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6- A CONCEPÇÃO DE FUTURO PARA OS JOVENS

6.1 As percepções sobre o mundo adulto

A categoria social, hoje, considerada jovem, é composta por aqueles que nasceram no mesmo momento histórico compondo a mesma geração; conseqüentemente, estão destinados a passar a vida juntos, vivenciando com os mais velhos, e com os mais novos, os mesmos momentos de crises ou crescimento, cultural, político e econômico da sociedade. Para Foracchi

[...] os membros de uma mesma geração compartilham um acervo comum de experiências, situações de vida e oportunidades de trabalho. Usufruem, juntos e contemporaneamente, os benefícios e a opressão, a vantagens e a vilania, a tensão e a alegria do destino prefigurado pelo seu modo de inserção na estrutura social. (FORACCHI, 1972, p. 20-21).

Ao analisar os depoimentos dos jovens participantes desse estudo, que nasceram em época de crise social, num país de grande concentração de renda e enormes desigualdades sociais, verifica-se que a transição para a vida adulta se realiza de forma diferente, em momentos diferentes, de acordo com as condições socioeconômicas e culturais de cada um, inseridas na dimensão histórica do processo social.

Enquadrados no período de vida considerado pela sociedade como juventude, condição, vista como provisória e estando em trajetória rumo à condição de adulto, reconhecem que ser jovem é uma identidade passageira, porém marcante e desejada. Assim, não querem mais ser vistos pela perspectiva do tempo que deixaram para trás, a infância, já não possuem identidade com ela. Desejam viver e “curtir” a juventude, assumir os padrões de comportamento próprios dessa fase da vida, mas, sabem que é inevitável o futuro, a idade adulta. A sociedade lhes atribui a tarefa de se prepararem para ocupar o lugar que hoje pertence aos adultos, de estarem aptos para assumir o comando da sociedade. Hoje, são preparados pela geração adulta, e um dia assumirão a tarefa de preparar outras gerações.

Para entender como ocorre a concepção de futuro para os jovens, a partir da sua trajetória pelo ensino médio, é importante apreender os significados que os jovens dão à escola, ao mundo juvenil, suas representações em relação ao mundo adulto e os projetos implícitos ou explícitos que são formulados a partir da perspectiva de vida cotidiana e vivência diária na escola pública de ensino médio. Ressalte-se que há todo um emaranhado de significados culturais expressos nas suas falas e, portanto, há necessidade de decodificação por meio de aproximação com os respectivos significados.

Essa investigação se caracteriza por permitir ao jovem pronunciar-se a respeito de sua experiência, expressar as suas expectativas e projetos de futuro e o que eles desejam enquanto jovens e, ainda, avaliarem suas chances de prosperar, de conquistar, de vencer, e expor com naturalidade o que almejam e projetam para o futuro.

Muitos estudos atuais, entre eles destacam-se os de Pais (1993, 2000), que investigam os modos de transição para a vida adulta, apontam que ela ocorre conforme os seguintes marcos: terminar o ciclo de estudos, começar a trabalhar, sair da casa dos pais, casar e ter filhos, constituindo, assim, uma nova família. Embora o atual momento histórico já aponte mudanças nesses processos, tendo em vista as transformações no mundo do trabalho e nas possibilidades futuras de inserção na vida adulta, que ocorre cada vez mais tarde, acarretando um prolongamento dessa fase da vida, os jovens conseguem visualizar as dificuldades e possibilidades de inserção na vida adulta.

Sentem que estão vivendo uma fase de transição para o mundo adulto e expressam a sua visão do que é ser jovem, cujas respostas fornecem dados para agrupamento em três categorias: fase de transição “É não estar nem criança nem adulto. É estar no meio da fase, é estar desenvolvendo, por exemplo, o raciocínio, o pensamento, tudo. Entendeu?” (Paulo, 16 anos, 2º ano, escola Metrópole); fase de encantamento: “É uma fase boa da vida né? Porque depois a gente sai dessa idade já começa a trabalhar e pensar no futuro, nos filhos, nas preocupações” (Diego, 16 anos, 1º ano, escola Metrópole); fase de dúvidas: “É uma fase de indecisão. É aquela hora que o jovem pára pra pensar o que ele quer. Como ele não conhece nada, ele começa a aproveitar um pouquinho de cada coisa” (Larissa, 17 anos, 3º ano, escola Província).

