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CAPÍTULO 5 DIAGNÓSTICO DAS INTERAÇÕES

5. Diagnóstico das interações

5.3 Percepção dos participantes das interações

A segunda parte dos questionários consistiu em uma série de afirmações associadas a uma escala likert de 5 pontos, com o intuito de avaliar a opinião dos três grupos de respondentes sobre alguns fatores, barreiras e impactos já identificados na literatura.

O Quadro 5.9 apresenta os resultados para dois fatores organizacionais das empresas:

“experiência e capacidade empresarial” e “intensidade e orientação de P&D”. As perguntas “A” e “C” focalizam a capacidade de absorção de tecnologia da empresa, de forma específica

se sabem identificar suas necessidades e quem detém as soluções que precisam, o que está de acordo com Albuquerque et al. (2008) que mostra a capacidade de absorção como base do processo de difusão de tecnologias, cujo início se dá na imitação entre empresas concorrentes. Quanto à capacidade de absorção das empresas existe uma concordância dos três grupos respondentes que as empresas sabem identificar seus problemas de gestão e tecnológicos. Porém, existe divergência quanto a “saber identificar quem detém as soluções”. Os pesquisadores consideram que as empresas não sabem identificar, enquanto as empresas afirmam o contrário. Neste último caso, a opinião dos gestores não foi registrada por considerar-se que eles não teriam elementos suficientes para responder, tendo em vista que não entram em contato direto com o pessoal das empresas.

Quadro 5.9 – Percepção dos fatores organizacionais das empresas Afirmações

A As empresas sabem identificar seus problemas de gestão e de necessidades tecnológicas.

B As empresas preferem desenvolver soluções próprias para seus problemas de gestão e tecnológicos. C As empresas sabem identificar quem (empresa, instituição de ensino ou pesquisa, organização de apoio,

pessoa física) detém as soluções que precisam.

H As pequenas e médias empresas não têm condições de interagir com a UFRN ou com qualquer outra Instituição de ensino/pesquisa.

Respostas

Geral Pesquisadores Gestores Empresas

Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2

A 3,8 4 0,181 0,147 3,5 4 0,174 0,263 3,6 4 0,208 0,211 4,1 4 0,162 0,032 B 3,5 4 0,167 0,240 3,6 4 0,087 0,190 --- --- --- --- 3,4 4 0,216 0,276 C 3,2 2 0,117 0,453 2,6 2 0,087 0,714 --- --- --- --- 3,6 4 0,135 0,281 H 1,8 1 0,145 0,887 2,3 2 0,174 0,737 1,9 1 0,083 0,864 1,5 1 0,162 1,000

Me = Média; Mo = Moda Fonte: Elaboração própria

A pergunta “B” avalia a orientação da empresa a buscar soluções internas para atender

suas necessidades de P&D, alinhando-se assim com Fuentes e Dutrénit (2012) no sentido de considerar a abertura a ideias externas como uma característica da estratégia de inovação da empresa.

Tanto as empresas como o grupo de pesquisadores coincidem em apontar a tendência das empresas em buscar soluções internas para seus problemas. Este resultado está em aparente contradição com a alta incidência de empresas que tomaram a iniciativa de buscar a UFRN para buscar o conhecimento que precisavam (ver resposta à pergunta sobre origem da demanda na Tabela 5.3). Porém, considerando a forte parceria da UFRN com a Petrobras que gerou uma quantidade considerável de projetos executados, uma explicação plausível é que a demanda voluntária da empresa relatada pelos pesquisadores reflete a iniciativa que a Petrobras tomou nesse processo e a forma em que se consolidou o modelo de Gestão Compartilhada (POLETTO, 2011).

Quanto ao tamanho da empresa, fator avaliado pela afirmação H, os três grupos de respondentes consideram que o tamanho da empresa não é relevante a ponto de inviabilizar a interação, mesmo no caso de pequenas e médias empresas.

Do ponto de vista da universidade, foi avaliada a opinião dos respondentes sobre os

seguintes fatores: “marketing e comunicação”, “prestígio ou reputação científica”, “missão e

posicionamento estratégico”, e “apoio à interação U-E”. Também foi incluída no questionário uma afirmação sobre o impacto das interações na qualidade de ensino. O Quadro 5.10 apresenta os resultados para esses fatores, assim como o impacto na qualidade de ensino.

