• Nenhum resultado encontrado

4 A PSU: ANÁLISE DISCURSIVA DE UMA QUESTÃO POLÊMICA.

5.1. O nosso corpus e os primeiros indícios discursivos de Preumed

5.1.2. Os primeiros indícios discursivos de Preumed

A seguir, podemos observar a principal página web do cursinho, e, inspirados na perspectiva bakhtiniana, o que o que até agora olhamos do ponto de vista do material verbo-visual no campo digital, podemos analisar a partir do conteúdo desenvolvido pelo cursinho. Olhemos como ficou a página inicial do site que estudamos e as transformações que o conteúdo, a posição axiológica do cursinho fez circular:

149 Imagem 36: página principal web cursinho53.

Fonte: https://reumed.com/publicaciones/

150 Como esperávamos, o conteúdo se relaciona com o material que toma as formas do verbo- visual. Na parte superior esquerda da página, temos uma letra “U” azul com o desenho de uma escada pequena preta no centro do lado esquerdo da mesma letra. Na parte de cima da letra ”U”, observamos uma figura vermelha, “como de” uma pessoa sentada sobre essa letra.

Imagem 37: Detalhe do nome do cursinho na página web54.

Fonte: https://preumed.com/publicaciones/

À direita vemos a palavra Preumed e, logo abaixo dela, o nome completo do cursinho “Preuniversitario Popular de la Facultad de Medicina de la Universidad de Chile” (Imagem 6 e 7).

Imagem 38: Detalhe da posição do nome do cursinho na página web55.

Fonte: https://preumed.com/publicaciones/

O caráter polissêmico do verbal e do visual no logo do cursinho trariam no início a esfera universitária, nesse caso institucional, já que a Universidade do Chile é reconhecida no país como “la

54 Acesso em: 18 de novembro de 2018. 55 Acesso em: 18 de novembro de 2018.

151 U”. Além do mais, o mesmo nome coloca diretamente em circulação essa instituição universitária. Simultaneamente, “la U” revela uma esfera esportiva, ao ser reconhecido como um dos nomes de um time de futebol, o “Universidade do Chile”, trazendo também a sua sociedade anônima, “Universidade do Chile S.A.”. Não podemos esquecer que esse time, como a grande maioria dos times chilenos, é uma sociedade anônima negociada na bolsa56, desse modo, estaríamos também frente a esfera econômica.

Imagem 39: Detalhe nome cursinho57.

Imagem 40: “U” marca de teme de futebol58.

Fonte: https://preumed.com/publicaciones/

Peguemos os recortes verbais “U” e “Facultad de Medicina Universidad de Chile”, além das imagens que supracitamos. O material palavra da letra “U” de cor azul, o material visual da escada preta e a figura humanoide vermelha na parte superior da letra seriam as escolhas do autor, professores do Preumed, apresentando, por isso, as posições axiológicas do projeto discursivo em jogo, não apenas escolhas no campo do digital do software livre, mas também no campo da educação pré-

56 Fonte: https://es.m.wikipedia.org/wiki/Archivo:Logo_Universidad_de_Chile.svg , Acesso em: 28 de setembro de 2018 57 Acesso em: 18 de novembro de 2018.

58 Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Club_Universidad_de_Chile_(femenino) . Acesso em: 28 de setembro de

152 universitária e da transição dos estudantes do ensino médio ao superior, já que estamos frente a uma prática educativa.

Ao focar a letra “U”, observamos uma escada que sinalizaria a ascensão de baixo para cima da letra “U”, a letra “U” de universidade. Consideramos que é ascensão pelo fato da figura preta se encontrar na parte superior da letra, logo, a figura teria subido pela escada. O material palavra “U” completa, mas também é paráfrase da Universidade do Chile. Simultaneamente, “Preuniversitario Popular de la Facultad de Medicina”, paráfrase do nome Preumed, e a escadinha preta apoiada na letra “U”, sinalizariam o meio dessa ascensão e o propósito: preparar-se para entrar na universidade por meio do cursinho.