Afirmam que a escola de ensino médio ensina pouco daquilo que os ajudam a ser jovens, e que ser jovem se aprende no dia a dia e na convivência com outros jovens. “A escola prepara para o futuro, não para ser jovem” (Michel, 17 anos, 2º ano, escola Província), “Ajuda pouco, talvez o desenvolvimento do raciocínio, a respeitar as diferenças, mas a convivência com os colegas é que te ensina a ser jovem” (Marcela, 16 anos, 1º colegial, escola Província).

Se a juventude é vista como fase de transição para a vida adulta, os jovens formulam representações do que é ser adulto. Acreditam que o jovem não é irresponsável, mas que a principal característica da idade adulta é a responsabilidade, e isso é visto por eles com certa preocupação, uma vez que demonstram receio em assumir o papel de adulto. “Eu acho que o adulto tem mais responsabilidade, ele pensa mais, tem que resolver todos os problemas, sozinho. Tem exceções né, mas eu acho que a maioria dos adultos,

pensa, trabalha, assume responsabilidades” (Marcelo, 16 anos, 1º ano, escola Metrópole). “Ah! A diferença de ser jovem e ser adulto pra mim é as responsabilidades e obrigações que vem, quando a gente é mais novo, adolescente, o pai e a mãe da gente sempre tá tomando dianteira no nosso problema. Quando a gente é adulto a gente tem que resolver tudo sozinho, e isso assusta muito” (Michel, 17 anos, 2º ano, escola Província). Temem as responsabilidades próprias dos adultos. A presença da família gera conforto e segurança, sabem que nessa fase suas responsabilidades são divididas com a família, reforçando a idéia de que essa fase da vida é sustentada e se desenvolve sobre a estrutura de apoio familiar. A certeza de que um dia terão sozinhos que enfrentar os desafios da vida adulta os assusta, por isso, procuram viver intensamente o presente, mas cientes de que é impossível viver eternamente longe dos afazeres e das responsabilidades que a vida adulta lhes conferirá.

Certamente, muitos já assumiram alguns desses afazeres, como por exemplo, o trabalho, outros ainda, não perceberam que já se encontram envoltos em atividades que são próprias dos adultos.

Pais (1993, p. 24) também lembra que a sociedade estabelece a relação adulto/responsabilidade,

um adulto é ‘responsável’, diz-se, porque responde a um conjunto determinado de responsabilidades: de tipo ocupacional (trabalho fixo e remunerado); conjugal ou familiar (encargos com filhos, por exemplo) ou habitacional (despesas com habitação e aprovisionamento).

E acrescenta que, a partir do momento que os jovens vão contraindo essas responsabilidades, vão adquirindo o estatuto de adulto.

As mudanças sociais se apresentam aos jovens como incertezas pela rápida obsolescência dos instrumentos de avanço social e de participação política, além de haver, conflitos entre jovens e adultos. Os adultos se vêem como a geração plena de direitos e preparada para enfrentar os desafios próprios da idade, por outro lado, os jovens são vistos como geração carente de direitos e conhecimentos e, por isso, devem estar dispostos a se prepararem para a aquisição das responsabilidades que vão lhes conferir o status de adulto.

Os jovens vivem em constante conflito, por um lado, sentem que estão vivendo uma fase que é passageira, “é estar na melhor fase da vida, fase de aproveitar, porque é um momento que passa” (Ciro, 17 anos, 3º ano, escola Metrópole), por isso, deve vivê-la intensamente, “é ‘viver a vida’, sair para festas, ter amizades legais, ser alegre, gostar de se divertir” (Elisa, 16 anos, 2º ano, escola Metrópole); por outro, há o pressentimento de que

se faz necessário projetar e se preparar para o futuro “é sonhar, curtir a vida e se preparar para o futuro” (Edson, 17 anos, 3º ano, escola Província).

