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D. Pedro I, filho de D. Afonso IV com Beatriz de Castela, nasceu a oito de Abril de 1320. Aos 18 anos, em 12 de Setembro de 1338, casou com Dona Branca.

Pai e filho se desentenderam seriamente, após Afonso IV ter mandado matar Inês de Castro83, esposa do Infante, mas, em 05 de Agosto de 1355, restabeleceram as pazes. D. Pedro recebeu a administração do governo e o poder judiciário, tanto para a esfera cível quanto para a criminal. Aos 37 anos de idade, em vinte e seis de maio de 1357, devido ao falecimento de seu pai, D. Pedro assumiu o trono84.

Seguindo os passos de seu pai, D. Pedro I promulgou uma série de leis85 para aperfeiçoar o aparelho judiciário estatal86 e fez várias concessões e doações de

82

Idem, ibidem. 83

Para maiores detalhes de esse trágico episódio consultar, particularmente: Cristina PIMENTA – D. Pedro I. Casais de Mem Martins, Rio de Mouro: Círculo de Leitores, 2005.

84

A. H. Oliveira MARQUES – Portugal na Crise dos Séculos XIV e XV. Lisboa: Editorial Presença, 1987. Particularmente as pp. 504-505.

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Ver: A. H. Oliveira MARQUES – Portugal na Crise dos Séculos XIV e XV. Lisboa: Editorial Presença, 1987. Particularmente as pp. 505-509.

terras às famílias dos nobres que o apoiavam. Esse monarca e seu sucessor enfrentaram sérios problemas, dentre os quais a epidemia da Peste Negra, que se alastrou, não só em Portugal, mas em toda a Europa.

Há registos da ocorrência desse tipo de epidemia desde o reinado de D. Afonso IV, entre 1349 e 1350, facto que terá contribuído para o despovoamento das áreas urbanas e rurais, e a conseqüente queda na produção agrícola, bem como para a diminuição das rendas da Coroa e dos grandes e pequenos proprietários rurais.

A migração para as zonas urbanas, decorrente, sobretudo, de nova epidemia, que afectou, particularmente, o campo, entre 1361-1363, provocou grande impacto na administração de D. Pedro, que outorgou leis destinadas a manter os camponeses na zona rural. Assim, em 1364, mediante lei, regulamentou as terras coutadas e as terras lavradas no Ribatejo e no Alentejo.

Igualmente preocupado em aprimorar as acções de sua máquina administrativa e judiciária, e em subordinar os outros poderes ao régio, D. Pedro criou leis que determinavam a superioridade da justiça régia sobre a ministrada pelos bispos e pelos nobres. Com esse propósito, dando continuidade à política de seu pai, no tocante aos juízes de fora ou corregedores, em 1357, criou o cargo de corregedor da Corte87 para vilas e cidades.

Em 1361, em face de um número expressivo de petições e agravos apresentados por pessoas singulares e ou por representantes de comunidades que chegaram à Corte, convocou Cortes em Elvas, para examiná-las e, em seguida, o monarca criou a "Ordenação sobre como hão de se desembargar as pitições". De acordo com Oliveira Marques, foi desde então que o escrivão da puridade obteve mais poder administrativo do que o chanceler ou o vedor da Chancelaria, que passou a cumprir uma função mais burocrática, embora auxiliada por número 86

Armando Luís de Carvalho HOMEM - “Estado Moderno e Legislação Régia: Produção e Compilação Legislativa em Portugal (séculos XIII-XV)”. In: Maria Helena da Cruz COELHO e Armando Luís de Carvalho HOMEM (coord.) - Génese (A) do Estado Moderno no Portugal Tardo- Medievo (séculos XIII-XV). Lisboa: Universidade Autónoma, 1999, p., 115: [...] no âmbito da justiça, o reinado de D. Pedro trouxe um conjunto de medidas importantes que continuaram as reformas do tempo de Afonso IV [...].

87 Cf.Humberto Baquero MORENO – Os municípios Portugueses nos séculos XIII e XIV. Lisboa, Presença, 1986. Os corregedores, também designados por juízes de fora, passam a ser os mais altos representantes da coroa junto das comarcas e correições. As suas funções não se confinavam apenas a fiscalizar, mas, de igual modo, a administrar a justiça. Percorriam as correições e não raras vezes intervinham na vida dos municípios, que, ciosos das suas prerrogativas, consideram abusiva a sua actuação p. 13.

considerável de notários, tabeliães e escrivães, em geral canonistas e legistas. O cargo de escrivão da puridade podia comparar-se com o do moderno ministro da justiça, pois supervisionava os desembargadores, juízes e outros funcionários que trabalhavam na Casa do Cível, que tratava dos assuntos relacionados com as acções civis e criminais, assim com a Fazenda Régia.