Através da dialogia promovida pelos professores do cursinho entre os diferentes materiais verbais e visuais, a materialidade ou caráter histórico do espaço se desenha concretamente no logo do cursinho no interior da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile. Ao mesmo tempo, identificamos uma nova marca do público deixada pelo autor-criador, os candidatos: não apenas esse público circula discursivamente no campo digital, mas também tem vontade de fazer o exame de admissão e ocupar uma vaga na universidade, isto é, querem entrar no campo universitário de atividade, querem ingressar na universidade através do cursinho. Consequentemente, a figura vermelha sobre a letra “U” seria o centro da disposição espacial axiológica da obra, ou melhor, o logo sinalizaria o acesso do candidato (do público) à universidade, por isso, a ascensão dele. Ao mesmo tempo, poderia sinalizar o professor que, por ter feito esse caminho do alto, do interior da universidade, poderia apoiar o caminho do candidato. Portanto, professores e estudantes na universidade, isto é, estudantes universitários organizados no cursinho popular.

Ainda temos uma outra característica do público: a palavra “popular” sinalizaria, ou melhor, refrataria um aspecto do embate entre dois campos: o educativo e o econômico. Assim sendo, e levando em consideração as liberdades da plataforma WordPress, do nosso ponto de vista poderíamos observar duas réplicas discursivas na página web. Primeiro, dos professores do cursinho com o software livre de código aberto, que seria réplica para o software pago de código fechado. E, segundo, dos jovens de periferia que não contam com os recursos econômicos para pagar pelos serviços educativos que preparam para esse exame, e por isso procuram, junto com os estudantes universitários – os professores –, outras possibilidades. Tanto os primeiros quanto os últimos estariam fazendo réplicas aos cursinhos privados e ao sistema universitário. E, ao replicar ativamente, ocupam uma posição no campo universitário segundo a qual, frente a venda de serviços de ensino dos aprendizados

153 necessários ao ingresso na universidade, a melhor resposta é a criação de um serviço educativo gratuito para estudantes que não podem pagar.

A fotografia nos leva para o material sígnico visual que apresenta as pessoas do cursinho, que consideramos a imagem do corpo exterior como centro da disposição espacial e da assimilação da obra ou do sentido na página web. No Tema “TextBook” proposto pelo WordPress, o visual foi exemplificado através do conteúdo de uma fotografia de um prédio de uma instituição educativa; no caso do cursinho, o visual foi encarnado por um grupo de jovens estudantes em um auditório da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile. Dessa forma, como aconteceu no logo, na fotografia o verbal e o visual sugerem sentidos para a assimilação axiológica do corpo exterior, já não de uma figura individual sem rosto e vermelha, mas sim dos jovens estudantes que se encontrariam no centro do espaço: a faculdade. Esse posicionamento no campo universitário seria um posicionamento coletivo; o corpo não é apenas de um sujeito do discurso, é de um coletivo de sujeitos ou de um grupo de sujeitos do discurso no espaço material e histórico da medicina na universidade.

Ao continuarmos avançando no corpus do material visual, verificaremos que a foto da página inicial do site do cursinho tem diferentes cores, efeito das roupas do coletivo de jovens, que olham sorridentes para a câmera. Alguns deles estão de pé, outros, que estão na frente, sentados no chão. No fundo observamos que a cena foi no interior do Auditório “Doctor Julio Cabello” – novamente as marcas verbais discursivas da pertença à Faculdade de Medicina da Universidade do Chile. Não distinguimos os professores dos estudantes do cursinho, assim como acontece no logo, no qual a figurinha vermelha poderia tanto ser um candidato como um professor do cursinho.

Se seguimos o link no facebook59, a foto que apresenta o programa dos 4tos é rotulada como “Despedida Preumed 2017”, sendo parte de um conjunto maior de fotografias tiradas em um evento no interior desse auditório da Faculdade. De acordo com o registro do Facebook, essa fotografia também foi usada como página inicial pelo cursinho em algum período durante o ano de 2017.