Quadro 5.10 – Percepção dos fatores organizacionais da universidade e impacto sobre o ensino Afirmações

F As empresas tem acesso à informação sobre as soluções tecnológicas e de gestão oferecidas pela UFRN. G As empresas conhecem os mecanismos de interação com a UFRN e sabe com qual setor entrar em

contato.

I Empresas de consultoria são mais eficazes do que a UFRN no diagnóstico e solução dos problemas das empresas.

J Outras universidades ou centros de pesquisa são mais eficazes do que a UFRN no diagnóstico e solução dos problemas das empresas.

K Contratar empresas de consultoria tem uma relação de custo/benefício para as empresas mais positiva do que os serviços da UFRN para o diagnóstico e solução dos problemas de gestão e tecnológicos.

T O desenvolvimento de soluções para os problemas das empresas sejam de gestão ou tecnológicos não é função da universidade.

Y A estrutura e os processos administrativos da UFRN precisam ser modificados para dar apoio efetivo ao trabalho do professor em interações com empresas.

V As interações da UFRN com empresas locais são irrelevantes para a melhoria da qualidade do ensino de graduação.

Respostas

Geral Pesquisadores Gestores Empresas

Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 F 2,8 4 0,205 0,530 2,4 1 0,087 0,667 3,5 4 0,208 0,263 2,6 1 0,270 0,593 G 2,3 1 0,171 0,750 2,2 1 0,043 0,727 2,4 2 0,167 0,750 2,2 1 0,243 0,778 I 2,6 3 0,300 0,714 2,3 1 0,087 0,714 --- --- --- --- 2,7 3 0,432 0,714 J 2,3 2 0,350 0,872 2,1 2 0,217 0,889 --- --- --- --- 2,5 3 0,432 0,857 K 2,3 3 0,333 0,800 1,9 1 0,130 0,850 --- --- --- --- 2,6 3 0,459 0,750 T 1,6 1 0,087 0,952 1,6 1 0,043 0,909 1,6 1 0,125 1,000 --- --- --- --- Y 4,2 5 0,065 0,093 4,6 5 0,043 0,045 3,9 4 0,083 0,136 --- --- --- --- V 1,4 1 0,065 0,977 1,3 1 0,000 1,000 1,5 1 0,125 0,952 1,4 1 0,065 0,977

Me = Média; Mo = Moda Fonte: Elaboração própria

As afirmações F e G avaliaram o fator “marketing e comunicação”, a primeira focada na disseminação, por parte da universidade, de informação geral sobre as soluções que oferece e a segunda com foco em informação mais específica sobre os mecanismos de interação. Na afirmação F, os gestores consideram que as empresas tem acesso a informação, enquanto os pesquisadores tem opinião claramente contraria. Já a posição dos empresários é mais dispersa, pois apresenta uma média próxima de 3 (apesar de a moda ser 1). Porém, ao analisar a proporção de respostas 1 e 2 (desconsiderando a opção 3), encontra-se que 59,3% das empresas são da opinião que as empresas não têm acesso à referida informação. Em termos gerais, os resultados apontam para uma deficiência no processo disseminação e comunicação da UFRN como meio para atrair empresas para novas interações. Este resultado contribui a explicar a baixa influencia da UFRN sobre as empresas da Redepetro RN, conforme explicações propostas por Rezende (2012), especificamente os itens referentes às ações de comunicação e a falta de conhecimento dos mecanismos (ver itens 3 e 5 na página 99).

Para avaliar o fator “prestígio ou reputação científica”, foi feita a opção de usar as

outras universidades, quanto à eficácia das soluções para as empresas e a relação custo/benefício. Esta forma de medir diverge da encontrada na literatura internacional que exclusivamente se remete ao prestígio acadêmico medido em termos de volume de publicações em periódicos com revisão dos pares (SCHARTINGER et al. 2002; ROTHAERMEL; AGUNG; JIANG, 2007; FUENTES; DUTRÉNIT, 2012). Mas, está alinhada com Garnica e Torkomian (2009) que medem o prestígio em termos de credibilidade da instituição acadêmica dentre a indústria e o nível de confiança da empresa na capacidade dos cientistas. Neste caso, o prestígio é avaliado por comparação, com foco nos resultados e relação custo/benefício. Houve uma elevada proporção (mais de 43% nas três afirmações) de empresas que marcaram a opção 3 “não concordo nem discordo”, mas analisando a proporção das opções 1 e 2 (71,4%, 85,7% e 75%, respectivamente) é evidente que a maioria das empresas discorda das afirmações I, J e K, Assim, os resultados apontam para um alto prestigio da UFRN entre as empresas, pois é considerada mais eficaz que empresas de consultoria e outras universidades no diagnóstico e solução de problemas, além de apresentar uma relação custo/benefício mais favorável.

