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CAPÍTULO 4 A ABORDAGEM METODOLÓGICA: CAULE DA PLANTA

4.3 Os atores da pesquisa: folhas fotossintetizantes

A seleção dos atores da pesquisa foi feita à luz dos objetivos de estudo com base nos seguintes critérios:

 Ser professor do curso de ciências biológicas das instituições campo de estudo e

 Ter sido indicado pelos licenciandos por atuar com EA crítico-humanizadora. Perante os resultados obtidos com os licenciandos, os professores-atores com quem realizamos o trabalho de campo foram31:

 Professor do componente curricular natureza, sociedade e educação ambiental;  Professoras (duas) do componente curricular ecologia;

 Professor do componente curricular botânica de fanerógamos;  Professor do componente curricular parasitologia humana;  Professora do componente curricular educação ambiental;  Professor do componente curricular botânica econômica.

Para garantir o anonimato dos professores-atores não os identificamos pelos componentes curriculares lecionados pelos mesmos, nem por suas IES de origem. Seguindo a lógica da metáfora da árvore, os mesmos foram identificados por folhas. Cada professor-ator

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Outra professora do curso de licenciatura em ciências biológicas também atendia aos nossos critérios de escolha de atores de pesquisa. Porém, ao fazermos contato com a mesma, descobrimos que ela estava em licença e não mais voltaria a lecionar, pois já iria aposentar-se. Assim, por não ser possível observar suas aulas e por considerarmos a observação primordial em um trabalho que investiga a prática docente, optamos por não incluí- la na pesquisa.

pôde escolher qual folha seria utilizada em sua identificação, pois nosso objetivo foi o de garantir-lhes algum traço de identidade32.

Os professores optaram por serem identificados por: Folha de Jabuticabeira, Folha de Jambeiro, Folha de Ingazeiro, Folha de Cajueiro, Folha de Pitangueira, Folha de Mangueira e Folha de Umbuzeiro. Esta identificação foi possível através da entrevista narrativa (apêndice B), na qual conhecemos o porquê das escolhas das folhas, suas identidades, trajetórias formativas, como chegaram à universidade pública onde trabalham atualmente, concepções de educação e de EA, motivações para inserir a EA em suas aulas e seus quefazeres da EA crítico-humanizadora. Nesta parte do trabalho utilizamos apenas os dados que contribuíram para a caracterização dos professores-atores. Os demais dados foram discutidos e analisados no capítulo que traz os resultados da pesquisa.

Na entrevista narrativa utilizamos um texto norteador que teve por objetivo sensibilizar os professores-atores quanto à indissociabilidade ambiente natural-ambiente social que se reflete nos traços de identidade de cada um. Assim, o texto orientou a materialidade da entrevista narrativa e, somente após a leitura do mesmo, foram apresentadas aos professores as questões norteadoras da entrevista. O texto norteador selecionado é produção de Brandão (2002) e encontra-se disponível no apêndice B.

Por entendermos que a descrição dos professores-atores é parte fundante em uma pesquisa etnometodológica, contribuindo, inclusive, para melhor compreendermos a escolha dos licenciandos, procedemos à caracterização dos mesmos utilizando partes de suas narrativas. Essas se encontram entre aspas ou destacadas no texto que se segue.

Folha de Jabuticabeira escolheu ser assim reconhecida porque quando pequena “vivia comendo jabuticabas direto da árvore” e isso a fez perceber o elo fundamental entre sua “infância em contato com a natureza e o trabalho” que realiza atualmente na universidade. Esse elo é reforçado quando a mesma reflete que “a jabuticabeira pode ser encontrada em qualquer lugar e eu me vejo como uma professora que trabalha em qualquer espaço para falar em educação ambiental: na escola, na universidade, nas comunidades”.

