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3. Ambiente, considerando o património natural e a biodiversidade, o urbanismo, planeamento e construção, as paisagens, a atmosfera, a

3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal

3.3.4 Outros instrumentos de Planeamento do Turismo

Na perspectiva do Ordenamento do Território, é possível, ainda considerar outros instrumentos, como programas, planos e projectos que prevêem acções na área do turismo.

Figura 8

Sistema de Gestão Territorial

Fonte: Elaboração própria, a partir da Lei nº 48/98, de 11 de Agosto, na sua versão actual

É conveniente observar que o Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT), enquanto expoente máximo das Políticas Nacionais do Ordenamento do Território, prevê objectivos dentro da área do turismo, como, por exemplo (Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, 2007; CCDR Norte, 2008):

1. O aproveitamento sustentável do potencial turístico de Portugal às escalas nacional, regional e local;

2. A promoção de modelos de desenvolvimento de turismo para cada um dos destinos turísticos;

3. A definição de mecanismos de articulação entre o desenvolvimento das regiões com elevado potencial turístico e as políticas de ambiente e ordenamento do território.

Esta ligação inclui, ainda, como medidas prioritárias (Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, 2007; CCDR Norte, 2008)

1. A elaboração de um Plano Estratégico Nacional de Turismo (já elaborado);

2. Elaboração de Planos Sectoriais de Turismo que definam as linhas orientadoras dos modelos de desenvolvimento pretendidos para as áreas com maiores potencialidades de desenvolvimento turístico (ainda não concretizados).

No nível regional, o PROT (Plano Regional de Ordenamento do Território) é o documento que instrumentaliza o processo de planeamento, por região, com base territorial (CCDR Algarve, 2007), o que permite a reflexão da actividade em cruzamento com o território de suporte.

Um exemplo de territorialização do turismo é apresentado na figura 9, partindo- se, neste caso, da visualização da oferta de estabelecimentos hoteleiros com base no território.

Figura 9

Territorialização da oferta de alojamento na Região (Norte)

Fonte: CCDR Norte, 2008.

No nível local, os Planos Municipais de Ordenamento de Território variam na área e na escala de intervenção e podem ser (Ministério do Planeamento e da Administração do Território, 1990):

1. Os planos intermunicipais de ordenamento do território;

2. Os planos municipais de ordenamento do território: Planos Directores Municipais (PDM), que abrange todo o município; Planos de Urbanização, abrangendo áreas urbanas e urbanizáveis, áreas não urbanizáveis intermédias ou envolvente; Planos de Pormenor, sobre área de intervenção que são, em princípio, subáreas do PDM e dos PU.

O Plano Director Municipal é considerado um instrumento de referência para elaboração de outros planos e programas, a saber: demais planos municipais

de ordenamento do território; para o estabelecimento de programas de acção territorial; para o desenvolvimento das intervenções sectoriais da administração do Estado no território do município (Câmara Municipal de Lisboa, 2010).

Pela importância deste instrumento de gestão e planeamento local, tem elaboração obrigatória e com participação popular. Nele são previstas a ocupação, uso e transformação do território municipal pelos sectores de actividades desenvolvidas nos municípios, bem como a programação das realizações e dos investimentos. O PDM deve estar de acordo com as directrizes dos documentos hierarquicamente superiores, regional e nacional, sendo este instrumento operacionalizado através do PU e PP (Câmara Municipal de Lisboa, 2010).

Em situações de municípios com importância turística, o Turismo de Portugal integra a Comissão de Acompanhamento, apoiando, assim, os trabalhos de elaboração do PDM (Turismo de Portugal, 2011a).

3.4 Considerações Finais

O turismo constitui uma actividade fundamental para a economia portuguesa, com cerca de 11% de participação no consumo do PIB nacional. Portugal pode, no entretanto, atrair ainda mais turistas e, consequentemente, aumentar as vantagens económicas e sociais promovidas pela actividade.