Nas Cortes de Elvas, o monarca também instituiu o Beneplácito Régio, mediante o qual as determinações e bulas papais, para terem validade no reino, deveriam ser aprovadas pelo rei. Em passo posterior, voltaremos a tratar desse assunto.

Apesar de o número de leis promulgadas por D. Pedro não ser tão vasto quanto o de seus três imediatos predecessores, é preciso ter presente que seu reinado, se comparado com o deles, foi de igual modo relativamente breve. Por outro lado, parece-nos que ele tinha consciência de que melhor seria fazer com que os súbditos cumprissem com as leis vigentes, do que ditar novas leis, cuja eficácia total era relativa.

Entretanto, nalguns casos, curiosamente, adequando o preâmbulo costumeiro a si próprio e alguns pormenores, este monarca reiterou as Ordenações de seu pai, seja exemplo, aquela que proibia a permanência demorada de advogados e procuradores na Cúria régia, com o fito de evitar a prática dos favores, noutras palavras da corrupção ativa e passiva, e da chicanagem.

De maneira igual ao que fora decidido por D. Afonso IV, D. Pedro determinou que seus,

ouujdores e sobreJuizes e outrossy os Jujzes trabalhem de desembargar e desembargem os fectos sem delonga e sem dapno das partes e o mais breuemente que puderem, aguardando as hordenações [...]88.

Notemos que D. Pedro continuava inquieto com o comportamento dos homens desses ofícios. Preocupado com a disciplina e o desembargamento dos processos, de igual maneira editou uma lei a determinar que se cumprissem as

Ordenações e que seus oficiais empreendessem acções para não se prejudicar

nenhum dos envolvidos nos preitos, e que os poboos aiam liuramento.

88 Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 296.

Com tais medidas que, indiscutivelmente, visavam ao bem comum dos súbditos, alicerce ético e religioso do exercício do poder público régio, conforme tivemos ocasião de expor no capítulo II, o rei também pretendia aprimorar e fortalecer seu poder judiciário, por meio dos oficiais da Coroa, que desempenhavam os mais variados ofícios dessa natureza, particularmente os juízes. Sabemos que o juiz era o principal responsável, não só pelo cumprimento de todas as obrigações dos Concelhos, mas também pela garantia da vigência dos direitos do povo e do rei. Daí, estes se preocuparem sempre em exigir que cumprissem, correctamente, suas

Ordenações.

A necessidade de se estabelecerem normas e formas de procedimentos para os ofícios relacionados com a justiça foi, desde sempre, uma inquietação dos monarcas. D. Pedro outorgou duas leis, por meio das quais discriminou como deviam proceder os oficiais responsáveis pelas petições, bem como os escrivães ou notários responsáveis por seu registo.

O rei determinou que todas as petições dirigidas à Corte, estando de acordo com as normas da processualística então em vigor, deveriam ser rapidamente encaminhadas a um distribuidor, que, por sua vez, deveria entregá-las, de acordo com seu teor, a outro advogado especializado naquele assunto, para que este tomasse as providências cabíveis o mais rapidamente possível, sob pena de punição se assim não procedesse.

Mesmo após o desembargo das petições, alguns homens desleais, sob a alegação de não aceitarem o resultado, permaneciam na Corte, a incomodar o curso dos trabalhos judiciais. O monarca também determinou que, se fossem homens honrados, deviam pagar uma multa de 25 libras; se fossem homens vis, seriam açoitados em praça pública.

Como tinha outros compromissos e também gostava de usufruir dos privilégios inerentes à realeza, por exemplo, a caça, e recebia muitos requerimentos de graças e mercês, a fim de desembaraçar o deferimento ou não do pleito, D. Pedro ordenou, de um lado, que os resumos, com parecer prévio, tratando de casos singulares, fossem-lhe imediatamente apresentados por seus funcionários. De outro, se fossem corriqueiros e, normalmente, concedidos e/ou vetados, os documentos deviam ser previamente redigidos. Passavam pelas mãos do vedor, o qual, como a própria designação do ofício o indica; em seguida, este o encaminhava ao monarca, simplesmente para ele o assinar e, depois, apensava-lhe o selo real, que o

autenticava, que o tornava fidedigno. Este costume já tinha sido utilizado pelos papas e demais dignitários eclesiásticos muitos séculos antes.