Quanto à “missão e posicionamento estratégico” da UFRN, os resultados para a

afirmação T mostram que tanto os pesquisadores como os gestores concordam que o desenvolvimento de soluções tecnológicas e de gestão para as empresas faz parte da missão da universidade, a pesar da frase ter sido colocada na forma negativa. Este resultado era previsível considerando que os respondentes participam de interações com empresas, mas

pode ser visto como um indicador da aceitação da chamada “terceira missão” da universidade,

qual seja contribuir com o desenvolvimento econômico. Encontra-se assim alinhado com Etzkowitz e Leydesdorff (2000), Rothaermel, Agung e Jiang (2007) e Fuentes e Dutrénit (2012).

A afirmação Y avaliou o fator “apoio à interação U-E” fazendo menção a estrutura

organizacional e aos processos administrativos, no sentido de que estes devem responder à prioridade de apoiar a interação U-E. Tanto os pesquisadores como os gestores concordam na necessidade de mudanças na estrutura da UFRN e nos processos administrativos para tornar efetivo o apoio ao pesquisador que se envolve em interações com empresas.

Almeida (2008) analisou se 3 universidade brasileiras podiam ser consideradas empreendedoras, para tanto, usou as 3 características que definem uma universidade empreendedora segundo Etzkowitz e Zhou (2007) e identificou que a característica de

“aceitação e apoio sistemático às atividades empreendedoras” está relacionada ao consenso

instituição, como no caso da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Este é o mesmo escopo dado ao fator “missão e posicionamento estratégico” avaliado através

da pergunta T. Por outro lado, Almeida (2008) também mostra que a missão deve se materializar em atividades empreendedoras concretas articuladas por uma política unificada, o

que corresponderia ao fator “apoio à interação U-E” avaliado através da pergunta Y. Assim,

comparando os resultados, é possível afirmar que a UFRN hoje está em um estágio semelhante ao da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na época da pesquisa de Almeida (2008), ou seja, existe um consenso sobre a missão que não foi traduzido em apoio sistemático às atividades empreendedoras.

A afirmação V buscou avaliar a opinião de pesquisadores e gestores sobre a relação ou impacto que as interações U-E têm com o ensino de graduação. Ambos os grupos de respondentes são da opinião que as interações U-E são relevantes para a melhoria de ensino de graduação. Este resultado, considerado em conjunto com o resultado das duas afirmações anteriores, constitui evidência de uma mudança em curso da comunidade acadêmica da UFRN

frente à chamada “terceira missão” da universidade.

Os questionários avaliaram também a opinião dos atores da interação U-E sobre a existência de algumas barreiras citadas na literatura, como forma de explorar a realidade em busca de evidências para explicar a baixa interação das empresas de petróleo e gás da Redepetro RN com a UFRN (REZENDE, 2012). O Quadro 5.11 apresenta os resultados das barreiras testadas: “custo da parceria”, “distância geográfica”, “falta de preparo das equipes acadêmicas para a interação U-E”, “universidade fora da realidade das empresas”, “burocracia e inflexibilidade da universidade”, “falta de uma política clara de relacionamento com

empresas”, “diferentes filosofias administrativas”, e “dificuldade de conciliar o tempo entre

ensino, pesquisa e interação com empresas”.

O custo da parceria não se configura como barreira para a interação das empresas, de acordo com os resultados para a afirmação D. Outra barreira descartada foi a distância geográfica (afirmação E), a pesar das empresas da Redepetro RN estarem localizadas nos municípios de Alto do Rodrigues e Mossoró a 200 e 270 km de Natal, respectivamente. No caso das empresas essa conclusão se sustenta analisando a moda e a porcentagem de opções 1 e 2, em ambas as afirmações.

