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1.3 A metodologia da pesquisa

1.3.4 Os procedimentos metodológicos

Em consonância com a abordagem qualitativa, que, segundo Oliveira (2007, p. 58) “tenta explicar a totalidade da realidade através do estudo da complexidade dos problemas sociopolíticos, econômicos, culturais, educacionais, e segundo determinadas peculiaridades de cada objeto de estudo”, esta pesquisa está respondendo, de forma flexível, às seguintes etapas investigativas: pesquisa bibliográfica e documental; elaboração dos instrumentos de pesquisa; coleta de dados no CEEE Helena Antipoff e nas três empresas participantes, mediante observação e realização de entrevistas; realização também de entrevistas com os sujeitos da pesquisa; organização e análise dos dados coletados e elaboração do relatório da pesquisa.

1.3.4.1 Pesquisa bibliográfica e documental

Considerando que “a principal finalidade da pesquisa bibliográfica é levar o pesquisador a entrar em contato direto com obras, artigos ou documentos que tratem do tema em estudo” (OLIVEIRA, 2007, p. 69), esta etapa permitiu fazer o levantamento, a leitura e análise crítica das produções teórico-científicas sobre a temática da inclusão, da educação especial e inclusiva, do mundo do trabalho e da inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho. Para tanto, foram selecionadas 50 e analisados 30 trabalhos acadêmicos sobre o objeto de estudo desta pesquisa.

Os documentos são fontes que registram e dão fundamento às práticas e ações das pessoas, orientando-as, normalizando-as e até mesmo redirecionando-as para atingir objetivos determinados, sejam eles tácitos ou explícitos. As fontes da pesquisa documental

podem nos dizer muitas coisas sobre a maneira na qual os eventos são construídos, as justificativas empregadas, assim como fornecer materiais sobre os quais basear investigações mais aprofundadas (MAY, 2004, p. 205).

Foram analisados os documentos que subsidiam e fundamentam os conceitos e práticas dos educadores dos alunos com deficiência intelectual, tais como: o PPP do CEEE Helena Antipoff; o Regimento Escolar dos Estabelecimentos de Ensino da Rede Oficial do Estado do Maranhão, a Resolução N0. 291/2002, do Conselho Estadual de Educação do Maranhão, e documentos constantes dos dossiês dos alunos incluídos no mundo do trabalho, sujeitos desta pesquisa.

1.3.4.2 As entrevistas

Conforme destaca Manzini, a entrevista é o

[...] processo de interação social, verbal e não verbal, que ocorre face a face, entre um pesquisador, que tem um objetivo previamente definido, e um entrevistado que, supostamente, possui a informação que possibilita estudar o fenômeno em pauta, e cuja mediação ocorre, principalmente, por meio da linguagem (2004, p. 9).

A utilização de entrevistas, como técnica complementar de coleta de dados da presente pesquisa, deve-se à possibilidade de apreender sentidos, motivações e crenças, expressas – ou ocultas – pelos entrevistados, sobre o fenômeno estudado.

Optamos pela entrevista semiestruturada (ver Apêndices 3, 4 e 5), realizada individualmente com os alunos com deficiência intelectual, com suas mães e/ou cuidadoras

e com os funcionários das três empresas participantes da pesquisa. Realizamos também um grupo focal (ver Apêndice 2) para entrevistar as professoras e técnicas do CEEE Helena Antipoff, objetivando discutir as concepções que norteiam as práticas educativas e de formação do aluno com deficiência intelectual, bem como os significados subjacentes às práticas consideradas inclusivas e não inclusivas pelos sujeitos pesquisados e as relações que esses sujeitos estabelecem nos espaços sociais dos quais participam, como trabalhadores ou não.

Foram realizadas ao todo nove entrevistas individuais e um grupo focal, no período de outubro de 2013 a fevereiro de 2014. O tempo médio de duração das entrevistas foi de aproximadamente 40 minutos e a escolha do local levou em consideração fatores como disponibilidade das pessoas e ambientação que interferisse o mínimo possível a realização do procedimento, de modo a evitar distrações e interrupções. Os funcionários responsáveis pela contratação de pessoas com deficiência tiveram suas entrevistas realizadas em uma sala do setor de Recursos Humanos de cada empresa participante. Uma mãe foi entrevistada em seu local de trabalho e as outras duas em suas residências. No caso das pessoas com deficiência intelectual, sujeitos da pesquisa, preferimos realizar o procedimento em suas residências, no dia da folga do trabalho, para que a presença de suas chefias não os inibisse.