Sua trajetória docente na universidade teve início aos seus vinte e dois anos de idade, mas trabalhou anteriormente em escolas públicas do estado e do município, em cursinhos preparatórios para vestibular, em escolas de bairro e em cursos de formação de oficiais das

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Para Nóvoa (1992), a identidade é um lugar de lutas e conflitos, um espaço de construção de maneiras de ser e de estar na profissão. Dessa forma, o modo de cada professor exercer a docência depende do que cada um é como pessoa, e também do como ocorreu a construção do profissional. Sob esta égide, a entrevista narrativa buscou constituir-se como elemento de retorno a experiências docentes e vivências formativas dos professores em relação à EA.

forças armadas. Na universidade pública federal na qual leciona, tem trinta e três anos de serviços prestados. Segundo a professora, “eu acho que o ensino é a minha vocação, a minha paixão é ensino; inclusive eu amo mais a graduação do que a pós, porque na pós você informa e na graduação você forma. Existe essa vertente muito clara na minha cabeça”.

É bacharel e licenciada em ciências biológicas, com mestrado em zoologia e em ecologia e doutorado em ecologia. Em sua graduação não teve a oportunidade de estudar a EA e o mesmo ocorreu no mestrado em zoologia. No mestrado em ecologia trabalhou com ecologia humana, pois sua vocação “era sempre trabalhar com o humano”, mas “era muito conservador”. Em 1978, “não se falava em educação ambiental, só se falava em ecologia”. No doutorado realizado no México em 1986 teve os primeiros contatos com a EA, pois lá “já se começava a falar das questões da educação ambiental”. Considerou fascinante essa inovação e prontificou-se a trabalhar gratuitamente em um grupo que tinha por foco a avaliação do impacto ambiental. Seu objetivo era “aprender sobre educação ambiental”.

Folha de Jambeiro optou por ser identificado como folha desta árvore porque ela é “muito certinha, organizada”. Além disso, ele atestou: “Eu acho tão bonito um pé de jambo!” Considera-se ainda estudante e diz “nunca vou parar de estudar”. Vê-se atualmente “mais como professor do que como pesquisador”, pois não consegue “separar a vida como professor da vida como um cidadão, uma pessoa comum, uma pessoa que tem lazer, se diverte, prepara aula, corrige prova”. Então diz que é uma pessoa com várias vertentes e conclui: “Eu não sou apenas uma pessoa, sou professor”.

O texto que oferecemos aos atores para leitura durante a entrevista narrativa ajudou o professor a encontrar mais traços de sua identidade, pois o mesmo nos disse:

Pensando no texto que você me deu para ler, eu gosto muito de ler a imagem a partir do contexto que a natureza mostra, eu sou também uma pessoa que reflete o que eu estou sentindo. Então se eu estiver cansado, você sabe que eu estou cansado; se eu estiver indignado com algumas coisas, você sabe que eu estou indignado.

Folha de Jambeiro foi professor do ensino fundamental e médio e também de museu de ciência, antes de ingressar na educação superior. Atuou em faculdades privadas e foi professor substituto de 2006 a 2008. Foi aprovado em concurso público em 2009 e desde então atua nos cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas, biomedicina e ciências ambientais.

Com licenciatura em ciências biológicas teve contato com a EA do terceiro período ao oitavo período “lá no Espaço Ciência, área de biologia, como monitor”. Assim, o mesmo não teve contato com a EA nos componentes curriculares que cursou na universidade, mas no

estágio que realizou em ambiente externo. Ao terminar a graduação, ingressou no mestrado em micologia e continuou no Espaço Ciência como “coordenador da área de meio ambiente, manguezal e do laboratório de biologia”. O doutorado foi em microbiologia e neste o professor trabalhou “com própolis e alguns extratos de plantas pra tentar tirar do ambiente alguma coisa que desse resultado” no tratamento de doenças vaginais. Fala que “a questão ambiental que eu trabalhei no doutorado foi isso, foi a questão dos produtos naturais que podem ser utilizados pelas pessoas a baixo custo. É a medicina popular”.

Folha de Ingazeiro, que estuda folhas da mata ciliar que caem na água e o processo de degradação das mesmas, “precisa conhecer as folhas, saber se elas são maleáveis ou não, se têm metabólitos secundários” e outras características das mesmas; escolheu ser identificado como uma folha de ingazeiro porque vem “trabalhando desde o sul com esta espécie”. De origem gaúcha ressalta que o ingá “vem acompanhando” seus estudos há bastante tempo.