154 Imagem 18: Link Galeria de fotos – fotografia programa

A circulação da fotografia, do nosso ponto de vista, não apenas se relaciona no campo digital às plataformas WordPress e Facebook, mas também sinaliza a atividade própria do campo universitário de finalização do ciclo acadêmico ou do fim do ano preparatório para o vestibular, e, desse modo, nos apresenta as transformações do corpo exterior visual do indivíduo até nosso objeto estético, a página web. Podemos observar as mudanças desse conjunto de jovens recortados do campo de atuação, isto é, isolado do acontecimento e do ato ético no campo educativo universitário, da sua prática educativa, para o campo do digital; assim, transformado em objeto criativo ou obra porque acolhido como conteúdo pela forma desse material verbo-visual: a página web do cursinho. Isto é, inspirados com o que aconteceria, por exemplo, na literatura com um objeto estético, poderíamos propor que a atividade criativa na plataforma WordPress da atividade do autor (dos professores) cria a unidade ou possibilita uma relação não apenas ética e cognitiva com esse objeto criativo, mas também pode ser indício de uma possível relação estética dos candidatos com a página criada pelos professores do cursinho.

No logo do cursinho, como no material verbo-visual da página inicial e de apresentação do programa de 4tos médios, do ponto de vista arquitetônico, poderíamos observar alguns traços ou

155 marcas discursivas dele como objeto estético. Nesse sentido, a imagem do corpo exterior da figura vermelha sinalizaria a vontade do auditório de ocupar essa posição no campo universitário: ascensão, representada pela figura sentada sobre a letra “U”. Assim sendo, também sinalizaria os professores do cursinho, os quais, por já terem realizado essa ascensão, ocupariam essa posição na esfera universitária. No caso da fotografia, a imagem do corpo exterior do conjunto de jovens define o posicionamento coletivo ou grupal deles no interior do campo universitário da Faculdade de Medicina, e desse modo encarnaria, através da forma digital verbo-visual, o projeto discursivo do cursinho.

5.2. A liberdade no WordPress e no YouTube

Consideramos a página web um desafio, por um lado, pelo material, pelo conteúdo e pela forma que se apresenta, por outro, pela diversidade de esferas em dialogia que produzem significações nesse tipo de página.

Se analisarmos a página web inspirados do ponto de vista do material, observaremos que a atual página do cursinho se aloja na plataforma WordPress. A dita plataforma nasceu em 2003, e se define em seu site como “un software diseñado para todos, enfatizando en la accesibilidad, rendimiento, seguridad y facilidad de uso”60. A seguir, podemos olhar uma imagem da Missão plataforma Wordpress:

Imagem 31: “Misión” - WordPress

156 A dita plataforma WordPress considera quatro liberdades como os direitos fundamentais desse espaço digital: liberdade de executar o programa para qualquer propósito; liberdade de estudar e mudar o programa; liberdade de redistribuir o programa e liberdade de distribuir cópias das versões transformadas do programa por “mim mesmo”. A seguir, podemos olhar com maior detalhe o recorte da página de apresentação da missão de WordPress:

Imagem 32: As liberdades - WordPress

A insistência na liberdade é muito importante na missão de WordPress. A Sd2: “Creemos en la democratización de la publicación y en las libertades del código abierto”, do nosso ponto de vista, condensaria o sentido dessas liberdades e, portanto, os sentidos da democratização na plataforma, como podemos observar nos recortes de SD a seguir:

Sd1: “Democratizar la publicación. Libertad de crear. La libertad de cambiar. La libertad de compartir”

Sd2: “Creemos en la democratización de la publicación y en las libertades del código abierto” Sd3: “la 1a libertad de ejecutar el programa para cualquier propósito”

Sd4: “La 2a libertad de estudiar cómo funciona el programa y cambiarlo para hacer lo que quieras”

Sd5: “La 3a libertad de redistribuir”

157 Além do mais, ainda que privilegiemos a perspectiva bakhtiniana, não aguentamos trazer alguns recursos analíticos pecheutianos para olhar a posição discursiva que essa plataforma oferece. Apresentamos em uma tabela um exercício analítico para delimitar as famílias parafrásticas e, dessa forma, compreender como o termo liberdade faz sentido na missão do WordPress:

