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CAPÍTULO 2. ESCOLA, PROFESSORES E ALUNOS

2.7 Perfil socioeconômico: famílias dos alunos pesquisados

GRÁFICO 9 – Escolarização de pais e mães de alunos da Escola em 2005

Dados do NAIP – Questionário Critério Brasil 2005

Pelo perfil escolar dos pais dos alunos da escola em 2005 e os pais dos alunos da turma em 2009 pesquisados (ver GRAF. 10), percebe-se que de, certa forma, vem se cumprindo a Constituição brasileira e “todos” têm tido acesso a uma escolarização. Há uma valorização da formação escolar e isso parece se refletir positivamente no processo de escolarização dos alunos e até de familiares: há um aumento significativo do tempo de permanência dos indivíduos na escola (principalmente em relação ao público feminino respondente) e todos frequentaram a escola em algum momento de sua vida. Há poucos casos de famílias em que os pais cursaram menos que o Ensino Fundamental completo e grande concentração de pais e mães que fizeram total ou parcialmente o Ensino Médio. A escolarização parece ser um

GRÁFICO 10 – Escolaridade dos pais da turma pesquisada

Dados Questionário Critério Brasil aplicado em 2008.

No que se refere ao Ensino Superior, percebe-se que, enquanto entre os pais da escola há muitos que o iniciaram e não o concluíram; na turma, contudo, isso não acontece, sendo que 28,5% deles (pais e mães) possuem algum curso superior e exercem as profissões para as quais estão habilitados (conferir abaixo TAB. 3 – Ocupações dos pais e mães da turma

pesquisada). Outra característica importante é que apenas cinco das mães estudaram até o

Ensino Fundamental e entre os pais, há seis que não o concluíram.

No geral, as profissões exercidas pelos pais e mães da turma estão vinculadas ao setor de prestação de serviços – quer como profissional liberal, no caso dos que têm formação universitária; quer como autônomos, no caso de alguns, independentemente da formação escolar e profissional; quer como empregados no mercado formal (estabelecimentos comerciais regulamentados) quer como autônomos no mercado informal (serralheiro, faxineira, manicure).

TABELA 3- Ocupações dos pais e mães da turma pesquisada Formação em nível de ensino superior

Pais Mães Totais

Contador 1 1 Advogado 2 2 Adm. de empresas 2 1 3 Engenheiro civil 2 1 3 Professora 3 3 Biólogo 2 2 Psicólogo 2 2 Total 11

Formação em nível de ensino médio e/ou técnico

Tec. em edificação 1 1

Tec. em contabilidade 1 1 2

Tec. em Enfermagem 2 2

Auxiliar em Enfermagem 1 1

Secretária (em consultórios) 2 2

Mecânico 4 4 Comerciante 2 2 Comerciária 2 2 Cabeleireira esteticista 2 2 Funcionário público 1 2 3 Desempregado 1 1

Vendedor (conc. de autos) 1 1 2

Motorista 3 3

Do Lar 2 2

Total 29

Formação em nível de ensino fundamental

Motorista (func. pub.) 1 1

Serralheiro (operário) 1 1 Do Lar 2 2 Aposentado 2 2 Frentista 1 1 Doméstica 2 2 Manicure 1 1 Não informado 1 1 Total 11 Total geral 28 28 56

Dados do Questionário Critério Brasil aplicado em 2008.

Da totalidade das famílias, sete delas têm pessoas que, no momento da coleta de dados, não exerciam qualquer atividade profissional ou remunerada: dois pais aposentados (sem identificação da profissão exercida), um desempregado, quatro mães são do lar. Um pai não teve identificada a sua situação. Em geral, as mães exercem alguma atividade remunerada,

estando, portanto, fora do domicílio em parte ou em todo o dia e, por isso, os dados do Questionário Critério Brasil – no conjunto de dados intitulados Itens de conforto - apontam para a existência de empregadas em período integral: são oito as famílias de meninos e dez as famílias de meninas que contam com o apoio de uma empregada mensalista.