Dessa forma, o monarca saberia, imediatamente, o que fazer, em particular porque, como deixava transparecer, seguiria a orientação de seus oficiais, que conheciam as mercês e graças concedidas, geralmente, pelo Rei e, assim, sabiam orientá-lo correctamente. Por isso, ele ueia a E aquellas graças que outorgar faça

scpreuer a maneyra per que as outorga e asigne as per sua maão como dicto he E mande a çarrada e seellada do seu camafeu89. Mesmo assim, o monarca queria ver

as graças e assiná-las com o próprio punho, de modo que mandava selar as cartas somente após verificar e concordar com seu conteúdo.

Essas normas de procedimento tomadas pelo rei demonstram a preocupação com possíveis falcatruas efectuadas por funcionários, que, eventualmente, pudessem desejar, por conta própria, ampliar graças e mercês concedidas pelo monarca a alguém de seu conhecimento. Isso devia ocorrer com certa regularidade, pois, caso contrário, D. Pedro não teria adotado tais procedimentos de maior controlo e cautela.

Alguns anos depois, o monarca promulgou nova lei sobre o desembargamento das petições efectuadas à Corte régia. Determinou, sobretudo, que todas as cartas que fossem dadas na Corte deviam ser entregues a Gonçalo Vasques90, a quem caberia despachá-las a um escrivão, que as desembargaria. O historiador Carvalho Homem afirma que foi, a partir desse momento, que se teve conhecimento do relevo do ofício do escrivão da puridade.

Determinou aos seus funcionários Afonso Domingues91 e João Gonçalves92 que despachassem, rapidamente, as cartas de forma correcta e direita. As cartas de solicitação de graça deveriam ser mostradas ao monarca na presença de João Esteves93 e Lourenço Esteves94.

89

Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 214.

90 Consultar Armando Luís de Carvalho HOMEM – O Desembargo Régio. (1320-1433). Porto: Instituo Nacional de Investigação Cientifica, Centro de História da Universidade do Porto, 1990. Registrado como Gonçalo Vasquez de Góis (1357-67) p.325.

91 Consultar Armando Luís de Carvalho HOMEM – O Desembargo Régio. (1320-1433). Porto: Instituo Nacional de Investigação Cientifica, Centro de História da Universidade do Porto, 1990. Afonso Domingues II (1344-78) Biografia 03, p. 261.

92

Idem, João Gonçalves (I) (1360-77) Biografia 144, p. 339. 93 Idem, João Esteves (I) (1357-65) Biografia 140, p. 337. 94

Notemos que havia preocupação em deixar claro qual a função de cada um, ou seja, conforme o assunto dever-se-ia designar o oficial competente para despachar, emitir parecer específico sobre o processo ou sobre a solicitação ou feito.

Tudo indica que, nessa conjuntura, o aparelho judicial já se tornara bem mais complexo e havia uma inquietação de D. Pedro quanto a conceder mais responsabilidade a seus juízes, sobrejuízes e funcionários ligados à justiça, embora sempre manifestasse seu interesse em conhecer os assuntos, assinar e mandar pôr o selo régio.

Ainda no tocante às petições e a seu desembargamento, ou despacho, semelhantemente ao que havia determinado na primeira lei sobre essa matéria, D. Pedro determinou que seus funcionários Fernan Gongalves95 e Mestre Afonso96, quando fossem despachar petições na ausência dele, deviam reunir-se com Afonso Domingues e João Gonçalves e, juntos, emitir pareceres e despachar os feitos de graça, para, posteriormente, remeterem ao rei.

Igualmente, ainda sobre a forma dos procedimentos dos despachos dos feitos, D. Pedro determinou a Lourenço Gonçalves97, corregedor da Corte, juntamente com Fernão Martins98, ouvidor, e Gil Lourenço99, procurador e ouvidor do monarca, que desembargassem os feitos civis, ao passo que os feitos de crime deveriam ser despachados juntamente com o monarca. Esses funcionários deveriam verificar as apelações e desembargá-las como determinava o direito.