Contudo, como visto no capítulo 3, o turismo acarreta também impactes negativos que podem ser minimizados através de uma adequada gestão e planeamento. A proposta de gestão portuguesa é um modelo de desenvolvimento baseado nos princípios da sustentabilidade e competitividade. A identificação deste modelo e do cenário da actividade nas regiões e principais destinos são fundamentais para qualquer estudo sobre a realidade do turismo local.

Não sendo objectivo deste trabalho realizar uma análise aprofundada do sistema de ordenamento do território vigente em Portugal, a sua contribuição

para esta tese é a abordagem simplificada das formas de gestão e planeamento do turismo nos diferentes níveis administrativos. Foi apresentado o Plano Estratégico Nacional de Turismo e a estrutura organizacional que dele emanou. No entanto, reconhece-se que ao nível local não foram apresentados e discutidos em profundidade os modelos vigentes para a gestão e planeamento do turismo, uma vez que há muitas disparidades de município para município.

É importante destacar que a reestruturação da organização do turismo português se preocupou, de forma positiva, com o modelo de gestão hierárquico, em que houvesse pouca sobreposição de poderes (com excepção do caso dos Pólos de Desenvolvimento do Turismo, cuja identidade não resultou bem esclarecida). No entanto, verificou-se uma tendência para preocupações locais no nível regional, o que pode vir a gerar sobreposição de atribuições e acções, caso não haja harmonia entre os diferentes níveis de gestão.

Actualmente, estão previstas mais alterações no modelo de gestão das regiões portuguesas, nomeadamente no que diz respeito aos pólos turísticos. No então, ainda não há detalhes suficientes para a inclusão e discussão desse novo contexto do turismo português.

Capítulo 4

Formação Superior em Turismo

4.1 Introdução

Os recursos humanos constituem o centro da prestação de serviço, pelo que a qualidade da formação dos profissionais implica directamente no valor dos serviços prestados. Esta constatação aplica-se ao turismo, em geral, e, da mesma forma, às funções específicas de gestão e planeamento do turismo. Ao relacionar directamente a formação e a qualidade dos serviços, evidencia-se a importância da educação no mercado de trabalho, o que esclarece a razão pela qual a discussão em torno do processo educativo (incluindo princípios, conteúdos, metodologias e práticas) é tão importante e presente. Releva dizer- se que este reconhecimento da importância da educação para o turismo não transforma a sua análise num objectivo central desta tese; é nosso entendimento que se trata de um valor muito importante, mas de natureza instrumental.

Numa altura em que há um importante processo de mudança na educação, com grandes debates acerca das direcções a serem tomadas, torna-se necessário compreender, essencialmente, até que ponto deve a educação estar voltada para o mercado, tornando pertinente a sua investigação no contexto específico dos vários profissionais, neste caso dos que se ocupam da gestão e planeamento turístico.

Assim, o principal objectivo deste capítulo é debater a formação superior em turismo e, mais especificamente, aquela que é realizada em Portugal, o que

possibilitará, posteriormente, a compreensão e o relacionamento da formação com a prática do planeamento turístico, o principal objectivo desta tese.

Neste capítulo, serão abordadas algumas questões teóricas relacionadas com a formação superior, nomeadamente as abordagens educacionais, bem como serão debatidos os conceitos de qualificação, competências, educação versus formação, a educação no modelo europeu comum, currículo e competência em turismo, entre outros. Posteriormente, será apresentada e analisada a investigação realizada junto dos cursos de turismo em Portugal.

A fim de apresentar a realidade dos cursos com presença nas áreas de gestão e planeamento do turismo, foi realizada uma análise, que permitiu conhecer o perfil desses cursos.

Este capítulo pretende atingir os objectivos específicos de: contextualizar a formação superior em turismo em Portugal; identificar os principais aspectos teóricos, práticos e metodológicos da formação superior em turismo, destacando os aspectos relativos ao desenvolvimento pessoal, bem como as necessidades sociais e de mercado que interferem na prática do planeamento turístico municipal.