Folha de Ingazeiro gostou do texto da entrevista narrativa, pediu para ficar com o mesmo, pois se identificou com o lago de águas calmas e límpidas descrito por Brandão (2002) e nos revelou que

Sempre teve uma relação muito grande entre a água e o sujeito, o seu psicológico. Eu desde cedo, desde a graduação, sabia muito bem que eu gostaria de trabalhar com água. Então os meus estágios eram todos voltados a mexer um pouco com isso. Não me interessa muito os micro-organismos ou os ecossistemas terrestres ou outros; só me interessava o aquático.

Considerou difícil falar de si e sentiu-se mais à vontade descrevendo quem era a partir de sua formação. Disse que sempre soube que “tinha que estar com o pé na água” e seguiu cursos que propiciassem isso. É licenciado em ciências biológicas e fez mestrado “em ecologia, com foco em ecologia aquática”, tendo trabalhado com lagos rasos. O doutorado, também em ecologia, foi cursado na Alemanha e também envolveu água, só que desta vez foram “lagos profundos, lagos ácidos com PH 2, 3”. O pós-doutorado foi realizado “com cursos de água, com riachos e rios”. Folha de Ingazeiro considera que seu processo formativo contribuiu para o trabalho que realiza atualmente com EA na universidade porque, segundo ele, “através da pesquisa eu fui descobrindo o que me motivava pra eu poder atuar como profissional”.

Ele não soube explicitar ao certo quantos anos tem de experiência na educação superior, mas já atuava no Rio Grande do Sul antes de vir para o Recife concorrer ao cargo de professor que ocupa atualmente. Na IES de Recife atua com os cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas.

Folha de Cajueiro identifica-se com a folha desta árvore, mais especificamente com um cajueiro que existe em uma fazenda na Bahia, onde leva seus alunos para vivenciarem contato maior com o meio ambiente, porque neste lugar descobriu que “nós seres humanos somos capazes de nos comunicarmos também com outros seres, que não são humanos”. Revelou ter “um caderno de diálogos com esse cajueiro que são muito profundos” e, para lembrá-lo e senti-lo mais próximo, “trouxe um pedacinho da folha dele” consigo. Após a entrevista, disse-nos que pegou esta folha do chão e pediu autorização ao cajueiro e à natureza para trazer a folha para Recife, pois jamais a arrancaria da árvore.

Identificou-se como sendo “mineira, nascida em Belo Horizonte, de uma mãe professora e de um pai escrivão da polícia civil”. Tendo que contribuir para o sustento do lar desde jovem, sonhava em cursar computação, mas, por julgar ser difícil o ingresso na universidade em um curso tão concorrido, decidiu cursar matemática. Estando neste curso, experienciou cursar um componente curricular da biologia e mudou de curso, voltando, segundo a mesma “às suas origens”, pois, “desde criança falava que queria estudar os bichos, trabalhar com os bichos”. Cursou, então, o curso de bacharelado em ciências biológicas em busca de “estar no meio da natureza, trabalhar com os animais”, pois essa era sua “motivação principal”.

Sua formação na universidade ultrapassou os muros da mesma, pois viajava constantemente com um grupo de estudantes de sua turma. Ao conhecer a Amazônia disse que descobriu o que era “a exuberância da natureza” e desde a graduação sabia que seu “alvo era chegar à universidade e ser pesquisadora e professora”. Terminando a graduação fez imediatamente mestrado e doutorado em ecologia e atestou que em sua trajetória formativa não encontrou a EA “mesmo fazendo mestrado e doutorado em ecologia, é uma ecologia extremamente acadêmica e desvinculada de seu cotidiano, da sua forma de agir e ser”.

