela superação.

Foi nessa perspectiva que, antes mesmo da criação do SINAES por força de Lei, mas, sobretudo com a preocupação em estabelecer um processo de avaliação mais abrangente e democrático, a Comissão de Avaliação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina – CAVMED/UEL, propôs ao Colegiado de Curso a adoção de um novo modelo de avaliação, mais adequado à concepção do curso, que tem como conceitos-chave no projeto pedagógico a proposta pedagógica interativa e o “aprender fazendo”, e como método de ensino prevalente a aprendizagem baseada em problemas, no qual se considera o estudante como sujeito da aprendizagem e o professor como agente facilitador dos processos de ensino- aprendizagem.

Dias Sobrinho (2002b, p. 61) apresenta algumas questões para se estabelecer um modelo de avaliação coerente com uma concepção de educação, vinculada à concepção de sociedade: “Qual sociedade queremos construir; qual educação ou qual formação é adequada para essa construção social; que tipo de instituição a sociedade pode construir para o seu desenvolvimento”?

Enquanto não se explicita claramente os fins da avaliação, não se sabe ao certo a qual concepção de Educação ela está servindo.

Sendo assim, os levantamentos de dados só farão sentido se estiverem inseridos em uma proposta de avaliação coerente com o modelo de educação que se pretende, e não o inverso, onde os instrumentos e os resultados são

utilizados veladamente para estabelecer o modelo “ideal” de educação. E nesse caso, os dados são meramente resultado de aferições ou medições, analisados quantitativamente, o que pode acabar indicando muitos caminhos equivocados.

Segundo Hadj (2001):

Avaliar não é medir um objeto, nem observar uma situação, nem pronunciar incisivamente julgamento de valor. É pronunciar-se, isto é, tomar partido, sobre a maneira como expectativas são realizadas; [...] A avaliação é uma operação de leitura orientada da realidade. (HADJ, 2001 apud BELONNI, 2003, p. 14).

Entender o currículo como expressão do projeto pedagógico do curso, e o ensino-aprendizagem como um processo de construção do conhecimento, exige da instituição, do professor e do estudante, diferentes capacidades e competências. Neste contexto, a avaliação desempenha um papel fundamental e deve ser colocada a serviço da qualidade pedagógica do curso de graduação.

A avaliação deve buscar a melhoria das condições de ensino- aprendizagem e ser capaz de identificar as potencialidades e fragilidades do curso. Deve ser um contínuo repensar sobre a formação, estimulando a mudança e a transformação, tendo como referência a excelência técnica e a relevância social do curso, bem como sua capacidade de dar respostas à sociedade.

O Curso de Medicina da UEL tem uma extensa trajetória avaliativa. Desde o início dos anos 90, participou de várias iniciativas de avaliação no contexto nacional. Foi o primeiro curso a aderir à proposta da Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico – CINAEM e participou de várias ações avaliativas no contexto do Programa UNI. Com a implantação do currículo integrado, ocorrida em 1998, foram criadas as comissões de apoio ao Colegiado com a preocupação de acompanhar permanentemente seu desenvolvimento. Uma delas foi a comissão de avaliação, responsável pela avaliação do processo de ensino- aprendizagem e também pela avaliação do curso, valorizando a importância da avaliação no processo de formação. (PERIM, et al, 2005).

Durante a implantação do currículo integrado, a Comissão de Avaliação desenvolveu diversos processos avaliativos envolvendo estudantes, docentes e

coordenadores de módulos ou séries, utilizando-se de técnicas como a auto-avaliação, a avaliação inter-pares, a avaliação pelo tutor, testes de progresso, entre outros.

Os instrumentos utilizados integravam a avaliação do processo de ensino-aprendizagem e permitiram, embora de forma assistemática, o acompanhamento do currículo durante a formação da 1ª turma (1998 - 2003).

Em função das dificuldades de organização e sistematização das informações, decorrentes da falta de integração das avaliações realizadas até então, e respaldados pelas diretrizes curriculares nacionais, onde estão previstos o acompanhamento e a avaliação do próprio curso, e não apenas do processo de ensino- aprendizagem, e ainda a formatura da 1ª turma, sentiu-se a necessidade de ampliação do modelo adotado, de forma a compreender a avaliação do curso como um todo.

A partir de 2003, com base na experiência acumulada, implantou-se o Sistema Integrado de Avaliação do Curso de Medicina – SIAMed, cujos princípios encontram-se em consonância com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior proposto pelo MEC/ INEP (CEA, 2003).

6.1 UMA EXPERIÊNCIA LOCAL FRENTE À PROPOSTA NACIONAL DE