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OS PROGRAMAS DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE DO

por exemp lo, é u ma categoria presente na visão de mundo de ativistas, acadêmicos e gestores,

CAPÍTULO 3 – POLÍTICAS PÚBLICAS

3.6 OS PROGRAMAS DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO E DIVERSIDADE DO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

A Portaria MEC nº 731, de 22 de julho de 2009 (ANEXO E), definiu o planejamento do MEC para o PPA 2008-2011. Nela foram publicadas as orientações sobre os programas do MEC, os sujeitos e unidades do MEC responsáveis pelos programas, a obrigatoriedade do monitoramento e avaliação dos programas e o vínculo dos programas ao Orçamento Público. Conforme aponta a portaria, as políticas nacionais de educação se vinculam ao Orçamento Público (via PPA) mediante

78 Ruth Perry (1992), feminista norte-americana, ao escrever sobre a história do termo

“politicamente  correto”,  localizando  sua  emergência  nos  movimentos  negros  norte-americanos nos anos 1960 (portanto um termo da nova esquerda), mostra-nos que a autocrítica feminista é prática   dos   feminismos   dos   anos   1990.   Em   outra   antologia   sobre   o   termo   “politicamente   correto”,  Allan  Bérubé  (1992)  aponta  as  críticas  da  direita  às  autocríticas  dos  feminis mos  como   uma forma de leitura ideológica (a direita se referenciando nas propostas “desconstrucionistas”).  Allan  Bérubé  afirma  que  o  que  a  direita  chama  de  “leitura   ideológ ica”   não   passa   de   uma   “leitura   histórica”.   Entretanto,   o   autor   posiciona   toda   leitura   co mo   ideológica, v isto dizer que todo significado é conferido pela agência humana (logo, ideológico).

ações que se integram a programas. Cada programa do MEC, portanto, possui   uma   “unidade   administrativa   responsável”   (ou   UG   – “unidade   gestora”,  como  se  encontra  em  vários  outros  documentos  oficiais),  um   “gerente  do  programa”  (com  uma  série  de  atribuições,  sendo  a  principal   a  construção  do  Plano  Gerencial  do  Programa)  e  um  “gerente-executivo do programa”   (que   deve   viabilizar   a   execução   e   o  monitoramento   das   ações do programa). O MEC possui, segundo a Portaria nº 731, dez programas, sendo dois deles de responsabilidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD).

No âmbito do planejamento do MEC, a SECAD é reconhecida como  “UG  150028”.  Esta  UG  foi  criada  pelo  Decreto  nº  6.320,  de  20  de   dezembro de 2007. A SECAD possui três programas no Orçamento Público.  O  primeiro,  de  número  8.241,  é  intitulado  “Gerenciamento  das   Políticas  de  Educação  Continuada,  Alfabetização  e  Diversidade”  e  tem  o   objetivo  de  “dar  suporte  ao  planejamento,  à  avaliação  e  ao  controle  das   ações pertinentes à educação continuada e à diversidade no espaço escolar, no âmbito de atuação da SECAD, com vistas ao aprimoramento das ações ligadas à política nacional de alfabetização e inclusão educacional”  (BRASIL.  Relatório de gestão orçamentário e financeiro: exercício 2008, 2008, p. 131). O segundo, de número 1.060, é intitulado “Brasil  Alfabetizado  e  Educação  de  Jovens  e  Adultos”  e  tem  o  objetivo   de   “elevar   o   nível   de   alfabetização   e   escolarização   da   população   de   jovens e adultos, reduzindo a taxa de analfabetismo e o número absoluto de analfabetos, com foco nos jovens e adultos de 15 anos de idade ou mais, não alfabetizados  ou  com  baixa  escolaridade”  (BRASIL.  Relatório de Gestão: exercício 2009, 2010, p. 40). O terceiro, de número 1.377, é intitulado  “Educação  para  a  Diversidade  e  Cidadania”  e  tem  por  objetivo   “reduzir  as  desigualdades  étnico-racial, de gênero, de orientação sexual, geracional,   regional   e   cultural   no   espaço   escolar”   (BRASIL.   Relatório de avaliação do Plano Plurianual 2008-2011, 2009, p. 58). É neste último programa que se inserem as ações da agenda anti-homofobia.

As agendas de diversidade na SECAD alcançaram status de políticas de Estado quando a SECAD propôs e aprovou o programa 1.377.  André  Lázaro,  na  abertura  do  “Seminário  de  Direitos  Humanos,   Gênero,   Sexualidade   e   Diversidade   Sexual”,   nos   dias   01-03/07/2009, organizado pela SECAD em Brasília/DF, afirmou a importância do programa 1.377 na agenda de políticas educacionais de diversidade e o quanto a elaboração de um programa para o Orçamento Público envolve uma base legal, a produção de indicadores e a responsabilização de agências governamentais:

André começou a falar da estrutura burocrática da SECAD.   “O   governo   federal   se   organiza   no   PPA   por programas orçamentários, uma das nossas lutas foi o programa 1.377, o Educação para a Diversidade.   No   momento   nos   disseram,   ‘vocês   não   tem   indicadores’. [...]. Quando entrei pensamos,   ‘vamos   ter   que   construir   indicadores’.   Por isso a importância da pesquisa de 2005, aquela que teve o INEP como parceiro. Com isso hoje   temos   os   indicadores”.   “Importante   lembrar   que ninguém se pergunta sobre suas próprias ações. A escola se pergunta. Não vejo a segurança pública se perguntar, não vejo outras áreas se perguntarem. Com nossos indicadores percebo que a pior discriminação é a que envolve a tríade pobre,   preto   e   homossexual”.   “Os   alunos   dessa   tríade não trazem o currículo oculto que nossos filhos de classe média trazem. Os pobres não trazem isso. E tem professor que reprova aluno de 7 anos. Isso é um crime, pois se o aluno de 7 anos é  reprovado  é  porque  ele  não  aprendeu”  [Diário de Campo, 1º.07.2009].