Tabela 1: exercício famílias parafrástica libertad de crear ... de inventar … de engendrar … de imaginar ... de concebir … de inovar libertad de cambiar … de mudar … de evolucionar … de innovar … de renovar … de diversificar … de reformar … de variar libertad de redistribuir … de repartir … de distribuir … de entregar … de dividir … de compartir

libertada de executar el programa para qualquer propósito

… de usar el programa para todo propósito

… de ocupar el programa para todo propósito

libertad de estudiar cómo funciona el programa y cambiarlo

… de aprender cómo funciona el

programa y evolucionarlo

… de educarse cómo funciona el

programa e innovarlo

… de formarse cómo funciona el

programa y renovarlo

… de instruirse cómo funciona el

programa y diversificarlo

… de comprender como funciona el

programa y reformarlo

… de analizar cómo funciona el

programa y variarlo

… de observar cómo funciona el

programa y cambiarlo

… de examinar cómo funciona el

programa y cambiarlo

… de reflexionar cómo funciona el programa y cambiarlo

libertad de distribuir copias de tus versiones

… de repartir copias de tus versiones … de distribuir copias de tus versiones

… de entregar copias de tus versiones

… de dividir copias de tus versiones … de compartir copias de tus versiones

Se olharmos a tabela, perceberemos que as primeiras três SD que aparecem na missão da plataforma em torno das liberdades de criar, mudar e redistribuir o software são especificadas na segunda fila. Assim, o título da missão Sd1: “Democratizar la publicación. Libertad de crear. La libertad de cambiar. La libertad de compartir” funcionaria como paráfrase da missão explicada com maior detalhe, na mesma plataforma, logo abaixo.

Observamos que semanticamente o termo liberdade percorre três questões: liberdade de criar para qualquer propósito, a liberdade de mudar o software e a liberdade de redistribuir cópias modificadas do mesmo. Portanto, há três liberdades: liberdade de propósito (“…compartir tu

158 história”), liberdade de modificar o espaço digital e liberdade de compartilhar essas mudanças. Logo, trata-se de uma liberdade sem limites que permitiria até a modificação da composição discursiva da própria plataforma e do sujeito no campo digital, uma liberdade de expressão e de modificação da materialidade, do material sígnico verbo-visual no qual se encarnaria o discurso do sujeito. Consequentemente, seriam mobilizadas formações imaginárias nas quais o indivíduo é interpelado em sujeito livre para criar e programar no WordPress. Aliás, no caso da plataforma Web não estamos frente a um blog de uma pessoa, e sim a um portal web de um grupo de pessoas, isto é, estamos lidando com a liberdade de criar e programar de um coletivo.

A plataforma tem várias opções de Temas e formas não pagas e pagas que permitem o acesso a diferentes ferramentas do software. O Preumed usa o Tema “TextBook” oferecido pela plataforma, o qual é orientado à educação, a instituições e organizações que focam nessa atividade:

Imagem 41: Tema WordPress usado pela página web

A vista prévia do Tema escolhido pelo cursinho se apresenta para todo usuário da forma que podemos observar a seguir:

159 Imagem 42: vista prévia do Tema de WordPress escolhido pelo cursinho

Desse modo, podemos observar que o material com o qual o Preumed trabalha para montar a sua página web oferece a possibilidade de criar a partir do material palavra e do material imagem, portanto, do material verbo-visual. Assim sendo, o Tema “TextBook” apresentaria as possibilidades do WordPress de encarnação do conteúdo proposto pelo Preumed.

No entanto, com os antecedentes da análise parafrástica na linha de Pêcheux, mas inspirados na perspectiva bakhtiniana, não podemos analisar o dito material apenas de modo neutro, fundamentalmente porque já se apresenta a nós a sua pertença a um campo da atividade humana: o campo digital do software livre. Olhemos algumas das marcas desse campo na missão definida pelo WordPress:

160 Podemos observar a dimensão axiológica da organização WordPress exprimida na sua missão. Através dos recortes a seguir, conseguimos constatar como o texto dessa organização não apenas ganha um autor, mas se orienta para um amplo público:

“… es um software diseñado para todos…” “Creemos en la democratización de la publicación y en las libertades del código abierto…” “WordPress ofrece a cualquiera la oportunidad de crear y construir…”

Na mesma missão, descobrimos a primeira das determinações do material: a técnica. Isso é uma consequência do WordPress definir como seu público-alvo aqueles que contam com um mínimo de experiência técnica ou conhecimentos sobre configuração no campo digital. Consideremos que o usuário do WordPress é o autor da página web, por isso, criador.