Folha de Cajueiro considera que sua trajetória docente iniciou desde os quatro anos de idade, quando brincava de lecionar para galinhas e, posteriormente, por ajudar seus primos e irmãos mais jovens com as tarefas. Quando estava no doutorado ajudou a “fundar um cursinho pré-vestibular para alunos carentes”, ministrou aulas no mesmo e deu “alguma aula esporádica, palestra para o ensino superior, alguma coisa que o orientador pedia”. Terminando o doutorado, foi professora substituta por seis meses em São Paulo e veio a Recife concorrer ao cargo que ocupa. Está na universidade há cinco anos e atua com os cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas e também no de ciências ambientais.

Folha de Pitangueira atestou que se sente todas as folhas, pois também trabalha com plantas e ama o que faz. Entretanto, “a mais legal” de todas em sua opinião é a “folha de

pitangueira” e é assim que quis ser identificado em nossa pesquisa. A escolha deu-se pelos seguintes motivos: “as pitangas ocorrem próximas do mar” e ele considera-se “um ser do mar”, pois é carioca e disse ter escolhido Recife para prestar concurso e viver porque há o mar, assim como em sua terra natal; “as pitangas são deliciosas”; ao serem comidas suas sementes são jogadas e isso permite sua disseminação; além disso, “as folhas das pitangueiras são lindas! Elas brilham ao sol e o odor de pitanga é inebriante”. Concluindo, Folha de Pitangueira disse que esta árvore “não é a maior da floresta, mas é forte, resistente, robusta, bonita, os frutos são deliciosos e as pessoas sempre cospem a semente pra nascer outra pitangueira”.

Definiu-se como sendo um professor que “é a construção de várias histórias de vida”, pois possui bisavós que foram professores, sua mãe é professora; “então é uma coisa familiar que foi construída”. Alegou também ter uma preocupação grande com a responsabilidade que tem perante seus alunos, pois é “uma figura que transmite valores profissionais e pessoais”. Ademais, considera que “traz uma carga de obsessão de construção do conhecimento pelo aluno muito grande e da importância do estudar”.

Folha de Pitangueira cursou bacharelado em ciências biológicas e, posteriormente, motivado por sua mãe, fez também a licenciatura. Seu mestrado e doutorado são em botânica e sua atividade profissional se iniciou na educação superior não porque ele assim o desejasse, mas “é onde se contrata mestres e doutores”. Atuou dois anos em uma universidade pública na região norte do país e passou a lecionar na atual IES em Recife desde 1995. Em sua trajetória formativa e docente é considerado “um pesquisador muito bom” porque publica muito em sua área, mas disse-nos: “Eu sou professor. Eu não sou pesquisador. Meu prazer profissional é muito mais ensinando do que pesquisando. Eu sou pesquisador por contingência da situação, porque quando você faz mestrado e doutorado, você faz pesquisa”.

Contou-nos que em sua trajetória formativa jamais teve contato com a EA e que “nunca foi treinado para dar aula no ensino superior”. Ele considera isso “uma falha imensa dos cursos de pós-graduação” e disse ter construído sua trajetória docente em meio a erros e acertos. Atualmente atua nos cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas.

Folha de Mangueira rememorou sua infância ao fazer sua escolha e disse-nos que na casa de seus pais há uma mangueira desde sua infância: “a minha vida inteira eu convivi com mangueira”. Assim a mangueira “é a ligação que a gente tem com subir em árvore, de fazer tudo”. Esta relação estabelecida com a árvore frutífera faz a professora afirmar que há uma em sua casa que ela ama, adora.

Eu sou professora de biologia e há muito tempo eu venho trabalhando com esses temas da educação ambiental, não sei nem porque começou essa história. Eu tenho uma formação de pesquisadora realmente, mestrado e doutorado [...] até na graduação foi bacharelado.

O bacharelado em ciências biológicas foi cursado na universidade na qual exerce suas atividades atualmente e, neste processo de formação inicial, sempre teve “a intenção de trabalhar como professora da universidade”. O mestrado é em botânica e o doutorado em ecologia, “mas sempre analisando plantas aquáticas, marinhas”. No bacharelado teve contribuições da ecologia para o entendimento que tem hoje de EA, embora tenha afirmado que “a disciplina não entrou com esse perfil de educação ambiental, mas acabava ligando porque era solo, água, biodiversidade, minerais”. Então os estudantes terminavam “querendo ou não, puxando para os problemas ambientais”.