Nas suas representações as duas credenciais importantes para se tornarem adultos são responsabilidade e trabalho, reclamam que os adultos não confiam nos jovens e que, sob o olhar dos adultos, são irresponsáveis e incapazes de assumir responsabilidades. Isso se constitui em barreira na conquista do primeiro emprego, levando ao adiamento da possibilidade de demonstrar sua capacidade e responsabilidade. É negada ao jovem a oportunidade de viver plenamente essa fase da vida, uma vez que uma tranqüila trajetória para a vida adulta implica um conjunto complexo de direitos, necessidades, interesses, benefícios e recursos materiais em estreita relação com a cidadania juvenil.

Para ser adulto é necessário mais responsabilidade, porque a maioria dos jovens não tem. O jovem é curioso né? Quer descobrir coisas novas, mas falta responsabilidade. (Bruno, 15 anos, 1º ano, escola Metrópole). Eu me considero uma pessoa madura psicologicamente. Mas acho que preciso de oportunidades. Eu só vou começar a amadurecer profissionalmente quando eu tiver oportunidades. Então, o meu primeiro emprego, por exemplo. Então quando me derem uma oportunidade do meu primeiro emprego eu vou ter a experiência que preciso para trabalhar, então eu vou me tornar adulta. Então, eu preciso de oportunidade para ser adulta. E o trabalho é condição para isso, porque você adquire independência financeira e responsabilidade. Você conhece gente diferente também. É experiência. (Kelly, 17 anos, 3º ano, escola Metrópole).

Eu acho que o que faz a gente se tornar adulto seria o trabalho, porque só quem trabalha pode gerar uma família. Quem não tem trabalho não pode ser adulto porque não tem condições de manter a família, sustentar os filhos. Eu acho que o que mais faz a gente amadurecer são os filhos, uma casa. (Jéssica, 17 anos, 3º ano, escola Metrópole).

Responsabilidade e trabalho se misturam nas representações dos jovens sobre a vida adulta, associam o acesso ao trabalho com a aquisição de responsabilidade. A entrada no mercado de trabalho aparece como credencial necessária para ser responsável e se tornar adulto, sendo assim, o trabalho surge como patrocinador dessa experiência, como elemento constitutivo da principal habilitação para o mundo adulto. Porém, para a juventude o trabalho é dotado de múltiplos significados, sendo um dos temas de maior interesse e, ao mesmo tempo, sua falta, ou seja, o desemprego o de maior preocupação.

O trabalho como condição para aquisição da responsabilidade necessária para entrada na vida adulta é posto no centro da agenda de necessidades, direitos, interesses e urgências dos jovens. É ainda, fator preponderante das formas de inserção social, padrão de vida, valores e responsabilidades. Por isso, torna-se mais fácil entender a preocupação e até

mesmo, certo desespero que, muitos jovens, demonstram por não terem ainda conseguido a inserção no mercado de trabalho, compreendendo as críticas que tecem e a luta que estabelecem para conseguir o primeiro emprego.

O trabalho, além de ser visto como possibilidade de inserção social, autonomia financeira, patrocinador de responsabilidade, é também visualizado como condição para constituição de uma nova família, e esta, percebida como fator de responsabilidade e amadurecimento.

As representações dos jovens, acerca do trabalho, têm origem na própria forma com que a sociedade divide a vida humana, praticamente em duas fases: a primeira é constituída por um tempo disposto à aquisição de aprendizagem das relações sociais, dos papéis e competências do mundo do trabalho e, conseqüentemente, de preparação para a vida adulta. A segunda, considerada como aquela que imprime sentido à condição humana, tida como “tempo central”, ou seja, o tempo dedicado a ser adulto e, portanto, trabalhador, tempo consagrado à “carreira profissional” e aos diversos papéis da vida adulta. Esse estudo dedica-se à primeira fase, ou seja, investigar esse período de aprendizado e preparação para os papéis da vida adulta.

