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pelo poder?pelo poder?pelo poder?

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pelo poder?

pelo poder?

Sabemos que as tarefas são muitas, mesmo porque, elas são extraídas dos problemas colocados pela classe domi- nante. Vejamos então algumas delas.

1a – Construir o poder com to-

das as forças da classe.

Muitas vezes temos a tendência de nos organizar por movimentos ou cate- gorias. É importante porque as pessoas não começam a lutar se não for para re- solver seus problemas concretos. Ocorre que, isso tem nos levado a cada um cui- dar do seu problema e então as categori- as nunca se transformam em classe, por- que lutam por interesses isolados.

Precisamos compreender que somos parte da mesma classe, mas se estas par- tes ficarem isoladas, a classe não se cons- titui e não terá força nenhuma. A luta é dos pobres contra os ricos, ou dos domi- nados contra os dominadores. No final nenhum dos dois lados poderá existir; ou seja, nem os pobres continuarão pobres, nem os ricos continuarão ricos. As rique- zas serão democratizadas.

A nossa tarefa é constituir o “bloco histórico” onde todas as forças se unem em uma só direção. Somente assim con- seguiremos derrotar os inimigos comuns. A Via Campesina é o instrumento que temos para a unificação das várias lutas no campo. Precisamos de uma or- ganização política que nos ligue com as lutas urbanas.

2a – Estabelecer o projeto comum

na luta de classes.

Os planos tem que ser amplos que sirvam para todas as pessoas da classe. O nosso projeto de agricultura considera todos os pequenos agricultores, Sem Ter- ra, Atingidos por Barragens, Mulheres Agricultoras e Comunidades Indígenas.

O capital quando se instala num ter- ritório finge ser a favor de todos, com a falsa idéia de desenvolvimento e mente que “gerará empregos”. Na verdade ele é contra todos mesmo que alguns consi- gam emprego.

Então os planos precisam ser dos pequenos agricultores, da classe; das Mulheres Agricultoras, da classe; dos jo- vens, da classe; dos índios, da classe. E assim os operários e os favelados, todos compõe a classe trabalhadora, mesmo aqueles que estão desempregados devem ser articulados para lutar e compor a clas- se. Desta forma se estrutura o projeto comum que nos leva ao poder da classe explorada.

3o – Construir a autonomia. Autonomia significa não depender de ninguém para fazer o que queremos. Os movimentos do campo precisam saber que em si está a solução, e é através de seu próprio esforço que virá a emancipação.

Esta autonomia precisa se dar atra- vés de militantes próprios, finanças pró- prias e idéias próprias.

No passado os movimentos sociais ancoravam-se nos partidos ou nas igre- jas. Destas instituições saiam as diretri- zes para as lutas táticas. Delas também

derivavam os quadros e as finanças. Com isso também, quando elas se equivoca- vam levam todos a se equivocarem.

A realidade e o desenvolvimento histórico levou-nos ao amadurecimento das análises, por isso compreendemos que os quadros devem ser formados a partir da realidade onde atuam e cada or- ganização deve ter seus militantes embo- ra o conteúdo filosófico, político e metodológico pode ser unificado.

Quem não é capaz de andar com as próprias pernas, não pode apostar corri- da com ninguém. O vigor da luta está na capacidade de independência que cada movimento tem das forças externa à clas- se. A solidariedade quando se torna men- dicância deixa de ser solidariedade e é rebaixada para caridade. A luta de clas- ses embora precise de todas as energias, jamais será vitoriosa com mendicância e caridade.

4a – Defender a Soberania

Soberania é não se subordinar a nin- guém. Soberania se conquista na políti- ca. Soberano é alguém livre de todas as limitações que o impede de ser livre.

O território é a referência para a soberania política. Nele está o potencial de desenvolvimento. Ninguém pode im- por a sua vontade se alguém é soberano. A nossa tarefa é fazer com que o povo brasileiro tenha soberania alimen- tar, tecnológica e territorial. Esta idéia nos remete a lutar contra todas as forças do imperialismo em qualquer lugar que es- tas se manifestem.

É difícil vencer, mas não é impossí- vel. Quando duvidamos das possibilida- des estamos duvidando de nós mesmos e, de outra forma, estamos dizendo que estamos desistindo.

Tudo aquilo que não se cultiva mor- re. A mística é esta força que precisa ser cultivada com exercícios práticos, mes- mo quando a vontade aponte para o lado inverso.

Olhar para o horizonte e perceber, antecipadamente, onde vamos nos colo- car nele. Acreditar na possibilidade de vencer as distâncias. Para isto precisa- mos encontrar o caminho que nos leve ao topo apesar de todos os desafios.

Confúcio, um sábio chinês, pergun- tou a um curioso: “Você me considera um homem instruído?”. – “Claro que sim!”- respondeu o outro. –“Engano seu” – disse Confúcio – “apenas descobri o fio da meada”.

Quem descobre o fio da meada vai até o fim. Quem não descobre está sem- pre em dúvida e jamais chega ao topo da montanha. Quem perde o ânimo, perdeu apenas o fio da meada, é preciso ajudar a encontra-lo.

O poder popular, da classe explora- da, é uma construção coletiva e consci- ente. Constrói-se como qualquer outra construção, para que não caia. O poder não tem proprietário individual, por isso ele somente vigora se for democrático.

Podemos encerrar esta reflexão com uma pequena história do rio e o pântano sujo.

Um riacho que descia das montanhas

com águas muito limpas, rasgando a terra e desviando as pedras com muito esforço, avistou, já perto de chegar ao mar, um pântano de água suja e temeu chegar até ele. Revoltado protestou contra a monta- nha que o havia incentivado a descer.

— Eu sou um riacho limpo e você me obrigará a misturar-me a àquele pân- tano sujo? De que valeu todo meu esfor- ço para manter-me limpo até aqui? Por que esse castigo agora?

A montanha que tudo presenciava respondeu:

— Depende da maneira como você vai encarar o pântano. Se ficar com medo, vai diminuir o ritmo de sua descida, dará voltas, e inevitavelmente, sem forças, aca- bará se misturando com as águas sujas do pântano e será para sempre parte dele. Mas se você enfrenta-lo com velocidade, força e determinação, vai atravessá-lo ao meio e jogará toda a sujeira para as margens, que, com o tempo, será absorvida pela terra tornando-se coisa do passado. Você, como prêmio pelo esforço, permanecerá como rio, chegará ao mar e participará de sua grandeza.

Na luta pelo poder as duas coisas nos esperam: o pântano e o mar. Se en- trarmos indecisos, nos misturaremos ao pântano da política burguesa e perecere- mos afogados na lama dos desvios; mas, se atacarmos com força e determinação, abriremos os velhos hábitos e vícios ao meio, afastando-os para as margens da prática política e chegaremos ao outro lado onde estará o mar que tem o poder de jamais deixar-se dominar. É a eman- cipação que sonhamos.

V – A história de um país que quer existir