Sua trajetória docente iniciou na universidade quando assumiu por dois anos o cargo de professora substituta em IES pública federal. Para participar do concurso foi motivada por sua professora orientadora no mestrado a qual insistia para que a mesma tivesse a prática em sala de aula. Ao terminar o doutorado foi professora substituta por mais dois anos na mesma IES, com aprovação logo em seguida em concurso para professora efetiva e atua nos cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas.

Folha de Umbuzeiro explicou-nos que o umbu

[...] é uma planta interessante, é uma planta endêmica da caatinga, da região Nordeste do Brasil. O fruto é muito saboroso e Euclides da Cunha a chamava de árvore sagrada do sertão. No livro “Os Sertões” ele a chamava de árvore sagrada porque é uma planta mitigadora de fome, porque, enquanto toda a paisagem da caatinga está seca, ela é a única que está frutificando, florindo e frutificando, é a única. Então imagine que para o sertanejo, para as pessoas que vivem nestas regiões, ela mitiga a fome nos momentos de escassez.

Disse que gostaria de ser identificado como folha de umbuzeiro porque ser professor ou professora

[...] é um trabalho de resistência, é todo dia tentar vencer as adversidades pra frutificar. Não que o fruto seja você, mas que, no conjunto lá dos seus alunos, um frutifique, um germine, um tenha escutado você. Isso é um desafio constante e um desafio para não murchar, para não perecer diante das decepções, das frustrações. Então pra mim esse é o maior ensino de resistência, de força, porque entra a seca e sai seca, tudo morre ao redor e ela se mantém forte.

Folha de Umbuzeiro tem bacharelado e licenciatura em ciências biológicas, mestrado e doutorado em biologia vegetal. Alegou ter paixão pela biologia, embora a considere desconectada do ser humano. Então, como pessoal e como profissional, considera que se

constituiu “na angústia, no sofrimento de gostar de uma biologia, mas não encontrar o ser humano nessa biologia” até o momento em que encontrou a etnobotânica que o “redefiniu como pessoa e como profissional”, pois “foi a oportunidade de interagir com as pessoas”, de ver que a ciência que pratica “não é hegemônica, ela não é soberana e que a voz do cientista é apenas mais uma voz dentro das milhares de vozes que existem”. Além disso, atestou que sua formação contribuiu pouco para a compreensão que tem de EA.

Começou sua trajetória docente “atuando como professor substituto” e veio a ser “professor efetivo da universidade em 2002”. Sua trajetória como professor “também foi um pouco sofrida porque nós não somos treinados pra sermos professores, nós somos treinados para sermos pesquisadores, cientistas”. Assim, “chegar à sala de aula é um desafio imenso e é sofrível tentar vencer essa carência de formação nossa como professores”. Folha de Umbuzeiro atua nos cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas e confessa que está “um pouco desmotivado para a carreira docente por muitas e muitas razões”.

Identificar os professores-atores desta pesquisa a partir de quem eles se consideram e com qual folha gostariam de ser reconhecidos fez diferença significativa no trabalho. Poderíamos ter caracterizado nossos atores somente pelo que fazem, pelos cursos de concluíram, ou por qualquer outra forma de identificação. Mas o modo pelo qual optamos por trabalhar permitiu que conhecêssemos o que são como profissionais e como pessoas, pois, como discutido neste trabalho, é incoerente dissociar o que somos como pessoas do que somos como profissionais. Na descrição feita por eles próprios, percebemos suas escolhas profissionais e pessoais, suas conquistas e frustrações, suas memórias e até mesmo a forma como se percebem no e com o mundo.

As razões e os argumentos apresentados pelos professores-atores para justificarem sua escolha da folha da árvore frutífera foram gerados pelo pensar-agir-sentir, que aflorou ao lembrarem-se do passado, das experiências marcantes em suas vidas, ou por reconhecerem nas características da árvore suas características próprias.

Sem sombra de dúvida, o momento inicial da entrevista narrativa que permitiu a