As afirmações L, M, N e O exploram diversos ângulos da barreira “universidade fora da realidade da empresa”, relatada na literatura por Costa e Cunha (2001) e Arza e Lopez

(2011), que representa a tensão entre teoria e prática, entre o interesse da academia versus o interesse da empresa ou do mercado. Na análise das respostas das empresas foi necessário

recorrer novamente à porcentagem de opções 1 e 2, considerando que mais de 35% delas

assinalaram a opção 3 “nem discordo nem concordo”. Procedeu-se de forma semelhante na

análise das respostas dos gestores na afirmação O.

Quadro 5.11 – Percepção das barreiras à interação U-E Afirmações

D As empresas não buscam soluções tecnológicas e de gestão na UFRN em função do elevado custo

financeiro.

E As empresas não buscam soluções tecnológicas e de gestão na UFRN em função da distância física. L Os professores/pesquisadores da UFRN são teóricos demais para gerar soluções práticas para a realidade

das empresas.

M As pesquisas desenvolvidas na UFRN não são direcionadas ao interesse e nem relevantes para as empresas.

N A UFRN não promove cursos do interesse das empresas.

O Os cursos oferecidos pela UFRN são muito teóricos para as necessidades das empresas.

P A UFRN é muito lenta e burocrática, o que se torna uma barreira para a interação com as empresas. Q A UFRN não busca conhecer as necessidades tecnológicas e de conhecimento que as empresas têm. R A UFRN não tem o conhecimento necessário para oferecer soluções tecnológicas e de gestão e práticas

adequadas para as empresas.

S A UFRN tem o conhecimento necessário para oferecer soluções tecnológicas e de gestão, mas não tem

a capacidade de transmiti-lo de forma adequada à realidade das empresas.

U É impossível compatibilizar, em termos de prazo e resultados, interações voltadas às demandas das empresas com os objetivos acadêmicos de ensino e pesquisa.

W As tarefas e responsabilidades administrativas indispensáveis para o registro e acompanhamento das interações com empresas sobrecarregam o professor.

X As tarefas e responsabilidades administrativas fazem com que os professores não queiram assumir

esse tipo de responsabilidade em projetos com empresas.

Respostas

Geral Pesquisadores Gestores Empresas

Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 Me Mo 3 1-2 D 2,4 1 0,256 0,754 2,3 2 0,174 0,789 2,0 1 0,333 0,938 2,6 1 0,243 0,630 E 2,2 1 0,195 0,773 1,8 1 0,130 0,900 1,9 1 0,292 0,941 2,7 1 0,162 0,600 L 2,4 2 0,283 0,814 1,9 2 0,087 0,905 --- --- --- --- 2,7 3 0,405 0,727 M 2,0 1 0,205 0,909 1,7 2 0,043 0,955 1,6 1 0,125 0,952 2,4 3 0,351 0,833 N 2,5 2 0,217 0,723 2,6 2 0,130 0,650 2,1 2 0,083 0,818 2,6 3 0,351 0,708 O 2,4 3 0,317 0,804 2,2 2 0,087 0,800 2,6 3 0,417 0,714 2,3 3 0,405 0,864 P 3,3 4 0,253 0,323 3,8 4 0,087 0,190 3,4 4 0,083 0,318 3,0 3 0,459 0,450 Q 3,0 4 0,217 0,446 3,1 4 0,043 0,455 3,0 4 0,167 0,450 3,1 3 0,351 0,417 R 2,0 1 0,229 0,906 1,7 1 0,130 0,950 1,9 1 0,125 0,857 2,2 1 0,351 0,875 S 2,8 3 0,265 0,557 3,0 4 0,130 0,450 2,8 4 0,125 0,524 2,7 3 0,432 0,667 U 2,2 2 0,156 0,789 2,3 2 0,130 0,789 2,1 1 0,167 0,800 --- --- --- --- W 3,4 5 0,109 0,390 3,9 5 0,043 0,227 2,9 2 0,167 0,550 --- --- --- --- X 3,3 4 0,130 0,350 3,5 4 0,087 0,238 3,0 2 0,167 0,500 --- --- --- ---

Me = Média; Mo = Moda Fonte: Elaboração própria

Os resultados apontam de forma clara que não existe esta barreira no caso da UFRN, em outras palavras, a instituição tem professores que são capazes de compreender a realidade das empresas, além de realizar pesquisas e oferecer cursos direcionados ao interesse e necessidades das empresas. Assim, não se confirmam a 2ª e 4ª explicações elencadas por

Rezende (2012) para a baixa influência da UFRN para a sustentabilidade das empresas da Redepetro RN (ver página 99).