O monarca sabia que, se conseguisse montar um aparelho judiciário competente e eficaz, poderia preocupar-se com outras questões de seu reino e, assim, manter a imagem de um rei bom e justo para com todos os súbditos. É nesse sentido que entendemos a lei na qual proibiu seus oficiais de participar nos feitos em que estivesse envolvido algum parente. O motivo, de per si, é óbvio e, aliás, D. Afonso IV tinha, em outro momento, ditado lei semelhante.

95

** Biografia não encontrada nenhuma referência. Há duas pessoas de nome Fernão Gonçalves, Biografias 67 e 68, páginas 300-1, mas trata-se de dois outros funcionários.

96 Idem, Mestre Afonso das Leis (1358-60) Biografia 15, p. 270. 97

Idem, Lourenço Gonçalves (1336-69) Biografia 177, p. 361. 98

Idem, Fernão Martins (1360-82) Biografia 71, p. 303.

99 Consultar Armando Luís de Carvalho HOMEM – O Desembargo Régio. (1320-1433). Porto: Instituo Nacional de Investigação Cientifica, Centro de História da Universidade do Porto, 1990. Gil Lourenço (1356-61) Biografia 83, p. 308.

O monarca determinou ainda a Pero Afonso100, desembargador e procurador, que todos os feitos sob sua responsabilidade fossem despachados na presença e juntamente com D. João Afonso Telo, conde de Barcelos, e ainda com Fernão Gonçalves, Mestre Afonso, Lourenço Esteves, João Esteves. Como procurador do monarca, devia mostrar os feitos a esses funcionários para que testemunhassem à verdade quanto ao cumprimento do direito.

D. Pedro exigia que seus oficiais tivessem conhecimento de tudo o que estava a ser feito no âmbito da justiça, i.e., de todos os feitos, tanto os civis quanto os de crime, não obstante soubessem que havia feitos para os quais somente o soberano poderia conceder graças e mercês.

O monarca determinou que esses funcionários fizessem justiça às partes envolvidas nos preitos, até mesmo naquelas demandas em que o rei era parte e se

acharem que el rrey no fecto nom tem djreito manda que o desembaguem logo de guisa que as dictas partes nom andem sobre ello em demanda perlongada e nem falam despesas grandes101. D. Pedro sabia muito bem que seu principal dever ético, inerente à realeza e ao princípio lapidar da virtude da justiça, era dar a cada um o

que lhe era devido de direito. Sabia ele também que, quanto mais se demorava em

proferir a sentença, maior era a possibilidade de os procuradores, ou seja, os solicitadores e os advogados das pessoas envolvidas nos preitos estarem presentes na Corte e prejudicarem o andamento de outros processos ou, como assinalamos, ficarem fazendo chicana, consoante o bom jargão usado pelos causídicos.

Por isso, em benefício dos súbditos e pelo bom nome de seus funcionários, que redundava no dele próprio, uma das preocupações singulares de D. Pedro foi fazer-lhes, rápida e eficientemente, a justiça, razão pela qual, cremos que, dentre outros epítetos, recebeu designação de o Justo ou o Justiceiro, não apenas em razão dos desdobramentos atinentes ao assassinato de Inês de Castro.

O poder político, entretanto, assenta-se em princípios básicos para se manter e se relacionar com outros poderes subalternos. No caso do poder régio medieval, nunca é demais reiterar que se acreditava que ele procedia de Deus, que era um dom divino e que, por isso, uma aura divina o envolvia, factos esses que o legitimavam perante os olhos de todos os súbditos. Entretanto, à medida que se

100

Idem, Pero Afonso (I) (1361-79), Biografia 199, p. 371.

101 Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 262.

avançava pela segunda metade do século XIV, só isso não bastava para alguém ser considerado um bom rei102. Era preciso trabalhar em proveito dos súbditos e, de

modo particular, no tocante à justiça.

Bem a propósito, com a preocupação de disciplinar as acções dos seus funcionários, D. Pedro, ao fim do texto da lei a seguir, determinou que,

nhuus dos sobredictos nom dem nem mandem fazer cartas nehuas saluo aquellas que perteencerem aos seus officios E que outrossy os que teem hordem de Juízo nom mandem fazer alvaraães em nehuus liuramentos e o que ouuere de liurar seia fecto per cartas ect.103

Essa medida sugere que havia oficiais régios que, certamente, levados por motivos escusos, exorbitavam de sua competência. Ademais, sem dúvida, o monarca estava preocupado com o comportamento de seus colaboradores, até mesmo por ter sabido que o mestre Gonçalo das Decretais104 havia recebido uma quinta como pagamento de suborno, feito por Vasco Lourenço, para deixar em aberto seu processo na justiça régia. Ao menos esta é a conclusão que o texto da predita lei sugere105. O oficial perdeu a propriedade, e o soberano requisitou-a para si, ficando sob seu controle até a morte de Vasco Lourenço, quando passaria para seus herdeiros.