Numa crítica ao   “núcleo   social”   que,   por   um   lado,   “não   se   pergunta”   sobre   suas   ações   e   quebra   o   ciclo   de   reciprocidade   das   agências   governamentais   ligadas   às   pautas   dos   “novos   movimentos   sociais”,   o   Secretário   André   Lázaro   lembra   que   o   programa   1.377   envolveu   o   “ativismo   governamental”,   com   vistas   à   garantia   de   execução das políticas de diversidade como políticas de Estado.

O  programa  1.377,  “Educação  para  a  Diversidade  e  Cidadania”,   possui nove ações, sendo as sete consideradas relevantes pelo MEC: 1) Fomento à Inclusão Social e Étnico-Racial na Educação Superior, com o objetivo   de   “fomentar   ações   das   Instituições   Públicas   de   Educação   Superior para a promoção do acesso, e para a garantia da permanência e da formação de alunos de grupos sociais em desvantagem, e mobilizar e sensibilizar as Instituições de Educação Superior para que desenvolvam ações que incentivem a participação igualitária de grupos étnico-raciais, culturais e etários possibilitando desencadear um processo sustentado de valorização e reconhecimento de Direitos, no âmbito da Educação Superior”;;  2)  Gestão  e  Administração  do  Programa,  com  o  objetivo  de   “constituir   um   centro   de   custos   administrativos   dos   programas,   agregando as despesas que não são passíveis de apropriação em ações finalísticas do próprio programa”;;   3)   Promoção   de   Cursos   para   o  

Desenvolvimento   Local   Sustentável,   com   o   objetivo   de   “melhorar   a   formulação e implementação de políticas públicas e preparar jovens e adultos de organizações governamentais e não-governamentais para o desenvolvimento de competências e habilidades na atuação profissional”;;   4)   Desenvolvimento   de   Projetos   Educacionais   para   Acesso e Permanência na Universidade de Estudantes de Baixa Renda e Grupos   Socialmente   Discriminados,   com   o   objetivo   de   “apoiar   o   desenvolvimento de ações de promoção de acesso e permanência com qualidade na Universidade para estudantes indígenas, afro-descendentes, pessoas de baixa renda e grupos socialmente discriminados, bem como apoiar a formação de professores em cursos de licenciatura específicos, definidos segundo áreas de conhecimento (Linguagens, Artes e Literatura, Ciências Humanas e Sociais, Ciências da Natureza e Matemática, Ciências Agrárias, intercultural bilíngüe/multilingüe indígena, específico e diferenciado), considerando a sociodiversidade das populações do campo e indígenas, de modo a prover as escolas de profissionais capazes de ministrar aulas para todas as etapas da Educação Básica, principalmente nas comunidades indígenas e no campo”;;   5)   Integração   da   Comunidade   no   Espaço   Escolar,   com o objetivo  de  “contribuir  para  a  transformação  da  escola  em  um  ambiente   mais atuante e presente na vida dos estudantes, professores e comunidade, mediante a implementação de ações, inclusive nos finais de semana, tornando a escola um espaço integrador, valorizando o processo de escolarização, transformando a relação escola-comunidade, promovendo maior diálogo, cooperação e participação entre alunos, pais e equipe de profissionais que atuam nas escolas públicas de educação básica”;;   6)   Apoio   ao   Desenvolvimento da Educação do Campo, das Comunidades Indígenas e Comunidades Tradicionais, com o objetivo de “apoiar   projetos   de   ampliação   e   melhoria   da   educação   básica   escolar   indígena, do campo e das comunidades tradicionais, bem como fortalecer o ensino médio, implantando nas escolas a integração da formação acadêmica com formação técnica e tecnológica articulada aos projetos   de   desenvolvimento  sustentável   das   respectivas   regiões”;;   e   7)   Apoio à Inserção das Temáticas de Cidadania, Direitos Humanos e Meio Ambiente no  Processo  Educacional,  com  o  objetivo  de  “apoiar  projetos   que visem a promoção dos direitos humanos, da cidadania e da sustentabilidade   socioambiental”.   É   a   ação   de   “apoio   à   inserção   das   temáticas de cidadania, direitos Humanos e meio ambiente no processo educacional”,   de  nº   87.510.000   e   de  responsabilidade   da   SECAD,   que   possibilita que as políticas da agenda anti-homofobia sejam implementadas, uma vez que executa financeiramente os cursos de

formação de professores por meio da Rede Universidade Aberta do Brasil (UAB).

3.7 ADVOCACY: OS RECURSOS PARA O BRASIL SEM