Além do mais, o WordPress indica a necessária interação com o conteúdo, por isso em sua missão fala-se em “compartir tu historia”, como podemos observar nos seguintes recortes:

“Creemos que un gran software debería funcionar con la configuración mínima para que puedas centrarte en compartir tu historia…” “Los que tienen experiencia técnica limitada pueden usarla desde el primer momento, y los más técnicos pueden personalizarlo de maneras sorprendentes”.

Consideramos que a experiência técnica sinaliza e hierarquiza a responsividade do autor criador que configura o software, não tanto em relação ao tempo de começo de uso, mas ao fato de que o domínio do material marcaria as possibilidades estilísticas ou de “personalização” do material digital.

O mesmo acontece se olhamos a plataforma YouTube: não podemos tratar o material palavra – falada e escrita – e o material visual apenas do ponto do vista de um objeto neutro; ao contrário, precisamos olhar com atenção para um aspecto em comum entre o YouTube e a plataforma WordPress: ambos são dirigidos para “criadores”, portanto, para autores.

De acordo com Guilherme Oliveira (2015), o “espaço” YouTube foi criado em 2005, possibilitando a produção, criação e visualização de vídeos. Ainda que o YouTube permita a reprodução de vídeos com formatos de TV, etc., como plataforma é uma organização de tecnologias digitais cujos parâmetros são diferentes e específicos se comparados a outros sistemas de vídeos.

161 O YouTube se define como “uma plataforma de distribuição para criadores de conteúdo original e anunciantes grandes e pequenos”61. A seguir, temos dois recortes da apresentação da missão da plataforma YouTube62:

Imagem 33: Recorte Missão YouTube

61 Para maiores informações sobre o YouTube, consultar: https://www.youtube.com/intl/es-419/yt/about/ 62 https://www.youtube.com/intl/es-419/yt/about/.

162

Se olharmos a missão, como fizemos com a outra plataforma, o WordPress, notaremos algumas diferenças e deslocamentos na questão central da accessibilidade ou democratização da

publicação, que no caso da plataforma YouTube se torna oportunidade ou (na formulação jurídica)

direito a nos expressar:

“… brindarles a todas las personas la oportunidad de expresarse y ver el mundo”

“… todos tenemos derecho a expresarnos y que el mundo es un lugar mejor cuando nos escuchamos, compartimos y desarrollamos una comunidad mediante nuestras historias”

Além da expressão individual, uma outra questão sublinhada pelo YouTube em sua missão é a incidência dela na organização das pessoas, isto é, a plataforma, ao falar sobre si mesma, constata: “desarrollamos comunidad...”. Portanto, se no WordPress a comunidade gira em torno do software livre e da melhora dessa plataforma, no YouTube centra-se apenas em suas próprias histórias, já que o controle e melhora do software cabe inteiramente à empresa Google. Isto é, o WordPress, como software livre, permitiria aos autores não apenas responder com suas histórias, mas também como autores criadores do material verbo-visual digital – essa seria a liberdade do código aberto. Não acontece o mesmo na plataforma YouTube, na qual há liberdade para contar a própria história, mas não para ser autor do material sígnico digital verbo-visual – esse é o limite da liberdade prometida pelo código fechado.

Essa – talvez pequena – diferença entre as plataformas marca, do nosso ponto de vista, a diferença na resposta às perguntas: Liberdade para quem? Liberdade para quê? Na plataforma WordPress, quanto maior conhecimento de programação, maior liberdade se terá. Na plataforma YouTube, há liberdade para todos que queiram contar a sua história; portanto, quanto mais histórias para compartilhar, maior liberdade.

Além do mais, os recortes que supracitamos da missão da plataforma YouTube definem a importância dos usuários, já que os criadores poderiam ser “todas las personas”; logo, o usuário