Igualmente, o rei determinou que todos os seus funcionários não recebessem

peitas de pessoa alguma, nem dos Concelhos nem dos prelados, e mandou que o

seu corregedor Lourenço Esteves106 a pubrique na audiência E que assy a faça

scpreuer na chancelaria pera se guardar pera todo sempre107.

Determinou também que todos os que quisessem adquirir algum animal que o fizessem a um valor diferente daquele do monarca. Por isso, quem quisesse

102 Negrito nosso.

103

Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 262.

104 Consultar Armando Luís de Carvalho HOMEM – O Desembargo Régio. (1320-1433). Porto: Instituo Nacional de Investigação Cientifica, Centro de História da Universidade do Porto, 1990. Mestre Gonçalo das Decretais (1357-61 – 1366-68) Biografia 100, p. 316.

105 Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 203.

106

Consultar Armando Luís de Carvalho HOMEM – O Desembargo Régio. (1320-1433). Porto: Instituo Nacional de Investigação Cientifica, Centro de História da Universidade do Porto, 1990. Lourenço Esteves (1351-61 – 1367) Biografia 174, p. 358-359.

107 Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 204.

galinhas, capões, patos, cabritos e leitões pella custa que el rrey e a Rainha e o

Jffante e seus filhos filham108, deviam pagar o valor determinado pelo proprietário.

D. Pedro desejava que seus súbditos respeitassem a propriedade dos outros, daí não permitir que as pessoas tomassem esses animais sem respeitar o valor determinado por seus donos, ou que os súbditos pegassem esses animais de forma semelhante à família real. Consideravam-se os custos que deviam ser cobertos com a venda, e os impostos que deviam ser pagos pelos proprietários.

Ao mesmo tempo em que criou condições de funcionamento do aparelho judicial, o monarca também se preocupou em estabelecer e alterar leis, quando solicitado, a fim de agilizar o funcionamento administrativo das Vilas e Termos.

Assim, quando recebeu uma solicitação dos judeus, explicando que não teriam condições de cumprir uma lei que determinava que os funcionários eleitos, acolhendo o pedido deles, para o bom funcionamento administrativo das comunidades judaicas e de outras, igualmente pequenas, D. Pedro alterou a lei decretando:

E quanto he nos outros lugares do meu senhorio mando que os judeus que forem em essas comunas Jujzes e arrabijs ou vereadores ou procuradores das cumunas huu ano que o nom seiam no outro segujnte nem aiam nehuum officio109.

O rei sabia que precisava garantir o funcionamento dos ofícios necessários à vida dos muncípios, entretanto sabia também que nem todas as pessoas podiam dedicar todo o seu tempo a eles, por causa de suas ocupações pessoais. Por isso, ele acolheu a solicitação dos judeus e determinou a redução do tempo de exercício da função: por apenas um ano. Dessa forma, estava assegurada a normalidade da administração das comunas judaicas.

Ainda, dentre as leis outorgadas por D. Pedro, há uma, na qual se preocupou em determinar como deveriam agir os galinheiros110. Esses homens não deveriam pegar mais galinhas, capões, frangos, cabritos, leitões, patos e ovos, mas somente comprá-los, desde que os donos quisessem vendê-los.

Nesta mesma lei, o rei ordenou que os responsáveis pela estrebaria real não se apropriassem, mas pagassem aos donos pela palha e pelos restolhos destinados

108

Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 147.

109 Chancelaria de D. Pedro I – (1357-1367). Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1984, p. 300.

110

à alimentação de seus cavalos e dos de seus filhos, bem como pelos animais de carga de uso da família real:

Outrossy manda que os seus strabeiros e dos dictos jffantes seus filhos nom mandem tomar palhas nem restolhos doados pella guisa que os ata aquj filharom saluo compra llos pollos djnheiros a seus donos dando por cada carga cauallar três ssoldos assy de palha como de restolho E pella carga asnal dous ssoldos111.

A fim de que todos tomassem conhecimento dessas Ordenações, à