No espaço familiar e, principalmente, no escolar, crianças e jovens não são vistos como seres que necessitam viver a própria idade, mas, são vistos, essencialmente, como futuros adultos. A escola, especificamente, o ensino médio, deixa de ser o espaço do viver hoje, do viver a juventude, de local de formação do jovem para ser jovem, e passa a ser espaço de preparação para o tempo que há de vir, do adulto de amanhã, do futuro trabalhador. “A escola só tem sentido se referida ao futuro, à fábrica, a cidadania adulta. As relações sociais na escola só têm sentido se referidas às relações sociais de produção, a serem vividas em vida adulta” (ARROYO, 1999, p. 34-35).

Foi possível averiguar que, para os garotos, a aquisição do estatuto de adulto está intimamente ligada à questão da responsabilidade, aqui entendida como liberdade ou autonomia, associando-a à obtenção da carteira de habilitação para dirigir veículos, sair para festas e baladas sem intervenção dos pais, assumirem a namorada. São quase sempre responsabilidades para serem adquiridas e usufruídas em curto prazo. Já para as meninas, as credenciais necessárias para serem adultas passam, em primeiro lugar, pelo trabalho, pela conquista de habilitação profissional, conseguida por meio dos estudos, principalmente em nível superior e, pelo amadurecimento psicológico. Elas estabelecem íntima relação entre a importância da estabilidade profissional, independência financeira e

a possibilidade de constituição de nova família. São responsabilidades para serem conquistadas e usufruídas em médio e longo prazo.

Para os jovens, o mundo adulto é percebido como de afazeres, responsabilidades, amadurecimento, mas também de liberdade e autonomia; dessa forma, se por um lado, ser adulto os assusta pela necessidade de assumir, sozinhos, responsabilidades, por outro, gostariam de adquirir a liberdade e autonomia comum aos adultos, além possuírem consciência que mais dia menos dia, deverão estar aptos para assumir o papel de adulto. A maioria afirma não ter pressa para ser adulto, mas, quase todos demonstraram pressa em atingir a maioridade:

Eu tenho pressa de ser maior de idade para adquirir coisas que eu não tenho sendo menor, tipo, dirigir, ir pros lugares que eu só posso sendo maior. Mas pressa eu não tenho não. Eu tenho muita vontade de me formar logo, mas não de ser adulta. (Kelly, 17 anos, 3º ano, escola Metrópole).

Não tenho pressa em ser adulto, mas gostaria de trabalhar, não quando for adulta, mas gostaria de fazer isso agora. (Marcela, 16 anos, 1º ano, escola Província).

De ser adulto não, mas de chegar aos dezoito anos para tirar carta e poder comprar com meu próprio carnê, sem precisar da minha mãe. (Demétrio, 17 anos, 2º ano, escola Província)

A autonomia financeira é um componente social que seduz o jovem, é desejada por todos, “vontade de me formar logo”, “gostaria de trabalhar”, “poder comprar com meu próprio carnê”, por isso, há a pressa pelos jovens em conquistar o primeiro emprego, adquirir emprego seguro, formar e exercer a profissão, pois quanto antes conseguirem essas realizações, mais cedo vão adquirir a autonomia financeira, que está estreitamente relacionada ao consumo. Mesmo porque, o vestuário e os adereços incorporam uma dimensão imaginária, simbólica e de identificação grupal temporária e provisória. Usam roupas, calçados e adereços, que servem de identidade, “o indivíduo se sente como o espelho em que os outros se olham” (PAIS, 2003, p. 72). O modo de se vestirem, os adereços simbólicos que usam, constitui formas de identificação com o grupo ao qual pertencem.

