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As acusações apresentadas pelo deputado tinham duas frentes de ataque: primeiro, “a cobertura acintosa dada aos processos de comunistização com o estímulo descarado ás agitações camponesas” (Ibidem, 21 maio, 1964, p. 02). A denúncia tomava por base um discurso de Vital do Rêgo em que definia “a Paraíba como a última cidadela da resistência janguista” (Araújo, 2009); Segundo, o processo de corrupção, que de acordo com Luiz Bronzeado assola o governo do Estado.

A COMISSÃO DO CENTENÁRIO DE CAMPINA GRANDE tornou-se o mais incalculável sorvedouro de dinheiros públicos. Pagamento de subsídios têm sido suspensos; pagamento ao funcionalismo tem sido atrasado; despesas efetuadas por outros poderes e a conta do tesouro ficam penduradas, ensejando publicações escandalosas de cobranças por que o digno secretário Visgueiro não consegue repetir o milagre do rei Midas, o único que poderia

71 satisfazer a sede de dinheiro da famigerada comissão do centenário (Diário da Borborema, 21 maio, 1964, p. 02)

Em sua defesa, o governador tenta desqualificar o acusador, afirmando que os motivos que geraram este desconforto foram causados por quem se beneficiou inúmeras vezes de favores provenientes do Estado e comparou o deputado aos “pistoleiros profissionais que atiram pelas costas, ao nível exato do coração. É uma técnica. Visam à segurança do tiro, o êxito da fuga e a garantia do contrato” (Ibidem, 31 maio, 1964, p. 02). Queremos salientar que, em nenhum momento da entrevista, o governador defendeu a COMCENT das acusações.

Em busca de pistas que qualifiquem ou não as acusações de Luiz Bronzeado, recorremos as nossas fontes a fim de encontrar qualquer vestígio que possa nos levar a uma posição diante do fato: fomos detectar numa nota de esclarecimento da empresa

M.S Propaganda, em que o publicitário e dono da empresa Luiz Maranhão Filho aponta

os motivos para o rompimento do contrato entre a sua empresa e a COMCENT: “a atitude foi motivada por falta de pagamento, havendo no momento atual um saldo devedor de cinco milhões, trezentos e oitenta e oito mil, cento e setenta e nove cruzeiros” (Ibidem, 27 jun. 1964, p. 07).

Soma-se a esta denúncia, as feitas por Petrônio de Figueiredo, opositor ao governo Pedro Gondim, na Assembleia Legislativa do Estado, na qual ele afirma que a COMCENT tem dívidas abertas com a TV Jornal do Comércio, canal 02; com a revista

O Cruzeiro, pela divulgação do calendário do centenário no valor de quinze milhões de

cruzeiros; ao Rique Palace Hotel, a comissão devia um milhão e duzentos mil cruzeiros. Petrônio de Figueiredo chega a afirmar que se “fosse feito um convite aos credores do órgão, apareciam tantos, que seria provável realizar-se a maior concentração de todos os tempos na cidade serrana” (Ibidem). Um exagero! Mas, que nos deixa resquícios do momento vivido pela comissão.

Em meio as enchentes que assolaram a Paraíba, no mês de julho, o governo do Estado recorreu à esfera federal pedindo verba para socorrer as vítimas das chuvas, mas, contraditoriamente, liberou mais setenta e dois milhões para a COMCENT, causando um desconforto ainda maior. Em outro discurso na Assembleia Estadual, o deputado

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Aloysio Pereira65 classificou a COMCENT como a “maior peixeira que já enterraram na barriga do Tesouro do Estado” (Diário da Borborema, 27 jun. 1964, p. 07).

Se, externamente, sobravam críticas à comissão, internamente, o clima era de beligerância entre Vital do Rêgo e Edvaldo do Ó. O motivo principal desse conflito, segundo Edvaldo do Ó, em telegrama ao governador era o regime absolutista e

ditatorial adotado por Vital do Rêgo à frente da comissão, além disso, some-se a recusa

do tesoureiro da comissão, Pedro Iacoino, em prestar contas das verbas, dos gastos e das possíveis dívidas da gestão de Vital do Rêgo aos demais membros da CONCEMT. O caso foi parar na polícia! O delegado foi acionado para conduzir o tesoureiro à sede da comissão para que prestasse contas dos gastos.

Diante do clima hostil provocado pelas frequentes brigas envolvendo a COMCENT, o presidente Vital do Rêgo, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva. O advogado, com sua oratória afiada, tratou de defender-se das acusações e trouxe um furo para os repórteres: “Castelo virá a Campina no dia 11 de Outubro” (Ibidem, 29 jul. 1964, p. 06). Mas, os bombardeios não cessaram. Apontando a mira para Vital do Rêgo, para que nenhuma bala perdida atingisse o governador, Edvaldo do Ó, então presidente da COMCENT, chamou o ex-presidente da comissão de

irresponsável, leviano e acrescenta que o mesmo está em plena campanha junto ao

governador pela dissolução da comissão, isto porque “os membros do colegiado, diante dos descalabros de Vital, resolveram voltar ao sistema inicial de rodízio na presidência, começando por mim” (Edvaldo do Ó) (Ibidem, 13 ago. 1964, p. 04).

O deputado se defende e ataca o seu adversário, Edvaldo do Ó, demonstrando através de imagens, tudo o que foi feito em seu mandato como presidente da Comissão Executiva do Centenário em Campina Grande. Duas páginas inteiras do jornal Diário

da Borborema com fotos e a descrição dos prazos de entrega das obras. Nas páginas 04

e 05 vemos as imagens das obras do Colégio Estadual de Campina Grande, da inauguração da rede de água do Bairro de Santa Rosa, da Escola Regional de Auxiliares de Enfermagem, do Paulistano Esporte Clube, do II Batalhão de Polícia Militar do Estado, do Fórum de Campina Grande, do Ypiranga Futebol Clube, do Clube Médico de Campina Grande, do Redentorista e do Treze Futebol Clube.

65 Filho do coronel José Pereira de Lima, antigo chefe político do município de Princesa Isabel, no Sertão

paraibano. Foi deputado estadual, eleito pela primeira vez em 1958. Foi reeleito sucessivamente em 1962 e 1966. Compunha a base de oposição ao governo de Pedro Gondim.

73 IMAGEM V

OBRAS EXECUTADAS DURANTE A PRESIDÊNCIA DE VITAL DO