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Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – PRÓ-

CAPÍTULO IV – A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL

4.1 INICIATIVAS NACIONAIS PARA OS CURSOS DE MEDICINA

4.1.3 Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – PRÓ-

O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em

Saúde – PRÓ-SAÚDE, foi lançado em novembro de 2005, com a assinatura da Portaria Interministerial de Cooperação Técnica entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, tendo como objetivo principal qualificar a formação profissional na área de saúde para melhorar a assistência prestada aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a elaboração da proposta foram considerados o Seminário de Avaliação do PROMED, e as sugestões obtidas na Reunião de Trabalho, realizada no Ministério da Saúde, em Brasília, nos dias 29 e 30 de setembro de 2005, com membros da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde - SGTES/MS e da Secretaria da Educação Superior - SESu/MEC, e diversas entidades nacionais das áreas de Medicina, Enfermagem e Odontologia.

Embasado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, nas Diretrizes Curriculares Nacionais e no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, o PRÓ-SAÚDE considerou ainda a precária disponibilidade de profissionais de saúde com formação generalista, dotados de visão humanística e preparados para prestar cuidados contínuos e resolutivos à comunidade, preocupação permanente dos gestores do SUS e das instituições de educação superior,

materializadas nas dificuldades de incorporar profissionais à Estratégia de Saúde da Família que inclui especificamente os cursos de medicina, enfermagem e odontologia.

Uma das principais metas do PRÓ-SAÚDE é aproximar formação profissional e científica das necessidades reais do SUS, sobretudo na atenção básica, que é a porta de entrada do sistema. Nesse caso, os profissionais poderiam melhorar as ações desenvolvidas pelo Programa Saúde da Família (PSF), cuja responsabilidade é resolver adequadamente a maioria de demandas nos serviços de saúde.

A educação dos profissionais de saúde deve ser entendida como processo permanente, que se inicia durante a graduação e é mantido na vida profissional, mediante o estabelecimento de relações de parceria entre as instituições de educação superior, os serviços de saúde, a comunidade, as entidades e outros setores da sociedade civil. (BRASIL, 2005e, p. 19).

Tendo como objetivo geral incentivar transformações do processo de formação, geração de conhecimentos e prestação de serviços à população, para

abordagem integral do processo de saúde doença, o PRÓ-SAÚDE apresenta como

objetivos específicos:

I - reorientar o processo de formação em medicina, enfermagem e odontologia de modo a oferecer à sociedade profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operacionalização do SUS;

II - estabelecer mecanismos de cooperação entre os gestores do SUS e as escolas de medicina, enfermagem e odontologia, visando tanto à melhoria da qualidade e resolubilidade da atenção prestada ao cidadão quanto à integração da rede pública de serviços de saúde à formação dos profissionais de saúde na graduação e na educação permanente; III - incorporar, no processo de formação da medicina, enfermagem e odontologia a abordagem integral do processo saúde-doença e da promoção de saúde;

IV - ampliar a duração da prática educacional na rede pública de serviços básicos de saúde.

Por meio do Edital 01/2005 e da Convocatória Pública da SGTES/MS, foi proposto às Instituições de Ensino Superior um Sistema de Incentivos que permite implementar ações de médio e longo prazos voltadas à melhoria da formação profissional. O PRÓ-SAÚDE é endereçado a escolas médicas, de enfermagem e odontologia que se disponham a rever seus projetos pedagógicos e processos de forma a adequá-los às necessidades sociais e epidemiológicas da população.

Dos cento e cinqüenta e dois cursos de medicina em funcionamento em 2005, trinta e oito foram contemplados com o financiamento do PRÓ-SAÚDE. Para participar do Programa, cada IES apresentou seu projeto contendo uma análise do momento atual, incluindo informações sobre a estrutura curricular e o processo de ensino, a capacidade instalada de recursos humanos e materiais, a participação nos serviços assistenciais e os problemas identificados. Além disso, a IES deveria definir a imagem-objetivo a ser alcançada pelo curso e a partir dela propor e orçar as operações que seriam desenvolvidas, completando assim o projeto de reorientação da formação profissional pretendida.

A factibilidade da proposta; o grau de envolvimento dos docentes e dos serviços na construção da proposta; o comprometimento dos gestores dos serviços; o grau de institucionalização do projeto, tanto na universidade quanto no âmbito do serviço público; a articulação interprogramática com outras profissões da saúde; e a apresentação de propostas criativas de transformação do processo educacional foram alguns dos critérios utilizados na seleção dos projetos.