Coerente com a literatura brasileira na qual a barreira “burocracia e inflexibilidade da

universidade” é mais presente do que na literatura internacional, a afirmação P avalia essa

barreira na opinião dos três grupos de respondentes (ver Quadro 2.12, na página 54). Os atores internos (pesquisadores e gestores) concordam de forma clara com a existência desta barreira. As empresas, por sua vez, apresentam uma moda igual a 3, com 45,9% dos respondentes evitando concordar ou discordar da afirmação. Na análise da porcentagem de opções 1 e 2 percebe-se que 55% das empresas concordam que a universidade é burocrática.

Siegel et al. (1999) fizeram uma pesquisa em 5 das maiores universidades dos estados de Arizona e Carolina do Norte nos EUA e encontraram que 80% dos empreendedores (20), 6,6% dos gestores de ETTs e 70% dos pesquisadores apontaram a burocracia e inflexibilidade dos gestores universitários como uma barreira. Na realidade brasileira, Segatto-Mendes e Sbragia (2002) em um estudo em 3 universidades e 3 empresas, encontraram que 75 % dos respondentes das universidade (12) e 100% das empresas (3) consideraram a burocracia universitária uma barreira à interação. Quanto ao grau de importância atribuída a essa barreira, 83,34% (12) consideraram a burocracia como totalmente ou bastante importante. Por sua vez Garnica e Torkomian (2009) em um estudo de caso múltiplo nas 5 universidades paulistas identificou que na USP e na UFSCar a burocracia foi citada explicitamente como barreia, enquanto que na Unesp, Unicamp e Unifesp a morosidade é citada como barreira. Percebe-se então que esta barreira não é exclusiva da realidade brasileira

A afirmação Q apresentou um resultado não conclusivo, considerando as médias dos três grupos em torno de 3. Os pesquisadores e gestores apresentam baixa ocorrência da resposta 3, indicando certo equilíbrio entre a quantidade de respondentes que discordam (total ou parcialmente) e aqueles que concordam (total ou parcialmente). Assim, os resultados não

nos permitem negar ou afirmar que exista “falta de uma política clara de relacionamento com empresas” na UFRN.

O preparo das equipes acadêmicas da UFRN foi avaliado se constitui ou não uma barreira às interações U-E através das afirmações R e S. Os três grupos coincidem em apontar que a UFRN detém o conhecimento necessário para oferecer soluções para as empresas (afirmação R). Quanto à capacidade de transmitir esse conhecimento os resultados não são conclusivos, em particular no grupo de pesquisadores e no grupo de gestores. Neste caso também, as empresas são mais positivas que os atores internos com 2/3 das empresas afirmando que a UFRN teria essa capacidade de transmitir o conhecimento. Em termos gerais

estes resultados podem ser interpretados como a indicação de que existe uma deficiência quanto aos mecanismos de interação e não quanto à capacidade científica ou técnica das equipes.

A afirmação U avalia se as “diferentes filosofias administrativas” entre a universidade e a empresa, evidenciadas pelos objetivos e ritmo (prazos mais curtos na empresa) diferentes, constituem uma barreira à efetiva interação. A opinião, tanto dos pesquisadores como dos gestores, é que esta barreira não existe.

Em uma perspectiva individual, as afirmações W e X exploram a existência ou não da barreira citada por Santana e Porto (2009) “dificuldade de conciliar o tempo entre ensino,

pesquisa e interação com empresas”. Os resultados mostram que os pesquisadores consideram

que as tarefas administrativas, não só sobrecarregam o professor coordenador de projetos como também constituem um desestímulo para assumir essa função. Por outro lado, a opinião dos gestores é mais dispersa, a ponto de não ser conclusiva. Este fato pode ser indicativo que não existe concordância dentro da UFRN sobre a divisão de trabalho entre o papel acadêmico do pesquisador e a função administrativa. Também pode ser interpretado como reflexo de uma gestão de processos operacionais deficiente.