A escolha pelo grupo focal com os professores do CEEE Helena Antipoff visou apreender sua “forma coletiva” de compreender a educação da pessoa com deficiência e sua inclusão no mundo do trabalho, ou seja, as representações do grupo acerca de um trabalho que é realizado pelo grupo, pois, como afirma Weller (2010, p. 54), “os grupos focais se apresentam como um “método quase naturalista” de geração das representações sociais [...]”.

Neste sentido, inicialmente fizemos uma reunião com os gestores do Centro para apresentação da pesquisa e esclarecimentos quanto aos procedimentos de coleta de dados que seriam utilizados. Após estarem devidamente informados sobre os objetivos do estudo e a metodologia a ser utilizada durante realização da pesquisa, solicitamos à gestora geral do Centro que assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (ver Apêndice 7), a Declaração de Liberação Local (ver Apêndice 6) e a Declaração de Liberação do uso do nome da Instituição em Publicações e Apresentações Científicas (ver Apêndice 9), nos autorizando assim a iniciarmos a pesquisa nesta instituição.

De acordo com os critérios de seleção dos sujeitos e informantes da pesquisa, a gestora geral indicou as professoras que poderiam participar do estudo. Inicialmente, foi

feita uma reunião com a coordenadora do Programa de Inclusão no Trabalho do CEEE Helena Antipoff, para que sugerisse os sujeitos da pesquisa, conforme critérios já estabelecidos. Em seguida, agendamos uma reunião com as professoras indicadas pela gestora para apresentação da pesquisa, coleta das assinaturas de consentimento e agendamento do Grupo Focal, esclarecendo a escolha pelo procedimento de entrevista coletiva.

No dia 22 de outubro de 2013, data definida junto ao grupo, em uma sala do CEEE Helena Antipoff, foi realizado o referido procedimento, de forma semiestruturada, a partir de roteiro elaborado pela pesquisadora. Explicamos o procedimento de Grupo Focal, esclarecendo, mais uma vez, que seus nomes não seriam divulgados, mantendo o sigilo e privacidade dos participantes. As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormente analisadas.

1.3.4.3 As observações

Considerando as perspectivas em torno das técnicas observacionais, vale destacar que estas

são procedimentos empíricos de natureza sensorial. A observação, ao mesmo tempo em que permite a coleta de dados de situações, envolve a percepção sensorial do observador, distinguindo-se, enquanto prática científica, da observação da rotina diária. Pode-se afirmar que o planejamento e execução dos trabalhos de campo de uma pesquisa orientada por um Estudo de Caso não podem desconsiderar a observação como uma das técnicas de coleta de dados e informações (MARTINS, 2006, p. 23).

Sendo assim, nos ambientes de trabalho dos sujeitos desta pesquisa, realizamos cerca de 60 horas de observação não participante, buscando apenas captar elementos dos processos e relações sociais de trabalho daqueles contextos, para análise aprofundada dos fatores econômicos, sociais e subjetivos que possivelmente interagiram no processo de inclusão e exclusão do mundo do trabalho.

Foram cerca de 20 observações, com duração média de quatro horas e meia, realizadas no período 12 de fevereiro a 02 de março de 2014, nos turnos matutino e vespertino, conforme horários e escalas de trabalho dos sujeitos da pesquisa, organizadas da seguinte forma: 1/3 do tempo destinado à observação do horário da entrada do funcionário com deficiência até seu intervalo; outro 1/3 destinado à observação das atividades realizadas do intervalo até o horário de saída do turno e o restante do tempo para observação do turno completo de trabalho.

Para realização das observações nas empresas onde os alunos egressos com deficiência intelectual trabalham, foi utilizado um roteiro com os aspectos a serem observados (ver Apêndice 1) e que orientaram as anotações de campo da pesquisadora. Tais anotações foram registradas em um diário de campo, o qual serviu de documento de análise desta pesquisa, para o consequente cotejamento dos dados colhidos nas observações e durante as entrevistas. Temos a clareza, no entanto, de que o roteiro supramencionado serviu apenas como guia às nossas especulações, de modo a buscarmos as respostas às nossas indagações de pesquisa.