Pelos dados socioeconômicos de 2005 (GRAF. 8), observa-se também que, em 2008 (GRAF. 11), na turma, há uma melhoria quanto ao nível de escolarização de pais e mães. Há de se salientar que muitos desses pais e mães são oriundos de camadas mais populares da população e, ao atingir a idade mínima de 14 anos, ingressaram na vida do trabalho e abandonaram a escola; outros concluíram cursos técnicos profissionalizantes. Dentre aqueles que cursaram o superior, quatro mães e seis pais o fizeram recentemente para ter melhores oportunidades de trabalho (uma mãe iniciou carreira profissional como professora) ou para terem chance de promoção na empresa onde atuam. Por entrevistas com os alunos, apuramos que das 28 famílias, apenas três têm avôs com cursos superiores (dois advogados e um médico). A formação universitária como elemento de tradição entre as famílias de grande parte desses alunos ainda é uma novidade, haja vista que, para alguns, esse é um sonho que se tornará realidade a partir do filho matriculado nessa escola. Essa é uma realidade para os pais e mães mais idosos (os aposentados), com nível mais baixo de escolaridade e que não ambicionam retomar os estudos. Dessa forma, a origem dos motivos de terem matriculado e mantido os filhos nesse estabelecimento coaduna-se com o apresentado pelos pais de alunos matriculados em 2008 e 2009.

O GRÁFICO 10 evidencia que, em geral, as mães possuem mais tempo de escolarização dos que os pais e nenhuma delas interrompeu seus estudos. Esse dado é relevante, considerando que, em geral, as mães acompanham a vida escolar dos filhos e, no caso da turma selecionada, a frequência em reuniões e contatos para informação entre família/escola e vice- versa tinham-nas como interlocutoras. Raros são os momentos em que só o pai ou os dois – pai e mãe – comparecia(m) a reuniões. Os pais de meninos são os que mais interromperam os cursos sem concluir integralmente todos os níveis (Ensino Fundamental e Médio), porém grande parte deles tem apenas o Ensino Médio e o mesmo se verifica para as mães de meninos e meninas. Também ressalta-se que aqueles (pais e mães) que iniciaram o curso superior concluíram-no, contudo o número de pais de meninas (seis) é maior em relação aos pais de meninos (dois). Acredita-se que os dados de 2008 de classificação socioeconômica da turma são diferenciados em relação aos verificados em 2005 da escola, porque, além dos

fatores já listados, há a mobilidade decorrente de investimento das famílias na educação (alguns pais concluíram estudos recentemente).

GRÁFICO 11 – Classificação socioeconômica da turma

Dados do Questionário Critério Brasil/Março de 2008.

Os dados correspondem a 100% dos alunos da turma (ou seja, a 28 respondentes). Há duas alunas provenientes da classe A1 e seis alunos (de ambos os gêneros) da A2; cinco da B1 e oito da B2; sete da C, sendo quatro da C1 e três da C2, porém nenhum das classes D e E. Interessantes esses dados se considerados os locais onde residem os alunos da classe C – áreas de risco, (sem nenhuma infraestrutura, os pais trabalham em empregos com baixos salários.)

A mobilidade observada em relação aos dados demonstrados no GRÁFICO 8 está embasada no seguinte dado: houve investimento de um ou dos dois pais na sua própria formação escolar e isso implica melhores salários e oportunidades de trabalho. Por exemplo, em relação à estrutura das moradias, há facilidades para a aquisição/construção/reforma e, por conseguinte, o número de banheiros existentes dificilmente será menor que um. Ter a posse dos itens de conforto do Questionário Critério Brasil pode ser um dado que comprove uma melhoria no padrão de vida dessas famílias, embora a maioria ainda tenha pais e/ou mães cujas ocupações ou profissões percebam salários baixos. Além disso, considera-se que a mobilidade social observada nesse perfil dos pais dos alunos deva-se também a modificações ocorridas em relação à inserção de novos membros das famílias em mercados de trabalho e na valorização do retorno à escola (programas de EJA, ampliação das vagas em universidades). Há pais e mães matriculados no curso de Educação de Jovens e Adultos ofertado no terceiro turno do