• Nenhum resultado encontrado

Processo de implantação dos Processo de implantação dos Processo de implantação dos

FOTO 44: “PARADA DE ÔNIBUS” FONTE: GERAH

FOTO 42: HABITAÇÃO NO LOTE DE MORADIA, COM CERCA SE APROPRIANDO DO ESPAÇO COLETIVO. FONTE: GERAH

FOTO 43: VISTA GERAL DO HABITAT DO MARIA DA PAZ FONTE: GERAH.

FOTO 44: “PARADA DE ÔNIBUS” FONTE: GERAH

4.2.2 Semelhanças e diferenças no processo de implantação do Maria da Paz

A partir das três categorias pesquisadas – coordenadores dos núcleos de família à época do processo de implantação do habitat; lideranças do MST e GERAH –, somada a minha contribuição como arquiteta e urbanista, buscou-se chegar a um denominador comum, que representasse a experiência vivenciada em sua essência.

Constatou-se que a partir das entrevistas com os coordenadores de núcleo formou-se uma compreensão, mesmo que sintética, do processo. Seus relatos foram concebidos de maneira sucinta. Não se observou repetição de informações nas entrevistas. Pelo contrário, cada qual acrescentou um fato novo, que auxiliou na compreensão do processo como um todo117.

Esta visão se tornou pouco mais ampliada com a entrevista da liderança do MST, a partir da inserção de novos elementos que coincidem com o seu contexto de atuação: organização social da comunidade. Em seu relato, ela se deteve às etapas do acampamento, organização das famílias para o planejamento do processo e planejamento da construção118.

Contudo, as informações fornecidas pelo GERAH119 vieram consolidar a percepção do processo de implantação do habitat, abrangendo consideravelmente o horizonte do entendimento. Percebeu-se o processo, como um todo, com riquezas de detalhes que não estiveram presentes nos relatos dos demais segmentos envolvidos120.

No mais, foram percebidas diferentes imagens do processo, conforme se pode observar no Quadro 5: Processo de implantação do espaço físico do habitat do Maria da Paz121. A partir desta constatação, buscou-se verificar suas origens122, contribuindo para posteriores análises.

Assim, pode-se afirmar, de maneira geral, que o processo de implantação do espaço físico do habitat do Assentamento Maria da Paz foi percebido de maneira positiva pelos segmentos envolvidos em sua efetivação, constituindo-se numa experiência pioneira em relação ao que era até então praticado nos assentamentos vinculados ao INCRA/RN.

117 Ver no apêndice A5 o Quadro 5: Processo de implantação do espaço físico do habitat do Maria da Paz, que

apresenta a percepção dos segmentos envolvidos em relação ao processo de implantação do espaço físico do

habitat do Maria da Paz.

118 Ibidem

119 Entrevista com a coordenadora e demais participantes do processo, como estudantes e técnicos, além do

acompanhamento do processo, na época, pela autora deste trabalho, mesmo que de maneira não ativa. No mais, teve-se a oportunidade de realizar uma vasta pesquisa documental em seus arquivos.

120 Ver no apêndice A5o Quadro 5, que apresenta a percepção dos segmentos envolvidos em relação ao processo

de implantação do espaço físico do habitat do Maria da Paz.

121 Ver apêndice A5.

122 Os caminhos para essa verificação corresponderam a levantamento “in loco” e complementação das fontes

Como já foi dito, esta experiência foi desenvolvida através de uma pesquisa-ação, tomando como base de referência a metodologia do GERAH123. Desse modo, as ações eram discutidas entre todos os agentes envolvidos, através de uma construção horizontal e coletiva, onde todos possuíam a oportunidade de participar de maneira ativa. Os conflitos ou diferenças de opinião faziam parte do procedimento, vistos não como disputa ou confronto, mas como algo que auxiliava na construção do coletivo, cujo resultado se processou em ganhos para todos os envolvidos. Foram causados por diferenças de opinião, disputa de interesses, falta de participação de alguns ou até mesmo por dificuldade de entendimento do que estava sendo abordado, apesar da permanente troca de saberes. Ressalta-se que não é fácil mudar práticas seculares de dominação e passividade. A mudança requer ação, sobretudo, coletiva, nem sempre compreendida.

Devido às ações voltadas à organização e ao planejamento da comunidade e do espaço físico do habitat terem sido iniciadas ainda na fase do acampamento, elas contribuíram para agilizar o andamento do processo como um todo, sobretudo em relação às atividades de concepção dos projetos do habitat e habitação124. Os assentados tiveram a possibilidade de se apropriar de maneira mais abrangente e concreta das informações e conhecimentos específicos, facilitando o seu entendimento e o transcorrer das ações, além de proporcionar uma maior coesão social e organizativa entre a comunidade. Portanto, considera-se a fase do acampamento um bom momento para o início das atividades de planejamento do espaço físico do habitat, sobretudo pelo tempo ocioso do acampado, que permanece desenvolvendo poucas atividades, principalmente agricultura de subsistência. No mais, neste período ainda não são observados os conflitos e desentendimentos gerados pelo acesso aos créditos instalação disponibilizados pelo INCRA após a imissão de posse125.

Na etapa inicial, considerada até a fase do planejamento do modo de construção, cada categoria participante do processo apresentava funções específicas126. A UFRN – representada pelos estudantes e professores do Curso de Arquitetura e Urbanismo e pela equipe técnica do GERAH – fez-se responsável pela elaboração do método de abordagem geral e de parcelamento do solo (após o trabalho de educação ambiental e de levantamento de dados do GEPEM), dos projetos do habitat e habitação, bem como pela condução das discussões para escolha destas propostas. No mais, fazia-se presente, junto ao MST, nas ações de organização

123 Ver metodologia do GERAH explicitada no início deste capítulo (páginas 99-103). 124 Ver o item “ACAMPAMENTO” do Quadro 5, que se encontra no apêndice A5.

125 Ver o Capítulo 2 O Estado, a assistência técnica e o planejamento, produção e desenvolvimento do habitat

dos projetos de assentamentos rurais de reforma agrária.

da comunidade. Este era um dos focos da metodologia empregada: o técnico também como agente atuante na organização da comunidade. Às vezes de maneira ativa, em outros momentos apenas disponibilizando as condições necessárias.

FOTO 45: MOMENTO DO ACAMPAMENTO DO FUTURO