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Segundo Sousa (1994, p. 8), o cadastro já existia no Egito nos anos 3.000 a.C., e a “primeira ação regularizada do imposto sobre a propriedade apoiada num levantamento novo e na redistribuição da terra foi executada no Egito, em 1.700 a.C.”.

Segundo Duarte (2004), o império Maia que se estendia pelo sul do atual México desde 1.000 a.C., com apogeu em 250 d.C., já possuía certa tradição cartográfica, o que possibilitava uma compreensão de todos os territórios adquiridos pelas conquistas.

Loch (1998a, p. 7), Sumariva, Silva e Rodrigues (2004) citam as origens do cadastro a partir dos egípcios (visando reimplantação das parcelas), dos caldeus (para fins de tributação, por volta do ano 400 a.C.) e do império romano (na época de Sérvio Túlio).

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Sérvio Túlio criou em Roma uma espécie de cadastro, que era feito junto com o censo, e renovado a cada cinco anos. Um fato interessante registrado na história é o de César ter levado para as Gálias três geômetras gregos, a fim de medirem as terras da região. (MIGNONE, 1982, p. 17).

O imperador Diocleciano determinou o mapeamento de todo o Império Romano, visando nova sistemática de tributação, por volta de 287 d.C.

No ano de 800 d.C. na França, foi implantado o imposto sobre a propriedade com uma taxa de 10% do valor bruto das parcelas. Nos tempos finais do feudalismo, os soberanos e o clero favoreceram o registro das terras e começaram a escrever papéis, uma espécie de escritura da propriedade. Em 1.550, através de um decreto parlamentar tratou-se da reimplantação do imposto predial como imposto nacional. Entretanto, a resistência do clero e soberanos impediu tal iniciativa. (SOUSA, 1994, p. 9).

Segundo Lawrance (1984, p. 415), o Código Cadastral das Terras da Inglaterra (deixada de lado sua parte mais setentrional) foi ordenado no ano de 1085 d.C. pelo Rei Guilherme, o Conquistador, sendo concluído dentro de um ano.

O conteúdo deste trabalho, ainda hoje preservado, é conhecido como ‘O Livro Cadastral’; registra os nomes dos proprietários, a área e a qualidade da terra, superfície cultivada, vales e florestas, número de arrendatários e o número e o tipo dos rebanhos. Os impostos foram pagos sobre esses elementos, até no Século XVI. (LAWRENCE, 1984, p. 415).

O mais conhecido dos cadastros modernos da Europa é o Cadastro Nacional da França, referido como o ‘Antigo Cadastro’, mandado fazer por Napoleão, em 1790, e concluído em 1850. Esse cadastro serviu de modelo para os primeiros cadastros, da Bélgica, iniciado em 1793 e da Holanda, iniciado em 1811 e concluído em 1831. O Cadastro de Napoleão falhou por não fornecer nenhum mecanismo capaz de manter os mapas atualizados e essa falha teve que ser corrigida por legislação posterior. (LAWRENCE, 1984, p. 415).

A Alemanha iniciou os trabalhos com Cadastro no Século XIX (SOUZA, 1994, p. 10).

Mais efetivamente na Baviera, em 1.801; Wurtemberg, em 1.818; Hesse, em 1.821; Hamburgo, em 1.845; e Baden, em 1.852. Atualmente, a maior parte das ações administrativas do governo daquele país relacionam-se com as informações cadastrais. Baseado nesses dados foi possível ao povo alemão reconstituir as divisas entre as parcelas e reconstruir rapidamente quase todo país depois da Segunda Guerra Mundial.

Constata-se em Brasil (1983, p. 359, 363, 373 e 374) que em nosso país foi instituído o “Registro das Terras Possuídas” (Lei n. 601/1850, art. 13 e Decreto n. 1.318/1854, art. 9133-108), distribuído por freguesias, e ficou mais conhecido como Registro do Vigário ou

33 Decreto nº 1.318/1854. Do Registro das Terras Possuídas: Art. 91. Todos os possuidores de terras, qualquer que seja o título de sua propriedade, ou possessão, são obrigados a fazer registrar as terras, que possuírem, dentro dos prazos marcados pelo presente regulamento [...].

como Registro Paroquial. Esse registro foi o precursor das atuais instituições cadastrais implantadas no país, porque registrava as terras possuídas e não os títulos ou direitos reais.

O Registro Paroquial (sistema cadastral) não pode ser confundido com o Registro Geral (sistema registral), que iniciou a partir da Lei n. 1.237/1864 e do Decreto n. 3.453/1865 (BRASIL, 1983, p. 374-411), consistindo na inscrição das hipotecas, na transcrição dos títulos da transmissão dos imóveis suscetíveis de hipoteca e transcrição da instituição de ônus reais (Lei n. 1.237/1864, art. 7º). Naquela época o Registro Geral já previa a indicação34dos imóveis, admitindo a possibilidade da existência de cadastro.

Devido à inexistência das medições, as divisas na época eram declaradas pelos fregueses dos vigários (Decreto n. 1.318/1854, art. 98, 99 e 103), em medidas aproximadas (art. 10035). Posteriormente essas informações ingressaram no Registro Geral (Lei nº 1.237/1864, art. 7º-10) de hipotecas, que foi transformado em nosso atual RI.

Quanto à origem da palavra, não há consenso na definição decadastro.

Uns dizem ter vindo do grego Katastizô, distinguir por pontos. Outros, acham que veio do baixo latimcapistratum (de capitas), capacidade, ou então de caput (capitilia) cabeça. Na Idade Média chamavam-se capitastra [...], a qual se transformou [...] emcatastra, que se conservou nas línguas neolatinas quase que com a mesma forma (catasto, em italiano; catastro, em espanhol; cadastre, em francês e cadastro em nosso idioma) (MIGNONE, 1982, p. 17). (Destaques no original).

Segundo Loch (1998a, p. 6), o termo cadastro:

é registrado pelo Novo Dicionário do Aurélio, como tendo origem mais próxima na palavra francesa cadastre, que seria:

1 - Registro público dos bens imóveis de determinado território ou registro de bens privados de um determinado indivíduo [...].

Assim, fica esclarecido que no Brasil cadastro é o Registro Público competente para registrar os imóveis, o que está de acordo com o termo internacionalmente utilizado pela Mision Técnica Alemana (1971, p. 8), que relaciona cadastro às medições e investigações

técnicas que permitam a obtenção de mapas na escala grande e de índices que contenham os

dados dos imóveis.

34Lei n. 1.237/1864, Art. 4º, § 1º. A hipoteca convencional deve indicar nomeadamente o imóvel ou imóveis nos quais ela consiste, assim como a sua situação e características. (Grifo nosso).

35Decreto n. 1.318/1854, Art. 100. As declarações das terras possuídas devem conter: o nome do possuidor, designação da Freguesia, em que estão situadas; o nome particular da situação, se o tiver; sua extensão, se for conhecida; e seus limites.

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