O consumo do lazer assume, também, importância de identificação grupal, dinheiro para show, para bebida, para balada. Conquistar autonomia financeira significa ajudar a família e, principalmente, assumir sozinho a aquisição de gêneros necessários para obtenção de identidade e de inclusão no grupo. Dessa forma, é possível compreender porque muitos atribuem ao trabalho importância maior que ao estudo. Mesmo assim, a

escolaridade representa uma pré-condição para essa meta, não em função de um saber, mas como exigência formal. Também se apóiam na premissa de que a sociedade valoriza as pessoas, não por aquilo que elas são, mas pelo que elas fazem, conseqüentemente, o trabalho passa a ser uma identidade e o estudo, o caminho da construção dessa identidade.

A autonomia que desejam é própria do mundo juvenil, valorizam a autonomia pessoal e os desfrutes relacionais que dela possam retirar. Não querem perder a melhor fase da vida, sendo tratados como crianças, impedidos de freqüentar lugares com os quais buscam uma identificação pessoal e comum ao grupo que convivem, como sair à noite, freqüentar baladas, que constituem atos coletivos partilhados pelo grupo de referência; dessa forma, há locais de encontro, convívio e sociabilidade, ficar fora desses locais significa perder as referências culturais e grupais. A convivência e os contextos grupais contribuem para fazer dos jovens o que eles são e, também, são eles mesmos os produtores desses contextos sociais. Daí a ânsia em atingir a maioridade e “ir pros lugares que eu só posso sendo maior”. No entanto, conquistar essa autonomia é um processo cada vez mais lento, uma vez que o jovem continua sendo jovem porque não possui a autonomia suficiente para ser considerado adulto.

Essa fase da vida é naturalmente marcada pela singularidade de anseios de autonomia, apontada pela construção de princípios de identidade pessoal e coletiva, assim como por atitudes de experimentação que têm como principais referências a família, a escola e os amigos. Para complementar essas observações, apontam-se as ponderações de Dubet apud Sposito (2005), que considera a categoria juventude como portadora de uma ambigüidade intrínseca, pois seria, ao mesmo tempo, momento do ciclo de vida, exprimindo as características sócio-culturais de uma determinada temporalidade histórica, e um processo de inserção ou uma experiência delimitada pela estrutura social.

Poucos disseram ter pressa em ser adulto; entre as respostas afirmativas, nenhuma foi dada por garotas. Os que demonstram ter pressa são garotos, estudantes no curso noturno e que possuem emprego formal. “Tenho muita pressa porque quero ver o resultado de tudo que eu estou plantando”. (Alisson, 17 anos, 2º ano, escola Província). Esse jovem trabalha desde os doze anos, é pespontador56, com o dinheiro que ganha ajuda em casa, paga curso de informática e consórcio de carro, possui planos de cursar Matemática ou Educação Física, demonstra preocupação em não conseguir tal sonho, alegando pouco tempo para estudar e reclama que o Ensino Médio noturno é muito fraco. “Tenho pressa de

56 Sapateiro que opera máquina de costura industrial de couro, utilizada para unir as peças que compõem o

ser adulto, de gerar uma família, de ter filhos, mas preciso amadurecer, amadurecer mais”. (João Pedro, 16 anos, 2º colegial, escola Província). Diz trabalhar desde os 13 anos, ajudando os pais, trabalhando em bancas57, guarda parte do dinheiro que ganha em poupança, sonha em ter o “próprio negócio" e afirma não gostar de estudar e de depender financeiramente dos pais.

Por terem se iniciado no trabalho muito cedo, começaram a adquirir, desde muito jovens, responsabilidades que são de adultos; dessa maneira, a constituição de uma nova família e a saída da casa dos pais é percebida com certa naturalidade. Não demonstram como a maioria, medo de assumir, sozinhos, responsabilidades atribuídas aos adultos. O fato de ingressar muito cedo no trabalho faz com que sofram um processo de adultização precoce, conseqüência da convivência com adultos em ambiente especificamente de trabalho e dos papéis profissionais, assumidos muito cedo. Essa investigação verificou que os que vivenciam essa situação, iniciaram sua trajetória profissional desenvolvendo atividades precárias no mercado informal58 e com baixa remuneração, privilegiando o trabalho em detrimento da escola. Ocorre que, não raramente, essa escolha vai determinar sua permanencia no trabalho precário e mal remunerado.