A proposta, necessariamente formulada em conjunto com o serviço público de saúde, deveria ser embasada nos eixos de transformação pelos quais o Programa se estrutura:

Eixo A: Orientação Teórica (Determinantes de saúde e doença; Produção de conhecimento segundo as necessidades da população brasileira e à operacionalização do SUS; e Pós-graduação e educação permanente)

Eixo B: Cenários de Prática (Integração Docente Assistencial; Diversificação de cenários do processo de ensino; e Articulação dos serviços universitários com o SUS)

Eixo C: Orientação pedagógica (Análise Crítica da Atenção Básica; Integração ciclo básico/ ciclo profissional; e Mudança metodológica) Assim como no PROMED, os eixos do PRÓ-SAÚDE são compostos de vetores e cada um deles é representado por três estágios que partem de uma situação mais tradicional ou conservadora do estágio 1, até alcançar no estágio 3, a situação e o objetivo desejados, estabelecendo a tipificação de cada escola dependendo do estágio em que se encontra.

Desde o momento de apresentação do projeto, o PRÓ-SAÚDE pressupõe a necessidade de um processo de auto-avaliação e sugere que este seja amplo e participativo, incluindo os serviços e os diversos segmentos que participam da formação profissional. A auto-avaliação deve estar pautada no desenvolvimento dos eixos estabelecidos, e somada à avaliação externa que será desenvolvida, estabelecerá um acompanhamento contínuo dos processos de mudança por parte dos Ministérios da Saúde e da Educação.

Para coordenar esse acompanhamento a Comissão Executiva do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde instituiu uma Comissão Assessora. Durante o ano de 2006, cada escola contemplada com recursos do Programa deveria receber uma primeira visita de comissão externa com o objetivo de captar uma visão do curso e da situação do projeto. A partir da visita, cada instituição deveria constituir uma Comissão de Gestão e Acompanhamento Local e elaborar uma proposta de auto-avaliação, contendo um conjunto de indicadores pertinentes aos eixos do programa. O processo de acompanhamento de cada projeto tem como ponto de partida a proposta de auto-avaliação e as impressões colhidas pelos assessores durante a visita.

Nem todas as Escolas Médicas participantes do PRÓ-SAÚDE foram visitadas, mas independente disso, tinham até fevereiro de 2007 para apresentarem suas propostas de avaliação ao Ministério da Saúde.

Mais do que um Programa de incentivos à reorientação da formação profissional, o PRÓ-SAÚDE valoriza a importância da avaliação na implementação de processos de mudanças. A própria estruturação dos eixos e vetores em níveis que variam de 1 a 3 estabelecendo a tipificação das escolas e a exigência de um diagnóstico inicial construído de modo participativo, favorecem a cultura de avaliação e estimulam o desenvolvimento de processos avaliativos. Entretanto, apesar de estarem vivenciando outros processos de avaliação estabelecidos pelo SINAES, além da participação em outros programas de avaliação em outros momentos, as escolas médicas tiveram muita dificuldade em apresentar propostas de avaliação bem fundamentadas e coerentes com os projetos, que desde março de 2007, estão sendo analisadas pela Comissão Executiva do Programa.

A perspectiva do PRÓ-SAÚDE é que os processos de reorientação da formação ocorram simultaneamente em distintos eixos, em direção à situação desejada, que antevê uma escola integrada ao serviço público de saúde e que dê respostas às necessidades concretas da população brasileira na formação de recursos humanos, na produção do conhecimento e na prestação de serviços, sempre direcionados a construir o fortalecimento do SUS. (BRASIL, 2005e).

O que se busca é a intervenção no processo formativo para que os programas de graduação possam deslocar o eixo da formação - centrado na assistência individual prestada em unidades especializadas - por um outro processo em que a formação esteja sintonizada com as necessidades sociais, calcada na proposta de hierarquização das ações de saúde, e que leve em conta as dimensões sociais, econômicas e culturais da população, instrumentalizando os profissionais para a abordagem dos determinantes de ambos os componentes do binômio saúde-doença da população na comunidade e em todos os níveis do sistema. (BRASIL, 2005e, p. 19).

4.1.4 Avaliação das Condições de Ensino dos Cursos de Graduação em Medicina-