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PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA

2. Penas principais

2.1. Pena de Morte

A pena de morte aplica-se somente em caso de guerra declarada (art. 5º, XLVII c/c art. 84, XIX, CF). Nos termos do artigo 56 do CPM, a pena de morte é executada por fuzilamento, sendo o procedimento delineado no artigo 707 do Código de Processo Penal Militar. O condenado mili- tar deverá deixar a prisão com uniforme sem as insígnias, e o condenado civil deverá estar ves- tido decentemente. O condenado, civil ou militar, deverá estar de olhos vendados no momento da execução, salvo se o recusar.

A lei penal castrense exige que a sentença definitiva de condenação à morte seja comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação (art. 57, CPM). O prazo justifica-se em razão da possibilidade de concessão de indulto ou comutação da pena (art. 84, XII, CF).

Todavia, se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente execu- tada quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares. A prescrição da pretensão punitiva dos crimes a que cominada a pena de morte se dá com o decurso do prazo de 30 anos, de acordo com o artigo 125, CPM.

2.2. Penas Privativas de liberdade

O Código Penal Militar não faz distinção substancial entes as penas de reclusão e detenção. A diferença é meramente formal e evidencia-se nos seus limites genéricos, conforme estatuído no artigo 58, CPM: o mínimo da pena da reclusão é de um ano e o máximo de trinta anos, en- quanto o mínimo da pena de detenção é de trinta dias e máximo de dez anos.

a) Penas privativas de liberdade aplicada a militar

A pena privativa de liberdade (reclusão ou detenção) até dois anos aplicada a militar é obriga- toriamente convertida em prisão (art. 59), se não for possível a suspensão condicional da pena (sursis).

A prisão deverá ser cumprida em recinto de estabelecimento militar se o condenado for oficial. Se o condenado for praça, a pena será cumprida em estabelecimento militar. Nesse caso, deve- -se observar a separação entre a praça que cumpre pena de prisão e aquelas que cumprem sanção disciplinar e pena superior a dois anos, bem como atender-se hierarquia (praças espe- ciais e graduadas).

Nos exatos termos do artigo 61, “a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar.

Se a pena aplicada a militar for superior a 2 (dois) anos, não haverá substituição por prisão e será cumprida em penitenciária militar. Se não houver penitenciária militar, a pena será execu- tada em estabelecimento comum, sujeitando-se o condenado ao regramento da Lei de Execu- ção Penal.

Todavia, deve-se alertar que, para cumprimento da pena em estabelecimento comum, é neces- sário que o condenado tenha perdido a condição de militar. Assim, se for praça, primeiro deve- rá haver a exclusão e, se for oficial, deverá ter havido a perda do posto e da patente. O militar da ativa jamais cumprirá pena em presídio comum juntamente com outros presos civis.

O juiz-auditor é competente para a execução das penas aplicadas pela Justiça Militar e cum- pridas em estabelecimento militar, sendo cabível a transferência de presos de uma região para outra (art. 68, CPM).

Conforme já alertado, se a pena é cumprida em estabelecimento militar, o regime de cumpri- mento é fechado, não havendo previsão legal de progressão de regime. Do cárcere, o militar passa ao livramento condicional, desde que atendidos os requisitos legais. Relembre-se a con- trovérsia entre o STM e o STF, no tocante à progressão de regime, com aplicação do Código Penal e da Lei de Execução Penal já mencionada na introdução deste capítulo.

Para efeito de detração, computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão pro- visória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime, desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata (art. 67, CPM).

b) Pena privativa de liberdade aplicada a civil

Qualquer que seja a quantidade de pena, o civil condenado pela Justiça Militar sempre é exe- cutado em estabelecimento comum, submetendo-se inteiramente à Lei de Execução Penal (art. 62). Aplicam-se as disposições da Súmula 192, do STJ e do artigo 2º, p. único, LEP.

Excepcionalmente, o Código Penal Militar afirma que o civil condenado por Crime Militar prati- cado em tempo de guerra poderá cumprir a pena, no todo ou em parte, em penitenciária mili- tar, se, em beneficio da segurança nacional, assim determinar a sentença.

Segundo orientação de parte da doutrina, tal ressalva não tem aplicação, pois os crimes contra a segurança nacional são considerados crimes políticos, de competência da Justiça Federal co- mum e tratados em lei própria (Lei 7.170/83), não se sujeitando às regras do Código Castrense.

2.3. Impedimento

A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem preju- ízo da instrução militar (art. 63). Trata-se de pena de natureza restritiva da liberdade, em que não há encarceramento.

A pena de impedimento é cominada exclusivamente ao crime de insubmissão (art. 183) e tem duração de três meses a um ano.

2.4. Suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função pública

A pena de suspensão consiste na agregação, no afastamento ou licenciamento temporário do condenado (art. 64). Trata-se de pena principal, de natureza restritiva de direitos, que acarreta a suspensão do exercício de posto (oficial), graduação (praça) ou cargo (civil), pelo prazo deter-

Em que pese o apenado ser obrigado a comparecer regularmente à sede do serviço, o tempo de cumprimento da pena de suspensão não é computado como tempo de serviço. A pena de suspensão é prevista, por exemplo, para os crimes de ordem arbitrária de invasão (art. 170) e de exercício de comércio por oficial (art. 204).

De acordo com o p. único do artigo 64, CPM, se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena de suspensão será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano.

2.5. Reforma

A pena de reforma sujeita o militar estável condenado à situação de inatividade compulsória, com proventos proporcionais ao tempo de serviço, não podendo perceber mais de 1/25 (um vinte cinco avos) do soldo por anos de serviço, nem receber importância superior à do soldo (art. 65).

Trata-se de pena de natureza restritiva de direitos prevista para alguns crimes militares como, por exemplo, ordem arbitrária de invasão (art. 170) e exercício de comércio por oficial (art. 204). Obviamente que os militares sem estabilidade não se submetem à pena de reforma, o que configura um verdadeiro prêmio pela prática de infração penal.

No documento Direito Penal Militar Prof. Rodolfo Souza (páginas 67-70)